Sistema Nacional de Registro Mercantil (SINREM) Ex Vi Legis REGISTRO DE EMPRESA
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- Victor Rico Gusmão
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1 REGISTRO DE EMPRESA Afirma o artigo 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. O Registro de Empresas é composto de órgãos que têm por finalidade registrar os atos dos empresários, assegurando a publicidade, a autenticação, a segurança e a validade destes, surtindo efeitos perante terceiros, protegendo seus interesses e o crédito na praça. O Registro de Empresas é regulamentado pela Lei nº 8.934/94 (LRE). O Sistema Nacional de Registro Mercantil (SINREM) é composto pelos seguintes órgãos: Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC), na esfera federal, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Juntas Comerciais, na esfera estadual. DEPARTAMENTO NACIONAL DO REGISTRO DO Sistema Nacional de Registro Mercantil (SINREM) COMÉRCIO (DNRC) - ÓRGÃO CENTRAL JUNTAS COMERCIAIS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL - ÓRGÃOS LOCAIS O Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC), de conformidade com a Lei 8.934/94, tem como finalidade: I - supervisionar e coordenar, no plano técnico, os órgãos incumbidos da execução dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; II - estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretrizes gerais do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; III - solucionar dúvidas ocorrentes na interpretação das leis, regulamentos e demais normas relacionadas com o registro de empresas mercantis, baixando instruções para esse fim;
2 IV - prestar orientações às Juntas Comerciais, com vistas à solução de consultas e à observância das normas legais e regulamentares do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; V - exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, representando para os devidos fins às autoridades administrativas contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigurar necessário ao cumprimento dessas normas; VI - estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis individuais e sociedades mercantis de qualquer natureza; VII - promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir ou corrigir as ausências, falhas ou deficiências dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; VIII - prestar colaboração técnica e financeira às Juntas Comerciais para a melhoria dos serviços pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; IX - organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no País, com a cooperação das Juntas Comerciais; X - instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo, inclusive os pedidos de autorização para nacionalização ou instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no País, por sociedade estrangeira, sem prejuízo da competência de outros órgãos federais; XI - promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. Haverá uma Junta Comercial em cada Estado, com sede na Capital, subordinando-se, administrativamente, ao Governo do Estado e, tecnicamente, ao DNRC. As Juntas Comerciais poderão resolver pela criação de Delegacias, órgãos locais do registro do comércio, nos termos da legislação estadual respectiva. As Juntas Comerciais têm como atribuição legal (Lei 8.934/94): I - executar os serviços previstos no art. 32 desta Lei; II - elaborar a tabela de preços de seus serviços, observadas as normas legais pertinentes; III - processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos e intérpretes comerciais;
3 IV - elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem como as resoluções de caráter administrativo necessárias ao fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e regimentais; V - expedir carteiras de exercício profissional de pessoas legalmente inscritas no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; VI - o assentamento dos usos e práticas mercantis. A estrutura básica das Juntas Comerciais será integrada pelos seguintes órgãos: I - a Presidência, como órgão diretivo e representativo; II - O Plenário, como órgão deliberativo superior; III - as Turmas, como órgãos deliberativos inferiores; IV - a Secretaria-Geral, como órgão administrativo; V - a Procuradoria, como órgão de fiscalização e de consulta jurídica. ATOS DO REGISTRO O Registro compreende os seguintes atos: matrícula, arquivamento e autenticação. A matrícula é o ato de inscrição dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. São profissionais auxiliares do comércio que somente poderão exercer suas atividades de forma regular após a efetivação da matrícula. O arquivamento abrange a maioria dos atos de registro de empresas. É o ato concernente à constituição, alteração, dissolução e extinção do empresário individual, das sociedades empresárias. Da mesma forma são arquivados os atos relativos a consórcio e grupo de sociedades e os relativos a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil. Também são arquivados as declarações de microempresa e de empresa de pequeno porte e os atos ou documentos de registro obrigatório e os de interesses dos empresários e das empresas. Os documentos devem ser apresentados para arquivamento da Junta Comercial dentro do prazo de trinta dias contados a partir de sua assinatura, cuja data retroagirão os
4 efeitos desse ato. Caso contrário, o arquivamento terá eficácia a partir do despacho que o conceder (art. 36 da Lei 8934/94). Faz-se o arquivamento: dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade; dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; das declarações de microempresa; de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis; A autenticação é o terceiro ato de registro de empresas e destina-se aos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas, que são os livros comerciais e a fichas escriturais e dos agentes auxiliares do comércio. A autenticação funcionará como requisito de validade desses documentos, pois lhe serão conferidos regularidade e veracidade (fé pública). REGIMES DECISÓRIOS DAS JUNTAS COMERCIAIS São dois os regimes de execução do registro da empresas: o regime de decisão singular e o regime de decisão colegiada. No regime de decisão colegiada são tramitados atos de maior complexidade e julgamento de recursos e no regime de decisão singular são registrados os atos de menor complexidade. O regime de decisão colegiada é composto pelo Plenário, como órgão deliberativo superior e pelas Turmas como órgãos deliberativos inferiores, que integram as Juntas Comerciais. Através do regime de decisão colegiada são arquivados os atos de e os demais atos de registro das sociedades anônimas, bem como o arquivamento dos atos de transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades empresárias, além do arquivamento relacionado a consórcio de empresas ou grupo de sociedade. Esses pedidos de arquivamento serão decididos no prazo máximo de dez dias úteis, contados de seu recebimento. São as turmas
5 que julgam, originariamente, os pedidos relativos aos atos de registro. Também pelo regime de decisão colegiada, o Plenário julga os processos em grau de recurso de decisões singulares. O regime de decisão singular é constituído pelo Presidente da Junta Comercial, por Vogal ou por funcionário público que possua comprovados conhecimentos de direito comercial e de registro de empresas. Por esse regime são decididos os atos de matrícula, autenticação e arquivamento, excetuando aqueles de atribuição do regime colegiado. Esses atos devem ser decididos no prazo máximo de três dias úteis sob pena de ter-se como arquivados os atos respectivos, mediante provocação dos interessados, sem prejuízo do exame das formalidades pela procuradoria da Junta Comercial. EXAME DAS FORMALIDADES Partindo para a análise do art. 40 da Lei 8934/94, verifica-se que para a efetivação dos atos de registro de empresas apenas são observados os requisitos formais exigidos pela lei, pelo decreto regulador e pelas instruções normativas do DNRC. A Junta Comercial não avalia o mérito do ato de registro, ficando este passível de manifestação pelos interessados perante o órgão judiciário competente. A não observância aos requisitos formais pode gerar vícios insanáveis e sanáveis. O vício insanável compromete o requisito de validade do ato e neste caso o requerimento será indeferido. Diante da ocorrência de um vício sanável, aquele que apenas compromete a eficácia ou registrabilidade do ato, o requerimento será convertido em ocorrências formuladas pela Junta Comercial, a serem cumpridas pelo interessado, em até trinta dias, contados da data da ciência dessas exigências ou da publicação do despacho. EMPRESÁRIO RURAL De acordo com o artigo 971 do Código Civil, o empresário, cuja atividade rural consista sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Fica claro, portanto, que, ao contrário dos demais empresários, aqueles que se dediquem à exploração da empresa no meio rural (do chamado
6 agronegócio) não estão obrigados ao registro mercantil, excepcionados pela regra geral do art. 967 do Código Civil, que determina a inscrição para o exercício da empresa. O art. 970, por seu turno, assegura tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural, o que, em boa medida, é assegurado pela Lei 8.171/91, que fixa os fundamentos, define os objetivos e as competências institucionais, prevê os recursos e estabelece as ações e os instrumentos da política agrícola, relativamente às atividades agropecuárias, agroindustriais, e de planejamento das atividades pesqueira e florestal. EMPRESÁRIO IRREGULAR O empresário individual e a sociedade empresária são considerados irregulares quando iniciam suas atividades sem proceder ao registro de sua constituição ou quando o registro, após regular, é cancelado por inatividade, conforme abordado no item anterior. Ocorre que a irregularidade de exploração da atividade econômica implica em diversas consequências e sanções ao empresário ou à sociedade empresária. A primeira consequência diz respeito à responsabilidade dos sócios da sociedade. Na sociedade irregular, os sócios passam a ter responsabilidade solidária e ilimitada de todas as obrigações da sociedade. A sociedade irregular também não poderá pleitear a falência de outro comerciante e não poderá requerer sua concordata, excetuando-se o empresário individual com passivo quirografário inferior a cem vezes o valor do salário mínimo vigente. A impossibilidade de autenticação dos instrumentos escriturais mercantis é outra consequência advinda da irregularidade do registro. Não sendo possível autenticar esses documentos, eles não terão eficácia probatória em juízo e caso seja decretada a falência dessa sociedade, ela incorrerá em crime pela não regularidade de seus livros. Uma sanção de natureza fiscal se observa pela impossibilidade do empresário irregular se inscrever nos cadastros fiscais como o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e o Cadastro de Contribuintes Mobiliários (CCM). Isso enseja multa pela inobservância da obrigação tributária instrumental (COELHO, 2002, p. 74) e impossibilidade de travar diversas negociações por sua irregularidade. Também não poderá participar de licitações, nas modalidades de concorrência pública e tomada de preços. Por fim, a falta de registro também impossibilitará a matrícula do empresário no Instituto Nacional da
7 Seguridade Social, que é processada simultaneamente à inscrição no registro de empresas, implicando na pena de multa e na proibição de contratar com o Poder Público. Não poderá ser beneficiado pelo instituto da recuperação judicial, nem poderá requerer a falência de um devedor seu; Não poderá ter seus livros autenticados; CONSEQUÊNCIAS DA IRREGULARIDADE Se for requerida sua falência, essa será sempre fraudulenta; Os sócios da sociedade irregular responderão, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações da sociedade; Impossibilidade de inscrição no CNPJ; Impossibilidade de cadastro no INSS; Não poderão participar de licitações públicas, entre outros. LIVROS COMERCIAIS Todo empresário (individual ou sociedade) é obrigado a escriturar os livros comerciais obrigatórios. Afirma o artigo do Código Civil: o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Todavia, o próprio Código Civil ( 2º do art e art. 970) prevê exceções quanto ao microempresário e empresários de pequeno porte que não são optantes pelo SIMPLES. Por força do novo Código Civil (art.1.180), há somente um livro obrigatório e comum a todos os empresários - o Diário -, ou outro instrumento hábil a lhe substituir.
8 Falamos que é comum a todos os empresários, pois a obrigatoriedade de sua escrituração se estende a todos os empresários (de qualquer espécie e tipo de atividade). O empresário poderá adotar o sistema de fichas de lançamento, substituindo o Livro Diário pelo Livro de Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas exigências daqueles. No Diário, serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. Também serão lançados o balanço patrimonial e o de resultado econômico, onde ambos devam assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário. Assim, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Os Livros Obrigatórios ou fichas, antes de postos em uso, deverão ser autenticados pela Junta Comercial, que, facultativamente, poderá também autenticar livros não obrigatórios. LIVROS EMPRESARIAIS FACULTATIVOS OBRIGATÓRIOS São aqueles escriturados para um melhor controle e aprimoramento da atividade COMUNS ESPECIAIS São obrigatórios a todos os empresários, sem distinção da atividade ou espécie societária São obrigatórios somente para determinadas atividades ou espécies societárias
9 CONSEQUÊNCIAS DA IRREGULARIDADE DA ESCRITURAÇÃO A ausência de um Livro Obrigatório ou a irregularidade de sua escrituração acarretará conseqüência tanto na esfera penal quanto na civil. Os livros comerciais, devidamente autenticados e escriturados, servem como meio de prova em juízo e fora dele. Assim, as obrigações nele contidas serão consideradas verdadeiras e exigíveis, e vice-versa. Na sua ausência, o empresário não terá como provar qualquer alegação realizada contra ele, admitindo-se esta como verdadeira.
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