MAÍRA BONAFÉ SEI DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E OS MAUS- SÃO PAULO TRATOS INFANTIS: UMA PERSPECTIVA WINNICOTTIANA.

Transcrição

1 i MAÍRA BONAFÉ SEI DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E OS MAUS- TRATOS INFANTIS: UMA PERSPECTIVA WINNICOTTIANA. SÃO PAULO 2004

2 ii UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Instituto de Psicologia DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E OS MAUS- TRATOS INFANTIS: UMA PERSPECTIVA WINNICOTTIANA. Maíra Bonafé Sei Orientadora: Ivonise Fernandes da Motta Área de Concentração: Psicologia Clínica Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Psicologia São Paulo 2004

3 iii Ficha Catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Psicologia da USP Sei, M. B. Desenvolvimento emocional e os maus-tratos infantis: uma perspectiva winnicottiana./ Maíra Bonafé Sei. São Paulo: s.n., p. Dissertação (mestrado) Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Departamento de Psicologia Clínica. Orientadora: Ivonise Fernandes da Motta. 1. Winnicott, Donald Woods, Desenvolvimento emocional 3. Abuso da criança 4. Psicoterapia psicanalítica 5. Ludoterapia I. Título.

4 iv DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E OS MAUS-TRATOS INFANTIS: UMA PERSPECTIVA WINNICOTTIANA MAÍRA BONAFÉ SEI Banca Examinadora: Data de aprovação: / /.

5 v Ao paciente aqui apresentado, com quem pude tanto aprender. Que ele possa encontrar cuidadores suficientemente bons, desenvolvendo todo seu potencial.

6 vi AGRADECIMENTOS À Ivonise Fernandes da Motta, pela oportunidade recebida, confiando e acreditando no trabalho por mim realizado. À Adriana Tannus de Souza, pelo apoio e sugestões recebidos no decorrer de minha graduação e pós-graduação. À Neiva Maria da Silva Mayor, por ter sido uma supervisora e amiga sufiententemente boa, presente em meu crescimento pessoal e profissional. À Regina Helena Lima Caldana, pela atenção nos momentos de dúvidas e incertezas, presenteando-me com preciosas idéias. À Valéria Barbieri, pelo papel desempenhado em minha introdução à obra de Winnicott durante o período de graduação. À minha analista, Eunice Machado, que tanto tem auxiliado ao longo de nosso tempo juntas. Aos meus tios, pelo acolhimento recebido em minhas viagens a São Paulo. Às amigas Juliana Martins Faleiros, Maria Ângela Bravo Fávero e Fernanda Aguiar Pizeta, pela amizade e idéias trocadas ao longo desses anos. Por fim, aos meus pais, Achiles Sei Filho e Vera Lígia Dias Bonafé, presentes e sustentadores de meu desenvolvimento. Sem eles, nada disso teria sido possível.

7 vii Cabecinha boa de menino triste De menino triste que sofre sozinho Que sozinho sofre e resiste Cecília Meireles (Obra Poética, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976).

8 viii SUMÁRIO Apresentação Introdução Winnicott e o Desenvolvimento Emocional Pequeno histórico da infância Maus-tratos infantis Negligência Abuso Físico Abuso Sexual Abuso Emocional Justificativa Objetivos e Método Pesquisa Qualitativa Pesquisa em Psicanálise Aspectos Éticos Resultados Ludoterapia de Orientação Psicanalítica O sujeito A ludoterapia Uma ludoterapia suficientemente boa Expressando suas necessidades Maternagem Percebendo-se e percebendo o outro Mostrando-se... 73

9 ix Limpar Construindo uma casa Independência x dependência O setting Finalização do processo Discussão Considerações finais Referências Bibliográficas Anexos Termo de consentimento esclarecido

10 x RESUMO Sei, Maíra Bonafé Desenvolvimento emocional e os maus-tratos infantis: uma perspectiva winnicottiana p. Dissertação de Mestrado Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo. Uma criança, para um desenvolvimento emocional saudável, necessita de um ambiente acolhedor, que possa atender a suas necessidades básicas, sem provocar invasões nesse processo, ambiente este denominado por Winnicott de suficientemente bom. Pode-se refletir que uma criança que sofreu maus-tratos experienciou momentos de invasão no seu processo de integração que poderiam prejudicar seu desenvolvimento posterior e que seria de grande importância uma psicoterapia como possibilidade de elaboração de suas vivências e sustentação de seu crescimento. Partindo deste pressuposto, o presente trabalho objetivou realizar um diálogo entre teoria e prática, prática esta advinda de um processo psicoterapêutico de uma criança que sofreu abuso físico por parte de sua mãe, retirada de seu lar e abrigada em uma instituição, baseando-se em uma perspectiva winnicottiana do desenvolvimento emocional. As sessões eram realizadas na própria instituição onde a criança se encontrava abrigada, tendo sido realizadas 106 sessões de ludoterapia de orientação psicanalítica, com freqüência semanal de três vezes por semana, no período de Novembro de 2001 a Fevereiro de Pôde-se perceber que, através da ludoterapia, a criança pôde desenvolver-se emocionalmente, elaborando vivências traumáticas e experienciando um ambiente não intrusivo e acolhedor, podendo trabalhar aspectos relativos a sua identidade, casa e família. O atendimento continua até o presente momento, através da inserção de uma nova psicoterapeuta.

11 xi ABSTRACT Sei, Maíra Bonafé Emotional development and child maltreatment: a Winnicott s perspective p. Master s Degree Dissertation Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo. A child, for a healthy emotional development, needs a welcoming environment, named by Winnicott as a good enough environment, which can take care of the child s basic necessities without invading him in his process. It can be though that a maltreated child has experienced moments of invasion in his integration process that could prejudice his ulterior development and a psychotherapy would have a great importance as a possibility of traumatic experience s elaboration and of a holding for his growth. Taking this view in to consideration, the present work has aimed a dialogue between theory and practical work based in a Winnicott s perspective of the emotional development. The practical work comes from a psychotherapeutic process of a child who has suffered physical abuse perpetrated by his mother and was living in an institution for maltreated children. The total of 106 sessions occurred in the institution where the child used to live, in a frequency of three sessions per week, from November of 2001 to February of It was possible to notice that, through the play therapy, the child could develop himself emotionally, elaborate traumatic experiences and experiment a supporting and non-intrusive environment. It was possible to work psychological aspects related to his identity, home and family. The play therapy continues until the present moment through the insertion of a new therapist.