TRABALHO CRIATIVO: UM HERDEIRO DO BRINCAR
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- Angélica Bento da Cunha
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1 TRABALHO CRIATIVO: UM HERDEIRO DO BRINCAR Christiane Isabelle Couve de Murville Camps 25 Clarissa Medeiros 26 Tânia Maria José Aiello Vaisberg 27 O relógio de ponto, a repetição, a importância da vida coletiva, a saúde e a doença, a monotonia do trabalho foram temas para os quais Simone Weil ( ) chamou a atenção em seus escritos sobre a vida nas fábricas na primeira metade do século XX. Apesar de já vivermos outro século e muitos aspectos terem sido transformados e melhorados no universo do trabalho, percebemos ainda sofrimentos semelhantes relacionados à vivência de um trabalho que parece não ter sentido, seja este trabalhador um operário, um executivo, um profissional liberal: um tempo esvaziado de sentido, o tédio, a falta de perspectivas, a angústia estão presentes de forma intensa em diferentes atividades, revelando um sofrimento humano cotidiano e terrível. O tema do trabalho e do sofrimento nos trouxe reflexões sobre o brincar e o viver criativo, apontando para a idéia de que o trabalho constituise uma ação humana fundamental. A partir desta perspectiva, compreendemos ser uma preocupação clínica e política a possibilidade de um fazer vinculado ao ser, isto é, da realização de um trabalho criativo que possa devolver ao homem um vínculo significativo com suas raízes, sua biografia e sua condição humana. Para algumas pessoas, o trabalho pode ser um prazer, uma alegria, uma fonte de realizações, contudo, para outras, pode significar um pesadelo, uma obrigação diária às vezes monótona ou mesmo humilhante e enlouquecedora, no entanto, necessária para se conseguir sobreviver no mundo. De um lado, parece que existe uma possibilidade de felicidade e de realização no trabalho, mas de outro, essa felicidade só poderia ser alcançada no lazer, nos momentos de descanso e descontração. Aparentemente, a vida fica então dividida entre momentos em que sentimos que aproveitamos a vida e outros momentos em que se tem que agüentar o dia a dia esmagador do trabalho. O avanço tecnológico, acompanhado da idéia de possibilidade de redução das jornadas de trabalho, acenou para um alívio no que diz respeito a esses momentos de tédio e de sofrimento no trabalho. Para Russell (2002), o tempo dedicado ao trabalho deveria ser apenas o suficiente para garantir o sustento de cada um. O autor acredita que, desse modo, as pessoas se sentiriam, então, mais descansadas e estimuladas para desenvolver outras atividades do interesse delas, sem se perceberem tolhidas no que diz respeito à originalidade ou obrigadas a se submeter a regras pré-estabelecidas. As pessoas poderiam, então, ter mais tempo para o lazer e, conseqüentemente, 25 Mestre em psicologia clínica pelo Instituto de Psicologia da USP. 26 Mestre em psicologia clínica pelo Instituto de Psicologia da USP. 27 Professora Livre Docente do Instituto de Psicologia da USP, coordenadora da Ser e Fazer, orientadora do Programa de Pós Graduação em Psicologia Clínica do IPUSP, orientadora do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Diretora Presidente do NEW - Núcleo de Estudos Winnicottianos de São Paulo 50
2 poderiam ser mais felizes. Mas, seria a quantidade ou qualidade do tempo de lazer responsáveis pela qualidade de vida humana? Esta idéia nos parece um tanto simplista e equivocada visto que esta relação entre desenvolvimento tecnológico e felicidade da população parece não acontecer como previsto (Giannetti, 2003). O trabalho para muitos continua sendo sinônimo de sofrimento, insatisfação, monotonia, ansiedade, frustração, tensão, angústia, falta de espontaneidade, como se não fosse possível conciliar trabalho e alegria ou bem estar. Este sofrimento que aparece no trabalho freqüentemente está presente em outras atividades humanas, seja nos relacionamentos pessoais, no lazer ou no descanso, na falta de perspectivas e na sensação de que os dias passam sem ter sido vividos. O diálogo entre a teoria winnicottiana e experiências profissionais vividas e relatadas pelas pessoas nos trouxe a idéia de relacionar a concepção de viver criativo ao trabalho, entendido aqui como fazer humano de fundamental importância pessoal, social e política, muitas vezes dissociado de uma vivência integrada e satisfatória. O Trabalho e o Viver Criativo O viver criativo subentende um fazer que tenha sentido para a pessoa que o realiza, que não esteja dissociado e sim em sintonia com o que existe de mais profundo e sagrado no ser de cada um, o seu verdadeiro self (Winnicott, 1971). Qualquer ação humana pode acontecer de maneira dissociada daquele que a realiza, seja um trabalho ou uma atividade considerada lazer. Pode ser mais fácil observarmos o fenômeno da dissociação num trabalho, uma vez que este tem caráter de obrigação necessária à sobrevivência. Um exemplo claro de dissociação acontece no chamado trabalho taylorizado, isto é, tarefas repetitivas freqüentemente utilizadas em linhas de produção de fábricas nas quais o trabalhador perde a autoria e o sentido daquilo que produz, realizando ações de forma mecânica e alienada. Observamos, entretanto, que uma atividade considerada lazer pode também, eventualmente, não fazer sentido para aquele que a pratica, constituindo-se num fazer dissociado. É possível ausentar-se de si num passeio, numa conversa, numa aula de pintura ou no cinema, não vivendo a experiência de lazer, mas passando por ela de modo mecânico ou dissociado. Qualquer ação ou fazer que exige submissão do ser, que promove a alienação do homem, impede essa possibilidade de realização do verdadeiro self. Ao analisar a psicopatologia do trabalho, Dejours (1988) afirma que o trabalho repetitivo seria (...) trabalho cuja organização é tão rígida que domina não somente a vida durante as horas de trabalho, mas invade igualmente (...) o tempo fora do trabalho.(p.37) Esta idéia vincula o trabalho à vida total, colocando-o como ação que tem relações com as outras ações e vínculos humanos, sem necessariamente ocupar-se com uma relação causal linear entre ações de natureza diferente. O trabalho pode ser realizado como ação submissa do homem no mundo, assim como outras ações também o podem, sem necessariamente 51
3 precisarmos determinar se o trabalho alienado gera um viver não criativo ou se um viver não criativo gera o trabalho alienado. Refletir sobre ações humanas em contexto histórico, social e político é poder tomar o homem e suas relações como totalidade. Winnicott (1945;1952) fala num ambiente suficientemente bom como condição para a criatividade humana em seu sentido de espontaneidade. Ao desenvolver o tema do ambiente suficientemente bom, o autor destaca suas características ao longo do desenvolvimento emocional primitivo. No entanto, é possível pensarmos num ambiente suficientemente bom relacionado ao trabalho criativo a partir de princípios semelhantes. Compreendemos que um ambiente suficientemente bom no contexto adulto do trabalho esteja intimamente relacionado a condições de vida e de trabalho que não favoreçam a dissociação, isto é, com espaços e relações humanas que propiciem o gesto espontâneo, oferecendo uma abertura para a expressão pessoal e genuína baseada no ser. Winnicott é explícito ao não afirmar uma fórmula única e certeira para a criação de um ambiente suficientemente bom, uma vez que este é sensível ao outro humano, construindo-se de maneira única e singular de modo sensível a necessidades singulares. Da mesma forma, compreendemos que a principal característica de um ambiente suficientemente bom num contexto de trabalho é ser sensível às necessidades daquele grupo humano, buscando adaptar-se e elas no que diz respeito a oportunidades de expressão e criação de sentidos, desilusões e limites necessários. Um ambiente suficientemente bom tem impreterivelmente que não ser invasivo. O conceito de invasão numa perspectiva winnicottiana é fundamental, uma vez que é devido a invasões que o indivíduo acaba por desenvolver defesas na tentativa de proteger o núcleo verdadeiro do self (WINNICOTT, 1952;1960). Invasões são aqui compreendidas como vivências que não podem ser criadas pelo indivíduo e, desta forma, não podem ser por ele integradas em seu ser e fazer, promovendo a dissociação ou a sensação de não estar vivo e real. A impossibilidade de imprimir um ritmo próprio à ação, de criar um espaço pessoal, de desenvolver relações com o coletivo e de estabelecer um sentido próprio para a atividade podem ser compreendidas como invasões. Segundo Winnicott (1971), a possibilidade de realização do self no mundo é o que permite às pessoas se sentirem vivas e reais, participando no acontecer humano, levando-as a experimentarem o sentimento de que a vida vale a pena ser vivida. A ausência de um ambiente capaz de acolher e de estimular o movimento autêntico do homem, impossibilitando o estabelecimento do viver criativo, gera sentimentos de insatisfação, angústia, tédio. E, nessas condições, perde-se a oportunidade de sentir-se presente e inteiro num fazer vinculado ao ser, que faz sentido e tem relação íntima com a construção da própria vida. Cabe também lembrar que o viver criativo está intimamente relacionado ao brincar. Nas palavras de Winnicott (1971, p.80) 52
4 É no brincar e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self). Embora trabalhar e brincar sejam atividades diferentes, podemos pensar o trabalho criativo como tendo suas raízes na atividade lúdica 28, no brincar. De acordo com Huizinga (2001), a tendência ao brincar é uma característica do ser humano e se manifesta em diversas áreas do acontecer humano, tais como nas artes, na política, na filosofia. Nas fases mais primitivas da história humana, este caráter lúdico aparecia de forma mais evidente do que nos dias de hoje. A caça, por exemplo, revestia-se dessa dimensão lúdica, mesmo sendo uma atividade essencial para a sobrevivência humana. O lúdico, no entanto, parece que, ao longo dos tempos, foi se afastando de algumas áreas do acontecer humano e, mais especificamente, do trabalho. Na visão de Winnicott (1971) o brincar é uma conquista do indivíduo, e existe um percurso subjacente à aquisição dessa capacidade e ao seu desenvolvimento. Winnicott observa ainda que quando o brincar não é possível, torna-se fundamental favorecer o seu desenvolvimento promovendo condições para que ele possa acontecer. Para o autor, o brincar é ação humana com começo, meio e fim, oposta à submissão e à alienação e que tem também o sentido de viver o fluir de uma experiência pessoal ou coletiva. Torna-se possível relacionar a idéia do brincar winnicottiano com o trabalho quando pensamos que deixar uma marca pessoal naquilo que fazemos é um elemento brincante. Da mesma forma, relacionar-se com um coletivo significativo, abrir espaço para reflexão e criação de práticas ou conhecimentos, é poder brincar no mundo adulto do trabalho. O desenvolvimento do brincar, portanto, constitui a base para que um trabalho criativo possa acontecer e para que, conseqüentemente, as pessoas sintam as ações que realizam intimamente vinculadas ao seu próprio ser, integradas à própria vida. Surge a possibilidade de se experimentar a sensação de que o trabalho também vale a pena ser vivido quando acontece num fazer que tem sentido para cada um. Apresentaremos a narrativa de uma experiência vivida com um grupo de professores sobre o tema trabalho, que pode iluminar os conceitos discutidos e possibilitar novas compreensões. Oficina de Criatividade no Trabalho: uma Experiência Este grupo de professoras estava reunido para participar de uma oficina na qual abordaríamos questões relativas ao trabalho realizado na escola. Durante a oficina, seriam exibidos trechos de filmes que mostravam situações variadas relacionadas ao tema trabalho, na tentativa de inspirar reflexões e uma discussão coletiva. Estas professoras deveriam, nos 28 Entendemos que lúdico aqui não remete apenas a divertimento, prazer e brincadeira, mas também abarca a idéia de jogo, competição. 53
5 momentos de discussão, criar um nome ou título para o trecho de filme assistido. O primeiro trecho exibia o primeiro dia de aula de um policial que vai trabalhar como professor num jardim de infância. O professor em questão, apesar de seu tamanho e autoridade, não conseguia de maneira nenhuma organizar suas crianças. As professoras riram muito nesta etapa do trabalho, lembrando situações inusitadas e engraçadas delas mesmas em sala de aula, do início de carreira, de algumas crianças que ficavam famosas pelos conflitos que geravam. Nossa primeira discussão se deu com descontração e memórias. O título criado por elas foi Não saber o que fazer, por onde começar?. Conversamos também sobre cansaço e o que elas denominaram falta de pique, podendo falar sobre a falta de vontade que haviam sentido de vir também à oficina, pois queriam usar este tempo para preparar aulas. O segundo trecho de filme apresentava uma cena na qual vários homens se acotovelavam durante um pregão da bolsa de valores em Wall Street. Conversamos então sobre competição e o que o grupo chamou de passar por cima das pessoas. Percebíamos olhares de cumplicidade sendo trocados, o que nos levava a imaginar que por trás de histórias sem citar nomes apenas nós não sabíamos de quem elas falavam. Aos poucos, pudemos trazer o assunto da competição para dentro do grupo e algumas profissionais falaram sobre a preocupação constante de sempre terem as melhores idéias para enfeitar a escola, utilizar os materiais, ficarem visíveis como pessoas competentes e brilhantes. À medida que outras professoras foram também colocando suas loucuras, como chamavam a vontade de acertar sempre, de resolver todos os problemas, de serem amadas o tempo inteiro por todas as crianças, houve uma surpresa no grupo em relação ao acolhimento que puderam ter umas com as outras. Não foi possível criar um título para este trecho do filme e acabamos brincando que não seria necessário, todas continuariam seguras no grupo ainda que ninguém tivesse qualquer idéia. Lúcia, professora de uma classe de pré-primário, bateu palmas brincando com as colegas e celebrando como era bom não ter que ter uma boa idéia... O terceiro trecho de filme mostrava um professor ovacionado por alunos e colegas numa cena que sugeria uma homenagem. O professor em questão chora e se dirige para o palco do teatro, aplaudido de pé. As professoras rapidamente criaram o título: o sonho de todas nós. Pudemos conversar sobre o desejo de serem reconhecidas e de um sentimento de desvalorização que viviam em relação à educação infantil. Carla, professora jovem e recém contratada, disse que ninguém se lembra de quem foram suas professoras antes do ginásio, que elas pertenciam ao limbo da educação. Perguntamos a cada uma delas sobre suas primeiras professoras e trocamos lembranças. Elas desafiaram as terapeutas a se lembrarem também de suas primeiras professores, como se acreditassem que suas memórias só existiam pelo fato de também serem professoras. O quarto e último trecho de filme apresentava um pintor trabalhando em seu quadro. 54
6 A discussão teve início com o assunto vocação e conversamos sobre a existência de um trabalho ideal, no qual só faríamos aquilo que gostamos. A discussão se enveredou para queixas e reclamações sobre a instituição escolar. Novamente falamos da própria oficina e do quanto sentiram-se incomodadas por serem convocadas a participar no período da noite. Embora parecessem preocupadas em ser educadas com as terapeutas, puderam expressar uma insatisfação. No decorrer da discussão, deram-se conta de que estavam confusas, pois tinham gostado da oficina. Aos poucos, criaram o título do filme: o que é que nós queremos?. Aí estava o gesto espontâneo. Estas professoras puderam ser elas mesmas e viver uma experiência integrada. As queixas foram substituídas por perguntas que propunham para si mesmas, buscando respostas sobre suas próprias escolhas e afastando-se de um viver dissociado no qual não podiam ser espontâneas e verdadeiras, isto é, no qual não podiam não saber o que queriam. Pudemos conversar sobre uma participação até então obrigatória nas oficinas e da possibilidade de escolherem participar ou não, trabalharem de uma ou de outra forma, neste ou em outro lugar, com crianças ou não. Outras histórias sobre escolhas profissionais e vocações puderam ser trocadas e integradas em suas experiências, florescendo um espaço de reflexão e contato com os próprios sonhos e expectativas. Nesta oficina de criatividade no trabalho, foi possível criar um espaço de brincadeira e reflexão que nos levou a integrar sentimentos e expectativas antes dissociados do trabalho em questão. O percurso parece acontecer em dois caminhos importantes e entrelaçados que poderíamos chamar de caminho do sentido pensado e caminho do sentido vivido. A reflexão aqui não se dá de forma dissociada do viver, mas vai sendo tecida a partir do que é experimentado no grupo: a possibilidade de não ter que inventar um título brilhante, de não corresponder expectativas, de ser acolhida pelos colegas, de aproximar-se de sonhos e perspectivas, de responsabilizar-se por queixas e pelas próprias escolhas. A integração destes aspectos constitui um diferencial imbuído de potencial mutativo. Aiello-Vaisberg (2003) observa que a mutação não acontece em decorrência de um acréscimo de saber, mas a partir de uma experiência que privilegia o sentir na vivência de continuidade de ser em companhia de um outro. Fica evidente que a criatividade não tem relação com a produção massiva de idéias diversificadas ou inusitadas, mas sim com a criação e o contato verdadeiro com aspectos de si e do grupo fundamentais para uma ação humana que tenha sentido. Entendemos que esta oficina pode ser considerada uma consulta psicoterapêutica coletiva (Aiello-Vaisberg, 2002), focada no tema do trabalho. Busca-se aqui viver uma experiência com potencial mutativo que possa trazer alívio para angústias relacionadas ao tema proposto e criar possibilidades para novas escolhas e sentidos que, neste caso, chamaríamos de um trabalho criativo. Percebemos que este cuidado comprometido com o desenvolvimento de um trabalho criativo contribui também com a promoção de saúde, visto 55
7 que, além de trazer benefícios às pessoas e instituições, pode também exercer um papel importante no que diz respeito à saúde mental. Buscar intervenções que favoreçam o acontecer do trabalho integrado e criativo é uma questão coletiva de fundamental importância, seja este trabalhador gari, engenheiro, psicólogo, pesquisador ou cozinheiro. Encontramos aí a possibilidade de estarmos presentes e inteiros naquilo que fazemos. Referências Bibliográficas AIELLO-VAISBERG, T.M.J. Ser e Fazer: Interpretação e intervenção na clínica winnicottiana. Revista Psicologia USP, 14, 1, p AIELLO-VAISBERG, T.M.J.; Consultas terapêuticas coletivas e abordagem psicanalítica do imaginário social. Reuniões semanais do Ser e Fazer : Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Clínica Social do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo: 2002, mimeo, 12p. DEJOURS. C.; A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 3ed. Cortez Editora, São Paulo, GIANNETTI, E. Felicidade. São Paulo: Companhia das Letras, p. HUIZINGA, J. Homo ludens. Tradução de João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 5a. Edição, p. RUSSELL, B. O elogio ao ócio. Tradução Pedro Jorgensen Júnior. Rio de Janeiro:Sextante, 3a. Edição, p. WINNICOTT, D.W. (1945) Desenvolvimento emocional primitivo. In Da Pediatria à Psicanálise. Trad. de Jane Russo. Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1982, p (1952) Psicose e cuidados maternos. In Da Pediatria à Psicanálise. Trad. de Jane Russo. Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1982, p (1960) Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self. In O ambiente e os processos de maturação. Trad. de Irineo Ortiz. Artes Médicas, Porto Alegre, 1990, p (1971) Resumo Considerando o trabalho um fazer humano de fundamental importância, muitas vezes dissociado de uma vivência integrada e satisfatória, relacionamos a concepção de viver criativo de D.W.Winnicott ao trabalho. Acreditamos que o oferecimento, no ambiente de trabalho, de espaços e relações humanas que propiciem o gesto espontâneo, a expressão genuína baseada no ser, contribui para um viver criativo no trabalho. Encontramos no desenvolvimento do brincar a base para que um trabalho criativo possa acontecer e ilustramos esta nossa proposta com a narrativa de uma Consulta Terapêutica Coletiva com professores, focada no tema do trabalho. A vivência dessa experiência de potencial mutativo foi capaz de trazer alívio para angústias, criando possibilidades para novas escolhas e sentidos, contribuindo para o viver criativo no trabalho. 56
8 Palavras-chave trabalho - D.W.Winnicott - consultas terapêuticas coletivas - viver criativo - estilo clínico ser e fazer Abstract Considering that work is very important in human life, and that in many occasions may become a dissociated activity, we relate the conception of Living Creatively of D.W.Winnicott to work. In working conditions, places and human relations are presented in order to make spontaneous gesture and selfexpression possible, and to stimulate a creative way of living at work. We identify in playing the basis for a creative work and ilustrate this proposition by presenting the narative of a Therapheutic Collective Consultation with teachers, focusing the subject of work. This experience brings a mutational potential, and can provide relief to anxiety and anguish. This creates possibilities of new choices and senses to be made, and contribuites to a creative work. Key-words work - D.W.Winnicott - therapheutic collective consultation - creative living - being and doing clinical style 57
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