A PATEMIZAÇÃO NO DISCURSO ESTUDOS SOBRE O FUNCIONAMENTO DA EMOÇÃO NA NARRATIVA BELOVED, DE TONI MORRISON.

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1 A PATEMIZAÇÃO NO DISCURSO ESTUDOS SOBRE O FUNCIONAMENTO DA EMOÇÃO NA NARRATIVA BELOVED, DE TONI MORRISON. Nome do Aluno¹: JOÃO PAULO FERREIRA TINOCO MACHADO Nome da Orientadora²: JUSCÉIA APARECIDA VEIGA GARBELINI 1 Aluno do Curso de Letras; Campus de Porto Nacional; faceafacejp@hotmail.com PIVIC/UFT 2 Orientadora do Curso de Letras; Campus de Porto Nacional; jusceia@mail.uft.edu.br RESUMO A Análise do Discurso tem como objetivo principal o estudo da linguagem, e quando há uma troca discursiva produz-se sentido. Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa que investigou as emoções e os possíveis efeitos patêmicos no livro Beloved de Toni Morrison. A pesquisa foi desenvolvida tomando-se por base, teóricos como Charaudeau e Maingueneau (2008), Charaudeau (2010) e Nussbaum (2010), para quem as emoções não são somente irracionais ou de ordem de sensação ou de uma pulsão, mas de ordem intencional. As emoções estão ligadas a saberes de crença que se inscrevem em uma problemática da representação psicossocial (Charaudeau 2010). Assim, damos o nome de patemização à ação que leva o indivíduo a reconhecer, em uma determinada situação uma emoção particular que está prestes a vivenciar. Desse modo, apresentaremos os resultados acerca de uma precisa situação na obra analisada que possa fazer com que o indivíduo reconheça a emoção por ele sentida. Palavras-chave: Discurso Emoção Efeitos da Patemização tópicas.

2 INTRODUÇÃO Toni Morrison, nascida nos Estados Unidos da América, em 18 de fevereiro de 1931, na cidade de Lorain, Ohio, foi a primeira negra a ganhar o Prêmio Pulitzer de Em 1987 a autora lançou Beloved (Amada), o qual é baseado em fatos reais, e é conhecido como o melhor romance americano dos últimos 25 anos. Emoções tecem o romance. Como entendê-las a partir do lugar social nas quais emergem? Como os efeitos patêmicos de agonia, desespero e dor ganham concretude? Quais são os itens lexicais utilizados como veículo das emoções? Respostas aos questionamentos acima foram buscadas nas teorias do discurso, e da nova retórica, sobretudo nas reflexões semiolinguísticas de Patrick Charaudeau. Propusemosnos a investigar a patemização na produção discursiva pela autora, bem como na recepção dos efeitos patêmicos gerados pela narrativa, pois, no ato de leitura (Mendes, 2010), temos uma assimetria entre o que o Sujeito Comunicante tem a intenção de dizer e entre o Sujeito Interpretante pode/é capaz de entender, tendo em vista suas competências discursivas, seus saberes de conhecimento e seus saberes de crença. MATERIAL E MÉTODOS O romance Beloved, de Morrison, editado pela Vintage Books, possui 324 páginas e foi utilizado em sua versão original, em língua inglesa; e representa o discurso literário objeto deste estudo. Aqui, o viés foi o da recepção por meio da leitura. O analista-leitor foi exposto à obra e pronunciou-se a respeito dos efeitos patêmicos e das emoções de fragmentos escolhidos mobilizando a base teórica do discurso, em sua vertente denominada Semiolinguística, elaborada por Patrick Charaudeau, a qual balizou a proposta de análise realizada, sobretudo as tópicas patêmicas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para entendermos os possíveis efeitos patêmicos tivemos que caminhar no espaço da sociologia e psicologia que nos salienta que a emoção é de ordem intencional e está ligada a saberes de crença (Mauss e Durkheim, 1995), entretanto temos que nos atentar, pois a sociologia nos confundiria com a interpretação e o interativismo e a psicologia com o social.

3 As emoções são de ordem intencional (não podemos nos confundir emoção com sensação) porque a racionalidade (as nossas crenças) age para alcançar um alvo, e é subjetiva. Se porventura podemos dizer que as emoções são de ordem intencional, logo podemos dizer que elas são interpretações das circunstâncias. Mas, a análise do discurso não pode estudar a emoção como realidade que um sujeito vivencia, mas como um efeito visado que não há garantia sobre o efeito produzido (Patrick Charaudeau, 2010): razão de usarmos os termos pathos, patêmico e patemização no lugar de emoção. Proposta de análise: alguns efeitos patêmicos em Beloved A Dor Estado de insatisfação do desejo do sujeito tal como ele mergulha em uma sensação de mal estar profundo; É desencadeada por um actante-sujeito (pessoa ou situação) que colocou o sujeito em posição de vítima-ofendida, razão pela qual a dor é provocada pela mobilização de uma rede de crenças que coloca o sujeito em posição de vítima moral. O sujeito se encontra em uma relação intransitiva e reflexiva com a dor: interiorizando o objeto causa de sua dor, ele se essencializa em ser que sofre e o enuncia-se elocutivamente ( tenho dor ). Beloved, she my daughter. She mine. See. She come back to me of her own free will and I don t have to explain a thing. I didn t have time to explain before because it had to be done quick. Quick. She had to be safe and I put her where she would be. Nobody will ever get my milk no more accept my own children. A angústia A espera desencadeada por um actante-objeto desconhecido, mas que representa um perigo para o sujeito; O sujeito mobiliza uma rede de crenças que lhe faz encarar diferentes representações, sempre negativas (epidemias, criminalidades, desemprego). A frase abaixo está cheia de efeitos patêmicos: There is no bad luck in the world but white folks

4 A coragem ou covardia Embora não contemplada por Charaudeau, acrescentamos a tópica da coragem, da firmeza de ânimo diante do perigo e dos reveses, bem como dos sofrimentos. Apesar de o actante-objeto apresentar-se como temeroso/difícil ao sujeito, este enfrenta-o. A tópica da covardia faz emergir atitudes avaliativas opostas, ou seja, o sujeito rende-se, submete-se, reconhece sua impotência diante do objeto temerário. How if I hadn t killed her she would have died and that is something I could not bear to happen to her. LITERATURA CITADA CHARAUDEAU, Patrick. A Patemização na televisão como estratégia de autenticidade. Em: MENDES, Emília; MACHADO, Ida Lúcia. As Emoções no Discurso Vol. II. 1 ed. Campinas: Mercado de Letras, CHARAUDEAU, Patrick. Uma Análise Semiolinguística do Texto e do Discurso. Em: PAULIUKONIS, Maria Aparecida Lino e Gavazzi, Sigrid (orgs.). Da Língua ao Discurso: Reflexões para o Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna ( trad. Ângela Maria da Silva Correa). MACHADO, Ilda Lúcia. MENEZES, Willian. MENDES, Emília (org.). As Emoções no Discurso, Volume I. Rio de Janeiro: Lucerna, MORRISON, Toni. Beloved. Croydon: Vintage, 2005.

5 AGRADECIMENTOS A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração da professora Juscéia Aparecida Veiga Garbelini, a qual nos incentivou e demonstrou empenho constante. Gostaria de expressar toda a minha gratidão e apreço a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para que esta pesquisa se tornasse realidade.