UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE DIREITO PROJETO DE PESQUISA: O DISCURSO JUSFUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NO DIREITO COMPARADO

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE DIREITO PROJETO DE PESQUISA: O DISCURSO JUSFUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NO DIREITO COMPARADO Salvador 2017

2 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO 1.1 Título 1.2 Orientador 1.3 Integrantes do Grupo de Pesquisa 1.4 Palavras Chave 1.5 Instituição 2. OBJETO 2.1. Tema 2.2. Delimitação do Tema 2.3. Formulação do Problema 2.4. Hipótese 3. OBJETIVO 3.1. Objetivo geral 3.2. Objetivos específicos 4. JUSTIFICATIVA 5. METODOLOGIA 5.1 Marco Teórico 5.2 Setores de Conhecimento 5.3 Procedimentos Metodológicos: Linha Metodológica: Vertente Teórico-Metodológica Raciocínio Natureza dos Dados Grau de Generalização Técnica de Pesquisa 6. REFERÊNCIAS 2

3 1. APRESENTAÇÃO 1.1 Título O Discurso Jusfundamental da Dignidade da Pessoa Humana no Direito Comparado. 1.2 Orientadores Ricardo Maurício Freire Soares e Dirley da Cunha Jr. 1.3 Integrantes do Grupo de Pesquisa Orientandos da Graduação e da Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. 1.4 Palavras Chave Discurso; Dignidade da Pessoa Humana; Direito Comparado. 1.5 Instituição Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. 3

4 2. OBJETO 2.1. Tema O Discurso Jusfundamental da Dignidade da Pessoa Humana no Direito Comparado Delimitação do Tema O presente projeto de pesquisa tem por escopo analisar o Discurso Jusfundamental da Dignidade da Pessoa Humana, tendo em vista a sua relevância como fundamento do Estado Democrático de Direito e como centro de um sistema constitucional baseado na idéia de justiça, através de uma abordagem respaldada no Direito Comparado Formulação do Problema Diante das especificidades culturais, a Dignidade da Pessoa Humana pode ser entendida como um valor ético-jurídico capaz de firmar um direito cosmopolita fundado no respeito aos direitos humanos fundamentais? 2.4. Hipótese A Dignidade da Pessoa Humana, norma basilar de todo sistema jurídico, consagrada no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, pode ser entendida como um valor ético-jurídico que incorpora as exigências de justiça, além de funcionar como parâmetro axiológico e teleológico da aplicação de regras e princípios constitucionais e infraconstitucionais. Sua dimensão ultrapassa os limites nacionais, sendo capaz de influir em outros ordenamentos jurídicos e, mesmo diante das especificidades culturais, instituir um direito cosmopolita fundado no respeito aos direitos humanos fundamentais. 4

5 3. OBJETIVO 3.1. Objetivo Geral O presente projeto de pesquisa vislumbra examinar o discurso jusfundamental da dignidade da pessoa humana no ordenamento jurídico brasileiro, de forma a apreender a sua essência, além de investigar a sua significância e dimensão no direito comparado Objetivos Específicos Detalhadamente, os objetivos a serem perseguidos são os seguintes: a) Caracterizar a dignidade da pessoa humana como um direito fundamental. b) Investigar o fundamento formal e material do princípio da dignidade da pessoa humana. c) Identificar as possibilidades semânticas e os usos pragmáticos. d) Estudar o discurso jusfundamental da dignidade da pessoa humana no ordenamento jurídico brasileiro. e) Analisar o discurso jusfundamental da dignidade da pessoa humana no Direito Comparado. f) Identificar as repercussões desse discurso no ordenamento jurídico brasileiro e internacional. g) Dimensionar o discurso jusfundamental da dignidade da pessoa humana nos respectivos ordenamentos. 5

6 4. JUSTIFICATIVA Com o advento do neoconstitucionalismo, modelo jurídico que representa o Estado Constitucional de Direito, todo o direito não é mais reduzido a direito positivo, como concebia o positivismo jurídico, passando o ordenamento jurídico a ser vislumbrado como um sistema válido e legítimo, dotado de pluralidade e abertura aos influxos fáticos e valorativos. Dessa forma, o neoconstitucionalismo surge como um novo paradigma que prioriza tanto a legalidade quanto a legitimidade, buscando uma maior aproximação do direito com a moralidade social e com a concretização de uma sociedade mais justa. Nesse diapasão, alude-se, em primeiro lugar, ao processo de normativização da Constituição, que deixa de ser considerada um diploma normativo com um valor meramente programático ou como um conjunto de recomendações ou orientações dirigidas ao legislador para operar como uma normatividade jurídica com eficácia direta e imediata. Em segundo lugar, afirma-se que as Constituições incorporam conteúdos materiais que adotam a forma de direitos, princípios, diretrizes e valores, dotados de um amplo grau de indeterminação e de uma forte carga valorativa, como se verifica no rol de conceitos controvertidos (dignidade, justiça, liberdade e autonomia). Assim, nesse novo cenário paradigmático, os princípios ganham força normativa, sendo dotados de um elevado grau de generalidade e abstração e configurando reguladores axiológicos e teleológicos da compreensão do direito, redimensionando, portanto, a concepção do papel do Estado. Com efeito, a positivação constitucional do primado da dignidade da pessoa humana ocorreu com o advento da Lei Fundamental Alemã de 1949, que preceituava, no seu art. 1.1., que a dignidade do homem é intangível e os poderes públicos estão obrigados a respeitá-la e protegê-la. A partir deste momento, o princípio da dignidade da pessoa humana passou a ser exteriorizado como princípio do constitucionalismo ocidental. Neste sentido, a proclamação da normatividade do princípio da dignidade da pessoa humana, na maioria das Constituições contemporâneas, conduziu ao reconhecimento dos princípios como normas basilares de todo o sistema jurídico, afastando-se a concepção de programaticidade, que justificava a neutralização da eficácia dos valores e fins norteadores dos sistemas constitucionais. 6

7 A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 1º, inciso III, elevou o princípio da dignidade da pessoa humana ao patamar de fundamento do Estado Democrático de Direito, integrando, juntamente com outras normas principiológicas, a categoria dos princípios fundamentais. A dignidade da pessoa humana está erigida como princípio matriz da Constituição e seus preceitos não podem ser pensados apenas do ponto de vista individual, enquanto posições jurídicas dos cidadãos diante do Estado, mas também devem ser vislumbrados numa perspectiva comunitária, como valores e fins superiores da ordem jurídica que reclamam a ingerência ou a abstenção dos órgãos estatais. Assim, o presente projeto propõe um estudo do discurso jusfundamental da dignidade da pessoa humana no ordenamento jurídico brasileiro e no direito comparado, tendo em vista a relevância desse valor ético-jurídico constitucional na busca da justiça e da igualdade entre os cidadãos, além da sua importância enquanto núcleo essencial de todos os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição. 7

8 5. METODOLOGIA 5.1 Marco Teórico Para analisar as principais correntes jurídico-filosóficas, bem como o novo paradigma do neoconstitucionalismo e suas vertentes de pensamento, foram escolhidos diversos autores contemporâneos. No que tange ao campo principiológico, vale destacar a obra de Humberto Ávila, com uma ampla abordagem dos princípios jurídicos, de modo a possibilitar uma melhor análise da força normativa principiológica. No tocante ao neoconstitucionalismo, vale ressalvar, outrossim, as obras e contribuições esclarecedoras dos estudiosos Robert Alexy, com a teoria da argumentação, e Ronald Dworkin, com a análise dos princípios em importantes obras como Los Derechos em Serio. Na seara do direito constitucional, J. J. Gomes Canotilho traz importantes preleções sobre o Estado Democrático de Direito, os princípios jurídicos, a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais. Por sua vez, Flávia Piovesan, com o enfoque nos direitos humanos, e Ingo Sarlet, no campo dos direitos fundamentais, fazem relevantes considerações sobres a efetividade desses direitos na atualidade. Por fim, no campo da hermenêutica jurídica, o autor Eros Roberto Grau é um grande referencial teórico, pois traz contribuições no que se refere à interpretação e aplicação do direito através dos métodos e estudos hermenêuticos. 5.2 Setores de Conhecimento Os setores de conhecimento envolvidos neste projeto são: Direito Constitucional, Filosofia Jurídica, Hermenêutica, Direitos Fundamentais e Direito Internacional Público em razão da abordagem comparativa entre as construções hermenêuticas e o discurso jusfundamental da dignidade da pessoal humana no ordenamento jurídico brasileiro e no direito comparado. 8

9 5.3 Procedimentos Metodológicos: Linha Metodológica: Segundo as autoras Miracy Gustin e Maria Tereza Dias: A linha críticometodológica supõe uma teoria crítica da realidade [...] defende que o pensamento jurídico é tópico [...] teoria do discurso e pela teoria argumentativa. Essa linha compreende o Direito como uma rede complexa de linguagens e de significados. Diante do significado exposto pelas referidas autoras e, principalmente, pela idéia de complexidade e linguagem adotadas, a linha metodológica que mais se adequa a este projeto é a linha crítico-metodológica Vertente Teórico-Metodológica Ainda segundo Miracy Gustin e Maria Tereza Dias A vertente jurídico-teórica [...] acentua os aspectos conceituais, ideológicos e doutrinários de determinado campo que se deseja investigar.. Em virtude do caráter geral, teórico e propedêutico do presente projeto, a vertente adotada será a jurídico-teórica Raciocínio Como, para as autoras supracitadas, o raciocínio indutivo caracteriza-se por ser um processo mental que parte de dados particularizados e localizados e se dirige a constatações gerais isto é, parte do problema para as considerações gerais (o que se coaduna com o pensamento tópico e problemático já referido) esta será a linha de raciocínio adotada neste projeto Natureza dos Dados 9

10 Os dados utilizados como referências para este projeto serão de natureza indireta (obtidos por fontes indiretas), em virtude do próprio caráter teórico do mesmo Grau de Generalização O grau de generalização deste projeto envolve uma pesquisa que lida com o referencial universo e não com amostragem. Uma vez que o modelo hermenêutico proposto pode ser aplicado em todos os âmbitos do Direito e, não, a um ramo específico Técnica de Pesquisa A técnica de pesquisa empregada será a pesquisa teórica, na ótica das autoras supracitadas, por ser a que melhor se relaciona às escolhas metodológicas até então realizadas e à proposta geral do projeto. 10

11 6. REFERÊNCIAS ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. São Paulo: Landy editora, Teoría de los derechos fundamentales. Madrid: CEPC, ATIENZA, Manuel. As razões do direito teorias da argumentação jurídica. SãoPaulo: Landy Editora, ÁVILA. Humberto. Teoria dos princípios. São Paulo: Editora Malheiros, CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 3.ed., Coimbra, CARBONELL, Miguel (org.). Neoconstitucionalismo (s). Madrid: Editorial Trotta, DWORKIN, Ronald. Los derechos en serio. Tradução: Marta Guastavino. Barcelona: Ed. Ariel, O império do direito. Tradução: Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, Uma questão de princípio. Tradução: Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, ENTERRÍA. Eduardo García. Reflexiones sobre la ley y los principios generales del derecho. Madrid: Editorial Civital, ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceitos de Princípios Constitucionais - Elementos para uma dogmática constitucionalmente adequada. São Paulo: Revista dos Tribunais,

12 GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação / aplicação do direito. São Paulo: Malheiros, MOURULLO. Gonzalo Rodríguez. Aplicación judicial del derecho y lógica de la argumentación jurídica. Madrid: Editorial Civitas, NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. São Paulo: Saraiva, PECES BARBA, Gregório. La dignidad de la persona desde la Filosofia del Derecho. Madrid: Dykinson, PERELMAN, Chaïm. Ética e direito. Tradução: Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 4. ed. São Paulo: Max Limonad, SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de Porto Alegre: Livraria do Advogado, TAVARES, André Ramos. Direito constitucional econômico. São Paulo: Editora Método, VALDÉS, Joaquín Arce y Flórez. Los principios generales del derecho y su formulación constitucional. Madrid: Editorial Civitas, WRÓBLEWSKI, Jerzy. Constitución y teoría general de la interpretación jurídica. Madrid: Editorial Civitas,