Ano II # 13. Conselhos Nacionais. Debate em 3 tempos. Ministério Público. Discutindo democracia interna. Augusto Nunes. Os bastidores da notícia

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1 Ano II # 13 Conselhos Nacionais Debate em 3 tempos Ministério Público Discutindo democracia interna Augusto Nunes Os bastidores da notícia

2 Contraponto Augusto Nunes 06 Em defesa do MP Quais os verdadeiros limites dos Conselhos Nacionais? 20 Maxima Venia O poder sancionador do Conselho Nacional do Ministério Público e a necessidade de prévia definição legal das infrações disciplinares 22 Maxima Venia O Judiciário, o nepotismo e a Justiça Maxima Venia Poder normativo dos órgãos de controle externo do Judiciário e do Ministério Público MP em foco Discutindo democracia interna APMP Destinos Fernando de Noronha: uma viagem à ilha da sedução Cultura e Lazer U2 demorou... mas agora está de volta! Gastronomia Um pedaço da Itália em São Paulo

3 Palavra do Presidente OGostaria de compartilhar com todos os associados um tema que é recorrente nas discussões em nossa Instituição: os possíveis riscos da polarização entre a APMP e alguns componentes da Administração Superior, notadamente a Procuradoria-Geral de Justiça. A questão ganha relevância porque não são poucos os que questionam a razão da APMP não apoiar integralmente as ações da PGJ. É certo que há os componentes políticos, de conhecimento de todos, mas que, ao menos para nós, se encerram no dia da eleição. Portanto, a questão exige uma análise do quadro Institucional. Não é demais lembrar que, desde o primeiro dia de nossa gestão, a APMP não tem feito outra coisa senão lutar pelo melhor para o MP. E isso é feito publicamente, com clareza e transparência. Foi assim quando elogiamos as ações que buscavam tornar nossa s riscos da omissão Instituição mais eficiente, como as audiências públicas. Cerramos, também, fileiras para tentar melhorar o combalido orçamento do MP, que traria inegáveis frutos para todos, em especial ganhos políticos para a PGJ. Criamos mecanismos para tentar suprir lacunas deixadas pela Administração, como no caso da palpável falta de segurança dos promotores e procuradores de justiça. Mesmo assim, não saímos por aí alardeando o sucateamento de nossa Instituição. Porque nós agimos com lealdade e procuramos o melhor para o MP. Sempre. Nós preferimos agir dessa maneira. Lutar pelo que verdadeiramente acreditamos. Elaborar projetos que realizaremos. Criticar o que entendemos errado e aplaudir o que achamos correto. É claro que houve críticas, afinal também é esse o nosso papel. Podemos lembrar do alerta ao Procurador-Geral sobre os riscos da escolha biônica para os Conselhos Nacionais do Ministério Público e da Justiça e do pleito indireto para a Ouvidoria. Reagimos com energia em face da odiosa discriminação do pagamento de verbas atrasadas para os membros inativos do MP. Tentamos, ainda, avisar para o perigo de não serem respeitadas as prerrogativas de um jovem promotor de justiça, acusado de homicídio. Entendíamos que, por mais fortes que fossem as pressões externas, o MP não poderia se vergar. A sugestão, que não foi acolhida, era a de que o caso fosse conduzido de forma técnica e imparcial. Infelizmente, o que ocorreu: seguidos atropelos, procedimentos anulados, atitudes precipitadas, vazamento de informações sigilosas, denúncia parcialmente rejeitada e outras tantas trapalhadas, que levaram ao absurdo do Tribunal de Justiça criticar publicamente a condução do caso. Hoje temos uma situação absolutamente non sense: o promotor reconduzido ao cargo pelo Tribunal de Justiça. E o Ministério Público de São Paulo sendo injustamente tachado de incompetente, incapaz de respeitar regras procedimentais e direitos básicos. Quando alertávamos sobre os riscos de uma atuação que não fosse eminentemente técnica, algumas pessoas, nas coxias, afirmavam que éramos arautos do apocalipse e que não havia nenhum equívoco no procedimento. Em breves palavras, a incapacidade de ouvir críticas do núcleo político que cerca o Procurador-Geral trouxe enorme prejuízo ao prestígio do MP perante a sociedade e o Poder Judiciário. E agora? Como explicar à opinião pública que o MP, guardião do Estado Democrático de Direito, não tem competência para aplicar os princípios fundamentais dentro de casa? E o pior é que os erros parecem não cessar. A Folha de S. Paulo desnuda o que seria uma guerra de bastidores na eleição para a Procuradoria-Geral de Justiça. Segundo notas da seção Painel dos dias 06 e 07 de janeiro, o oferecimento de denúncia contra o Secretário de Segurança Pública por crime de abuso de autoridade poderia ser motivado por interesses políticos. É claro que ninguém em sã consciência poderia aceitar isso como verdade. Bem por isso, esperamos pacientemente que houvesse uma retratação ou posicionamento da PGJ sobre o assunto. Remanesceu, porém, um estranho e constrangedor silêncio. De duas, uma. Ou houve realmente o uso político do episódio, ou a Procuradoria-Geral de Justiça ainda não se apercebeu de como fatos como esse podem macular a imagem de toda a nossa Instituição. Algum tipo de resposta era imprescindível. Senão, como explicar que a denúncia tenha sido oferecida em pleno recesso do TJ? Ou, ainda, por que duas testemunhas presenciais sequer tenham sido ouvidas pela Procuradoria-Geral de Justiça? Mais grave: dois membros do Ministério Público de São Paulo. Pode parecer incrível, mas chegamos ao ponto de a palavra ou o testemunho de um promotor de justiça não ter mais valor para a sua própria Cúpula. É por isso que, entre o estereótipo de radicais ou de omissos, sem dúvida preferimos o primeiro. Ainda que injusto. Nesta edição brindamos o associado com reveladora entrevista do consagrado jornalista Augusto Nunes e artigos que analisam os limites da atuação dos Conselhos Nacionais do Ministério Público e da Justiça. Sem falar das tradicionais seções que completam nossa revista. Boa leitura a todos. Revista APMP EM REFLEXÃO Veículo mensal de comunicação da Associação Paulista do Ministério Público. Ano II, Número 13 (2006). Tiragem: exemplares. Conselho Editorial João Antonio Garreta Prats Cláudia Jeck Garcia de Souza Paulo Roberto Dias Júnior Sérgio de Araújo Prado Júnior Coordenação Geral Luciano Ayres Jornalista Responsável Adriana Brunelli MTB Redação Ayres.PP Comunicação e MKT Estratégico (19) Assessoria de Imprensa ReDe Comunicação (11) Fotos Vision Press (19) Leandro Irmão João Antonio Garreta Prats Presidente

4 Contraponto Como os formadores de opinião enxergam o MP Augusto Nunes O entrevistado deste mês, decididamente, não tem papas na língua. Não há assunto espinhoso, nem tema delicado, que ele não se disponha a enfrentar com franqueza e coragem. Nem mesmo sobre o Ministério Público, apesar de contar com um promotor de justiça na família. Ao contrário, nosso entrevistado afirma que essa circunstância o torna ainda mais rigoroso na análise da atuação do MP. Esses predicados bastariam para tornar a entrevista desta edição leitura altamente recomendável. Mas se as opiniões e revelações que se seguirão partem de alguém que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, mudou a imprensa brasileira, a leitura passa a ser indispensável. Augusto Nunes deixou Taquaritinga para chefiar as redações dos jornais e revistas mais importantes do país. Na conversa que manteve com a equipe da APMP em Reflexão na sede paulista da Editora JB, mais de cinqüenta anos de história da política e do jornalismo brasileiros foram passados a limpo, com especial atenção para as diversas vertentes da crise política iniciada em É um privilégio para a APMP em Reflexão apresentar entrevista exclusiva com o jornalista Augusto Nunes. Com direito a uma revelação jamais publicada em qualquer outro veículo de comunicação. APMP em Reflexão: Por que o jornalismo? Augusto Nunes: Eu acho que já nasci para ser jornalista. Aos 14 anos comecei a escrever num semanário de Taquaritinga, cidade do interior de São Paulo onde nasci. Eu acompanhava meu irmão, Flávio Nunes da Silva (N.R.: promotor de justiça desde 1971), que tinha uma coluna política de notas curtas que ele ainda hoje mantém. Assim passei a gostar daquele ambiente. APMP: Ambiente bem diferente do que vemos hoje nas redações... AN: Para você ter uma idéia de como o tempo passou, o jornal era impresso a frio. Era aquele chumbinho que você recolhia nas caixinhas e ia compondo as palavras, letra por letra. APMP: Mas é verdade que a carreira de jornalista não era prioridade na sua vida? AN: Sim, porque eu já havia escolhido a carreira diplomática. Fui para o Rio e prestei vestibular para a Faculdade Nacional de Direito. Isso em Eu queria me formar em Direito, fazer o curso para o Itamaraty e ser diplomata. Mas nunca parei de escrever e nem abstraí a idéia de ser jornalista. APMP: E o que aconteceu? AN: Eu decidi entrar de cabeça no Movimento Estudantil e fui eleito vice-presidente do CACO (NR: Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, da Faculdade Nacional de Direito). Lembro-me que meu pai perguntava: Mas você não foi fazer o Rio Branco?. E eu respondia: Eu fiz a Rio Branco, que era a avenida das passeatas. Fui preso e no segundo ano de Direito o diretor chamou todos os integrantes do Centro Acadêmico e disse: Se vocês pedirem transferência, eu dou. Se vocês ficarem, eu expulso. Acabei na Mackenzie, que na época era considerada um reduto da extrema direita. Aí voltei a jogar basquete e vôlei e dei um tempo na política. APMP: Por pouco tempo... AN: É verdade, pois no ano seguinte, 1970, prestei vestibular para a Escola de Comunicação e Artes da USP. Fui aprovado, mas também não concluí, porque no primeiro ano da faculdade comecei a trabalhar como revisor dos Diários Associados. No segundo ano passei para o Estadão, como repórter, e tive que viajar muito, porque me designaram para a cobertura da América do Sul. Ia cobrir um golpe no Chile e tinha uma confusão acontecendo na Bolívia, depois outra no Peru...então acabava não voltando e perdia as aulas. Consegui chegar até o terceiro ano da faculdade, mas não completei. APMP: O que significa iniciar a carreira de jornalista durante uma ditadura? AN: Trabalhar em publicações censuradas não é bom. Não ajuda a formação de ninguém. Eu, por exemplo, trabalhei no Estadão até 1973 e fui para Veja, que era censurada. Então eu escrevia sobre estudantes e o texto voltava com riscos em vermelho no que não podia ser publicado. Na segunda semana você repete o gesto, na terceira, na quarta... até que você se cansa e acaba fazendo a au

5 Contraponto Trabalhar em publicações censuradas não é bom (...) o texto voltava com riscos em vermelho no que não podia ser publicado. Na segunda semana você repete o gesto, na terceira, na quarta... até que você se cansa e acaba fazendo a autocensura. Por cansaço. tocensura. Por cansaço. Não é bom trabalhar sob censura. Eu não me considero um herói por isso. APMP: De qualquer forma, a imprensa foi fundamental naquele período... AN: A imprensa desenvolveu um trabalho importante de resistência democrática e foi responsável por uma grande mudança no Brasil. E não o pessoal da luta armada, como eles enganosamente proclamam. Quem buscou o direito de votar, o direito de eleger diretamente o presidente? APMP: Era mais fácil ser jornalista naquela época? AN: Sim, porque você tinha claramente um país dividido nos anos 70 entre o bem e o mal. Havia um inimigo a combater, enquanto qualquer país democrático é multifacetado, apresenta várias vertentes políticas. Como naquela época você tinha esse maniqueísmo, isso tornava mais fácil a sua definição. Por outro lado, havia o medo, que se tornou especialmente agudo quando foi morto o jornalista Vladimir Herzog. Antes eram torturados e mortos integrantes da luta armada. Quando a vítima foi um jornalista absolutamente pacífico e tranqüilo, além de alto funcionário do governo estadual, nós sentimos que a brutalidade estava na ante-sala. APMP: O que fazer num quadro como aquele? AN: Eu me lembro que o Mino Carta telefonou para o Governador Paulo Egydio Martins e ouviu dele: Eu não tenho mais controle sobre São Paulo. Até mesmo o Golbery do Couto e Silva disse: São Paulo está sob intervenção da extrema-direita. O único conselho que eu posso dar a vocês é: escondam-se. Isso durou até que o Geisel fez um grande gesto depois da morte do operário Manoel Fiel Filho e afastou o comandante da região militar que abrangia São Paulo (NR: General Ednardo D Ávila Melo, Comandante do II Exército). E depois continuou a luta interna dentro do seu governo até o afastamento do General Sylvio Frota, Ministro do Exército. APMP: Como a imprensa está se comportando no cenário atual, quando vivemos em uma democracia, mas com um quadro político de grande confusão ideológica? AN: Acho que a imprensa está vivendo uma grande mudança. Nenhum partido na história foi tão bem tratado pela imprensa como o PT. Por quê? 98% dos jornalistas de qualquer redação eram do PT. Eles faziam a censura na origem, que é a mais perigosa e a mais eficiente. A notícia não chega ao editor ou ao diretor. APMP: Como assim? AN: Vou te dar um exemplo: Collor foi a Caxias fazer um comício e seu grupo do Collor começou a ouvir provocações do PT. Os agentes de segurança dele reagiram com brutalidade, agredindo os militantes do PT. Somente aí a reportagem começava, sem o seu início verdadeiro. Como diretor eu ironizava dizendo que isso parecia combustão espontânea. Ou seja, de repente eles resolveram bater!? Ora, alguma coisa aconteceu. Não estou justificando a violência, mas eu quero a história completa. Quem é Augusto Nunes APMP: E como resolver essa distorção? AN: Você tem que ser ético e é muito fácil ser ético: basta contar a verdade. Nenhuma notícia é ética se não for verdadeira. Nenhuma notícia é verdadeira se não for ética. Então não vejo grandes problemas para saber qual é o caminho a seguir. Quando eu identificava militantes partidários na editoria política, eu os afastava e colocava em esportes, cidades etc. Porque na editoria política você não pode servir a dois senhores: ou você faz o seu trabalho de jornalista ou exerce a sua militância partidária. Colunista do Jornal do Brasil e Diretor de Jornalismo da Editora JB (que publica o Jornal do Brasil, a Gazeta Mercantil e a revista Forbes Brasil), tem 56 anos de idade e 35 de vida profissional. Dirigiu as revistas Veja, Época e Forbes e os jornais O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil e Zero Hora. Publicou o livro de memórias de Samuel Wainer Minha Razão de Viver e a biografia de Tancredo Neves para a coleção Grandes Líderes, além do recém-lançado A Esperança Estilhaçada (veja box nesta edição). Ganhou quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e apresentou, durante dois anos, o programa Roda Viva, da TV Cultura. No livro Eles mudaram a imprensa, organizado pela Fundação Getúlio Vargas, foi incluído entre os seis mais importantes jornalistas do Brasil. A imprensa desenvolveu um trabalho importante de resistência democrática e foi responsável por uma grande mudança no Brasil. E não o pessoal da luta armada, como eles enganosamente proclamam. APMP: Mas hoje, depois da crise política, isso deve ter mudado, não é mesmo? AN: Os petistas estão tomando juízo. Eles não estão tão militantes e nas redações o PT foi desmoralizado pela crise. Eles descobriram que o homem novo que o Guevara prometia e o PT achou que existia é uma falácia. Portanto, agora está mais fácil, o pessoal cobre as coisas com mais naturalidade. Mas foi necessário que a corrupção se escancarasse. Nisso somos muito parecidos, os integrantes do Ministério Público e os jornalistas. APMP: Poderia explicar melhor? AN: Você tinha os promotores que se identificavam com o Fernando Henrique, os promotores de outro candidato etc. É sintomático, por exemplo, que o procurador Luiz Francisco esteja hoje tão quieto. Porque ele é militante do PT, o que é um absurdo. Como também é um absurdo um diretor de redação ser fiel a algum partido. Eu não sou. Eu escrevo contra todos, agora especialmente contra o PT. Por quê? Porque é o vilão do momento. APMP: Qual a importância de Samuel Wainer e do seu Última Hora na história do jornalismo brasileiro? AN: O Última Hora foi o único jornal popular brasileiro. Eu não considero jornais populares publicações como O Dia ou, aqui em São Paulo, o extinto Notícias Populares, que eram mais sensacionalistas e confundiam jornal popular com jornal sangrento. O Samuel Wainer fez um jornal popular com uma equipe de primeira. Os colunistas do Última Hora eram o Rubem Braga, João Saldanha, mais tarde o Tarso de Castro, intelectuais de primeira, mas que sabiam se comunicar com o povo

6 Contraponto APMP: E na relação com o poder? AN: Naquela época todos os jornais eram partidarizados. O Última Hora foi uma exceção, além de ser o único jornal que defendia um presidente popular como Getúlio Vargas. Samuel Wainer disse a seguinte frase: Você pode se eleger contra a imprensa, mas é difícil governar contra a imprensa. O Getúlio também foi vítima da imprensa, que desencadeou campanhas carregadas de ódio. Então o Última Hora estabeleceu uma ponte entre o Getúlio e o povo, porque não havia uma ligação entre ele e seus eleitores. Essa ligação direta Você tem que ser ético e é muito fácil ser ético: basta contar a verdade. Nenhuma notícia é ética se não for verdadeira. Nenhuma notícia é verdadeira se não for ética. só veio depois do suicídio, quando a população apareceu para manifestar apoio ao Getúlio. APMP: O Lula ainda hoje tem o apoio da imprensa? AN: Claro. O Lula se queixa, mas é tratado carinhosamente pela imprensa. Contribuem para isso vários fatores, em especial a pusilanimidade do PSDB. APMP: Como assim? AN: Para proteger o Senador Eduardo Azeredo eles evitaram falar em impeachment. Acho também que fizeram a seguinte avaliação: com o José de Alencar seria pior e se o Lula fosse arrastado sangrando até outubro, seria um candidato frágil. Com isso eles acabaram permitindo ao Lula o discurso de que era o único que não sabia. Isso é uma piada. O Lula sabia de tudo, tanto que eu até escrevi uma coluna a esse respeito comparando-o a uma estátua de São Jorge em um bordel (veja em box nesta edição). Foi ele, por exemplo, que exigiu a contratação do Duda Mendonça. APMP: Mas voltando ao tratamento que o Lula recebe da imprensa... AN: Vários repórteres são simpáticos, porque no Brasil é Eu coloco o Lula no grupo do Jânio, do Maluf e do Brizola. Você pergunta uma coisa, ele responde outra. A cada entrevista, e foram poucas, ele deu uma explicação sobre o mensalão. elitismo criticar o fato de um cidadão não saber ler nem escrever. Eu acho um absurdo permitir que alguém seja Presidente da República sem ter algum tipo de qualificação. Ele não lê nada e escreve como uma criança do antigo jardim da infância. Mas você não pode falar nada, porque ele é um metalúrgico que passou fome. Ora, o Millôr Fernandes também passou fome. Só que o primeiro salário que ele recebeu aos 15 anos foi usado para se matricular numa escola particular, para nem esperar o começo do ano letivo. E hoje o Millôr é isso aí. Traduz até do grego. APMP: Essa simpatia dos repórteres explica o fato de o Lula ser avesso a entrevistas ou confrontos com jornalistas mais gabaritados? AN: Eu coloco o Lula no grupo do Jânio, do Maluf e do Brizola. Você pergunta uma coisa, ele responde outra. A cada entrevista, e foram poucas, ele deu uma explicação sobre o mensalão. Uma hora não existia, outra hora ele foi traído, Há no Planalto um São Jorge de bordel Antes da revolução dos costumes desencadeada nos anos 60, que operou notáveis mudanças também no comportamento sexual do brasileiro, havia pelo menos um bordel em cada município com mais de 10 mil habitantes. Abrigavam-se em casas identificadas pela luz vermelha na varanda. Costumavam esconder-se no difuso território onde a cidade já acabou sem que tenha começado a zona rural. Em todas havia, na parede da sala, um retrato de São Jorge. Bonito, aquilo. Os trajes de guerreiro, o corcel colérico, a lança hasteada, o dragão subjugado - o painel beligerante era abrandado pela placidez do rosto. A fisionomia serena do herói no duelo tremendo nada tinha de surpreendente. Retratos de santos recomendam rostos plácidos. Sobretudo quando o personagem é um São Jorge de prostíbulo. A expressão beatífica completava o espetáculo da coragem impávida. Sobretudo, combinava com a figura do escolhido para proteger lugares do gênero. Na sala, prostitutas e clientes, entre carícias ousadas, negociavam o acordo que os levaria aos quartos do pecado - meia dúzia de cubículos escurecidos pela meia-luz que eternizava o crepúsculo. Como informava o rosto, o suave guerreiro não tinha nada a ver com aquilo. Perdidos na contemplação do insondável, os olhos nem notavam o que se passava na sala ou nas alcovas. Um exterminador de dragões não pode perder tempo com batalhas na zona do meretrício. A expressão logo estendida, pelos adolescentes daquele Brasil, a homens que agem como se desconhecessem iniqüidades incorporadas à rotina da casa. O filho deixa a escola para traficar drogas, a filha cai na vida bandalha, a mulher arrasta para o motel vizinhos de todas as idades, o amigo pobretão enriquece roubando a avó, e a tudo segue alheio o chefe de família. Como um São Jorge de bordel. Como um São Jorge de bordel sempre agiu Luiz Iná- cio Lula da Silva. O advogado Roberto Teixeira nunca lhe cobrou aluguel pela casa onde Lula viveu durante oito anos. O inquilino achou tudo natural. Em 2002, sobrou o dinheiro que faltara às campanhas anteriores. Lula não fez perguntas sobre o milagre. Tampouco quis saber quem financiara a milionária festa da vitória na Avenida Paulista. O presidente não registrou agudas mudanças na paisagem. Bons parceiros como Djalma Bom estacavam na secretária do chefe de gabinete. Entravam sem bater na sala presidencial aliados como Pedro Correia ou Valdemar Costa Neto. Petistas de esquerda eram expulsos do partido, Roberto Jefferson ganhava cheques em branco. Lula guardou a voz para improvisos em mau português. Sílvio Pereira e Delúbio Soares se tornaram clientes assíduos da casa, ganharam salas para negociar com a freguesia, assimilaram hábitos curiosos para socialistas impenitentes. Lula não ouviu o ronco do Land Roover de Silvinho nem a barulheira dos jatinhos de Delúbio. Não percebeu que sindicalistas promovidos a diretores de banco agora usavam gravata borboleta. Despertado pelo ruído provocado por Waldomiro Diniz, voltou a dormir depois das explicações sussurradas por José Dirceu. Lula não ouviu o governador de Goiás, Marconi Perillo, assombrado com a desenvoltura dos trambiqueiros aliados que tentavam comprar mais deputados. Não quis ouvir a mesma denúncia repetida por Roberto Jefferson. Não enxergou a expansão do pântano. Não vê as marcas de lama no interior do Planalto. Num prostíbulo de antigamente, a figura protetora desceria da parede para botar ordem na casa. No Brasil submerso na crise, o presidente só quebra o silêncio de São Jorge de bordel para berrar improvisos insensatos. Em seguida, volta ao retrato. Que outros santos nos socorram. Artigo de Augusto Nunes publicado na edição de 2 de agosto de 2005 do Jornal do Brasil

7 Contraponto O sonho acabou no momento em que o PT disse que todos faziam a mesma coisa, ou seja, ele admitiu que era um partido como qualquer outro. Admitiu que o partido da mudança ficara parecido com o que pretendia mudar. em seguida ele levou uma facada nas costas, depois ele reúne a turma e a absolve. Por isso o Lula não dá entrevistas. Eu pedi formalmente entrevista no dia da posse, mas ele nunca me concedeu. O Fernando Henrique era o cara mais acessível do mundo. Conversava com todos. O Lula não faz isso e os jornalistas ficam tratando bem. APMP: Mas o tom um pouco mais firme na recente entrevista feita pelo Pedro Bial para o Fantástico não demonstra uma mudança de postura da Globo? AN: Tem razão. Para mim é um sinal muito claro de que a Globo mudou de posição, porque todas as perguntas passam por uma triagem que é feita pela direção. Eu sei disso por ter trabalhado na revista Época e participado das reuniões de pauta. Ninguém faz uma entrevista com o Presidente sem que a direção saiba o que vai ser perguntado. Se a Globo concordou com todas aquelas perguntas, ela realmente está disposta a mudar o relacionamento com o Lula, que era extremamente cordial. APMP: Em que momento a esperança se estilhaçou? Nesta crise ou antes? AN: Acho que começou no caso Valdomiro Diniz e se estilhaçou de vez com o Delúbio, na primeira aparição na TV do Roberto Jefferson. Você percebia que ele estava dizendo parte da verdade, que sabia até mais. E só essa parte da verdade foi devastadora. O sonho acabou no momento em que o PT disse que todos faziam a mesma coisa, ou seja, ele admitiu que era um partido como qualquer outro. Admitiu que o partido da mudança ficara parecido com o que pretendia mudar. O PT acabou absorvido pelo sistema. APMP: O governo Lula podia ter dado certo? AN: Podia. Nunca o Brasil foi tão feliz quanto no dia da posse do Lula. Você tinha muita esperança, eu tinha muita esperança. Porque nenhum Congresso segura as medidas que o Presidente manda nos 100 primeiros dias. O PT foi tímido nas reformas, pois o que havia não era um projeto de mudança, mas um projeto de poder. Por exemplo, já estava estabelecido que o José Dirceu seria o candidato em APMP: O que significou para o PT a linha pragmática adotada anos antes pelo José Dirceu para eleger o Lula? AN: O PT começou a armar o esquema de captação e desvio de dinheiro quando seus primeiros prefeitos assumiram. Na minha região já se falava disso, mas eu não conseguia acreditar, porque se podia dizer tudo do PT, menos que fosse um partido corrupto. APMP: Em artigo de meados de 2002 você comentou a proximidade do Roberto Jefferson com Collor, FHC e o então candidato José Serra. Imaginava naquela época que o Roberto Jefferson seria tão próximo do Lula, a ponto de se tornar o pivô do mensalão? AN: Não, não imaginava. Eu sempre fiquei intrigado com a aparente ausência de espinha dorsal dos políticos e digo isso com a tranqüilidade de quem teve um pai prefeito quatro vezes e um irmão prefeito duas vezes. Acho que há limite para tudo, como diz o Gabeira. Eu pergunto aos políticos se não há nenhum insulto indesculpável, mas eles desconversam e não respondem. APMP: E há tantos exemplos na história brasileira... AN: Pois é. Uma vez entrevistei o Luis Carlos Prestes, que eu considero o sujeito mais teimoso da história. Não coerente, porque não mudar de idéia não é coerência, é teimosia. Como o Barbosa Lima. Nacionalista de 1910 a 2000! Então num programa de televisão eu perguntei ao Prestes o seguinte: Como o senhor se sentiu ao subir no mesmo palanque do homem responsabilizado pela morte da sua mulher? (NR: Getúlio Vargas, que autorizara a deportação de Olga Benário Prestes à Alemanha nazista,onde foi morta em um campo de concentração). Ele ficou bravo Acho que o Brasil vai demorar para se tornar um país democrático, civilizado, como a gente sonha, mas eu escrevo como se isso fosse acontecer no dia seguinte. comigo. Disse que se tratava de assuntos pessoais, no que eu retruquei que eram assuntos públicos, políticos. Então ele disse: A pátria está acima dos interesses pessoais. Vindo de um comunista eu até entendo, porque comunista é um bicho exótico, mas o que eu percebo é que para os políticos em geral não existe o insulto inadmissível. APMP: E você pode dizer isso por experiência pessoal... AN: Eu rompi relações com pessoas que falaram coisas absurdas sobre meu pai e meu irmão. E depois eles se reconciliaram porque achavam que, se você não tiver jogo de cintura, fica isolado politicamente. APMP: Você é otimista ou pessimista em relação à política brasileira? AN: Há uma frase citada sempre pelo Mino Carta que diz: você tem que ser cético a longo prazo e otimista na ação. Acho que o Brasil vai demorar para se tornar um país democrático, civilizado, como a gente sonha, mas eu escrevo como se isso fosse acontecer no dia seguinte. APMP: Qual a razão desse ceticismo a longo prazo? AN: O Brasil ainda engatinha como democracia, por não ter partidos de verdade, nem tradição partidária. Os brasileiros não se filiam a partidos e votam ainda induzidos por fatores que não têm peso nenhum em países civilizados, como amizade, pedido de amigo. O brasileiro não tem muito discernimento para votar, ele ainda espera o homem providencial, o salvador da pátria, alguém para chegar e resolver. Jânio, Getúlio, Collor. Acho que o Lula é o último homem providencial, porque o brasileiro está descobrindo agora que é ele quem manda e paga a conta. APMP: E o futuro das instituições brasileiras? AN: Tem me preocupado muito essa campanha crescente pelo voto nulo. Isso é grave e culpa do Congresso. O que mantém a chama do cidadão é o Ministério Público e a imprensa que relata o que de fato acontece. Se essas duas instituições claudicarem, aí a coisa complica. Porque o Executivo está minado pela corrupção, o Legislativo está completamente desmoralizado e o Judiciário... APMP: Seu conceito do Judiciário não é dos melhores, correto? AN: Eu estou pasmo com algumas decisões. O Supremo, por exemplo. Aquilo é um partido político. Agora se aventa a nomeação do Tarso Genro ou do Luiz Eduardo Greenhalgh. Isso não é possível. Há 20 anos você nomeava alguém para o STF e ele virava Ministro e esquecia o partido de origem. Porque o nomeado sabia da importância do Supremo. Mas o Nelson Jobim, por exemplo, não sabe. E vou fazer

8 Contraponto uma revelação! Quando era Ministro da Justiça no governo FHC o Nelson Jobim exercia a função de consultor jurídico de uma grande empresa de comunicação no Sul na qual eu trabalhei. Isso é no mínimo antiético. APMP: Mas sua decepção se concentra na figura do Nelson Jobim? AN: Não. Veja o Carlos Velloso, um juiz de carreira. Fica condoído com a situação no Maluf na prisão! E o Eros Grau, que tem amizade sólida com o José Dirceu. Eu estou realmente preocupado com o Supremo. deliberado da polícia, que joga balões de ensaio. A polícia tem apenas uma pista, mas mesmo assim divulga. Como o jornal embarca nessa freqüentemente, você pode cometer erros gravíssimos, como no caso da Escola de Base. Um delegado, que achou que o suspeito era culpado, foi falando para a imprensa, que foi noticiando até o desastre que conhecemos. Acho que esse é um dos episódios mais horrorosos da história da imprensa brasileira, por culpa nossa. O que mantém a chama do cidadão é o Ministério Público e a imprensa que relata o que de fato acontece. Se essas duas instituições claudicarem, aí a coisa complica. O brasileiro não tem muito discernimento para votar, ele ainda espera o homem providencial, o salvador da pátria, alguém para chegar e resolver. Jânio, Getúlio, Collor. Acho que o Lula é o último homem providencial... APMP: E sua avaliação do Ministério Público? AN: O MP tem desempenhado um papel que nos permite ter esperança. É a única instituição que tem se mostrado ética, corajosa, valente. Acho que o Ministério Público é uma instituição civilizada e moderna, que poderia ser transplantada sem retoques por qualquer país europeu. As outras não. APMP: Que conselhos daria ao Ministério Público para melhorar sua atuação? AN: Acho que deve ser fortalecido o poder do promotor de conduzir as investigações. Além disso, eu vejo certo risco na juvenilização dos integrantes do Judiciário e do Ministério Público. Eu disse isso em palestra no III Congresso do MP de São Paulo e o pessoal até ficou meio bravo comigo... Mas reafirmo que há promotores muito jovens para lidar com determinadas questões. No caso dos juízes é pior. Os avanços do Ministério Público tem sido assegurados por promotores de 33, 34 anos e eu não estou me referindo a eles. APMP: Poderia fazer uma comparação com o jornalismo? AN: Eu fui redator-chefe da Veja aos 32 anos e me tornei diretor de Redação do Estadão aos 38 anos. Era muito cedo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os diretores de Redação tem que ter 55 anos. Eles ficam no cargo até os 65 anos e depois vão para o Conselho. No Brasil, esses jovens inexperientes são promovidos muito cedo para cargos de chefia e também se tornam velhos muito cedo. O promotor chega aos 50 anos e se considera um veterano. Isso é um absurdo. Digo isso pela minha própria experiência. Agora eu estou maduro e não faria certas coisas no Estadão se tivesse mais juízo. APMP: Como vê, hoje, a relação do Ministério Público com a Imprensa? AN: O Ministério Público não pode incidir no pecado A esperança estilhaçada Com a crise política ainda viva, sequer tendo completado um ano, Augusto Nunes ousou ao lançar o livro A esperança estilhaçada, em que analisa a gênese e o desenrolar do tsunami que varreu a política brasileira por conta da captação ilícita de recursos institucionalizada pelo Partido dos Trabalhadores. Sobre o assunto, assim se manifestou nosso entrevistado: APMP: Você não teme que, sem uma perspectiva histórica ainda, esse livro possa perder algo em termos de isenção ou objetividade? AN: Não, porque eu procurei lançar não um livro oportunista, mas um livro de oportunidade. Não é um instant book, que conta a história do que acabou de acontecer. Para evitar que o livro fique desatualizado, eu tracei um conjunto de perfis. O José Dirceu é aquilo ali. Fosse ou não cassado, ele continuaria o mesmo. A mesma coisa com o Roberto Jefferson, o Delúbio e o próprio Lula, por exemplo. Então eu trabalhei com os perfis dos protagonistas da história, sem me preocupar em encerrá-la, pois isso será feito pelo Ministério Público, pela polícia e pela imprensa. Título: A esperança estilhaçada Autor: Augusto Nunes Editora: Planeta 128 páginas APMP: Como o Ministério Público pode evitar isso? AN: O MP deve fazer suas revelações quando tiver segurança e apenas para jornalistas de confiança, não ao primeiro que aparecer. Se você vai conversar com o jornalista, tem que ter confiança nele e poder dizer: isso eu não tenho certeza, portanto não use na matéria. Que é o verdadeiro off, quando a fonte dá várias dicas mais para orientar o jornalista. Embora provável, você não publica a informação. Ou você publica sem citar a fonte. Isso é uma via de mão dupla. Se o jornalista percebe que determinados promotores o estão usando, deve parar de conversar com eles. APMP: Por que a crise política não teve um impacto maior na economia? AN: Porque a economia brasileira funciona melhor quando os políticos dormem e porque a situação internacional é muito boa, ao contrário do que ocorreu no governo Fernando Henrique. E não se esqueça do seguinte: na América Latina o Brasil só ganha em crescimento do Haiti. A Argentina tem índices muito melhores. Até a Bolívia cresceu mais que o Brasil! Então, a situação mundial é tão favorável que você cresce por inércia. APMP: E a política externa brasileira, qual sua avaliação? AN: O Brasil é visto como uma piada no quadro internacional. Não temos a menor chance de entrar para o Conselho de Segurança da ONU. Simplesmente porque não temos peso. E quando o Brasil vai para o Haiti, faz o que faz. A propósito, eu lamento muito a morte de um general, mas fico pensando no moral da tropa. Imagine, você é soldado combatendo no Haiti e o teu chefe se mata. Que tal? E o Brasil continua gastando mais no Haiti do que no Rio de Janeiro. Faltam verbas para

9 Contraponto o exército. Você gasta uma fortuna em um atoleiro no Caribe, enquanto aqui desativa quartéis, não recruta mais ninguém por falta de insumos. APMP: Quais políticos brasileiros você admira ou admirou? AN: Tenho muita admiração pelo Getúlio Vargas, porque para governar o país durante 19 anos você precisa ser muito talentoso. E pela habilidade com que ele percebia para que lado o vento ia soprar e em que momento. Ele esperava e saia na frente. Da mesma época, eu admirava a retórica e a habilidade administrativa do Carlos Lacerda, mas não suas idéias. APMP: O FHC de fato era indeciso? AN: Isso é lenda. Ele conseguia dizer não mantendo a imagem de que tinha dificuldade de fazê-lo. Quando eu mencionava a fama de indeciso ele me dizia: Quando eu nomeio um Ministro, estou dizendo não a trinta outros pretendentes. Aliás, o Tancredo encontrou uma saída maravilhosa para esse problema. Se a imprensa cotava alguém para assumir determinada Secretaria e o cotado perguntava sobre suas chances, o Tancredo respondia: Olha, eu já escolhi outro, mas se a imprensa te perguntar você diz que foi convidado, mas recusou (risos). O Ministério Público é uma instituição civilizada e moderna, que poderia ser transplantada sem retoques por qualquer país europeu. As outras não. APMP: Outros mais? AN: O JK, porque para mim ele é exatamente o que o brasileiro gostaria de ser. Otimista, animado, brincalhão, mulherengo, embora não se possa esquecer o lado irresponsável dele, como na emissão maluca de dinheiro durante a construção de Brasília. O Tancredo Neves pela capacidade de costura, de reconciliação, de estabelecer o convívio dos contrários e de dialogar. Tanto que ele foi escolhido para negociar a posse do Jango com os militares. Por fim, tenho muita admiração pelo preparo intelectual do Fernando Henrique e também pela capacidade de se movimentar entre contrários. Ele era uma pessoa que sabia dizer não sem ser indelicado. Embora ache que ele deveria ter parado no primeiro mandato. O grande erro dele foi a reeleição. O MP deve fazer suas revelações quando tiver segurança e apenas para jornalistas de confiança, não ao primeiro que aparecer. Algumas referências no jornalismo, segundo Augusto Nunes No mundo Gay Talese Mestre do new journalism (ou jornalismo literário, gênero que mistura jornalismo com ficção), é autor de Fama e Anonimato. Tom Wolfe Jornalista e escritor premiado com o Prêmio Pulitzer, também um dos representantes do jornalismo literário. Obra principal: A Fogueira das Vaidades. Ernest Hemingway Um dos ícones da literatura do século XX, em 1954 foi laureado com o Prêmio Nobel. Autor de Adeus às armas, Por quem os sinos dobram, O sol também se levanta, As neves do Kilimanjaro e O velho e o mar, dentre outras obras-primas. Como jornalista, pela capacidade de descrever paisagens e situações. Ele foi um belíssimo correspondente de guerra. Ben Bradlee Editor-executivo do Washigton Post à época da revelação do caso Watergate, que culminou com a renúncia do Presidente Nixon Como diretor de Redação esse é um cara que procuro imitar, embora eu não tenha a menor chance. No Brasil Elio Gaspari Colunista da Folha de S. Paulo, autor da mais completa coleção de livros sobre a ditadura militar iniciada com o golpe de Mino Carta Diretor da revista Carta Capital Alberto Dines Diretor do Observatório da Imprensa

10 Contraponto Nos bastid ores do Poder Augusto Nun os políticos, se es é daqueles raros repór te daquele grup não gostam, ao menos ad res que o de pessoas miram. É que não se v te de ameaça er s, que qualquer não abre mão dos idea ga dianis co e, mais is a, não des verdade. Qua lquer semelh iste de encontrar a ança com os res e procura p d dência. Detalh ores de Justiça não é mer romotoe: em sua fa a coincim promotor de justiça. Coinci ília encontramos um dên Garimpand o sua tra cia? encontramo jetória profi s se lidades brasi u contato com grandes ssional, leiras do Séc personaulo XX. Confira!

11 Em defesa do MP uais os verdadeiros limites dos Conselhos QNacionais? Entre 1999 e 2000 a APMP, por seu Departamento de Estudos Institucionais, realizou pesquisa com os promotores e procuradores de justiça de São Paulo sobre diversos temas de interesse para a carreira (O Ministério Público na visão de seus membros, Edições APMP, 2001). Um deles dizia respeito ao controle externo do Ministério Público. E dos 700 promotores e procuradores que espontaneamente responderam à consulta, 66,76% admitiam alguma forma de controle externo, contra 28,94% que rejeitavam a idéia (4,30% não responderam à questão). Isso é prova viva de que os promotores e procuradores de justiça paulistas não temiam, como não temem, abrir as portas da Instituição, por confiarem no trabalho que realizam em prol da sociedade, sobretudo depois da promulgação da Constituição de Interessante notar, também, que as duas matérias mais citadas àquela época como passíveis de controle externo eram a sugestão de prioridades para a atuação funcional do MP e o controle de abuso de poder na atuação funcional. Sinal cristalino do pensamento moderno e transparente que já permeava os membros do Ministério Público de São Paulo mais de cinco anos antes da promulgação da Emenda Constitucional nº 45, que criou o Conselho Nacional do Ministério Público. E por que essa introdução? Para que fique bem claro: os promotores e procuradores de justiça de São Paulo jamais se opuseram ou temeram o Conselho Nacional do Ministério Público ou qualquer outro órgão similar. Porque sabem que a folha de serviços da Instituição a que pertencem em favor da sociedade lhes permite, de fronte erguida, enfrentar qualquer tipo de exame ou análise. Isso não significa que devamos aceitar medidas tomadas ao total arrepio da Constituição. Antes de falarmos sobre a flagrante inconstitucionalidade da linha de atuação eleita por essa primeição de poder na esfera federal, cujos efeitos nefastos têm sido vistos nos últimos meses. Bem ou mal, porém, o Conselho Nacional do Ministério Público está aí e é importante valorizar a sua atuação, que certamente contribuirá para a melhoria da Instituição que, sem dúvida, é uma das que detêm maior credibilidade perante a população. Infelizmente, contudo, o CNMP, talvez animado pela repercussão midiática que certos assuntos proporcionam, tem trilhado um caminho que nos parece equivocado e, pior, claramente ilegal. E justamente o órgão relacionado à Instituição a quem cabe, dentre outros princípios fundamentais, zelar pela ordem jurídica (artigo 127 da CF). Em sã consciência, alguém de boa-fé pode ser contrário ao fim do nepotismo? Ou à existência de um Código de Ética para membros do Ministério Público? Os promotores paulistas seguramente não são, tanto que no MP de São Paulo o nepotismo não existe na prática e, ao lado de uma Corregedoria atuante, há mais de duas décadas contamos com um Manual de Atuação Funcional. O problema, entretanto, não está no mérito das resoluções do Conselho Nacional do MP, mas em questão antecedente. Mudemos a indagação: alguém de boa-fé pode ser contrário ao princípio da legalidade inserido na Carta de 1988 ( ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei art. 5º, inciso II)? Para legislar, a República brasileira conta com o Poder Legislativo em seus três níveis (federal, estadual e municipal). No primeiro nível, somente o Congresso Nacional, singela resolução (cf. os arts. 5º, 6º, 11º e 12º do projeto de resolução, que institui o Código de Ética para os membros do Ministério Público da União e dos Estados). Ou seja, sem prévia definição legal. Enquanto isso, a função primordial do Conselho, isto é, a de garantir a implantação de um novo modelo de gestão para o Ministério Público de todo o Brasil, nenhuma atenção séria mereceu. Como bem colocado pela cientista política Maria Tereza Sadek, pesquisadora do CEBEPJ (Centro Brasileiro de Estudos do Poder Judiciário), uma das atribuições centrais do CNJ e do CNMP é exatamente pensar formas de gerenciamento e administração dos recursos (entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, edição de 8/1/2006). Tudo o que foi dito até aqui vale para o Conselho Nacional de Justiça. Para aprofundar a discussão sobre o tema, a seção Maxima Venia desta edição traz artigos dos membros do MP de São Paulo Sérgio Roxo da Fonseca e Wallace Paiva Martins Júnior, além da tese do promotor fluminense Emerson Garcia, aprovada por unanimidade no XVI Congresso Nacional do MP. Fim do nepotismo, sim! Código de Ética para juízes e promotores, sim! Decisões transparentes dos Tribunais e Ministérios Públicos, sim! Mas desde que sua exigência e normatização venham por meio de lei, após amplo debate nas Casas Legislativas. Aí sim caberá aos Conselhos Nacionais fiscalizar a aplicação dessas leis e punir quem se desviar das normas nelas estabelecidas. Os promotores e procuradores de justiça de São Paulo jamais se opuseram ou temeram o Conselho Nacional do Ministério Público ou qualquer outro órgão similar. Porque sabem que a folha de serviços da Instituição a que pertencem em favor da sociedade lhes permite, de fronte erguida, enfrentar qualquer tipo de exame ou análise. ra composição do Conselho Nacional do MP, devemos lembrar que tanto a APMP como as demais entidades estaduais correlatas, por meio da CONAMP, manifestaram seu inconformismo e lutaram para que houvesse uma composição mais equilibrada daquele órgão. De fato, aos 26 Ministérios Públicos Estaduais que lidam com a grande maioria das demandas sociais, só foram reservados três assentos no Conselho Nacional, contra cinco para o Ministério Público da União e seis para pessoas estranhas à Instituição. Mais do que a quebra do pacto federativo, a desproporção faz parte da clara estratégia de concentracomposto pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, está autorizado a editar normas que obrigarão todos nós a fazer ou deixar de fazer o que quer que seja. Não é admissível, por ser inconstitucional, que o regimento interno do CNMP ou resolução dele emanada tenha força de lei e determine o que devam fazer os Ministérios Públicos de todo o Brasil. Qualquer que seja a matéria! Por melhor que sejam a intenção e o conteúdo da resolução! Será que não salta aos olhos dos próprios Conselheiros a inconstitucionalidade de prever 83 hipóteses de descumprimento de dever funcional e de atos incompatíveis ou atentatórios ao decoro do cargo por meio de Não é admissível, por ser inconstitucional, que o regimento interno do CNMP ou resolução dele emanada tenha força de lei e determine o que devam fazer os Ministérios Públicos de todo o Brasil. Qualquer que seja a matéria! Por melhor que sejam a intenção e o conteúdo da resolução!

12 Maxima Venia Contribuição de nossos associados para a Sociedade A Revista APMP em Reflexão abre espaço para os seus associados divulgarem artigos de interesse da comunidade e com isso aproximar nossa Instituição do destinatário final de nossas ações: o cidadão. As condições para a publicação estão disponíveis na página: apmpemreflexao/maximavenia. Colabore e escreva para: apmpemreflexao@apmp.com.br, com sugestões de matérias ou artigos. Os artigos da seção Maxima Venia são assinados, não refletindo necessariamente a opinião do Conselho Editorial da Revista APMP em Reflexão Opoder sancionador do Conselho Nacional do Ministério Público e a necessidade de prévia definição legal das infrações disciplinares Emerson Garcia Promotor de Justiça do Rio de Janeiro O inciso III do 2º do art. 130-A da Constituição da República, ao tratar das sanções disciplinares passíveis de serem aplicadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público, limita-se a veicular norma de competência. Assim, somente as sanções cominadas na legislação de regência de cada Ministério Público, com a imprescindível definição das respectivas infrações disciplinares que motivarão a sua incidência, poderão ser aplicadas pelo Conselho, sendo defeso ao Regimento Interno substituir-se à lei. Linha argumentativa que deflui dos princípios da segurança jurídica, do Estado de Direito, do devido processo legal e do princípio mor de Direito Sancionador nullun crimen Delimitação do Plano de Análise O Conselho Nacional do Ministério Público, desde a sua gênese, concebido como um mecanismo de controle externo, apresenta uma composição híbrida, na qual coexistem membros dos órgãos controlados e agentes estranhos aos seus quadros; possui atribuição para rever atos de cunho administrativo; tem poder disciplinar, podendo aplicar sanções que não a perda do cargo; será municiado com informações colhidas por ouvidorias a serem criadas e deve elaborar relatório anual sobre as suas atividades e a situação dos órgãos controlados no Brasil, relatório este que integrará a mensagem a ser encaminhada ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa. Conquanto não tenha ingerência direta nos atos de cunho funcional, é manifesta a influência que pode exercer na atividade regular dos membros do Ministério Público. Afinal, está legitimado a expedir recomendações e a aplicar, dentre outras sanções, as de remoção, disponibilidade e aposentadoria. Na medida em que o art. 130-A, 2º, III, da Constituição da República dispôs que o Conselho tem o poder de aplicar sanções disciplinares aos membros e aos servidores do Ministério Público da União e dos Estados, põe-se a questão de saber se a sua materialização no plano fático está condicionada à existência de uma norma que previamente defina a infração disciplinar e comine a respectiva sanção. Em outras palavras, pode o Conselho aplicar a sanção de aposentadoria comp u l s ó r i a Somente as sanções cominadas na legislação de regência de cada Ministério Público, com a imprescindível definição das respectivas infrações disciplinares que motivarão a sua incidência, poderão ser aplicadas pelo Conselho, sendo defeso ao Regimento Interno substituir-se à lei

13 Maxima Venia apesar de a Lei Orgânica da Instituição controlada, como se dá com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, não a contemplar? O art. 81 do Regimento Interno do Conselho, aprovado em 8 de agosto de 2005, em sendo interpretado em sua literalidade, permitirá que o Conselho aplique as sanções disciplinares previstas na Constituição da República ainda que a lei orgânica da Instituição controlada não as tenha contemplado, deixando de definir os ilícitos administrativos que sujeitariam o agente à sua incidência. Tal conclusão parece clara na medida que a norma regimental faz remissão, única e exclusiva, ao procedimento ditado pela lei de regência, indicativo da desnecessidade de definição legal da conduta que sujeitará o agente às sanções enunciadas no texto constitucional. Em abono desse entendimento, ainda merece ser lembrado o inciso I do art. 19 do Regimento que, sem fazer remissão à legislação de regência de cada Instituição, dispõe sobre a competência do Plenário para a aplicação das sanções referidas no texto constitucional. Esse entendimento, com a devida vênia, mostrase dissonante do sistema constitucional pátrio. 2. A submissão do Conselho Nacional do Ministério Público aos princípios gerais de Direito Sancionador. Apreciando os procedimentos disciplinares instaurados contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, caso entenda conveniente fazêlo anteriormente à sua ultimação no plano interno, poderá o Conselho determinar a remoção, a disponib i l i - Com escusas pela obviedade, parece oportuno lembrar que também as sanções administrativas aplicadas pelo Conselho devem guardar uma relação de proporcionalidade com as infrações administrativas praticadas, aspecto que ( ) foge à discricionariedade do órgão. dade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa. Note-se que, especificamente em relação às sanções, a parte inicial da norma atua como elemento limitativo da última. As únicas sanções da alçada do Conselho que podem dissociar o agente do respectivo órgão são as três primeiras: a remoção, embora mantenha o agente na carreira, resulta na sua alocação em órgão diverso; a disponibilidade faz com que o agente assuma o status de inativo, mas mantenha o vínculo com a carreira, o que resulta na possibilidade de aproveitamento futuro; e a aposentadoria, com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, transfere o agente para a inatividade e o afasta da carreira, impedindo o reaproveitamento. Assim, as demais sanções administrativas que podem se subsumir ao preceito (v.g.: advertência, suspensão etc.) não alcançam a de perda do cargo, quer em relação aos servidores, quer em relação aos membros do Ministério Público não-vitalícios, pois, como se sabe, os vitalícios somente perdem o cargo mediante decisão judicial transitada em julgado. A preocupação do poder reformador em enumerar as sanções que afastam o agente do respectivo órgão indica, claramente, que as demais sanções administrativas ali referidas devem produzir efeitos outros que não esse. O que merece maior reflexão é a definição do exato alcance do inciso III do 2º do art. 130-A: trata-se de norma que tão-somente define a atribuição e os limites do poder disciplinar do Conselho ou dispõe, de forma ampla e genérica, sobre as próprias sanções disciplinares passíveis de serem aplicadas? Embora a literalidade da norma possa induzir a conclusão diversa, cremos que a primeira proposição é a correta. A definição da autoridade responsável pela aplicação de determinada sanção não significa que possa ser ela aplicada sem a prévia individualização das infrações administrativas e, consoante o escalonamento dos distintos graus de lesividade, das sanções a que cada qual corresponde. Trata-se de um imperativo de segurança jurídica. Como observa Alejandro Nieto, cuja lição merece ser transcrita, el mandato de tificación tiene dos vertientes: porque no sólo la infracción sino también la sanción há de estar debidamente prevista en la norma que, mediando reserva legal, há de tener rango de ley. Com remisión o sin ella, una vez realizada la tipificación de las infracciones, las normas han de atribuirlas unas sanciones determinadas, estableciendo la correlación entre unas y otras. Operación que se realiza a través de dos distintas técnicas: En unos casos, lo menos, se atribuye directa e individualmente una sanción a cada infración. Pero, por lo comum, la ley procede de una manera muy distinta, genérica y no concreta, operando no con infracciones y sanciones individuales sino con grupos de una y otras, que permiten evitar el prolijo detallismo de una atribuición individual: un lujo que sólo se pueden permitir las leyes penales por gracia del reducido repertorio de sus ilícitos; pero que resulta imposible cuando se tienen que manejar docenas de miles de infracciones (y, para mayor dificultad, muchas de ellas tipificadas por remisión) ( Derecho Administrativo Sancionador, 3ª ed., Madrid: Editorial Tecnos, 2002, p. 310). Adiante, acrescenta que una vez clasificadas las infracciones, la Ley atribuye seguidamente a cada escalón de ellas un paquete de sanciones, que suele ser flexible, de manera que la Administración, a la vista de las circunstancias de cada caso, señala la sanción concreta dentro del abanico legalmente previsto, concluindo que la correspondencia, legalmente establecida, entre infracciones y sanciones es imprescindible, de tal manera que, si se ha tipificado correctamente la infracción pero no se le ha atribuído correspondiente sanción, no puede imponerse una sanción concreta (ob. cit., pp. 311 e 312). Por identidade de razões, não se pode aplicar uma sanção sem a prévia definição da infração que ensejará a sua incidência. O Conselho, apesar de estar autorizado a aplicar as sanções referidas no inciso III do 2º do art A, somente poderá fazê-lo com estrita adequação às normas disciplinares reguladoras de cada Ministério Público, sendo cogente a observância da tipologia legal e das respectivas sanções cominadas. Tomando-se como referencial os paradigmas da perfeição e da imperfeição, pode-se afirmar que referido preceito, a um só tempo, consubstancia uma norma de competência ou de organização perfeita e uma norma disciplinar imperfeita, pois contempla o preceito secundário sem tangenciar o primário, vale dizer, o padrão de conduta cuja violação justificará a incidência daquele. Entendimento diverso, além de violar o princípio da segurança jurídica, também afrontaria os princípios do Estado de Direito e do devido processo legal, consagrados, respectivamente, nos arts. 1º e 5º, LV, da Constituição da República, isto sem olvidar o princípio mor do nullun crimen..., contemplado no art. 5º, XXXIX, e inerente a qualquer Estado que se diz de Direito. Com escusas pela obviedade, parece oportuno lembrar que também as sanções administrativas aplicadas pelo Conselho devem guardar uma relação de proporcionalidade com as infrações administrativas praticadas, aspecto que, segundo entendimento já sedimentado junto aos tribunais pátrios, foge à discricionariedade do órgão (STF, 1ª T., RMS nº / DF, rel. Min. Carlos Britto, DJU de 11/2/2005). 3. Limites do poder normativo do Regimento Interno do Conselho Nacional do Ministério Público. À reconhecida abertura semântica das normas constitucionais que dispõem sobre a composição e as atribuições do Conselho Nacional do Ministério Público e à ausência de legislação infraconstitucio

14 Maxima Venia Dispositivos legais citados no trabalho Art. 130-A, 2º, inciso III, da Constituição Federal Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe: ( ) III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa (...) Art. 19, inciso I, do Regimento Interno do CNMP. Ao Plenário do Conselho compete o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais dos seus membros, cabendo-lhe, além das atribuições fixadas no artigo 130-A, 2º, da Constituição, e das que lhe forem conferidas pela Lei, o seguinte: I julgar os processos disciplinares regularmente instaurados, assegurada ampla defesa, determinando a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas (...) Art. 81 do Regimento Interno do CNMP O processo disciplinar instaurado contra membro do Ministério Público obedecerá, no que couber, ao procedimento ditado na Lei Complementar nº 75/93, na Lei nº 8.625/93 e na legislação estadual editada com amparo no art. 128, 5º, da Constituição, conforme o caso, inclusive no que concerne à aplicação, pelo Conselho, das penas disciplinares respectivas e das elencadas no inciso III do 2º do art. 130-A da Constituição Federal, aplicando-se, no que não for incompatível, a Lei nº 8.112/90 e Lei nº 9.784/99. nal delimitadora do seu alcance e regulamentadora do respectivo conteúdo, seguiram-se a necessidade de confecção de um regimento interno que colmatasse lacunas e atuasse como fator de contenção dos próprios poderes do órgão. O regimento interno, com abstração da atividade finalística desempenhada, que pode ser de natureza administrativa, jurisdicional ou legislativa, é figura recorrente nos órgãos de natureza colegiada, dispondo sobre a divisão interna de funções, o procedimento a ser seguido e o regramento a ser observado pelo extraneus que, por qualquer razão, interaja com o órgão. Trata-se de ato dotado de força normativa e de indiscutível generalidade, o que permite incluí-lo, malgrado certas peculiaridades, sob a epígrafe dos atos regulamentares, sendo editado pelo órgão em cuja estrutura orgânico-funcional deve produzir efeitos. Ainda que não haja uma previsão normativa expressa, como se verifica em relação ao Conselho Nacional do Ministério Público, o poder regulamentar, mais especificamente na vertente direcionada ao poder de edição do regimento interno, pode ser concebido como ínsito na própria norma que fixou as atribuições do órgão ou fez menção à sua organização interna. O poder de auto-organização, ainda que observadas as diretrizes fixadas em norma de escalão superior (in casu, a Constituição da República), não pode ser subtraído de um órgão colegiado de estatura constitucional e funcionalmente autônomo. Auto-organização, no entanto, não guarda similitude com o poder, inerente à função legislativa, de estabelecer um padrão de conduta, impondo obrigações ou restringindo direitos, a agentes que não sejam destinatários da atividade do órgão ou que perante ele venham a praticar atos juridicamente relevantes. Em outras palavras, se é lícita a previsão regimental do procedimento a ser seguido pelo Corregedor Nacional no exercício do seu poder de requisitar membros do Ministério Público para auxiliá-lo, lícita não será, v.g., previsão de igual poder em relação a agentes vinculados a Instituições que não estejam sob a égide do controle exercido pelo Conselho (v.g.: os magistrados). A matéria, nesse último caso, impõe restrições à esfera jurídica alheia e não encontra previsão em norma constitucional ou legal, daí a impossibilidade de ser originariamente contemplada no regimento interno. Não se ignora, é certo, que o regimento interno, à mingua de previsão normativa mais detalhada e ao menos na fase inicial de instalação do Conselho, terá uma relevância ímpar, pois, não fosse ele, o funcionamento do órgão certamente seria inviabilizado. Por outro lado, do mesmo modo que a lei não deve avançar em questões afetas a sua organização interna, também não é lícito ao regimento interno imiscuir-se em assuntos sujeitos à reserva legal. Há uma zona limítrofe que deve ser identificada e que não pode ser transposta, isto sob pena de caracterização do abuso, seja legal, seja regimental. O afã de contribuir para a consecução do interesse público, tornando eficaz o que a Constituição previu em potência, não justifica que funções alheias sejam usurpadas ou que direitos e garantias fundamentais sejam vilipendiados, o que em muito aumenta a responsabilidade do Conselho na edição de sua norma interna, que somente se projetará para o exterior na medida do necessário e naquilo em que for mera projeção do regramento que traça os lineamentos essenciais dos seus poderes. Nessa linha, pode-se afirmar que à sanção administrativa haverá de estar associada uma infração de igual natureza, sendo a lei o veículo adequado à definição desta, isto sob pena de legitimar-se a usurpação da própria atividade legislativa, que passaria a ser indevidamente exercida pelo Conselho. 4. Conclusão O Conselho Nacional do Ministério Público somente pode aplicar as sanções disciplinares decorrentes da prática de condutas previamente definidas em lei, sendo o inciso III do 2º do art. 130-A da Constituição da República mera norma definidora de competência. Não é lícito ao regimento interno imiscuir-se em assuntos sujeitos à reserva legal. Há uma zona limítrofe que deve ser identificada e que não pode ser transposta, isto sob pena de caracterização do abuso, seja legal, seja regimental

15 Maxima Venia OJudiciário, o nepotismo e a Justiça O Conselho Nacional de Justiça decidiu que é inconstitucional a nomeação de parentes de juízes para cargos de confiança ou de função gratificada mantidos pelos tribunais brasileiros. Considerou que tal conduta viola o princípio da moralidade administrativa por se tratar de nepotismo, assinalando o prazo de noventa dias para que se procedessem as exonerações. A imprensa noticiou que 27 Corregedores da Justiça, reunidos em Maceió, em 11 de novembro de 2005 repudiaram a decisão do CNJ. Sustentam que o reconhecimento de nepotismo na nomeação de parentes para cargo de confiança depende de definição legal. Estão cheios de razão. Se considerada a elevada composição do Conselho, como as importantes questões a ele atinentes, conclui-se que o nepotismo é uma grave doença do Judiciário. Não é. Hoje em dia são incomuns os casos registrados. Ainda quando fossem muitos, essas nomeações não espelham nepotismo. Não há lei que defina a nomeação para cargos de confiança como nepotismo. Basta ver as nomeações de parentes realizadas pelo Governador Franco Montoro e pelo Presidente Fernando Henrique. A decisão, sobre atingir inconvenientemente a imagem de todo o Judiciário, infelizmente foge dos limites do sistema constitucional. Há três funções estatais: a função legislativa, a jurisdicional e a administrativa. Da função legislativa surge o direito novo, dado que ninguém é obrigado a submeter-se a uma ordem que não tenha raiz numa lei. Pela função jurisdicional, o Estado revela qual é o direito que se aplica ao caso concreto conflituoso. Aquilo que nem é função legislativa e nem jurisdicional, por exclusão, é função administrativa, segundo a lição do argentino Gordillo. Os membros do CNJ não têm poder legiferante Sérgio Roxo da Fonseca Procurador de Justiça aposentado porque não são titulares de representação popular, já que não foram eleitos pelo povo para tanto. Por razões semelhantes não são magistrados, porque não têm competência jurisdicional. Logo o CNJ é órgão administrativo. É bem verdade que, nesses tempos bicudos, os Conselhos deixaram de aconselhar e passaram a mandar a torto e a direito. Exemplos de Conselhos legislando e julgando infelizmente multiplicam-se, demonstrando a fragilidade do sistema constitucional. Mas é necessário opor resistência. O Judiciário organiza-se por coordenação, não existindo nele qualquer espécie de subordinação. Um juiz em início de carreira não está subordinado a nenhum outro, nem mesmo ao presidente do Supremo Tribunal Federal. Ao contrário, a Administração Pública estrutura-se por critérios hierárquicos, âmbito no qual o superior tem o poder de expedir ordens para o subordinado cumprir. Se o CNJ é um órgão administrativo tem ele o poder de expedir ordens para que seus subordinados as executem. Daí se deduz que, se o CNJ tem o poder para dar ordens administrativas para o Judiciário executar, é porque se tornou superior hierárquico da Magistratura. O fato de a Constituição outorgar-lhe competência para assinalar prazo para o cumprimento de suas ordens demonstra que o sistema ruiu porque o CNJ é um órgão administrativo e o Judiciário é um poder. Sabe-se que duas são as principais áreas administrativas do Judiciário. Uma trata de seus serviços internos. Outra se refere à jurisdição voluntária, que não se trata de função jurisdicional, mas, sim, de administração de interesses individuais. Se o CNJ tem poder para expedir ordens administrativas, indaga-se, pode interferir na nomeação e promoção de juízes ou nas decisões proferidas em sede de jurisdição voluntária? A perplexidade não reside apenas aí. Infelizmente vai mais longe. O presidente do Supremo Tribunal Federal é o presidente do CNJ. Na qualidade de presidente do CNJ controla administrativamente o Supremo. Na qualidade de presidente do Supremo é controlado pelo CNJ. O órgão controlador é controlado pelo órgão por ele controlado. O mesmo problema surgirá quando alguém propuser uma ação para discutir a inconstitucionalidade ou a ilegalidade de uma decisão do CNJ. A ação deverá ser ajuizada perante o Judiciário. Se for assim, o CNJ, que controla o Judiciário e o submete às suas ordens, é, por sua vez, controlado pelo Judiciário que também o submete às suas ordens. Tal receita não pode dar certo. Qual é a independência do juiz de Patrocínio Paulista ou de Patis de Alferes, sabedores que a Administração põe e dispõe sobre a nomeação de juízes? E que até mesmo pode interferir em processos judicialiformes? Estes desaforos à lógica já ocorreram no passado recente com grandes perdas para o mundo jurídico. Vamos insistir? O CNJ tem o dever de trabalhar pela autonomia do Judiciário, no entanto, o seu Corregedor tem o estranho poder de requisitar juízes. Requisitar significa convocar subordinado para cumprir tarefa diversa de sua função habitual. A afirmação contém um absurdo. Juízes não podem ser requisitados. Por ninguém. Eles gozam de inamovibilidade de cargo e função. É flagrantemente inconstitucional à Constituição ao atribuir poderes bizarros para alguém requisitar juízes. Ela mesma proíbe a conduta! Se a ordem dada pelo CNJ para exoneração dos parentes dos magistrados valer um dedal de mel coado, a Administração, dentro do sistema, passa a ser órgão hierarquicamente superior da Magistratura, retirando do Judiciário a qualidade de poder soberano da República, ao delírio do sistema constitucional em vigor. Da função legislativa surge o direito novo, dado que ninguém é obrigado a submeter-se a uma ordem que não tenha raiz numa lei

16 Maxima Venia AVISO Nº 654/2005-PGJ O Procurador-Geral de Justiça, no uso de suas atribuições legais e, considerando o disposto na Resolução nº 1, de 7 de novembro de 2005, do Conselho Nacional do Ministério Público, que veda o exercício de cargos, empregos e funções por parentes, cônjuges e companheiros de membros do Ministério Público, AVISA: 1- Os funcionários que ocupam cargos de provimento em comissão no Ministério Público de São Paulo deverão informar se estão nas situações elencadas nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Resolução nº 1/2005, indicando, se for o caso, o nome do parente e grau de parentesco. 2- As informações deverão ser encaminhas à Diretoria Geral até o dia 15 de dezembro próximo. AVISO nº 7/05-CGMP O Corregedor-Geral do Ministério Público, Dr. Paulo Hideo Shimizu, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 37 e 42, inciso IX, da Lei Complementar Estadual nº 734/93 e considerando a edição da Resolução nº 3, de 16 de dezembro de 2005, do Conselho Nacional do Ministério Público, que disciplinou o exercício da atividade de magistério aos membros do Ministério Público, AVISA aos membros do Ministério Público que a partir de janeiro de 2006: 1) é defeso o exercício de outro cargo ou função pública, ressalvado o de magistério, público ou particular, por, no máximo 20 horas-aula semanais, consideradas como tais as efetivamente prestadas em Os membros do CNJ não têm poder legiferante porque não são titulares de representação popular, já que não foram eleitos pelo povo para tanto. Por razões semelhantes não são magistrados, porque não têm competência jurisdicional. Logo o CNJ é órgão administrativo. É bem verdade que, nesses tempos bicudos, os Conselhos deixaram de aconselhar e passaram a mandar a torto e a direito. sala de aula; 2) o exercício de cargo ou função de coordenação é permitido, mas será considerado dentro do limite de 20 horas-aula semanais; 3) somente será permitido o exercício da docência se houver compatibilidade de horário com o exercício das funções ministeriais; 4) é vedado o exercício de cargo ou função de direção nas entidades de ensino; 5) não se incluem nas vedações anteriores as funções exercidas em curso ou escola de aperfeiçoamento do próprio Ministério Público ou aqueles mantidos por associações de classe ou fundações a ele vinculadas estatutariamente, desde que as atividades não sejam remuneradas. Avisa, ainda, que permanecem em vigor as regras previstas no Ato nº 166/98-PGJ-CGMP com relação à necessidade de comunicação do exercício de tais atividades, até o dia 15 de fevereiro de cada ano, com indicação da entidade de ensino, sua espécie e localização, matéria(s) ministrada(s), número e horário das aulas. ATA DA REUNIÃO DO CONSELHO SUPERIOR DE 4/1/2006 O Corregedor-Geral ( ) discorreu a respeito do projeto de resolução que institui o Código de Ética para os membros do Ministério Público da União e dos Estados, em tramitação perante o Conselho Nacional do Ministério Público, estando designado o dia 30 de janeiro de 2006 para sua apreciação por aquele novel órgão correcional. Deu ciência ao Colegiado da publicação do aviso comunicando os membros da Instituição as regras estabelecidas na Resolução nº 3, de 16 de dezembro de 2005, do Conselho Nacional do Ministério Público, que dispõe sobre o acúmulo do exercício das funções ministeriais com o exercício do magistério. Por fim, manifestou sua preocupação com expedição de atos regulamentares pelo Conselho Nacional esclarecendo que os Corregedores-Gerais, firmaram o entendimento de que o poder regulamentar do Conselho Nacional do Ministério Público é restrito aos atos de sua competência, definidos na Constituição Federal, especialmente zelando pela autonomia funcional e administrativa dos Ministérios Públicos (Carta de Maceió, do dia 9 de dezembro de 2005). Diante das ponderações do Senhor Corregedor-Geral, o Conselho Superior deliberou iniciar estudos para edição de ato conjunto (PGJ-CSMP- CGMP), disciplinando o exercício do magistério pelos membros da Instituição. Poder normativo dos órgãos de controle externo do Judiciário e do Ministério Público A par das considerações sobre a proeminência inconstitucional do Poder Executivo no domínio orçamentário-financeiro, a Reforma da Emenda nº 45/04 confere aos conselhos nacionais o controle da atuação financeira do Poder Judiciário que desrespeita sua autonomia financeira constitucionalmente assegurada (assim como a do Ministério Público). A cláusula da competência do controle administrativo e financeiro do Poder Judiciário e do Ministério Público pelos órgãos de controle externo criados não vai tão longe como se pensa. Sua previsão para o Poder Judiciário é assimétrica em relação ao Ministério Público, tendo alcance mais amplo do que a reservada ao Parquet, revelada pela expressão cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, constante do art. 103-B, 4, que não é repetida no art. 130-A, 2. Ou seja, a lei poderá conceder maiores poderes ao órgão controlador do Poder Judiciário, não ao do Ministério Público, muito embora essa extensão deva ter conformidade com o núcleo e o alcance da própria concepção constitucional do órgão controlador, não podendo ir além. Os órgãos de controle externo da Magistratura e do Ministério Público não dispõem, a partir da Emenda Constitucional nº 45/04, de poder normativo ou regulador. Em razão da autonomia constitucional outorga- Wallace Paiva Martins Junior Promotor de Justiça da Cidadania da Capital Mestre e Doutor em Direito do Estado (USP)

17 Maxima Venia Falece competência aos órgãos de controle externo na emissão de normas que extravasem o funcionamento de seus serviços da na Constituição, o Poder Judiciário e o Ministério Público eram e são portadores de poder normativo ou regulador no âmbito de suas próprias esferas, desde que não tangenciasse o exercício dessa prerrogativa natural decorrência da teoria dos poderes implícitos, não obstante expressas previsões normativas constitucionais e infraconstitucionais a esfera de direitos de terceiros, matéria reservada ao princípio da legalidade em sua concepção mais estrita (reserva de lei, legalidade formal), anotando aí alguns a existência de regulamentos autônomos. Não se tratava de poder regulamentar na medida em que este, tecnicamente considerado, pertence exclusivamente ao Chefe do Poder Executivo, senão de poder normativo ou regulador compreendido como a faculdade de edição de normas para disciplina do funcionamento de seus serviços. A análise da Emenda nº 45/04 denota que os órgãos controladores têm competência limitada e restrita às matérias nela arroladas pelos meios expressamente previstos, porque, em se tratando de controle externo, as prerrogativas do sujeito controlador não se presumem, diferentemente do que ocorre com os órgãos de controle interno em que o fundamento da hierarquia concebe prerrogativas implícitas e decorrentes desse princípio. Assim sendo, falece competência aos órgãos de controle externo na emissão de normas que extravasem o funcionamento de seus serviços e atinjam, por exemplo, a esfera de direitos de terceiros, a reserva legal ou a competência normativa secundária dos órgãos controlados dotados de autonomia que não dissipou com a Emenda Constitucional nº 45/04. A edição de tais medidas está maculada de evidente inconstitucionalidade. É inidônea a veiculação de normas por esses órgãos de controle ext e r n o e atinjam, por exemplo, a esfera de direitos de terceiros, a reserva legal ou a competência normativa secundária dos órgãos controlados dotados de autonomia. disciplinando assuntos que configuram restrições de comportamentos administrativos dos órgãos controlados v.g., proibição do nepotismo, código de ética -, não obstante acertadas do ponto de vista substantivo, porque tal matéria é da reserva legal. Acresce considerar que ao Conselho Nacional de Justiça, como ressaltado acima, outras competências poderão lhe ser confiadas pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional ou pelo Estatuto da Magistratura, conforme previsto no art. 103-B, 4, que, todavia, não vale ao Conselho Nacional do Ministério Público, porque essa cláusula não foi repetida no art. 130-A, 2, muito embora, como já exposto, tenha duvidosa constitucionalidade a atribuição de um poder normativo ao órgão de controle externo da magistratura nesse limite por violação do princípio federativo além das observações já expendidas. De qualquer maneira, à míngua de expressa previsão legal, falece-lhe poder regulador. Nem se alegue que a competência do inciso I do art. 103-B, 4, e do art. 130-A, 2, I, socorre tese contrária. Ali está exposto que compete aos órgãos de controle externo o zelo pela autonomia funcional e administrativa e pelo cumprimento do regime jurídico das duas funções públicas, com a possibilidade de emissão de atos regulamentares no âmbito de sua competência ou a recomendação de providências. A cláusula não indica a existência de um poder regulador ilimitado, usurpador da reserva legal e da autonomia dos órgãos controlados, e configura o exercício de um poder normativo secundário restrito e subordinado à competência de zelo da autonomia administrativa e financeira e do cumprimento das normas de seus regimes jurídicos peculiares. Isso não quer dizer que haverá um vazio. Se houver ofensa à norma jurídica de matiz constitucional ou infraconstitucional, os órgãos competentes deverão ser provocados pelos de controle externo para solução da questão no seio do autocontrole (reservado aos órgãos de controle interno) ou na seara do controle judiciário de atos ou omissões administrativas (v.g., ação civil pública). A hipótese do nepotismo é simbólica. A par de algumas regras o proibirem expressamente, convém reparar que, de um lado, a sua permissão é inconstitucional, por ferir o princípio da moralidade administrativa, e a inexistência de proibição ou permissão conduz à sua anulação por contradição com o mesmo princípio constitucional, e, de outro, essa postura também pode ser exigida em relação aos Poderes Executivo e Legislativo. Tampouco o inciso II de ambos preceitos normativos. Pois, se eles cometem aos órgãos de controle externo a competência para zelar pela observância dos princípios da administração pública (art. 37 da Constituição) na gestão administrativa do Poder Judiciário e do Ministério Público, indicam exatamente as prerrogativas inerentes, a saber: apreciação dos atos administrativos praticados e sua desconstituição, revisão ou fixação de prazo para adoção de providências para o exato cumprimento da lei, supondo, portanto, sua incidência a casos concretos, não a possibilidade de edição de normas abstratas. Tais normas instituem um aspecto diferente a merecer consideração. Em verdade, elas adornam os órgãos de controle externo como garantes da autonomia e do regime jurídico peculiar da Magistratura e do Ministério Público, como resulta do inciso I do art. 103-B, 4, e do art. 130-A, 2, da Constituição de 1988, na redação dada pela Emenda nº 45/04. Portanto, os órgãos de controle externo devem empenho contra qualquer afronta à autonomia administrativa e financeira (como os cortes lineares de propostas orçamentárias, o represamento de repasses de duodécimos, a inviabilização do provimento de cargos vagos etc.), assim como aos predicados de seus regimes jurídicos especiais (independência funcional, irredutibilidade de subsídios ou vencimentos, vitaliciedade, inamovibilidade etc.). É inidônea a veiculação de normas por esses órgãos de controle externo disciplinando assuntos que configuram restrições de comportamentos administrativos dos órgãos controlados v.g., proibição do nepotismo, código de ética -, não obstante acertadas do ponto de vista substantivo, porque tal matéria é da reserva legal

18 MPX MP em Foco Futuro do MP do Futuro Discutindo democracia interna Uma vez mais faremos uma pausa na apresentação didática das linhas mestras do novo modelo de gestão institucional elaborado pela APMP para debater um tema que pautou as discussões internas no início deste ano: a ampliação da democracia interna na composição dos órgãos da Administração Superior do MP de São Paulo. O assunto foi objeto de nosso APMP Já nº 14 e convém relembrar os fatos: na primeira reunião do novo Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça, a PGJ encaminhou, dentre outras propostas, anteprojeto de alteração de nossa Lei Orgânica Estadual prevendo o seguinte: a) a possibilidade de qualquer integrante da carreira, desde que com 35 anos de idade e 10 de carreira, concorrer ao cargo de Procurador-Geral de Justiça; b) a eleição pela classe de todos os integrantes do Conselho Superior, exceto os natos (PGJ e CGMP). Como a discussão e votação das propostas foram postergadas até a posse do novo Procurador-Geral, parece-nos oportuno aprofundar o debate. E o faremos transcrevendo as teses apresentadas no III Congresso do MP de São Paulo sobre o tema democracia interna. Tomamos a liberdade de tecer breves comentários sobre o conjunto das conclusões aprovadas. É isso que você terá nas páginas seguintes. Sempre com o mesmo objetivo: contribuir para que as discussões internas sobre questões institucionais voltem a ser candentes e produtivas, como no tempo em que estávamos na vanguarda do MP nacional e encontrávamos, nós mesmos, soluções para nossos problemas

19 MP em Foco A COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS SUPERIORES DO MINISTÉRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO: NA TRILHA DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA (Fernanda Leão de Almeida e Martha de Toledo Machado) Proposições aprovadas: 1. O sistema orgânico de concentração de poder do Ministério Público paulista é inadequado à implantação de novas fórmulas de combate ao crime organizado, não se ajustando também aos mecanismos de solução de conflitos sociais incidentes sobre direitos titularizados por toda coletividade. 2. Dentre outras modificações: a) deve ser assegurada a possibilidade de acesso de todos os membros do Ministério Público do Estado de São Paulo à Procuradoria-Geral de Justiça, respeitados o limite mínimo de 35 (trinta e cinco) anos de idade e o tempo mínimo de 10 (dez) anos de carreira; b) deve ser assegurada a possibilidade de acesso de todos os membros do Ministério Público do Estado de São Paulo ao Conselho Superior do Ministério Público respeitados o limite mínimo de 35 (trinta e cinco) anos de idade e o tempo mínimo de 10 (dez) anos de carreira, eleitos pela classe; c) deve ser buscada a transferência das atribuições hoje reservadas ao Órgão Especial do Colégio de Procuradores a um colegiado acessível a todos os integrantes da carreira respeitados o limite mínimo de 35 (trinta e cinco) anos de idade e o tempo mínimo de 10 (dez) anos de carreira, eleitos pela classe. Comentários de APMP em Reflexão: A proposição contida no item 2a foi incluída na proposta da PGJ encaminhada ao Órgão Especial. Quanto aos itens 2b e 2c, dependem de alteração na Lei Orgânica Nacional, especialmente em seus arts. 12 a 14. MINISTÉRIO PÚBLICO E DEMOCRACIA INTERNA (Roberto Luiz Ferreira de Almeida Junior e Wallace Paiva Martins Junior) PROPOSTA DE UM NOVO MODELO DE COMPOSIÇÃO DO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO (Antonio Ozório Leme de Barros) Proposições aprovadas: 1. O princípio da igualdade entre os membros do Parquet paulista, em obediência ao princípio republicano, poderá ser contemplado mediante a adoção de modelo de composição do CSMP que iguale o peso eleitoral de todos os votos, com o que haverá maior fidelidade da representação das diferentes correntes de pensamento institucional. Esse modelo prevê a eleição de todos os integrantes do CSMP (exceto os seus integrantes natos) pelo voto obrigatório, secreto, plurinominal e igualitário de todos os membros do Ministério Público. 2. Caso seja acolhido o entendimento de que há necessidade de se adotar modelo de composição do CSMP mais identificado com o princípio da igualdade entre os membros da Instituição, poderá o Procurador-Geral de Justiça, em tese, valer-se da iniciativa de remessa de projeto de reforma da Lei Complementar estadual nº 734/93, que lhe é facultada pela norma do art. 94 da Constituição do Estado de São Paulo, propondo nova redação para o art. 26 da Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de São Paulo; sugere-se, apenas a título de contribuição para o debate, uma nova redação para esse dispositivo legal, nos seguintes termos: Art. 26. O Conselho Superior do Ministério Público, Órgão da Administração Superior e de Execução do Ministério Público, é integrado pelo Procurador-Geral de Justiça, seu Presidente, pelo Corregedor-Geral do Ministério Público, ambos membros natos, e por mais 9 (nove) Procuradores de Justiça eleitos, por voto obrigatório, secreto e plurinominal, por todos os integrantes da carreira, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução consecutiva. Comentários de APMP em Reflexão: As proposições da tese foram incluídas na proposta da PGJ encaminhada ao Órgão Especial. Digno de registro o precioso trabalho elaborado pelo autor ao incluir quadro comparativo relacionado à forma de eleição dos membros do Conselho Superior nos 26 Estados da Federação. Proposições aprovadas: 1. O Ministério Público é órgão de governo e não do governo, dotado de autonomia e atuando seus membros com independência. A investidura no mandato de Procurador-Geral deve ser restrita à eleição interna, sem intervenção de outros Poderes, e é acessível a todos os membros vitalícios em razão do princípio da democracia interna. É inconstitucional limitação, tornando elegíveis somente os membros de segunda instância. 2. Por igual, a elegibilidade para o Conselho Superior, sendo ilícita a duplicidade de representação da segunda instância. 3. Os atos da administração do Ministério Público devem obediência ao princípio da transparência, com motivação e publicidade, salvo para esta as exceções constitucionais e nos seus limites, sendo inconstitucionais disposições legais contrárias à Constituição (arts. 5º, XXXIII, LX, 37, 93, IX e X). Comentários de APMP em Reflexão: A parte da proposição 1 que diz respeito à eleição do Procurador-Geral sem ingerência externa depende de alteração da CF. As demais, dos itens 1 e 2, já foram sustentadas por promotores de justiça de outros Estados que impetraram mandados de segurança para concorrer à Procuradoria-Geral, quando as respectivas leis orgânicas estaduais limitavam a elegibilidade aos procuradores de justiça. DEMOCRATIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR (Fernanda Leão de Almeida, Cláudia Ferreira Mac Dowell, Flávio Farinazzo Lorza e Maria Tereza Penteado de Moraes Godoy) Proposições aprovadas: 1. Viabilizar a candidatura de qualquer membro da carreira ao cargo de Procurador-Geral de Justiça. 2. Permitir a todos os membros da instituição a votação dos nove integrantes do Conselho Superior do Ministério Público, à exceção dos membros natos. Comentários de APMP em Reflexão: Proposições incluídas na proposta da PGJ encaminhada ao Órgão Especial

20 O ÓRGÃO ESPECIAL DO COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA E O NOVO MINISTÉRIO PÚBLICO (Felipe Locke Cavalcanti) Proposição do autor: Seja recomendado ao Senhor Procurador-Geral de Justiça que encaminhe projeto de lei à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo propondo a modificação do atual artigo 23 da Lei Complementar Estadual n. 734, de 26 de novembro de 1993, a fim de que no mesmo conste a eleição de 20 (vinte) Procuradores de Justiça pelos membros do Ministério Público que atuam em segunda instância e outros 20 (vinte) Procuradores de Justiça pelos membros do Ministério Público que atuam em primeira instância. Moção aprovada na sessão plenária, por maioria de votos: Seja recomendado ao Senhor Procurador-Geral de Justiça que encaminhe projeto de lei à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo propondo a modificação do atual artigo 23 da Lei Complementar Estadual n. 734, de 26 de novembro de 1993, a fim de que no mesmo conste a eleição por todos os membros do Ministério Público da totalidade dos membros do Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça, excetuados o Procurador-Geral de Justiça e o Corregedor-Geral do Ministério Público, considerados membros natos. Comentários de APMP em Reflexão: Bastante estranho que tanto a proposição do autor quanto a moção aprovada na plenária do III Congresso Estadual tenham sido ignoradas pela Procuradoria-Geral dentro do conjunto de propostas que enviou ao Órgão Especial. Essa estranheza foi por nós ressaltada no APMP Já nº. 14. Outras formas de ampliar a democracia interna Eleição direta e sem nenhum tipo de limitação para a função de Ouvidor-Geral do Ministério Público Eleição direta e sem nenhum tipo de limitação para escolha dos representantes dos MPs Estaduais nos Conselhos Nacionais do Ministério Público e da Justiça. R epercussão Palavra do Presidente causa indignação a membros do Órgão Especial Na edição nº 11 desta APMP em Reflexão, nosso Presidente, no espaço que ocupa na abertura da revista, fez um balanço do primeiro ano de gestão no que concerne à defesa das causas que julgávamos importantes para o destino da Instituição, dos promotores e dos procuradores de justiça. Nesse balanço foi tratada a questão da Procuradoria de Interesses Difusos e Coletivos, proposta da PGJ que veio a ser rejeitada pelo Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça. O exercício do direito de crítica desagradou profundamente aos ilustres procuradores de justiça Nelson Lacerda Gertel e Herberto Magalhães da Silveira Júnior, que registraram seu inconformismo na ata da reunião de 14 de dezembro de 2005 daquele Colegiado. Como na APMP você conhece todos os lados da história, publicamos o trecho mencionado da Palavra do Presidente (edição nº. 11, p. 2) e a retorsão dos preclaros membros do Órgão Especial. Para que você, associado, tire sua própria conclusão: se a APMP exerceu o legítimo direito de crítica ou se, como afirmado pelos insignes procuradores, foi pesada, agressiva, maldosa e intelectualmente desonesta. Dr. Nelson Lacerda Gertel agradeceu aos pares deste Colegiado pelo salutar convívio e se desculpou por eventuais arroubos ou críticas mais exaltadas, que são típicas de seu perfil, afirmando que pretende fazer uma reflexão a respeito da última publicação da APMP, que tem igual denominação (Reflexão), sobre texto escrito pelo seu Presidente, Dr. João Antonio Bastos Garreta Prats, na 1ª folha, 1ª coluna, que contém pesada e agressiva crítica a este Colendo Órgão Especial, com relação à não criação da Procuradoria de Interesses Difusos e Coletivos, destacando a seguinte expressão; mal conduzido pela Procuradoria Geral de Justiça e pelo Órgão Especial que terminou em fragorosa derrota para a Instituição, crítica essa que repudia com veemência por conter afirmação maldosa e desonestidade intelectual, deixando de nominar os que votaram favoravelmente, dentre os quais se inclui, certamente porque seria desconfortável excluir alguns integrantes da própria APMP, membros deste colegiado, que votaram contrariamente à proposta; lembrando que com referência a iguais críticas feitas no caso Thales, o Presidente da APMP não se permitiu igual afrontamento com a Corregedoria-Geral, obviamente, para evitar desgastes e confrontos de política interna. Dr. Herberto Magalhães da Silveira Junior apoiou o repúdio feito pelo Dr. Gertel, afirmando que as críticas feitas pela APMP a este Colegiado e ao Conselho Superior não correspondem à realidade, também se declarando magoado com a agressividade das críticas. PARA SABER MAIS sobre a proposta rejeitada de criação da Procuradoria dos Interesses Difusos e Coletivos, leia APMP em Reflexão 9 (pp. 30/31) e 10 (pp. 32/33). MP em Foco

21 APMP Destinos F uma Se o objetivo da viagem for desfrutar um cenário submarina com aproximadamente metros de natural inimaginável, nadar em águas absolutamente profundidade e uma base de 60 Km de diâmetro em límpidas diante de golfinhos, peixes e moréias, esquecer o endereço de casa e as preocupações do dia-a-dia, encantadores pontos turísticos do planeta. pleno Oceano Atlântico. E assim surgiu um dos mais eis o destino: Fernando de Noronha. De fato, a natureza não economizou nessa verdadeira Trata-se de um dos mais belos arquipélagos do obra de arte. O conjunto de aproximadamente 20 ilhas e mundo, com 17 km 2, situado a 360 km de Natal e 545 ilhotas cercadas de mar límpido é considerado um dos melhores locais do mundo para a prática do mergulho. As águas km de Recife. Todo o esplendor paisagístico foi formado por uma são claríssimas, com visibilidade de até 50 metros, povoadas série de acontecimentos naturais. Há 12 milhões de por peixes, arraias, tartarugas, moréias, golfinhos, esponjas, anos, um vulcão entrou em erupção numa fresta da algas e corais coloridos. Mesmo quem não sabe nadar pode crosta terrestre resultante do afastamento ocorrido aventurar-se nas piscinas naturais para observar a rica fauna entre a África e a América do Sul. Esse e mais outros marinha. Todas são emolduradas por paredões rochosos e a eventos vulcânicos deram origem a uma montanha temperatura da água está sempre perto dos 25 graus. Na Baía do Sancho, além da praia propriamente dita, os turistas ainda desfrutam de um bônus: uma vista espetacular do alto de um enorme penhasco. De janeiro a julho, essa praia fica interditada entre às 18 e 6 horas da manhã para garantir a desova das tartarugas. Pelas águas do morro Dois Irmãos, além do mergulho, é possível nadar junto aos golfinhos, habitantes mais alegres da fauna marinha. Em Fernando de Noronha a entrada de visitantes é controlada. Lá, a vida é tão desprendida da rotina das capitais urbanas que os turistas não se incomodam de tomar banhos frios, enfrentar estradas de chão batido e se acomodar em pousadas rústicas. É claro que hoje ernando de Noronha: viagem à ilha da sedução há opções muito mais sofisticadas e luxuosas. As atrações da ilha paradisíaca são inúmeras, por isso quem se dirige para lá deve estar disposto a fazer boas caminhadas e de conhecer a peculiaridade de suas praias, que competem umas com as outras em beleza. A Baía de Santo Antônio, por exemplo, é ancoradouro natural e traz bela vista das ilhas secundárias que compõem o arquipélago. A Praia do Leão é altamente recomendada para quem quer registrar na memória uma das fotografias mais lindas do mundo. É reduto ecológico de proteção das tartarugas marinhas e leva o nome pela semelhança do enorme rochedo a um leão marinho deitado

22 APMP Destinos Passeios imperdíveis Alguns programas são fundamentais para quem viaja para Noronha pela primeira vez. A Caminhada Histórica, que tem duração de cerca de três horas, percorre trilha que registra as vilas antigas, monumentos, igrejas, museus, passando também pelo Morro do Pico, o ponto mais alto da ilha, com 323 metros de altura. Nos passeios de barco é imprescindível levar máscara, snorkel, pé de pato e máquina fotográfica para registrar centenas de golfinhos acompanhando o barco com seus belíssimos saltos. Mergulhar é um dos pontos fortes da viagem, pois o cenário visto nas profundezas das águas parece pintado à mão. E mesmo quem não tem prática não precisa se preocupar: existem profissionais altamente capacitados para orientar os iniciantes. Os mais experientes podem se aventurar em mergulhos radicais. São oferecidos dois tipos principais de mergulho: o autônomo, feito com cilindro de ar, e o livre, que pode ser de de reboque ou de apnéia. Este último é feito apenas com óculos, respirador e nadadeiras. Já no de reboque, um barco puxa o mergulhador, que vai planando dentro d água e aproveitando, sem esforço, os encantos naturais do mar. O clima agradável durante todo o ano instiga surfistas do mundo inteiro, atraídos não apenas pelas belezas naturais, como também por ondas perfeitas e tubulares em vários pontos da Ilha. Elas começam a quebrar nas praias do Mar de Dentro a partir de novembro e se prolongam até meados de abril. Projeto TAMAR Em 1986, quando Fernando de Noronha era um Território Federal administrado pelo Ministério da Aeronáutica, foram doados 70 hectares na Praia do Leão ao Projeto TAMAR, de proteção às tartarugas marinhas. O projeto se instalara no arquipélago em 1984, justamente por ser um importante local de reprodução da tartaruga marinha Chelonia Mydas, popularmente conhecida como tartaruga verde ou aruanã. Quando adulta, ela possui em média 1,20m e pesa cerca de 300Kg. As desovas ocorrem na praia do Leão, localizada no Mar de Fora, e também nas praias do Bode, Americano e Boldró, embora em menor número. As primeiras desovas ocorrem em janeiro e se estendem até maio. O TAMAR, porém, não se restringiu às tartarugas, mas também ao desenvolvimento das comunidades costeiras, fator crucial para o sucesso da empreitada. Por isso, o projeto oferece alternativas econômicas que amenizam a questão social, reduzindo assim a pressão humana sobre as tartarugas marinhas. As atividades estão concentradas em 21 bases, distribuídas em mais de 1100 km de costa e envolvem cerca de 1200 pessoas, a maioria moradores das comunidades. Dicas importantes! Capacidade: Hoje a ilha está autorizada a receber até 500 pessoas por dia. Fuso Horário: Uma hora a mais em relação ao horário de Brasília. Informações turísticas: Duas empresas fazem o transporte aéreo até a ilha: Trip Linhas Aéreas e Nordeste - Varig. A Nordeste opera somente a linha Recife/Noronha. Fone: A Trip opera a partir de Natal e também de Recife. Fone: (81) Energia elétrica: 220 Volts (90% termoelétrica e 10% eólica). Alimentação: é relativamente barata. Não se recomenda contratar pousadas com meia pensão. Assim, é possível ter mais flexibilidade de escolha. Locomoção: através de buggys táxis. Período de reprodução das tartarugas: principalmente em março e abril. Em janeiro, porém, ocorrem as primeiras desovas. Tem água, luz, telefone, Correios e agência bancária. Recomenda-se obedecer às normas da ilha. Há multas salgadas para os infratores. História Descoberto por acaso, em 1503, como conseqüência do primeiro naufrágio do Brasil, este lugar encantou o descobridor Américo Vespúcio, fazendo-o narrar em carta toda aquela beleza. Em 1504 tornou-se a primeira capitania hereditária do Brasil. O arquipélago foi chamado de muitas formas nas cartas náuticas, prevalecendo o nome do fidalgo português Fernão de Loronha, seu donatário e financiador da expedição que o descobriu. Foi presídio comum de Pernambuco (1737/1938), presídio político da União (1938/1942), destacamento misto da II Guerra Mundial (1942/1945), território federal (1942/1988) e, finalmente, reintegrado ao Estado de Pernambuco pela Constituição em

23 Cultura & Lazer Invasão Irlandesa no Brasil Demorou... mas eles estão de volta! A última passagem pelo país foi em 2000, mas apenas para participações televisivas e para a gravação de um clipe nas ruas do Rio de Janeiro. Show, mesmo, apresentaram em Para desespero dos fãs, os pop stars ficaram nada menos que oito anos sem dar as caras. E prometem arrebentar em duas apresentações exclusivas marcadas para os dias 20 e 21 de fevereiro, no estádio do Morumbi. Noutras palavras, o Pan 2007 pode ser no Rio... mas o U2 é nosso! Os shows do U2 são tidos como uma das produções mais bem-feitas (e caras!!) do mundo. Longe de apenas uma apresentação, o mega evento traz efeitos especiais, iluminações incríveis e muitos decibéis. Mas a maior prova de amor pela banda foi demonstrada por aqueles que adquiriram ingressos (e também os que em vão tentaram). As filasconsumiram mais de 10 horas e os guerreiros se mantiveram firmes debaixo de um escaldante sol nos dias mais quentes do verão dos trópicos. Isso parece muito sacrifício? Não foram poucos os fãs que, após passarem a noite para melhor se posicionarem na fila, tiveram que agüentar oportunistas furando lugares. Pela Internet? O mesmo transtorno! A Ticketronic, empresa responsável pela venda virtual das entradas, informou que o congestionamento de acessos alcançou média de 25 mil simultâneos, o que fez com que o site saísse do ar. E o esforço valerá a pena? Quem conseguiu enfrentar a maratona e adquiriu o precioso ingresso sabe que vai se deparar com uma das maiores produções musicais de todos os tempos. Fora a eterna dúvida: teremos uma próxima vez? Não custa lembrar que as estrelas do grupo conseguiram uma brechinha para incluir a América Latina no mapa da turnê, depois de quase 30 shows na América do Norte e mais algumas dezenas na Europa. As apresentações que acontecerão no Brasil fazem parte da turnê Vertigo, lançada no final de março passado, nos Estados Unidos, para promover o CD How To Dismantle An Atomic Bomb, de novembro de Em 25 anos de carreira, o grupo tem 11 discos gravados e mais de 120 milhões de cópias vendidas. A conquista do topo num mercado tão competitivo foi alcançada não apenas por melodias marcantes, mas principalmente pelo conteúdo de suas letras, sempre críticas diante de fatos políticos e religiosos. Além disso, o vocalista da banda e estrela maior, Bono Vox, é considerado um ativista cultural por seu constantemente envolvimento em causas humanitárias. Histórico Sem dúvida nenhuma, os irlandeses do U2 são um verdadeiro fenômeno da indústria fonográfica. A banda é daquelas poucas que entraram definitivamente para a história da música, ocupando espaço semelhante ao dos Beatles e Rolling Stones. Formada em 1976, quando o punk começava a ferver a Inglaterra, a banda teve um começo até simples. Em Dublin, capital da Irlanda, o baterista Larry Mullen colocou anúncio num mural do colégio procurando pessoas para formar uma banda de rock. Eis que surgem três rapazes na faixa dos 16 anos: Paul Hewson e The Edge, que assumiram as guitarras, e Adam Clayton, que ficou com o baixo e também os vocais. O quarteto ganhou o nome Feedback e começou tocando covers de grandes nomes do rock. Tempos depois o nome mudou para Hype e em seguida U2, na mesma ocasião em que Paul assumiu o apelido Bono e posicionou-se como líder da banda. A estréia em disco foi em 1979 com U2:3, lançado somente na Irlanda. Isso lhes rendeu uma turnê pelo país e alguns shows na Inglaterra. Quem fisgou o grupo foi a gravadora Island, com a qual lançaram Boy, o primeiro álbum, de O disco mostrava fórmula antes vista, com sonoridade misturando hard com pós-punk e uma guitarra cheia de eco. O sucesso internacional chegou em 1983, com War, considerado hoje um dos melhores álbuns de rock da história. Algumas músicas se tornaram verdadeiros hinos mundiais, como Sunday Bloody Sunday e

24 Cultura & Lazer New Year s Day. O disco entrou em primeiro lugar na parada britânica e estourou nos Estados Unidos. A partir daí, Bono se tornou o messias da juventude. Com muito carisma e postura à frente do palco nos shows ou nas entrevistas, o vocalista dava os primeiros passos para ser um dos maiores rock stars modernos. Como a postura política sempre foi bem evidente no grupo, o U2 foi um dos principais nomes no projeto Band Aid, que mobilizou os maiores nomes da música e fez grande sucesso em todo o mundo em 1984 e Apesar de todo o sucesso, o U2 só se transformou num fenômeno do show business em O disco The Joshua Tree repetiu a fórmula de The Unforgetable Fire. Era, porém, mais elaborado e melhor produzido. Com 11 músicas, trouxe os clássicos I Still Haven t Found What I m Looking For e Where The Streets Have No Name. Pela primeira vez, um álbum da banda conquistou o topo das paradas americanas, fato que se repetiu pela terceira vez consecutiva na Inglaterra. O álbum fez de Bono, The Edge, Larry e Adam celebridades mundiais. O sucesso foi tão grande que os músicos estamparam a capa da revista Time, uma das mais conceituadas publicações do mundo.. Em 1991, a trupe de Bono promoveu a segunda mudança na sonoridade. A partir daí surgiram três discos com grande influência eletrônica e repletos de experimentalismos. O maior símbolo dessa fase foi o álbum Achtung Baby, que deixava as raízes da música americana para trás e remetia ao David Bowie dos anos 70. Nas letras, Bono relegou as questões políticas a segundo plano e passou a mostrar um lado mais intimista. A trilogia se completou com os discos Zooropa e Pop. Somente em 2000 o U2 voltou aos sons que fizeram Discografia * Boy, álbum * October, álbum * War, álbum * Under a Blood Red Sky, álbum ao vivo * The Unforgettable Fire, álbum * Wide Awake in America, álbum ao vivo * The Joshua Tree, álbum * Rattle and Hum, álbum * Achtung Baby, álbum * Zooropa, álbum * Pop, álbum * The Best of , álbum * Million Dollar Hotel, trilha sonora * All That You Can t Leave Behind, álbum * The Best of , álbum * How to Dismantle an Atomic Bomb, álbum Sunday Bloody Sunday Uma das grandes motivações que levaram o grupo a se expressar artisticamente em letras e composições foi o sangrento conflito político-religioso entre a Irlanda e a Inglaterra que, segundo pesquisas, causou a morte de aproximadamente pessoas. A guerra se originou do domínio britânico na Irlanda do Norte, que impedia a autonomia política dos irlandeses. A situação se agravou em 1972, quando soldados ingleses mataram 13 manifestantes católicos que participavam de passeata pacífica contra a presença britânica na ilha. Foi o chamado Bloody Sunday (Domingo Sangrento), imortalizado na música Sunday Bloody Sunday, da banda irlandesa, também tema do filme Domingo Sangrento (2001), dirigido por Paul Greengrass. O Exército Republicano Irlandês (IRA) anunciou formalmente, no dia 28 de julho de 2005, o fim da luta armada contra o domínio britânico na Irlanda do Norte (Ulster). A decisão foi fruto de acordo costurado entre o governo britânico e Gerry Adams, presidente do Sinn Fe in (braço político do IRA). Mudança de sonoridade Em 1984, surpreendentemente a banda abandonou o lado mais vibrante para experimentar climas sonoros hipnotizantes e atmosféricos. The Unforgetable Fire entrou no topo da parada inglesa e mostrou uma banda capaz de comover através da melodia. O U2 passou a beber na fonte da cultura norte-americana. A música que mais fez sucesso no quinto disco foi Pride (In The Name of Love), que era tributo a Martin Luther King Jr., militante em prol dos direitos dos negros. com que a banda fosse admirada no mundo todo nos anos 80. O disco All That You Can Leave Behind, com 11 músicas e trrouxe um pouquinho de cada fase da banda. Os fãs mais antigos agradecem a retomada da sonoridade mais roqueira e melódica. Filmes Sempre ligado a atividades artísticas, Bono Vox fez grandes amizades no show business. Assim, o U2 já participou de várias trilhas sonoras de filmes, como as de Batman, Três Formas de Amar, Forças do Destino, Até o Fim do Mundo e Tão Longe, Tão Perto, uma espécie de continuação do cultuado Asas do Desejo. Em 2000, no filme O Hotel de Um Milhão de Dólares, Bono atuou e dividiu o roteiro com Win Wenders, além de compor a trilha, que chega a ser melhor que alguns discos do U

25 Gastronomia m pedaço da Itália em USão Paulo Aproveitando o verdadeiro tour gastronômico do Jantar de Confraternização de 2005, a APMP em Reflexão convida você a conhecer um pouco da história da culinária italiana. Além da beleza cênica e do patrimônio cultural, a Itália encanta por sua gastronomia, uma das mais ricas do mundo. De se destacar os ingredientes característicos da cozinha típica e regional. Uma das explicações é que vários povos passaram pela península itálica durante os séculos e cada um deles deixou sua marca, introduzindo novos elementos e alguns pratos que hoje são apreciados em todo o mundo. No Brasil, é grande a aceitação dos pratos italianos. Na verdade, trata-se da culinária estrangeira mais conhecida e degustada, principalmente no que diz respeito a massas. Lasanhas, macarronadas, raviolis e nhoques são alimentos que fazem parte do cardápio até mesmo diário da população brasileira. As pizzarias invadiram a cidade e tomaram conta tanto da mesa, como do trânsito paulista. São inúmeros os motoboys que circulam diariamente entregando pizzas dos mais diversos preços e sabores. E quando dizemos a palavra rodízio, ela não está mais associada, necessariamente, à carne. É possível saborear rodízios de pizzas e massas dos mais variados tipos. Em São Paulo, a cozinha da Bota está muito bem representada. O Bixiga, bairro paulistano localizado entre os centros velho e novo da cidade, foi habitado por imigrantes italianos e se tornou tradicional por manter a cultura de lá. Além do turismo e de atrações típicas, o bairro comporta muitas das principais cantinas italianas da capital. Segundo Renata Cristina Souza Gambini, gerente do restaurante Alimentari di Sergio Arno, a carne é utilizada normalmente sob a forma assada ou grelhada. Explica que os molhos são de enorme importância, tanto pela beleza estética do prato, quanto pelo deli- A culinária italiana está muito bem representada pelos restaurantes típicos espalhados por toda a capital. Não apenas o Bixiga, bairro tão tradicional por suas cantinas, mas também grandes chefes de cozinha, renomados internacionalmente, revelam o quanto o brasileiro é adepto a essa culinária tão rica e saborosa. Porém, por mais que as descrições dos pratos sejam minuciosamente detalhadas, é muito difícil transmitir a delícia do sabor. Por isso, esta reportagem se ateve à história dessa infiltração gastronômica na cidade de São Paulo, e traz as grandes influências no cardápio do dia-a-dia dos paulistas

26 Gastronomia cioso sabor. Eles são sempre elaborados com muitas ervas aromáticas, por isso determinam um sabor especial. Os principais são o bolognesa, o basílico (feito de tomate cereja, mussarela de búfala e azeite de oliva) e o tradicional (de tomate e manjericão), diz Renata. História Os árabes foram uma das etnias mais influentes na formação dessa cultura. A partir do século IX, principalmente na Sicília, incrementaram a culinária local com açúcar, arroz, canela, açafrão, berinjela e doces de marzipã. Além disso, transmitiram as técnicas de produção de figos secos e passas. A partir de 1600, os espanhóis também deixaram sua marca, principalmente com novos produtos originários da América como, por exemplo, tomate, batata, feijão, milho, cacau, rum e café. Na época de Napoleão Bonaparte, os franceses agregaram à culinária italiana a utilização de produtos derivados do leite, como manteiga e creme de leite. Ensinaram, também, formas mais refinadas de apresentação dos pratos, aprimorando o visual. Com a imigração dos italianos para a América (Nova York, Buenos Aires e São Paulo), a partir de 1900, a Itália exportou sua culinária, principalmente com os napolitanos, que passaram a divulgar a pizza e o famoso spaghetti al sugo, pratos hoje conhecidos e apreciados em todo o mundo. Especialidades regionais É difícil abordar a totalidade da cozinha italiana. Especialistas alegam que o mais correto é falar em cozinha típica regional. Além das diversidades gastronômicas entre o sul e o norte da Itália, dentro da mesma região são encontradas diferenças históricas em cidades até mesmo próximas. Isso é justificado pelos povos que passaram no local, a geografia e o clima, que determinam os tipos de produtos que, por sua vez, vão constituir os ingredientes dos pratos. Em poucas palavras, na gastronomia do norte da Itália predominam produtos de influência francesa, austríaca e húngara, com o emprego de muitos produtos derivados do leite, enquanto na região Sul a influência mais notada é a árabe, com o uso de muito molho de tomate, pouca carne bovina, preferindo-se a de coelho, ovina, caprina e suína. Nos bosques e montanhas predominam os famosos funghi e muita caça. Já no litoral, encontram-se diversos tipos de peixe, com destaque para o atum e o spada, além de muitos frutos do mar e bacalhau. Dentro do cenário gastronômico italiano, também há a Cozinha Mediterrânea, principalmente na parte meridional e nas ilhas da Sicília e Sardenha, conhecida pelos italianos como cozinha sadia, por ser rica em carboidratos, frutas, verduras, peixes, pouca carne e muito óleo de oliva. Salames, queijos e vinhos de primeira linha completam a riquíssima cozinha tipicamente regional de todas as partes da Itália. Como surgiu a pizza A pizza, um dos pratos mais consumidos pelo brasileiro, surgiu há mais de anos. Os antigos hebreus e egípcios já saboreavam uma mistura de trigo e água chamada O Pão de Abrahão. Com a descoberta da fermentação da massa de trigo e o advento do forno, a forma dos pães foi ficando achatada e seu conteúdo ganhou diversos ingredientes, como azeitonas, ervas aromáticas etc. Segundo anotações do poeta Virgílio, os gregos e romanos faziam pães semelhantes. Ele mesmo registrou a receita do moretum, uma massa não fermentada, assada, recheada com vinagre e azeite, coberta com fatias de alho e cebola crua. A única diferença é que ela não era fermentada, pois, se fosse, Virgílio teria então a fórmula básica de uma pizza simples. Sanduíche de Pizza A verdadeira personalidade da pizza só surgiu depois que a Europa conheceu o tomate, levado pelos conquistadores espanhóis. No começo, ela era dobrada ao meio, como se fosse um suculento sanduíche. A partir do século XVII, os padeiros da cidade de Nápoles usaram sua criatividade e enriqueceram o prato com azeite, alho, mozzarela, anchova e os pequenos peixes cicinielle. Eis que surgiu a pizza. Alguns desses artistas da culinária passaram até mesmo a dobrar suas massas recheadas, inventando assim o célebre calzone. A pizza de Margherita Em 1889, Dom Raffaelo Espósito, comerciante de Nápoles, produzia e vendia pizza recheada de torresmos, azeitona e queijo cavalo, que abastecia as mesas das famílias pobres de Nápoles. A fama de Espósito correu a Itália e fez com que o Rei Umberto I e a Rainha Margherita de Sabóia, que passavam o verão no Palácio Capodimonte, se interessassem por provar do alimento. Dom Raffaelo e sua mulher foram apresentados ao casal real e logo conduzidos à cozinha. Ao final, Dom Raffaelo ofereceu diversos tipos de pizzas e a que mais agradou a rainha exibia as três cores da bandeira italiana, verde-brancovermelho, representadas pela mozzarela, pelo tomate e pelo manjericão. Negociante esperto, Dom Raffaelo a batizou de Pizza alla Margherita: lucros e notoriedade para seu restaurante

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