METODOLOGIA EM ESTUDOS DENDROLÓGICOS
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- Tomás Luca Palha Carmona
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1 METODOLOGIA EM ESTUDOS DENDROLÓGICOS Prof. Dr. Israel Marinho Pereira Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM e Ecologia Florestal-LDEF
2 O estudo das árvores pressupõe diversas atividades auxiliares: Coleta do material botânico Processamento Organização em coleções (herbário, xiloteca, carpoteca, espermoteca) A dendrologia não visa apenas a identificação: fenologia utilização área de ocorrência caracterização morfológica
3 Coleta de Dados Dendrológicos Nível de detalhamento: O nível de detalhamento desses levantamentos, serão definidos a priori de acordo com os objetivos de cada estudo, e principalmente com o recurso financeiro disponível; Planos de manejo florestal: portaria do IEF Nº 054, de 25 de agosto de 1997, já determina o nível de inclusão a ser utilizado neste tipo de estudo, devendo ser mensurados os indivíduos com DAP (diâmetro à altura do peito) maior ou igual à 5,0 cm.
4 1. Coleta do Material Botânica Material botânico para identificação: Ramos com folhas, flores frutos; Ausência de flores e frutos é muito freqüente em levantamentos de florestas nativas, dificultando sobremaneira o trabalho. O que se pode fazer? Coletar ramos completos, procurando coletar exemplares com flores e frutos; Quantidade suficiente para montar uma exsicata contendo em torno de três a cinco duplicatas;
5 Definição da Época de Coleta: O primeiro passo é definir a área a ser estuda, de modo que esta seja representativa, e que permita atender aos objetivos propostos por cada estudo; Definida a área, torna-se necessário estabelecer a época em que serão feitas as expedições de campo, que dependerá por sua vez da fisionomia da vegetação;
6 Cuidados Durante a Coleta Equipe de Campo: deve contar, se possível, com um bom mateiro conhecedor da flora local; avaliar com cautela se o mateiro reconhece as mesmas espécies com o mesmo nome vulgar, dinamizando o levantamento e evitando-se resultados duvidosos; coletor experiente, pois não raro encontramse copas emaranhadas de cipós, devendo certificar que está coletando material da árvore que deseja;
7 TÉCNICAS DE COLETA Binóculo: Auxilia o profissional na localização de material fértil, bem como na própria identificação das espécies em campo. Tesoura de poda: Utilizada para redução do material coletado, à apenas o tamanho e número necessário para montagem das exsicatas. Saco de plástico: Utilizado para acondicionar em campo o material coletado.
8 Canivete: Auxilia na constatação de determinadas características em campo, como retirada de casca para averiguar cor e odores, verificação da presença de látex, etc. Caderno de coleta: Permite fazer anotações, que irão facilitar a posterior identificação dos materiais botânicos coletados; Deverão ser anotados, o local e a data de coleta, o coletor, o tipo de vegetação (se cerrado, mata estacional semidecidual, etc.); Hábito de crescimento, o número do indivíduo (se for o caso);
9 Nome vulgar regional e principalmente as características do indivíduo que são perdidas nas coletas, como por exemplo: tipo de tronco (se fissurado, estriado, em placas, etc.), cheiro, presença de látex, cor da flor, etc; Caneta: Utilizada tanto para anotação, como para marcar os materiais vegetativos coletados; Fita crepe: Todo material botânico coletado deverá ser identificado com auxílio de uma fita crepe, contendo o número do indivíduo.
10 MÉTODOS USUAIS PARA COLETA Tesoura de alta poda (Podão): Um dos métodos mais usuais para coleta de plantas arbóreas; Consiste no uso de ganchos ou tesouras de poda acopladas à uma das extremidades de uma vara de alumínio, de aproximadamente 2 m, que acopladas às outras varas de tamanho igual, permite alcançar uma altura de até 9 m; A coleta se dá por tração mecânica de um cordel amarada à tesoura de poda.
11 Vantagens: Relativamente de baixo custo; De fácil transporte em campo; Não necessita treinamento especial para seu manuseio. Desvantagens Alcance limitado em termos de altura (entre 15 e 20m no máximo); O equipamento de qualidade precisa ser confeccionado, ou importado;
12 Figura 1 Coleta de material botânico utilizando tesoura de alta poda, no detalhe a tesoura acoplada aos módulos de alumínio.
13 Escalada: É um método de coleta não danoso ao tronco, que consiste na utilização de equipamentos de alpinismo, para a elevação e escalada do coletor em árvores; Os equipamentos necessários são: cadeira de segurança, cordas, roldanas e travas. Vantagens: Facilidade de transitar de um indivíduo arbóreo para outro próximo, tornando as coletas mais rápidas.
14 Desvantagens: Custo relativamente alto Exige profissionais altamente treinados O tamanho e porte dos indivíduos, são fatores limitantes Lentidão nas coletas OBS.: Por se tratar de um método relativamente caro e moroso, seu uso deve se restringir à algumas situações, como por exemplo coletas freqüentes à árvores matrizes ou em reservas genéticas.
15 Esporão: O equipamento consiste de esporas que presas ao calçado se fixam ao tronco e com auxílio de correias presas à cintura e ao redor do tronco, dão sustentação ao coletor. Vantagens: Rapidez nas coletas; Relativamente de baixo custo; Facilidade de locomoção com o equipamento em fisionomias florestais.
16 Desvantagens: Necessita de pessoal altamente treinado O porte das árvores é um fator limitante ao uso do método (tanto para árvores pequenas quanto para as de grande diâmetro) Algumas espécies são sensíveis aos danos provocados pelo equipamento; os danos causados pelas esporas funcionam como porta de entrada para patógenos, danificando e podendo levar à morte dos indivíduos arbóreos.
17 Figura 2 Coleta de material botânico utilizando esporão, no detalhe as esporas presas ao calçado que se fixam ao tronco.
18 Escada de alumínio: Diferentes tipos de escadas de alumínio podem ser encontradas no mercado, com lances de 2 a 3m, articuladas ou não, que colocadas e amarradas paralelas ao tronco permite alcançar as partes mais altas; Esse método de coleta pode contar ainda, com auxílios de podões, aumentando assim o raio de ação.
19 Vantagens: Relativamente de baixo custo Não exige mão de obra qualificada Equipamento leve para o transporte Desvantagens: Dificuldade de locomoção e manuseio em campo, principalmente em tipologias com densidade alta de lianas e regeneração abundante; Lentidão nos trabalhos de coleta.
20 Figura 3 Coleta de material botânico utilizando módulos de escada em alumínio. de material botânico utilizando esporão, no detalhe as esporas presas ao calçado que se fixam ao tronco.
21 Espingarda: Usualmente utiliza-se espingarda de calibre 22 a 45, alvejando o ramo que se deseja coletar, sendo recomendado para isso, modelos com mira telescópica. Vantagens: Permite fazer coletas a grandes alturas, muitas vezes inacessíveis a outros métodos. Desvantagens: Altíssimo custo; Necessita de pessoas altamente treinadas; Não é recomendado o uso em espécies fibrosas
22 Alto impacto sonoro durante as coletas; Alto risco de acidentes; Porém, ao utilizar espingardas para coletas, faz-se necessário além de cuidados especiais de segurança, comunicar previamente ao proprietário da área o uso da arma de fogo e o motivo, e em caso de UC's, muitas vezes são exigidas autorizações ao órgão competente. Necessita de pessoas altamente treinadas; Não é recomendado o uso em espécies fibrosas
23 HERBORIZAÇÃO DE MATERIAL Estufa para secagem: Podem ser construídas ou até mesmo improvisadas; Consiste em uma câmara geralmente de madeira onde ao fundo se encontram instaladas lâmpadas que auxiliam na secagem dos materiais botânicos; A temperatura fica em torno de 60 C, levando aproximadamente 72 para a secagem, dependendo da característica do material botânico.
24 Figura 4 Estufa de madeira utilizada na secagem do material botânico prensado.
25 Prensa: Utilizada para acondicionar as plantas durante a secagem. Geralmente são feitas de madeira no formato 42 x 30 cm, tendo correias para comprimir fortemente a pilha formada pela sobreposição do material botânico. Folha de alumínio enrugada: São utilizadas entre os papelões no intuito de permitir a passagem do ar quente; Acelerando a secagem, são de dimensões iguais à prensa. Folha de papelão: São colocadas entre as folhas de jornal, contendo as plantas.
26 Figura 5 Prensa de madeira, utilizada na prensagem e secagem de material botânico.
27 Folha de jornal: Cada material coletado é envolvido com uma folha de jornal, no intuito de facilitar a secagem; As plantas que ultrapassarem as dimensões padrões das exsicatas, deverão ser dobradas em "V" ou em "W", no ato da prensagem.
28 A seqüência para a montagem do conjunto a ser prensado, é a seguinte: Folha de papelão, folha de alumínio enrugada, folha de papelão, folha de jornal contendo o material botânico, folha de papelão, folha de alumínio enrugada, folha de papelão; Esta seqüência pode ser repetida quantas vezes for possível de acondicionar na prensa.
29 MONTAGEM DAS EXSICATAS Cartolina (29,5 x 42 cm): A planta deverá ser costurada por pontos, com linha e agulha, numa cartolina branca de tamanho padrão e boa textura, permitindo um manuseio mais seguro do material; Os frutos ou flores que por ventura soltarem do material a ser costurado poderá ser acondicionado em um pequeno envelope e ser fixado no canto superior esquerdo da cartolina de montagem.
30 Etiqueta ou rótulo (12 x 10 cm): A etiqueta é colocada no canto inferior direito da cartolina de montagem, contendo as informações, conforme o modelo abaixo:
31 Capa (42 x 59 cm): Geralmente de papel Kraft, envolve a cartolina com o material já costurado e as duplicatas em jornal (repetições do material botânico coletado). Duplicatas: Ficam acondicionadas em jornais, contendo tantas etiquetas quanto forem as duplicatas; Estes materiais ficam disponíveis para doações, trocas e envio para identificação de especialistas;
32 Capa (42 x 59 cm): Geralmente de papel Kraft, envolve a cartolina com o material já costurado e as duplicatas em jornal (repetições do material botânico coletado). Duplicatas: Ficam acondicionadas em jornais, contendo tantas etiquetas quanto forem as duplicatas; Estes materiais ficam disponíveis para doações, trocas e envio para identificação de especialistas;
33 As exsicatas apresentam dimensões padronizadas, pois isso permite que as exsicatas sejam, doadas, permutadas ou mesmo enviada para identificação em todo o mundo, e que sejam armazenadas adequadamente em qualquer lugar em função de suas dimensões padronizadas; Dependendo do herbário, podem ser anexadas ao acervo tanto exsicatas completas como estéreis;
34 Após a montagem das exsicatas, estas deverão ser cadastradas no caderno de registro do herbário, passarão posteriormente por um expurgo antes de serem adicionadas à coleção; Depois de expurgadas, as plantas irão para o herbário, onde serão acondicionadas em armários de aço para consultas.
35 IDENTIFICAÇÃO Herbário: O herbário consiste de uma coleção de plantas dessecadas, constituindo um centro de informações ativo e atualizado, por permutação de materiais e ou devido às coletas periódicas, que vêm a incrementam a coleção; O herbário consiste de uma coleção de plantas dessecadas, constituindo um centro de informações ativo e atualizado, por permutação de materiais e ou devido às coletas periódicas, que vêm a incrementam a coleção;
36 Um herbário contém geralmente, representantes da composição da flora local, regional, nacional e até mesmo mundial; Todos os exemplares antes de serem incorporados ao acervo de um herbário, devem ser registrados no Livro de registros, organizado em numeração arábica crescente, contendo as seguintes informações: Família, gênero, espécie, nome(s) do coletor(es), data e local de coleta; fichário pode ser ainda informatizado ou não, organizado por ordem alfabética, de família, gênero e espécie;
37 Os herbários podem conter ainda à parte, a carpoteca, que consta de uma coleção de frutos dessecados ou mantidos em líquido conservador; Cada fruto fixado recebe um número relacionando-o a uma exsicata armazenada no herbário; A identificação das espécies com auxílio do herbário se dá de forma comparativa, com outros espécimes da coleção herborizada, sendo de extrema utilidade na identificação de variações morfológicas.
38 Figura 6 Armários de aço utilizado para acondicionar as exsicatas.
39 Literatura: A busca em literatura especializada, do conhecimento da flora local, constitui-se um importante passo no que diz respeito à identificação das espécies; Trabalhos como dissertação de mestrado, teses de doutorado, bem como levantamentos florísticos e fitossociológicos devem ser o ponto de partida; Para confirmar a identificação utiliza-se a comparação posterior nos herbários e a descrição da espécie e área de ocorrência em literatura especializada;
40 Flora Brasiliensis ( ): Organizador: Carl Friedrich von Martius Volumes: 14 volumes Língua: Latim Conteúdo: Contém chaves dicotômicas de identificação à nível de gênero e espécie, distribuição geográfica, descrição das espécimes e pranchas com desenhos.
41 Especialistas: Em função da diversidade de espécies vegetais ocorrentes na região tropical, principalmente nos domínios de florestas, e a grande variação em termos de morfo-espécies, a consulta a especialistas de determinados grupos taxonômicos, tornam-se muitas vezes necessária e até freqüente; O envio do material para o especialista poderá ser feito via o herbário local, onde o material deve ser prensado e preparado, cadastrado e enviado para o especialista.
42 CONSERVAÇÃO DE AMOSTRAS Peças de grande interesse dendrológico, entre elas frutos, sementes e espinhos, muitas vezes não podem ser incluídas em exsicatas de herbário, por terem dimensões incompatíveis ou consistência desfavorável. Frutos carnosos: conservados em meio líquido, em vidros hermeticamente fechados. a) Soluções aquosas de formaldeído 5-12% b) Álcool etílico 50-70% c) Mistura de:
43 90 cc de álcool etílico a 50% 50 cc formaldeído 2,5 cc de glicerina 2,5 cc de ácido acético glacial 2,5 g de nitrato de amônio g de cloreto de cobre OBS.: 1 cc = 1 ml Frutos carnosos: condicionados em vidros com tampa, após tratamento com inseticida.
44 Carpoteca: A origem da palavra vem do grego, da termo "karpotheke", de karpos : fruto + theke : caixa, coleção. Uma definição tradicional da palavra, dá carpoteca como sendo um local em que se guardam frutos. Mas, uma definição melhor diz ser um espaço (concreto, virtual ou híbrido) destinado a uma coleção de informações sobre plantas frutíferas e frutos.
45 Espermoteca: coleção de sementes
46 Xiloteca: compõe-se de discos do tronco, incluindo o cerne, alburno e eventualmente a casca, ou de blocos orientados segundo os planos anatômicos (transversal, longitudinal radial, longitudinal tangencial)
47 ÁREAS ESPECIAIS DE ESTUDO O estudo dendrológico integra a prática de inventários florestais, estudos fitogeográficos ou florísticos, arborização urbana, paisagismo e silvicultura em geral; Além das florestas naturais e implantadas, o estudo das árvores deve realiza-se em áreas criadas ou adaptadas para especialmente para a investigação científica ou para satisfação estética, tais como: Jardins botânicos; Arboretos; Parques fenológicos.
48 Jardim Botânico: Um jardim botânico é uma coleção de plantas, organizada com um ou mais critérios definidos (fitogeográfico, taxonômico, ecológico, morfológico, utilização etc.); Tem como finalidade servir à pesquisa científica, à conservação de plantas raras, proporcionar prazer estético e contribuir atividades educativas de respeito a natureza; O primeiro Jardim Botânico moderno foi construído em Pisa, no início do século XVI;
49 O maior número de jardins botânicos encontra-se atualmente encontra-se nos Estados Unidos Missouri Botanical Garden (Saint Louis) e The New York Botanical Garden (New york); O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é o mais importante do Brasil e um dos principais do mundo, no tocante à flora tropical; Fundado em 1808, ocupa atualmente uma área de 141 hectares e abriga cerca de 5000 espécies; As principais cidades brasileiras também contam com jardins botânicos.
50 Arboreto: É uma coleção de árvores plantadas em talhões, compostos por um número variável de indivíduos de uma mesma espécie; Recomenda-se o número de 36 árvores, dispostas em quadrado latino, com espaçamento de 2 2 m; Para palmeiras e bambus, os plantios podem ser feitos em linhas, ao longo dos caminhos ou separando talhões.
51 Parque Fenológico: São áreas de florestas nativas ou plantadas, destinadas a pesquisas fenológicas; A transformação de uma floresta natural em parque fenológico requer melhorias, como o estabelecimento de caminhos permanentes e a definição de setores, para facilitar a localização dos indivíduos em estudo.
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