INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL. Dia da Zona Militar dos Açores

Transcrição

1 INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL Dia da Zona Militar dos Açores Ponta Delgada, 29 de novembro de 2013 Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora

2 1 Exmo. Senhor Chefe do Estado-Maior do Exército, General Pina Monteiro Exmo. Senhor Presidente da Secção Regional dos Açores do Tribunal de Contas, Conselheiro Nuno Teixeira Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, dr. José Manuel Bolieiro Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Ponta Delgada, dr. Francisco Rego Costa Exmo. Senhor Comandante Operacional dos Açores, Vice-almirante Mourão Ezequiel Exmo. Senhor Comandante das Forças Terrestres, Tenente-general Hernandez Jerónimo Exmo. Senhor Comandante da Zona Aérea dos Açores, Major-general Luís Ruivo Exmo. Senhor Comandante da Zona Militar dos Açores, Major-general Cardoso Lourenço Ilustres convidados É com um enorme orgulho que me encontro na minha terra natal para presidir a esta cerimónia de grande significado.

3 2 É um gosto acrescido e uma motivação adicional aqui estar numa função de extrema importância, com competência transversal a todas as regiões do País, incluindo, naturalmente, os Açores. A Defesa Nacional não está regionalizada, integrando as funções de soberania e, por força da geografia e pelo envolvimento em missões de interesse público, as Forças Armadas revestem-se de uma relevância acrescida numa região como os Açores. A geografia, para nós, vale outro tanto como a história, sentenciou Vitorino Nemésio em 1932 e quem vive ou viveu nestas ilhas entende perfeitamente o significado destas sábias palavras. Por tudo isto, acredito que compreenderão a emoção que sinto por estar aqui e, mais do que isso, por poder contribuir, através do meu desempenho no Ministério da Defesa Nacional, para o bem comum e a defesa do interesse coletivo dos açorianos e de todos os portugueses. Depois desta nota mais pessoal, permitam-me que as primeiras palavras sejam dirigidas aos militares da Zona Militar dos Açores. Àqueles que estão nesta Alameda do Mar e aos que, separados de nós precisamente pelo mar, não podem aqui estar. A todos os que têm garantido a defesa do Arquipélago, A todos os que têm assegurado a vigilância e controlo de pontos sensíveis e, simultaneamente, têm contribuído para honrar os compromissos externos do Estado, através das Forças Nacionais Destacadas,

4 3 Portugal está profundamente reconhecido. Mas, além de integrar a Força Operacional Permanente do Exército, com todas a implicações de prontidão que isso implica, este Comando tem tido uma atitude de serviço notável, colaborando em diversas missões de interesse público em toda a Região, seja no apoio em ações de Proteção Civil e de defesa do Ambiente, seja no apoio logístico a entidades sem fins lucrativos e na participação em atividades culturais. Como exemplo da intervenção no âmbito da preservação do meio ambiente e sustentabilidade dos ecossistemas, evoco a participação do Comando da Zona Militar dos Açores nos Planos de Ordenamento das Bacias Hidrográficas das Lagoas das Furnas e Sete Cidades, um projeto que mereceu o Prémio Defesa Nacional e Ambiente No apoio à Proteção Civil, há que destacar o Plano Solidário, pioneiro no Exército Português, onde dezenas de equipas especializadas, num total de mais de 300 militares, garantem um apoio insubstituível à estrutura regional de Proteção Civil. Os açorianos sabem bem o que isso significa. Já este ano, nas enxurradas no Faial da Terra, aqui em S. Miguel, e no Porto Judeu, na Ilha Terceira, as populações sentiram os benefícios de ter esta força competente e disponível para ajudar. Como é sua obrigação, cumprindo o que está preceituado na Constituição, as Forças Armadas colaboram em missões de Proteção Civil, das quais não podemos deixar de destacar o serviço de evacuação de doentes, tão importante nesta região constituída por nove parcelas distintas.

5 4 Atentas às especiais particularidades e vulnerabilidades da Região Autónoma dos Açores, as Forças Armadas suportam este encargo, sem imputar custos ao orçamento regional. Apesar de a designação e o conceito atual da Zona Militar dos Açores terem sido implementados em 1977, a presença das Forças Armadas na Região é muito anterior a esta data. Estamos aqui em festa porque se completou esta terça-feira 177 anos sobre a publicação do decreto régio que sediou em Ponta Delgada o então Quartel-General da 10.ª Divisão Militar. Mas também não foi em 1836 que a história militar começou para os açorianos. O contributo militar dos Açores para o País é quase tão antigo como o seu povoamento e, no século passado, estendeu-se às potências ocidentais, nomeadamente à Grã-Bretanha e aos Estados Unidos da América e à própria Aliança Atlântica. Já neste milénio, centenas de militares açorianos, integrados nas Forças Nacionais Destacadas, participaram nos teatros de operações de Timor, Bósnia, Líbano, Afeganistão e Kosovo. É também este esforço ao longo dos tempos que estamos hoje aqui a homenagear. Daqui a pouco assistiremos à imposição de condecorações a militares e civis e com elas celebraremos a excelência que se pretende generalizada na Zona Militar dos Açores.

6 5 O Estado português espera que o Comando cumpra a divisa da Zona Militar dos Açores e que os seus homens e mulheres continuem Sempre prontos. As Forças Armadas sempre se afirmaram, interna e externamente, como um dos pilares e uma das salvaguardas dos valores da Pátria e da consciência nacional, bem como um elemento matricial de coesão interna, de sustentáculo da Nação, sem o qual não teria sido possível resistir às diferentes formas de pressão externa sobre a nossa condição de Estado independente. A segurança e a defesa da Nação e do Estado constituem pedras basilares, são bens que se fortalecem diariamente, através do exemplo, das experiências vividas, dos legados, da preservação da memória, de ano para ano, de geração para geração, respeitando aqueles que, ao longo dos séculos, doaram a vida como bem mais valioso. Foi isso mesmo que fizemos há momentos, nesta cerimónia. Como é do conhecimento generalizado, está em curso uma fase decisiva do processo de reorganização da estrutura superior da Defesa Nacional e das Forças Armadas, o processo de reforma estrutural comumente designado por Reforma Defesa O edifício legislativo está definido e resulta de uma gestação interna, consensualizada com as chefias militares.

7 6 A Lei da Defesa Nacional e a Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas estão em fase final de reformulação e prestes a serem inseridas no processo legislativo, enquadrado no Ciclo de Revisão Estratégica em curso, adaptando os instrumentos à nova realidade estratégica e ao nível de recursos disponíveis. As alterações que resultarão destes documentos permitirão definir, de forma coerente e prospetiva, umas novas Forças Armadas equilibradas, um sistema de forças flexível que possa continuar a contribuir decisivamente, na vertente militar, para a preservação estratégica do nosso País. Aliar a racional concentração do dispositivo a um sistema de forças coerente, adequado, sustentável e visível, conjugando isto com a gestão sustentada dos recursos disponibilizados são desígnios possíveis e reais que devemos materializar, na sequência desta Reforma Defesa Em cada tempo estratégico é essencial cuidar das capacidades atuais, projetá-las e adequá-las para utilizações no amanhã. Em cada tempo estratégico é necessário acautelar o futuro e preservar a relevância estratégica que Portugal soube conquistar enquanto Nação soberana. É com este desígnio que se desenvolvem todos os trabalhos de racionalização das Forças Armadas, num quadro mais lato da Reforma do Estado. A Defesa 2020 visa obter ganhos de eficiência, economias de escala e vetores de inovação com efeitos no curto, médio e longo

8 7 prazo e, assim, responder ao desafio de mudança definido no Programa do Governo. Mas, Nada disto se faz sem preservar o moral dos militares. E o Ministério da Defesa Nacional tem tido uma especial preocupação com este aspeto, tratando de forma diferente o que é diferente. Neste aspeto, consideramos que as promoções são um fator essencial na manutenção do moral dos militares. Por isso mesmo, e pelo terceiro ano consecutivo, o Governo autorizou as promoções nas Forças Armadas em A responsabilidade das promoções cabe, em primeira linha, às chefias militares e o Governo encarregou-se de encontrar soluções que as viabilizem no Orçamento de Estado, curiosamente aprovado na terça-feira (Dia da Zona Militar dos Açores). De igual modo, em defesa da Família Militar, devo sublinhar que as pensões dos deficientes das Forças Armadas e as pensões de sobrevivência dos seus herdeiros hábeis foram diferenciadas positivamente, ficando isentas das reduções previstas no Orçamento de Estado para 2014.

9 8 O Exército possui 836 militares e civis em serviço nos Açores, aos quais se juntam 325 efetivos na Marinha e 430 na Força Aérea. Ou seja, estamos a falar de quase 1600 pessoas que servem diretamente as Forças Armadas na Região, representando, só em vencimentos, um custo para o Estado na ordem dos 50 milhões de euros anuais, em benefício direto da economia regional. Mas a importância das Forças Armadas revela-se, acima de tudo, através do número de vidas salvas. Este ano, a Marinha já salvou pelo menos 187 pessoas em mais de 240 missões de socorro e salvamento marítimo. A Força Aérea, só em 2013, já efetuou 146 missões e transportou 159 doentes, além de ter realizado 18 missões de busca e salvamento. São números. Elucidativos. Mas para os açorianos e também para quem visita os Açores são muito mais do que mera estatística. São vidas que estão em causa. As Forças Armadas estão presentes em todas as nove ilhas dos Açores e têm desempenhado competentemente as suas missões. Assim continuarão, apoiando o Governo Regional dos Açores e as entidades regionais nas missões de interesse público e também garantindo o respeito pela Autonomia e o exercício da soberania na Região. Os Açores e os açorianos podem continuar a contar com as Forças Armadas para desempenhar as missões militares que lhe estão incumbidas mas também com a disponibilidade total para colaborar

10 9 em tarefas relacionadas com a satisfação de necessidades básicas e na melhoria da qualidade de vida das populações, seja no âmbito da Proteção Civil, do Ambiente, da Cultura ou da Saúde. A esperança no futuro de Portugal sempre se alicerçou no seu passado e na sua história. As nossas decisões do passado e presente são o alicerce do nosso futuro. E nós temos razões para estarmos orgulhosos de sermos quem somos. Na qualidade de Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional reafirmo o meu apreço e a minha total confiança nos homens e mulheres que servem abnegadamente as Forças Armadas, como acontece aqui nos Açores. Estou certa de que o Vosso desempenho é a garantia de que continuarão a merecer a confiança dos açorianos e de todos os portugueses, pelo profissionalismo, determinação e eficácia que têm demonstrado. Onde quer que estejam, onde quer que desempenhem as Vossas funções e as Vossas missões, a todos Vós cabe um papel fundamental no futuro de Portugal.