V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

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1 Monitorias de química: Uma ferramenta para buscar uma aprendizagem efetiva Patrícia Fernanda Rossi, Simone Fonrozo, Mariana Castro de Souza, Caroline Veiga, Daniel Souza, Rosangela Maria Pomponio Saldanha, Ana Cláudia Kasseboehmer Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo. Avenida Trabalhador Sãocarlense, 400, C.P. 780, CEP , São Carlos-SP Brasil. CAPES/PIBID. Eixo 2 : Ciências Exatas e da Terra RESUMO Dentre as escolhas que os jovens tenham que fazer ao final do Ensino Médio, uma delas é dar continuidade aos estudos iniciando sua carreira no Ensino Superior. Apesar de existir outras formas de seleção em instituições públicas estaduais, em nosso projeto, buscamos dar ênfase na FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular), pela qual se ingressa na Universidade de São Paulo e no ENEM por ser a única forma de se ingressar em universidades federais. Através do PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, pudemos oferecer aos alunos de duas escolas estaduais da cidade de São Carlos, Estado de São Paulo, monitoria pré-vestibular na área de Química. As monitorias acontecem semanalmente nessas duas escolas e contam com uma parte de revisão teórica do conteúdo abordado e uma parte prática onde são resolvidas listas de exercícios de vestibular. Ao final de duas monitorias é aplicado um simulado. Neste trabalho discutimos o desempenho dos alunos no primeiro simulado aplicado neste projeto. O que pode se inferir frente aos resultados apresentados é que os alunos encontraram grande dificuldade na realização do simulado, apresentando uma baixa porcentagem de acertos. INTRODUÇÃO É fato que, ao fim do ensino médio, os jovens tenham sérias escolhas a fazer, dentre elas a continuação dos estudos, seja ela no ensino superior ou técnico. E despertar o interesse dos alunos das escolas públicas pela graduação em universidades estaduais e federais é um trabalho de suma importância (SPARTA e GOMES, 2005). A forma de ingresso nessas instituições ocorre por meio de vestibular exclusivo para cada instituição ou através do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). O ENEM, criado em 1998, foi utilizado inicialmente, apenas como forma de avaliação das habilidades adquiridas ao longo do ensino médio, com 63 questões interdisciplinares e

2 uma redação. A partir de 2009, foi reestruturado e agora contém 180 questões interdisciplinares e de língua estrangeira, com diferentes graus de dificuldade, e uma redação, divididas em dois dias de prova (COSTA, 2013). Atualmente, é o único meio de acesso às universidades federais do país através do Sisu (Sistema de Seleção Unificado), tem caráter eliminatório e classificatório em programas de intercâmbio e graduação sanduíche, facilita o ingresso em cursos técnicos e garante participação em programas como o Prouni (Programa universidade para todos) e Fies (Financiamento estudantil). Em universidades particulares, o vestibular obrigatório pode ser substituído pela prova do Enem. Dentre outras formas de seleção em instituições públicas estaduais, daremos ênfase na FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular), pela qual se ingressa na Universidade de São Paulo (USP), considerada a segunda melhor universidade da América Latina em 2014 (G1, 2014). A prova de seleção é realizada em duas fases, sendo a primeira composta por 90 questões de múltipla escolha e a segunda fase por três dias de prova, contendo em cada dia, dez questões dissertativas com conteúdo correspondente à área do curso escolhido e, no último dia, redação. A primeira fase é eliminatória, de forma que o aluno deve atingir a nota de corte para participar da segunda fase. A segunda fase apresenta caráter classificatório. Apenas aquele que zerar uma das provas será desclassificado. Embora o perfil dos vestibulares citados acima seja diferente, os conhecimentos básicos das disciplinas oferecidas durante o ensino médio são exigidos. Concordamos com Charlot (2013, p. 19) ao dizer que no Brasil existe um verdadeiro mercado da educação, pelo número de escolas privadas utilizando divulgação de resultados do vestibular como propaganda para o mercado da educação. No entanto, com o intuito de contribuir para sanar as desigualdades de oportunidade que sofrem os alunos das escolas públicas, criamos nosso projeto de monitoria através do PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. É importante destacar que este projeto surgiu da necessidade de entendimento que os alunos sentiam no ensino de química e no desejo de conquistarem uma vaga em um curso superior. Em reuniões com a supervisora do PIBID, foi perguntado o que os alunos desejariam que os bolsistas trabalhassem e então partimos da ideia de realizar um reforço no ensino de química com base em exercícios de vestibular. Assim, buscamos pela motivação do próprio aluno, que segundo Charlot (2013, p. 160) é um fenômeno externo e, nesse sentido, representa-se na oportunidade de ingressarem numa universidade pública. Neste trabalho discutimos o desempenho dos alunos no primeiro simulado aplicado neste projeto.

3 DESENVOLVIMENTO O presente trabalho foi realizado em duas escolas da Rede Pública de Ensino de São Carlos/SP sendo elas: E. E. Prof. Dr. Álvaro Guião e E. E. Jesuíno de Arruda. Os participantes são alunos do 3º Ano do Ensino Médio dos períodos matutino e noturno. Inscreveram-se 30 alunos em cada escola e conta com três bolsistas PIBID em cada escola. Para a organização das monitorias são realizadas reuniões semanais com os bolsistas participantes e a professora de uma das escolas, supervisora PIBID. Durante as reuniões são preparadas as aulas de revisão teórica de conteúdos de química, listas de exercícios referentes às aulas e simulados. A monitoria acontece uma vez por semana com duração de duas horas. Cada monitoria é dividida em duas partes. No primeiro momento é feita uma revisão teórica do tema escolhido em reunião, essa revisão é preparada na ferramenta PowerPoint com base no livro Química Vestibular + ENEM 2015 (GUIA DO ESTUDANTE, 2015), que aborda os temas mais importantes para o ENEM e vestibulares. Em seguida, é entregue aos alunos uma lista contendo dez exercícios de química, quando é sugerido aos alunos que comecem a resolver a lista, sozinhos e, conforme vão surgindo às dúvidas, os monitores oferecem ajuda. No decorrer da aula, os monitores sugerem exercícios para resolvê-los juntamente com os alunos. Ao final da aula é aconselhado aos alunos que os exercícios não resolvidos sejam estudados em casa e, caso tenham dúvidas, os primeiros vinte minutos da próxima monitoria são reservados para sanar as dúvidas dos alunos. A cada duas semanas de conteúdo trabalhado, são aplicados os simulados para verificar o desempenho dos alunos. RESULTADOS E DISCUSSÕES No geral, observamos que os alunos têm o interesse de participar das aulas fazendo perguntas e resolvendo exercícios. No primeiro simulado aplicado foram abordados os seguintes temas: tabela periódica, ligações químicas e ácidos, bases e sais, todos assuntos trabalhados nas monitorias. As questões de múltipla escolha tinham um grau de dificuldade diversificado (difícil, médio e razoavelmente fácil), por serem baseadas em provas de vestibulares. O simulado com 20 questões, sendo 02 dissertativas e 18 de múltipla escolha, teve duração de duas horas para resolução.

4 Na escola Jesuíno de Arruda, foram inscritos 55 alunos, dos quais, em média, 17 compareceram às aulas e apenas 03 deles fizeram o simulado. Na escola Álvaro Guião, foram inscritos 44 alunos, dos quais, em média, 12 compareceram às aulas e 08 deles fizeram o simulado. Assim, tendo um total de 11 alunos participaram do simulado. A Tabela 1 mostra a porcentagem de acertos nas diferentes questões. Questão Tema 7 Tabela periódica e ligação química Ácido, base e sais 03, 06 Tabela periódica e ligação química 15, 19, 20 Ácido, base e sais 04, 05 Tabela periódica e ligação química 11, 12, 18 Ácido, base e sais 9 Tabela periódica e ligação química 14, 16, 17 Ácido, base e sais 02, 08, 10 Tabela periódica e ligação química Ácido, base e sais Tabela 1- Porcentagem de acertos Porcentagem de acertos 80% Entre 55-64% Entre 36-46% 18-27% 0-9% Observamos na Tabela 1 que as porcentagens de acertos variam muito, tendo nas questões 03, 06, 07, 15, 19 e 20, uma facilidade maior, e nas questões 02,08, 09, 10, 14,16 e 17, uma grande de dificuldade, porém esses acertos e erros são distribuídos para os diferentes temas. Provavelmente pelo fato de não estarem acostumados a resolver questões típicas de segunda fase de vestibulares, percebeu-se que os alunos não foram tão bem nas questões dissertativas como esperado. Os estudantes, de ambas as escolas, abstiveram-se em responder as questões 01 e 13. As monitorias começaram no dia 05/08/2014 e são realizadas uma vez por semana em um período de duas horas. Sendo então, uma atividade recente para os alunos que provavelmente ainda necessitam se adaptar a esse sistema de avaliação. Porém, no ano de 2015 este projeto terá uma continuidade logo no começo do primeiro semestre e os dados obtidos deste trabalho servirão de base para reflexões e melhoramento das atividades de monitoria. CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante destacar que os participantes da monitoria não são obrigados a participar, ou seja, não é cobrada presença nem nota desses alunos, com o intuito de

5 contribuirmos para superar o comportamento de muitos alunos que vivem cada vez mais na lógica da nota e da concorrência, indo à escola para tirarem notas boas e passar de ano, independente dos recursos utilizados (CHARLOT, 2013, p.108). O que pode se inferir frente aos resultados apresentados é que os alunos encontraram grande dificuldade na realização do simulado, apresentando uma baixa porcentagem de acertos. Isso pode ser explicado pela frequência com que esses alunos estudam, ou seja, a grande maioria não reserva parte do dia-a-dia para se dedicarem aos estudos e tampouco estão acostumados a resolverem exercícios em nível de vestibular. Este trabalho foi realizado com os terceiros anos do Ensino Médio sendo apenas um dos projetos do PIBID do IQSC/USP. Em um projeto desenvolvido com os alunos do segundo ano do Ensino Médio é trabalhado o futuro profissional dos mesmos, ou seja, atividades para estimular os alunos a buscarem um encaminhamento profissional em nível superior. Quando esses alunos forem para o terceiro ano, esperamos que estejam mais motivados para estudar na monitoria do vestibular. Finalmente, acreditamos que na continuação desse projeto a partir do início de 2015 os alunos terão um período maior de monitoria o que implicará maior tempo para que se familiarizem com questões de vestibular e, possivelmente, com melhores resultados que os apresentados nesse trabalho. REFERÊNCIAS SPARTA, M.; GOMES, W. B. Importância atribuída ao ingresso na educação superior por alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 6, n. 2, Disponível em < Acesso em 11 set COSTA, L. C.O Enem e o ensino brasileiro. Disponível em: < Acesso em: 31 ago G1. USP perde liderança em ranking de universidades da América Latina. Disponível em: < Acesso em: 31 ago CHARLOT, B. Da relação com o saber às práticas educativas. 1. ed. São Paulo: Cortez, GUIA DO ESTUDANTE. Química: Vestibular + ENEM ed. São Paulo: Abril, 2015.