A Revolução Mexicana: reforma agrária e luta pelo direito de retornar a um passado usurpado.
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- Inês Canto Fernandes
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1 A Revolução Mexicana: reforma agrária e luta pelo direito de retornar a um passado usurpado. 10/09/ :16 Emanuelle Santos, Juliana Ferreira, e Valmira Juvenal Data: 10/09/2009 A revolução iniciada em 1910 foi o palco de uma série de reivindicações que buscavam, acima de tudo, garantir direitos usurpados da população. Tal afirmação torna-se clara na fala de um de seus principais e mais destacados líderes: Emiliano Zapata. Zapata reivindicava o direito de posse dos indígenas e camponeses das terras que lhes foram expropriadas. O que estava em pauta era a necessidade de regenerar a condição humana através do retorno ao seu passado. Nas palavras de Octavio Paz: A Revolução Mexicana é um movimento de reconquistar o nosso passado, assimilá-lo e torná-lo vivo no presente. Desde a independência, em 1821, a questão da terra estava presente nos conflitos sociais no México. Na segunda metade do século XIX a maior parte dos indígenas já haviam sido expropriados de suas terras, além disso, estes não foram incorporados como cidadãos. Em 1876 com a derrubada do governo liberal de Sebastião Tejada, pelo levante militar de Porfírio Díaz, a grande propriedade agrária foi reforçada e os camponeses despojados de suas terras. A pequena propriedade foi praticamente eliminada. A partir de 1900, contudo, críticas ao governo de Díaz tornam-se cada vez mais latentes, bem como, reivindicações acerca das terras comunais expropriadas os ejidos. Díaz convoca eleições presidenciais em 1910 e prende o latifundiário liberal Francisco Madero, líder do movimento que se opunha à sua reeleição. Como candidato único Díaz é considerado eleito. Madero foge da prisão e vai para os EUA. Do exílio, lança uma conclamação à rebelião com armas para derrubar Díaz, prometendo, em um novo governo, uma reforma eleitoral e terras para os camponeses. Lá redige o Programa de São Luis de Potosí que anunciava a possibilidade de uma reforma agrária. Recebe apoio popular e de líderes revolucionários do Sul, Emiliano Zapata, e do Norte, Pancho Villa e Pascual Orozco.
2 O crescimento da movimentação camponesa leva Díaz a renunciar e fugir, em maio de Madero é eleito presidente e, no poder, mantém o aparelho de Estado, em particular o Exército, o que provoca revolta entre seus apoiadores. Além disso, resolve dissolver o exercito revolucionário. Zapata recusa-se a desarmar seus homens e exige a reforma agrária, prometida no Programa de São Luis de Potosí e negada pelo novo presidente. Nas palavras do próprio Zapata: A fatal ruptura do Programa de São Luis de Potosí motivou e justificou nossa rebeldia contra aquele que invalidou todos os compromissos e defraudou todas as esperanças (...) combatemos Francisco Madero, combateremos outros cuja administração não tenha por base os princípios pelos quais temos lutado. A reação do líder camponês é, portanto, a de proclamar-se em rebelião contra Madero. Em novembro de 1911 anuncia o Programa de Ayala no qual propunha a derrubada do governo de Madero e um processo de reforma agrária sob o controle das comunidades camponesas. O plano defendia, ainda, a reorganização do ejido e a expropriação de um terço dos latifundiários mediante indenização e nacionalização dos bens dos inimigos da revolução. Para Zapata, neste plano estão contidas (...) as mais justas aspirações do povo, plantadas as mais imperiosas necessidades sociais, e propostas as mais importantes reformas econômicas e políticas, sem cuja implantação o país passaria inevitavelmente ao abismo, deprimiria-se no caos da ignorância, da miséria e da escravidão. Zapata convocara o povo às armas e o avanço popular era contínuo, pois apesar das mudanças no governo, as estruturas sócio-econômicas permaneciam sem alterações. Villa e Zapata lideraram um movimento com vistas a obter autonomia política local como forma de garantir o direito à terra. Em fevereiro de 1913, enquanto a luta prossegue no Norte e no Sul, o general Victoriano Huerta assassina Madero. A morte do presidente leva a uma passageira frente da oposição, com participação de Zapata e Villa e chefiada pelo liberal Venustiano Carranza. O governo de Huerta acabou por tornar-se, para a maior parte dos revolucionários, uma restauração do porfirismo. O Governador nortista
3 Carranza, não reconheceu o novo governo e deu início à mobilização contra Huerta. O mesmo fez Villa no Norte e Zapata no Sul. Forma-se, então, um exército constitucional, sob a égide do chamado Pacto de Torreón. Simultaneamente, o México sofre a ocupação do porto de Vera Cruz por forças dos EUA. Sem condições de resistir, Huerta renuncia em junho de Carranza assume a presidência e o confronto anteriormente vivenciado por Zapata e Madero, com relação à reforma agrária, volta à vida, uma vez que Carranza hesita em aceitar as propostas camponesas. Em fevereiro de 1917 é promulgada a Constituição reformada, com algumas transformações propostas pelo Programa de Ayala, como a nacionalização do solo e do subsolo e devolução das terras comunais aos indígenas os ejidos. A Igreja Católica é separada do Estado e tem seus poderes diminuídos. Os trabalhadores passam a ter direitos reconhecidos, como jornada de trabalho de oito horas, proibição do trabalho infantil e indenização por tempo de serviço aos empregados dispensados. As medidas previstas na Constituição, no entanto, são amplamente ignoradas pelo governo. Em 1919 Zapata é assassinado a mando de Carranza e o país continua em guerra civil. Carranza é deposto e assassinado em 1920 e o novo presidente passa a ser o general Álvaro Obregón, que consolida a revolução. Villa abandona a luta em 1920 e é assassinado três anos depois. Ao mesmo tempo, vários revolucionários no governo procuram enriquecer, traindo a confiança que as amplas massas populares depositam em sua atuação. Os partidários da nova Constituição, contudo, compreendem perfeitamente que não poderiam desconhecer a questão agrária que estava no fundo da luta revolucionária. Assim, os latifúndios foram limitados e a terra começou a ser entregue às comunidades camponesas. Ao analisarmos este primeiro momento da Revolução Mexicana, algo nos salta aos olhos a todo o momento: a constante presença da reivindicação por uma reforma agrária e, como resposta, uma série de atitudes que se distanciavam da sua realização. Madero a propôs no Programa de São Luis de Potosí, mas não cumpriu. Zapata lutou o tempo todo por sua implantação, e isto é evidente em seus discursos e no Programa de Ayala, que também não alcançou o resultado esperado. A constituição de 1917 trata desta questão, mas, na prática, passou muito tempo até que resultasse em benefícios reais para a
4 população camponesa. Algo, porém, não pode deixar de ser considerado: grandes foram os esforços para que os camponeses pudessem recuperar as suas terras, bem como relevantes foram os acontecimentos e transformações nascidas do seio desta luta. Observa-se, nesta revolução, o reconhecimento do mexicano não apenas como indivíduo, mas também, e primordialmente, enquanto povo. Buscava-se um ideal de pertencimento comum, buscava-se o retorno a seus direitos. Estava presente a luta por um ideal de igualdade. Retirado do site: Caiu no Vestibular 01 (Fuvest) A Revolução Mexicana de 1910, do ponto de vista social, caracterizou-se a) pela intensa participação camponesa. b) pela aliança entre operários e camponeses. c) pela liderança de grupos socialistas. d) pelo apoio da Igreja aos sublevados. e) pela forte presença de combatentes estrangeiros. 02 (Unesp) "O descontentamento com a desigualdade social crescia em todos os setores populares (...) Uma situação francamente revolucionária só se criou quando a este descontentamento generalizado se somaram dois fatos novos. Primeiro, uma grave dissensão no patriciado político motivada pelo continuísmo de Porfírio Dias (...) Segundo, e principalmente, o surgimento de duas lideranças camponesas autênticas: a de Emiliano Zapata (...) e a de Francisco Villa (...)" (Darcy Ribeiro, AS AMÉRICAS E A CIVILIZAÇÃO.) O texto refere-se à a) Revolução Sandinista.
5 b) Revolução Cubana. c) Guerra do Pacífico. d) Guerra do Chaco. e) Revolução Mexicana. 03 (Cesgranrio) Ao longo do século XX, diversos movimentos sociais eclodiram na América Latina. Dentre eles, destacamos a Revolução Mexicana, iniciada em 1911, que se caracterizou, em suas origens, como um movimento: a) operário pela implantação de um governo socialista no México. b) nacionalista contrário à dominação política espanhola. c) burguês em defesa da industrialização do país. d) camponês de luta por uma reforma agrária. e) liberal em prol de uma aliança econômica com os Estados Unidos. 04 (Uerj) A Revolução é uma súbita imersão do México em seu próprio ser (...) é uma busca de nós mesmos e um regresso à mãe. Nela, o México se atreve a ser. (OCTAVIO PAZ, escritor mexicano. Citado por Grandes Fatos do Século XX. Rio de Janeiro, Rio Gráfica, 1984.) A Revolução Mexicana, iniciada em 1911, trouxe à tona a organização e a luta de populações camponesas de origem indígena que até hoje utilizam esse movimento como símbolo. A eclosão da Revolução Mexicana pode ser explicada pelos seguintes motivos: a) a influência do ideário positivista e a atuação dos "científicos" nos movimentos camponeses b) a luta do campesinato pela propriedade da terra e as reivindicações de setores burgueses por um maior espaço na política c) a necessidade de uma modernização capitalista e o desejo da burguesia pela ampliação da influência do capital francês no país d) a união dos liberais e dos comunistas mexicanos contra o porfiriato e o interesse dos grandes proprietários na aliança com o capital inglês 05 (Fuvest)
6 Neste mural, o pintor mexicano retratou a morte de Emiliano Zapata. Observando a pintura, é correto afirmar que Rivera a) foi uma rara exceção, na América Latina do século XX, pois artistas e escritores se recusaram a relacionar arte com problemas sociais e políticos. b) retratou, no mural, um tema específico, sem semelhanças com a situação dos camponeses de outros países da América Latina. c) quis demonstrar, no mural, que, apesar da derrota armada dos camponeses na Revolução Mexicana, ainda permaneciam esperanças de mudanças sociais. d) representou, no mural, o girassol e o milharal como símbolos religiosos cristãos, próprios das lutas camponesas da América Latina. e) transformou-se numa figura única na história da arte da América Latina, ao abandonar a pintura de cavalete e fazer a opção pelo mural. Gabarito 01 a 02 e 03 d 04 b 05 c
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