UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: AGOSTO/2014 a JULHO/2015 ( ) PARCIAL (x) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO EFEITOS NO PROCESSO MNEMÔNICO E NEUROMOTOR EM RATAS TRATADAS COM ETANOL NO PADRÃO BINGE DA ADOLESCÊNCIA À FASE ADULTA. Nome do Orientador: Cristiane do Socorro Ferraz Maia Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Farmácia Instituto/Núcleo: ICS Laboratório: Laboratório de Farmacologia Inflamação e Comportamento - LAFICO Título do Plano de Trabalho: Efeito no processo mnemônico e na ansiedade em ratas tratadas com etanol no padrão binge da adolescência à fase adulta. Nome do Bolsista: Taiana Cristina Vilhena Sarmento Carvalheiro Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/CNPq (X) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/INTERIOR ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PRODOUTOR ( ) PARD renovação ( ) PIBIC/PIAD ( ) PIBIC/AF-CNPq ( ) PIBIC/AF-UFPA ( ) PIBITI ( ) PADRC 1

2 INTRODUÇÃO O álcool etílico (EtOH) é a droga mais consumida entre os adolescentes devido ao custo reduzido, ao fácil acesso e comercialização. O abuso desta substância contribui para o aumento de problemas sociais como violência doméstica, maltrato infantil, urgências e internações hospitalares, perda de produtividade no local de trabalho (MANZO-AVALOSS e SAAVEDRA-MOLINA, 2010), crimes e desordens públicas (REHM et al., 2009). Além disto, pode desencadear uma cascata de problemas de saúde como modificações neuroquímicas, prejuízos à memória, ao aprendizado e ao controle dos impulsos (Pechansky F et al., 2004). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002), o uso abusivo do EtOH é responsável por 3,2% de mortalidade mundial (1,8 milhões) e por aproximadamente 4% de morbidades no mundo. Além disso, o consumo eventual e intenso dessa droga tem aumentado no sexo feminino e principalmente nas mulheres mais jovens constituindo, assim, o grupo de maior incremento na elevação desses índices tornando o álcool um problema de saúde pública emergencial (SCHUCKIT, 2009; INPAD, 2013). Beber de forma episódica e intensa, ou em binge, é o consumo em altas doses de EtOH em um curto período de tempo, seguido por um período de abstinência (CREGO et al. 2010; PETIT et al. 2013; JACOBUS e TAPERT, 2013). Os efeitos neurotóxicos dessa forma de consumo são especialmente perigosos na fase da adolescência, gerando alterações mais rápidas e mais intensas no Sistema Nervoso Central (SNC) por ainda apresentar desenvolvimento incompleto. Além disso, a repetição de episódios de compulsão durante adolescência constitui um fator de risco para ser um bebedor crônico na idade adulta (MATHURIN e DELTENRE, 2009; PETIT et al. 2013). Estudos histológicos demonstram que o consumo crônico do álcool afeta diversas populações celulares do sistema nervoso central (SNC), em especial neurônios, que sofrem um processo de neurodegeneração mediado por uma cascata dirigida por fatores proinflamatórios que causam a liberação de radicais superóxidos e consequente morte celular (ZOU e CREWS, 2005; CREWS e NIXON, 2008). Assim, os efeitos neurotóxicos do consumo em binge são 2

3 especialmente perigosos devido às altas doses ingeridas seguidas de abstinência, sendo mais rápidos e mais severos os danos que o consumo crônico em baixas doses (SKALA e WALTER, 2013). JUSTIFICATIVA O álcool etílico (EtOH) é uma das mais antigas substâncias psicoativas utilizadas pela humanidade (SHER, 2006; ROOM et al. 2005). Além de ter um histórico cultural, sendo aceito em quase todas as sociedades organizadas inclusive entre os adolescentes (HILL e CHOW, 2002; SHER, 2006; ELLIOTT e BOWER, 2008; UHART e WAND, 2009), seu consumo é favorecido por ser uma droga lícita, de custo reduzido, amplamente disponível e de fácil acesso (JOHNSTON et al. 2009). O consumo eventual e intenso dessa droga tem aumentado no sexo feminino e principalmente nas mulheres mais jovens constituindo, assim, o grupo de maior incremento na elevação desses índices tornando o álcool um problema de saúde pública emergencial (SCHUCKIT, 2009; INPAD, 2013). Beber de forma episódica e intensa, ou em binge, é o consumo em altas doses de EtOH em um curto período de tempo, seguido por um período de abstinência (CREGO et al. 2010; PETIT et al. 2013; JACOBUS e TAPERT, 2013). Nesse sentido, o consumo de álcool é um problema da saúde publica no Brasil sendo que este consumo tem início, muitas vezes, na adolescência, podendo causar danos ao SNC, pois seu desenvolvimento ainda é incompleto. Diante disso, este trabalho se propõe a investigar os danos ocasionados pelo consumo do álcool, em fêmeas da adolescência à fase adulta, mimetizando o padrão de ingesta observado entre o grupo de estudo mecanismos e efeitos neurotóxicos envolvidos. OBJETIVO GERAL: Investigar os efeitos mnemônico e ansiogênico após exposição ao EtOH da adolescência à fase adulta no padrão binge, em ratas. 3

4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Investigar o efeito da exposição ao EtOH na forma de binge agudo em ratas adolescentes; Investigar o efeito da exposição ao EtOH na forma de binge crônico em ratas adolescentes à fase adulta jovem; Avaliar a habilidade dos animais em reverter os efeitos da exposição crônica de EtOH no padrão binge. Utilizando testes comportamentais, investigar nos animais submetidos às condições anteriores as possíveis alterações: Relacionadas à ansiedade; Mnemônicas; MATERIAIS E MÉTODOS 1. Animais e Grupos Experimentais Este estudo foi inicialmente aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa com animais e experimentação da Universidade Federal do Pará (UFPA), recebendo a aprovação sob parecer CEPAE-UFPA: BIO196-14, obedecendose aos critérios e as normas estabelecidas por Guias de Cuidado e Uso de Animais Laboratoriais (COMMITTEE FOR THE UPDATE OF THE GUIDE FOR THE CARE AND USE OF LABORATORY ANIMALS, 2011). Foram utilizados ratos Wistar, fêmeas (n= 80), 1 mês, provenientes do Biotério da UFPA. Estes animais foram encaminhados para Faculdade de Farmácia, UFPA, onde foram mantidos em uma sala de manutenção em condições padronizadas de temperatura (25ºC), exaustão, ciclo de luz claro/escuro de 12 horas, água e comida ad libitum. Nas salas onde ocorreram os ensaios comportamentais utilizou-se lâmpadas fluorescentes para iluminação e controle de temperatura e ruído. Os ensaios comportamentais foram realizados no Laboratório de Farmacologia da Inflamação e do Comportamento (LAFICO), da Faculdade de Farmácia, do Instituto de Ciências da Saúde. 4

5 2. Tratamento com EtOH Inicialmente as ratas foram mantidas em caixas próprias em grupos de 5 animais para evitar o estresse pelo isolamento. Foi administrada por via oral (gavagem), através de cânula orográstrica (Insight, Brasil), água destilada (H 2 O dest. ) ou EtOH (Nuclear, Brasil) na dose de 3 g/kg/dia (20 p/v) (LAUING et al. 2008; LINDTNER et al. 2013) durante três dias consecutivos/semana nos animais do 35º ao 90º dia, o que corresponde ao final da adolescência e início da fase adulta neste modelo animal (SPEAR, 2000; 2004). A pesagem dos animais foi realizada semanalmente para o reajuste de dose. Para avaliar a habilidade dos animais de reverter os possíveis efeitos do tratamento com EtOH na forma de binge sobre o SNC, foi adicionado um grupo de ratas intoxicadas com EtOH/ H 2 O dest. por 8 semanas, como mencionado previamente, e seguidos de 14 dias sem tratamento. 3. Grupos experimentais A amostra de 80 animais foi dividida nos seguintes grupos experimentais: GRUPO DESCRIÇÃO NÚMERO E1 EtOH 1- são animais gavados com EtOH em 1 episódio de binge, 3 dias consecutivos, (binge agudo). 10 C1 Controle 1- são animais gavados com H 2 O dest. por 3 dias consecutivos. 10 E4 EtOH 4- são animais gavados com EtOH em 4 episódios de binge, 3 dias consecutivos/ semana. 10 C4 Controle 4- são animais gavados com H 2 O dest. por 4 episódios de 3 dias consecutivos/ semana. 10 E8 EtOH 8- são animais gavados com EtOH em 8 episódios de binge, 3 dias consecutivos/ semana. 10 5

6 C8 Controle 8- são animais gavados com H 2 O dest. por 8 episódios de 3 dias consecutivos/ semana. 10 E8Abs EtOH 8 seguido de abstinência- são animais gavados com EtOH em 8 episódios de binge, 3 dias consecutivos/ semana, seguidos de 14 dias de abstinência (sem qualquer gavagem). 10 C8Abs Controle 8 do grupo E8Abs- são animais gavados com H 2 O dest. por 8 episódios de 3 dias consecutivos/ semana adicionado de 14 dias sem qualquer administração. 10 TOTAL 80 Legenda: H 2 O dest. = água destilada. ENSAIOS FARMACOLÓGICOS Os animais foram encaminhados para o LAFICO onde os ensaios comportamentais ocorreram. Antes do início dos experimentos, os animais foram conduzidos à sala de teste por um período de uma hora para aclimatação e habituação ao ambiente do teste. Todos os experimentos comportamentais foram realizados em sala própria, com atenuação dos níveis de ruído e baixa intensidade de iluminação (12 lx). A concentração sanguínea de EtOH em ratos, administrado por gavagem, possui um declínio gradual e dura em torno de 450 minutos para ser eliminado do organismo (LIVY et al. 2003), dessa forma, os testes foram realizados 7,5 horas (sete horas e trinta minutos) após a última administração de EtOH/ H 2 O dest., não excedendo o horário de 18 horas a fim de não interferir no ciclo circadiano do animal. TESTE DA ATIVIDADE LOCOMOTORA ESPONTÂNEA/ CAMPO ABERTO Para este teste, foi utilizada uma arena em madeira (100x100x40cm), pintada com material não permeável na cor preta, onde o chão foi dividido em 25 quadrantes iguais de 20x20 cm durante a análise pelo Softawe Anymaze Stoelting. O objetivo deste teste é avaliar atividade exploratória e locomotora de animais, bem como o estado de emocionalidade/ansiedade, por meio da mensuração das variáveis comportamentais dos indivíduos experimentais. Neste estudo, as variáveis mensuradas foram a locomoção total; percentual de tempo na área central e número de quadrantes centrais (PANDOLFO et al., 2007), que são 6

7 empregados para avaliar o comportamento do animal mediante uma situação de novidade, assim como a habituação e aprendizagem em resposta ao ambiente experimental (AGUIAR, 1995). A atividade locomotora foi avaliada 7,5 horas após a última administração de EtOH/água destilada. Antes do início dos experimentos, os animais foram conduzidos à sala de teste por um período de, no mínimo, uma hora para aclimatação e habituação ao ambiente do teste. Após habituação, o teste da atividade locomotora foi iniciado e os animais foram colocados individualmente no quadrante central do campo aberto e então permitido o livre deslocamento dentro do aparato por 5 minutos, que foram filmados através de filmadora posicionada acima da arena e monitorada por experimentador que não sabia o grupo de tratamento que estava sendo testado. Foi contabilizado a locomoção total de cada animal, de acordo com o protocolo de Pandolfo et al. (2007) e Walsh e Cummins (1976). A locomoção total, que envolve andar e correr, foi mensurada através da contagem do número de quadrantes cruzados pelo animal com as quatro patas. Não foi considerada locomoção quando o animal colocou uma, duas ou três patas em um dos quadrantes, com retorno ao quadrante original. Após o teste da atividade locomotora, os animais foram submetidos ao teste de reconhecimento do objeto. TESTE DE RECONHECIMENTO DO OBJETO Este teste foi conduzido na mesma arena de madeira utilizada para o teste de atividade locomotora espontânea e também analisado através do Softawe Anymaze Stoelting. O teste de reconhecimento do objeto baseia-se no princípio de que, em um ambiente familiar, os roedores de laboratório mostram uma atração instintiva para a novidade, ou preferência por um novo objeto, não familiar (HUGHES, 2007). Esta preferência foi utilizada como um indicativo de memória em relação ao objeto familiar. O procedimento realizado foi adaptado de Pires e colaboradores (2009) o qual consiste de 3 fases: uma fase de habituação, uma fase de treino e uma fase de teste. A fase de habituação foi considerada o momento em que o animal explorou livremente o aparato no teste de campo aberto, sem objetos, por 5 minutos. As fases de treino e de testes duraram 3 minutos cada e tiveram intervalo de 30 minutos entre elas a fim de avaliar a memória de curta duração. Após 30 minutos da fase de 7

8 habituação, previamente à fase de treino, foram fixados dois objetos idênticos em formato de cubo (C1 e C2) em cantos opostos da arena, a 10 cm distantes das paredes e aproximadamente 70 cm afastados um do outro. Antecipadamente às fases de testes, uma cópia idêntica do objeto familiarizado (C3) e um objeto novo (X) foram dispostos na arena nos mesmos locais anteriormente ocupados pelos objetos C1 e C2 da fase de treino. O novo objeto foi selecionado seguindo um raciocínio de aumentar a diferença estrutural com os cubos: em forma de T (T) foi utilizado para a fase de teste. Todos os objetos foram construídos com blocos de plástico Lego (São Paulo, SP, Brasil). Cada animal foi posicionado no centro do aparato nas decorrentes fases e os objetos foram contrabalançados em cada sessão a fim de excluir qualquer preferência por algum canto do aparato. Depois de transcorridos 3 minutos em cada sessão, o animal foi retirado do aparato e devolvido para sua caixa de moradia. No final de cada procedimento comportamental, o campo aberto foi limpo com papel toalha e álcool 10%. Contabilizou-se o tempo despendido de investigação pelos animais em cada objeto registrado a partir de uma câmera fixada sobre o campo aberto. A exploração de um objeto foi definida como a cabeça do animal voltada para o objeto a uma distância igual ou inferior a 4 cm (adaptado de ENNACEUR; DELACOUR, 1988). As análises foram realizadas considerando o tempo de exploração total gasto nos dois objetos na fase de treino (C1 + C2) e o índice de reconhecimento o qual foi definida pela diferença no tempo de exploração entre o novo objeto e o familiar divididos pelo tempo total gasto de exploração entre o mesmo objeto na fase de teste (X C3) / (X + C3). Após o teste de reconhecimento do objeto, os animais foram submetidos ao teste do labirinto em cruz elevado. TESTE DO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO O LCE é um equipamento em madeira, na forma de cruz, elevado 50 cm do chão, com dois braços fechados (50 x 10 x 40 cm) e dois abertos (50 x 10 x 1 cm), opostos entre si (HANDLEY; MITHANI, 1984). Nos braços abertos há uma proteção de 1 cm de altura circundando-os a fim de impedir a queda dos animais do aparato. O teste do LCE é um método simples de medição de ansiedade validado em ratos (PELLOW et al., 1985) e em camundongos (LISTER, 1987) baseado exclusivamente na atividade espontânea do animal no 8

9 aparato durante 5 minutos. O ensaio é fundamentado na aversão natural de roedores a espaços abertos (TREIT et al., 1993). Os índices principais de ansiedade no teste compreendem medidas espaço-temporais de fuga dos braços abertos, enquanto a atividade locomotora é avaliada seja pelo número total de entradas nos braços ou pelo número de entradas nos braços fechados (ACEVEDO et al.,2014). Após o teste de reconhecimento do objeto, cada animal foi posicionado no centro do LCE com a face voltada para os braços fechados e foi permitido que o animal explorasse o equipamento por 5 minutos. Um observador, o qual não tinha conhecimento prévio a que grupo pertencia cada animal, fez as anotações do número de entradas e do tempo de permanência dos animais nos braços abertos e número de entradas nos braços fechados do equipamento (EBA,TBA, EBF respectivamente). Antes e depois da exposição de cada animal, o LCE foi limpo com solução de álcool 10% e toalhas de papel deixando-o secar e receber a circulação normal de ar. As porcentagens de EBA (%EBA) foram calculadas em relação ao número total de entradas nos dois braços e, as de TBA, ao tempo de exploração nesses braços em relação ao tempo total do experimento (%TBA). As %EBA e %TBA foram respectivamente calculadas de acordo com as fórmulas: (EBA / EBA + EBF) x 100; (TBA / TBA + TBF) x 100 (PELLOW et al., 1985). O efeito ansiolítico foi definido pelo aumento da %EBA e %TBA, de outra forma, o efeito ansiogênico foi definido pela diminuição destes. Análise Estatística Inicialmente foi testada a normalidade (i.e.distribuição gaussiana) de cada grupo pelo método de Kolmogorov-Smirnov. Foi realizado o teste T de Student, considerando um valor significativo de P<0,05. Os dados foram expressos como a média ± erro padrão da média (e.p.m.) de 10 animais de cada grupo experimental. A construção gráfica e a análise estatística foram realizadas no programa GraphPad Prism

10 RESULTADOS TESTE DA ATIVIDADE LOCOMOTORA ESPONTÂNEA/ CAMPO ABERTO No teste do campo aberto, foi analisada a locomoção total, representada pelo número total de quadrantes cruzados das ratas como parâmetro avaliativo da atividade locomotora espontânea. A figura 1 ilustra o desempenho de ratas adolescentes e adultas expostas ao EtOH na forma de binge drinking (BD) consecutivamente durante 1, 4 e 8 semanas (1 BD, 4 BD e 8 BD, respectivamente) e um quarto grupo adicionado 14 dias de abstinência (Abs) no teste do campo aberto. Houve diminuição significativa da atividade locomotora espontânea dos animais expostos ao EtOH durante 8 semanas consecutivas em relação aos animais controle (p=0,04). Assim como os animais do grupo abstinência (Abs) após 8 episódios de exposição ao EtOH permaneceram com diminuição da atividade locomotora espontânea (p=0,01). Figura 1: Efeito do etanol (EtOH) em forma de binge drinking na atividade locomotora espontânea de ratas na fase de adolescência à idade adulta através da distância total percorrida no aparato do campo aberto. Os resultados estão expressos como a média ± e.p.m durante 300 segundos, com 10 animais por grupo (Teste t de Student). *p<0,05 diferença significativa em relação ao grupo controle. A figura 2 ilustra o efeito da exposição ao EtOH intermitente em ratas da adolescência à idade adulta sobre o comportamento de emocionalidade/ansiedade no teste do campo aberto. Todos os animais tratados com EtOH, em todos os períodos avaliados (1 BD, 4 BD, 8 BD e Abs), 10

11 apresentaram redução significativa da atividade exploratória da área central (p=0,003; p=0,008; p=0,006; p=0,039, respectivamente) [Painel A]. O painel B apresenta resultados do tempo na área central onde todos os animais dos grupos BD e Abs, tratados com EtOH, apresentaram diminuição significativa no tempo de permanência na área central (p=0,003; p=0,036, respectivamente) em relação aos animais controle. Estes resultados indicam efeito ansiogênico nos grupos expostos ao BD em relação aos seus respectivos grupos controle em todos os episódios (1 BD, 4 BD, 8 BD e Abs), não ocorrendo reversão deste efeito, gerado pela exposição intermitente ao EtOH, no grupo Abs. A B Figura 2: Efeito da exposição intermitente ao etanol (EtOH) em ratas na fase de adolescência à fase adulta sobre parâmetros de ansiedade no teste do campo aberto. (A) Distância percorrida na área central em metros. (B) Tempo de permanência na área central em segundos. Os resultados estão expressos como a média ± e.p.m da distância percorrida e tempo na área central, durante 300 segundos, com 10 animais por grupo. *p<0,05 diferença significativa em relação ao grupo controle (Teste t de Student). 11

12 TESTE DE RECONHECIMENTO DO OBJETO Foi avaliado o efeito do EtOH em forma intermitente e episódica sobre a habilidade de reconhecimento do objeto em curto prazo (memória de curta duração) através do teste de reconhecimento do objeto. A figura 3 ilustra que não houve diferença significativa entre os grupos EtOH (1 BD, 4 BD e Abs) e seus respectivos controle no tempo total de investigação na fase de treino indicando semelhança no tempo de exploração nos objetos na sessão de treino pelos animais intoxicados e não-intoxicados. Exceto os animais do grupo 8BD expostos de forma intermitente ao EtOH que aumentou o tempo de investigação nos objetos (p=0,01), indicando que os animais intoxicados não falharam em investigar os objetos nesta fase. Tempo de investigação Fase de Treino (s) * Controle EtOH 1 BD 4 BD 8 BD Abs Figura 3: Efeito do etanol (EtOH) na forma de binge drinking sobre o desempenho de ratas na fase da adolescência à fase adulta avaliadas no teste de reconhecimento do objeto. As barras representam o tempo total de investigação do objeto C1 mais o objeto C2 (C1+C2) em segundos. Os resultados estão expressos como a média ± e.p.m do tempo de investigação na fase de treino, durante 180 segundos, com 10 animais por grupo. *p<0,05 diferença significativa em relação ao grupo controle (Teste t de Student). Na figura 4 observa-se que o índice de reconhecimento do novo objeto durante a fase de teste foi significativamente reduzido nos animais dos grupos 1BD, 4BD e 8BD expostos ao EtOH na forma intermitente (p=0,04; p=0,02; p=0,01; respectivamente), revelando que os animais destes grupos despenderam menos tempo investigando o novo objeto em detrimento ao objeto conhecido em relação a seus respectivos controle. Dessa forma, um 12

13 único episódio de BD, 4 BD e 8BD consecutivos em ratas da adolescência a fase adulta jovem demonstram prejuízo na memória de curta duração. No entanto, há recuperação da memória de curta duração no grupo Abs em relação aos respectivos animais controle. Índice de Reconhecimento Fase de Teste * * * 1 BD 4 BD 8 BD Abs Controle EtOH Figura 4: Efeito na memória de curta duração de ratas da fase da adolescência à fase adulta após exposição ao etanol (EtOH) na forma de binge drinking pelo teste de reconhecimento do objeto. O índice de reconhecimento foi calculado pelo tempo que os animais desprenderam investigando os objetos novo e familiar [(T C3) / (T + C3)] durante o teste realizado 30 minutos após o treino. Os resultados estão expressos como a média ± e.p.m do índice de reconhecimento na fase de teste, durante 180 segundos, com 10 animais por grupo. *p<0,05 diferença significativa em relação ao grupo controle (Teste t de Student). TESTE DO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO No teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE) foi possível observar os parâmetros de atividade locomotora pela análise do Número de Entrada no Braço Fechado (EBF) e de ansiedade pelo Número de Entradas no Braço Aberto (EBA) e Tempo de Entradas no Braço Aberto (TBA). 13

14 A partir da figura 5, pode-se observar no Painel A a redução significativa de EBA% de todos os animais tratados com EtOH, em todos os períodos analisados em relação aos seus grupos controle. O Painel B apresenta a redução significativa no TBA% de todos os animais expostos na forma intermitente ao EtOH em relação aos animais controle, exceto os animais do grupo de 4 binge drinking que não apresentaram redução significativa deste parâmetro em relação a seus respectivos animais controle. Os resultados de EBA% e TBA% neste teste indicam efeito ansiogênico nos animais expostos intermitentemente ao etanol (EtOH). A B Figura 5: Efeito da exposição intermitente ao etanol (EtOH) em ratas na fase da adolescência à fase adulta sobre parâmetros de ansiedade no Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE). [ Painel A] Por centagem do número de entradas no braço aberto; Porcentagem do tempo de permanência nos braços aberto [Painel B]. Os resultados estão expressos como a média ± e.p.m do (A) percentual de entrada no braço aberto (%EBA) e (B) percentual do tempo no braço aberto (%TBA), durante 300 segundos, com 10 animais por grupo. *p<0,05 diferença significativa em relação ao grupo controle (Teste t de Student). 14

15 A figura 6 demonstra que os animais expostos ao EtOH do grupo 4 binge drinking não possuem prejuízo na locomoção espontânea e apresentaram aumento expressivo no EBF em relação aos seus respectivos animais controle, p=0,005. Figura 6: Análise do efeito do etanol (EtOH) na forma de binge drinking na atividade locomotora de ratas da fase de adolescência à fase adulta a partir do Número de Entradas nos Braços Fechados (EBF) no Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE). Os resultados estão expressos como a média ± e.p.m, durante 300 segundos, com 10 animais por grupo (Teste t de Student). CONCLUSÃO A partir de ensaios comportamentais sobre ansiedade e processo mnemônico de ratas da adolescência à fase adulta intoxicadas com EtOH de forma episódica e intermitente, os resultados obtidos demonstram que a exposição à droga aumenta o comportamento do tipo ansiogênico a partir de um único BD e persiste após sucessivos episódios sem reversão no período de abstinência à droga. Além disso, nos animais de 1 BD, 4 BD e 8 BD expostos ao EtOH, ocorre prejuízo na memória de curta duração ao reduzir o índice de reconhecimento do novo objeto. Vale ressaltar que 14 dias de abstinência após 8 episódios de BD, as ratas demonstram recuperação da memória de curta duração ao reconhecer novo objeto. 15

16 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACEVEDO, M.B.; NIZHNIKOV, M.E.; MOLINA, J.C.; PAUTASSI, R.M. Relationship between ethanol-induced activity and anxiolysis in the open field, elevated plus maze, light-dark box, and ethanol intake in adolescent rats. Behavioural Brain Research. 2014; 265: AGUIAR, M.S.S. Análise do comportamento defensivo induzido pela microinjeção do neuropeptídeo substância P na matéria cinzenta periaquedutal dorsal de ratos. Departamento de Psicologia e Educação, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo; CREGO, A.; RODRIGUEZ-HOLGUÍN, S.; PARADA, M.; MOTA, N.; CORRAL, M.; CADAVEIRA, F. Reduced anterior prefrontal cortex activation in young binge drinkers during a visual working memory task. Drug Alcohol Depend. 2010; 109: CREWS, F.T.; NIXON, K. Mechanisms of neurodegeneration and regeneration in alcoholism. Alcohol and Alcoholism, 2008; 44: ELLIOTT, E.J.; BOWER, C. Alcohol and pregnancy: the pivotal role of the obstetrician. Aust N Z J Obstet. Gynaecol. 2008; 48: ENNACEUR A.; DELACOUR, J. A new one-trial test for neurobiological studies of memory in rats. 1: Behavioral data. Behavioural Brain Research. 1988; 31: HANDLEY, S. L.; MITHANI, S. Effects of alpha-adrenoceptor agonists and antagonists in a maze-exploration model of fear motivated behaviour. Naunyn Schmiedebergs Arch. Pharmacol. 1984; 327:1-5. HILL, E.M.; CHOW, K. Life-history theory and risky drinking. Addiction. 2002; 97:

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18 MANZO-AVALOS, S.; SAAVEDRA-MOLINA, A. Cellular and Mitochondrial Effects of Alcohol Consumption. Int. J. Environ. Res. Public Health. 2010; 7: MATHURIN, P.; DELTENRE, P. Effect of binge drinking on the liver: an alarming public health issue? Gut. 2009; 58: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Informe sobre a saúde no mundo Disponível em: < Acesso em: 18 de fevereiro de PANDOLFO P.; PAMPLONA F.A.; PREDIGER, R.D.S.; TAKAHASHI, R.N. Increased sensitivity of adolescent spontaneously hypertensive rats, an animal model of attention deficit hyperactivity disorder, to the locomotor stimulation induced by the cannabinoid receptor agonist WIN 55, European Journal of Pharmacology. 2007; 563: PELLOW, S.; CHOPIN, P.; FILE, S.E.; BRILEY, M. Validation of open: closed arm entries in an elevated plus-maze as a measure of anxiety in the rat. Journal of Neuroscience Methods. 1985; 14: PETIT, G.; KORNREICH, C.; VERBANCK, P.; CAMPANELLA, S. Gender differences in reactivity to alcohol cues in binge drinkers: A preliminary assessment of event-related potentials. Psychiatry Research. 2013; 209: PETIT, G.; KORNREICH, C.; VERBANCK, P.; CAMPANELLA, S. Gender differences in reactivity to alcohol cues in binge drinkers: A preliminary assessment of event-related potentials. Psychiatry Research. 2013; 209: REHM, J.; MATHERS, C.; POPOVA, S.; THAVORNCHAROENSAP, M.; TEERAWATTANANON, Y.; PATRA, J. Global burden of disease and injury and economic cost attributable to alcohol use and alcohol-use disorders. Lancet. 2009; 373: ROOM, R.; BABOR T.; REHM, J. Alcohol and public health. Lancet. 2005; 365:

19 SCHUCKIT, M.A. Alcohol-use disorders. Lancet. 2009; 373: SCHUCKIT, M.A. Alcohol-use disorders. Lancet. 2009; 373: SHER, L. Alcohol and suicide: neurobiological and clinical aspects. The Scientific World Journal. 2006; 6: SKALA, K.; WALTER, H. Adolescence and Alcohol: a review of the literature. Neuropsychiatrie. 2013; 27: SPEAR, L.P. The adolescent brain and age-related behavioral manifestations. Neurosci Biobehav Rev. 2000; 24: SPEAR, L.P.; Adolescent brain development and animal models. Ann NY Acad Sci. 2004; 1021: TREIT, D.; MENARD, J.; ROYAN, C. Anxiogenic Stimuli in the Elevated Plus-Maze. Pharmacology Biochemistry and Behavior. 1993; 44: UHART, M.; WAND, G.S. Stress, alcohol and drug interaction: an update of human research. Addict Biol. 2009; 14: ZOU, J.Y.; CREWS, F.T. TNF alpha potentiates glutamate neurotoxicity by inhibiting glutamate uptake in organotypic brain slice cultures: neuroprotection by nf kappa b inhibition. Brain Res. 2005; 1034: DIFICULDADES PARECER DO ORIENTADOR: A aluna se desenvolveu com dedicação e competência durante as atividades relacionadas ao projeto, além de ter apresentado com facilidade na execução do trabalho em equipe, apresentando excelente avaliação. Ainda, solicito a renovação de bolsa da discente. DATA : 10 / 08 / 2015 ASSINATURA DO ORIENTADOR 19

20 ASSINATURA DO ALUNO INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição. FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO : 1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas? 2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho? 3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos propostos? 4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo? 5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório 6. Parecer Final: Aprovado ( ) Aprovado com restrições ( recomendações) Reprovado ( ) ) (especificar se são mandatórias ou 7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório. Data : / /. Assinatura do(a) Avaliador(a) 20