Geofísica. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina. 2.1 Sismicidade

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Geofísica. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina. 2.1 Sismicidade"

Transcrição

1 Sismicidade2 Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina 2.1 Sismicidade Fraturas, falhas e o movimento das falhas Elementos de mecanismo focal: o modelo de Reid (rebote elástico) Intensidade sísmica e magnitude sísmica Intensidade Magnitude sísmica Referências Licenciatura em Ciências USP/ Univesp

2 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Sismicidade O termo sismicidade se refere à descrição da atividade sísmica. Ele pode ser aplicado à toda Terra ou a uma região em particular. A sismicidade se refere, em parte, à geografia da atividade sísmica, ou seja, à distribuição dos terremotos em uma região ou no planeta inteiro. Além disso, o termo sismicidade se refere às características físicas da atividade sísmica: energia liberada, profundidade onde ocorre a liberação de energia, a frequência com que ocorrem os terremotos, a natureza dos movimentos crustais que causam os sismos e os efeitos macroscópicos produzidos. O termo sismicidade também tem um sentido descritivo, que permite comparar a atividade sísmica em regiões diferentes. Por exemplo, no Nordeste brasileiro, especialmente na região de João Câmara (RN), a atividade sísmica é mais frequente do que na região Sudeste, o que pode ser expresso dizendo que a sismicidade do Nordeste é maior do que a do Sudeste. Por outro lado, a atividade sísmica da Itália é muito maior do que a do Nordeste brasileiro. Lá ocorrem terremotos com uma frequência muito maior e a energia liberada é muito maior. A sismicidade da Itália é, portanto, muito maior do que a do Nordeste brasileiro. Para o estudo da sismicidade, foram introduzidos, ao longo da evolução da sismologia como ciência, uma série de termos descritivos. Os sismos de João Câmara A cidade de João Câmara, RN, presenciou em 1986 a maior atividade sísmica já observada no território nacional. O primeiro evento teve magnitude 4,3 e ocorreu em 21/8/1986, seguido de dois outros com magnitudes 4,3 e 4,4 no mês seguinte. Nas semanas seguintes, a atividade sísmica foi diminuindo, mas em 30/11/1986 ocorreu o evento mais significativo, com magnitude 5,1, acompanhado por centenas de sismos menores posteriores, que são chamados réplicas. Alguns desses sismos menores chegaram a atingir magnitude maior do que 4,0. Mais de 65 mil eventos foram registrados na região entre os anos de 1986 e Cerca de casas foram danificadas, e diversas foram reconstruídas com padrões resistentes para suportar uma eventual nova atividade sísmica na região. Os estudos concluíram que essa atividade sísmica está relacionada a algumas falhas rasas presentes na região. A liberação de energia elástica por um terremoto ocorre em um volume finito e muitas vezes extenso de rocha. O ponto onde se inicia o processo de liberação de energia é chamado foco ou hipocentro (H). A projeção desse ponto sobre a superfície da Terra, segundo uma linha que passa pelo foco e é perpendicular à superfície, recebe o nome de epicentro (E). A distância entre o foco e o epicentro recebe o nome de profundidade focal (h) (Figura 2.1).

3 32 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 A distância entre o epicentro de um terremoto e um ponto onde ele é sentido, ou observado, é chamada distância epicentral. Quando o ponto de observação é próximo ao epicentro, a ponto de se poder aproximar a superfície da Terra por um plano pode-se expressar a distância epicentral em unidade de comprimento, normalmente em quilômetros, medidos ao longo de uma linha reta entre os dois pontos. Quando o ponto de observação é muito distante, como no caso de um observatório sísmico no Brasil registrando um sismo no Japão, costuma-se expressar a distância na forma de um ângulo com vértice no centro da Terra, normalmente Figura 2.1: Definição de hipocentro (H), ou foco, designado por Δ, e medido ao longo de um círculo máximo. profundidade focal (h) e epicentro (E). A Figura 2.2 ajuda a esclarecer a definição. Círculo máximo é o círculo traçado sobre a superfície da Terra que tem como raio, o próprio raio do planeta, admitindo-se para o planeta uma aproximação esférica. Os meridianos são círculos máximos. Os paralelos, com exceção do equador, não são círculos máximos. Demonstra-se em geometria, que a menor distância entre dois pontos localizados na superfície de uma esfera é o menor arco de um círculo máximo que pode ser traçado entre os pontos. Figura 2.2: Definição de distância epicentral (Δ) 2 Sismicidade

4 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 33 As distâncias epicentrais podem ser classificadas como 1 O estudo da sismicidade requer que se estabeleça para comparação de eventos diferentes, uma forma de se medir o tamanho de um terremoto. No final do século XIX e no início do século XX, os terremotos eram classificados pelos seus efeitos macroscópicos. Essa forma de medir, conhecida como escala de intensidade, é muito imprecisa porque depende de fatores que não têm relação com o sismo: a qualidade das edificações dos locais onde ocorrem os sismos, por exemplo. Essa qualidade varia de região para região e de país para país. Magnitude, que será definida de forma rigorosa mais adiante, é uma forma de classificar os sismos utilizando uma medida cuja variação acompanha a variação da energia liberada pelo terremoto. locais ou regionais, quando Δ é menor ou igual 10. Lembrando que o raio médio da Terra é de km, a distância correspondente a 10 ao longo de um círculo máximo é km. Sismos com distâncias epicentrais maiores são chamados de sismos distantes. O número de terremotos que ocorrem na Terra toda durante um ano é muito grande. Desde o final do século XIX foram catalogados diversos terremotos que ocorreram e que foram identificados e localizados de forma precisa. A Figura 2.3 mostra a distribuição geográfica dos epicentros de terremotos grandes e moderados ocorridos entre (1977 e 1986). Nessa figura não estão representados terremotos de pequeno tamanho 1. Figura 2.3: Distribuição geográfica dos epicentros de terremotos grandes e moderados (magnitude m > 5). A observação da Figura 2.3 mostra que os terremotos não ocorrem de forma igualmente distribuída na superfície da Terra. Ao contrário, eles se concentram em faixas relativamente estreitas. Por exemplo, na escala desse mapa, os epicentros dos terremotos ocorridos na bacia do oceano Atlântico definem uma linha que divide a bacia pelo meio. O mesmo ocorre em outras bacias oceânicas. Por outro lado, a localização dos epicentros dos terremotos no extremo oriente apresenta um espalhamento lateral maior. A localização dos epicentros dos terremotos ocorridos desde o arquipélago dos Açores, passando pela bacia do Mediterrâneo, pelo Oriente Médio e pelo norte da Índia, define uma faixa ainda mais larga.

5 34 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 Independentemente da largura desses cinturões de atividade sísmica, fica evidente que existem extensas regiões tanto nos continentes quanto nos oceanos onde a atividade sísmica é muito menor do que nos cinturões. Existem poucos epicentros de sismos grandes e moderados localizados no território brasileiro e no território russo, por exemplo. A costa leste dos Estados Unidos, por sua vez, tem uma sismicidade bem maior, mas ainda assim muito menor do que a da costa oeste daquele país, onde se pode definir um cinturão de sismicidade alta. A maior liberação da energia sísmica na Terra, cerca de 80%, ocorre no grande cinturão de atividade sísmica que circunda a bacia do Oceano Pacífico, chamado cinturão Circum-Pacífico. A Figura 2.4, que representa os terremotos grandes (magnitude 6) ocorridos entre 1900 e 2011, mostra uma concentração muito forte desses eventos no cinturão Circum-Pacífico. Figura 2.4: Localização geográfica dos terremotos de grande magnitude ocorridos entre 1900 e Quase todo o resto da energia sísmica é liberado, principalmente, no cinturão que se estende dos Açores ao sul da Ásia, e nos cinturões de atividade sísmica meso-oceânicos. Um resíduo muito pequeno de energia sísmica é liberado fora dessas regiões. A região do arquipélago do Havaí, por exemplo, apresenta uma atividade sísmica importante. Isso não significa que os terremotos ocorridos fora dos cinturões sísmicos sejam pequenos. Existem exemplos de grandes terremotos longe desses cinturões, como os de Nova Madrid, na bacia do rio Mississipi em 1811 e em 1812, e o de Charleston, em 1886, na costa leste dos Estados Unidos, e o terremoto de Tangshan, no norte da China, em 1976 (Tabela 2.1). 2 Sismicidade

6 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 35 Tabela 2.1: Grandes terremotos ocorridos longe dos cinturões sísmicos. Cidade Data Magnitude Efeitos Nova Madrid, EUA 23/jan/1812 7,5 Fissuras no chão, deslizamentos de terra. Nova Madrid, EUA 16/dez/1811 7,7 Casas e estruturas muito danificadas. Nova Madrid EUA 07/fev/1812 7,7 Cidade completamente destruída Charleston, EUA 01/set/1886 7,3 Trilhos de trem entortados por dezenas de km; nenhuma construção ficou intacta Tanghan, China 27/set/1976 7, vítimas fatais As faixas de alta sismicidade apresentam uma correlação evidente com a topografia. A Figura 2.5 apresenta a topografia da superfície da Terra, tanto na área emersa dos continentes quanto na área coberta pelos oceanos. Figura 2.5: Topografia da superfície terrestre. Tipicamente, as bacias oceânicas apresentam um perfil semelhante ao esquematizado na Figura 2.6. As maiores extensões correspondem a uma topografia relativamente plana com profundidades da ordem de 5000 metros. Essas planícies, chamadas planícies abissais, são cortadas por longas cadeias de elevação, com topografias máximas de metros a metros acima das planícies.

7 36 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 Figura 2.6: Perfil da bacia oceânica na região do Atlântico Sul, com destaque para a cadeia meso-atlântica. Por exemplo, toda a bacia do Atlântico é cortada por uma longa cadeia, chamada cadeia meso-atlântica, que se estende desde o paralelo 75 N, próximo à Groenlândia, até o paralelo 60 S, próximo às ilhas Sandwich do Sul. Outra cadeia (elevação do Pacífico leste) se eleva sobre o assoalho oceânico no leste do oceano Pacífico, com início aproximado no paralelo 45 S, perto da península de Taiato e do arquipélago de los Chonos, no litoral do Chile, até a extremidade norte do golfo da Califórnia, ~ 32 N. Uma comparação entre as Figuras 2.3 e 2.5 mostra que as cadeias meso-oceânicas correspondem aos cinturões de atividade sísmica no assoalho oceânico. Próximos aos continentes, a topografia do assoalho oceânico pode ter três tipos de perfil diferentes. A Figura 2.7 esquematiza dois desses tipos de perfil. 2 Sismicidade

8 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 37 b a Figura 2.7: Perfil do assoalho oceânico em duas situações distintas O perfil da Figura 2.7a mostra a borda da planície oceânica em contato com uma região de extensão irregular, onde a declividade começa a aumentar. Nessa região, conhecida como sopé continental, as profundidades começam a decrescer em direção ao continente. Em seguida, há uma região estreita de alta declividade, conhecida como talude continental.

9 38 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 O perfil termina em uma região de profundidade baixa, conhecida como plataforma continental, com profundidade máxima da ordem de uma centena de metros, que se estende com profundidade decrescente até atingir a linha de costa. As margens continentais desse tipo, conhecido como margem continental do tipo Atlântico, apresentam, na sua maior extensão, atividade sísmica baixa. O perfil da Figura 2.7b mostra a planície abissal terminando em uma região estreita que atinge profundidades muito grandes de metros ou mais, conhecidas como fossas marinhas. No lado da fossa marinha oposto à planície abissal, ergue-se acima do nível do mar um conjunto de ilhas formando um arquipélago com um formato arqueado. Esse tipo de perfil recebe o nome de arco de ilhas, cujos exemplos mais mencionados ocorrem na costa leste da Ásia e na costa sul do Alaska e incluem as ilhas Aleutas, as ilhas Kurilas, o arquipélago japonês e as ilhas Filipinas. Afastando-se ainda mais da fossa oceânica, existe ainda uma região coberta por oceano. Em alguns casos, como o do arco do Japão, o assoalho oceânico tem profundidade variável e se estende até a linha de costa da Ásia. A estrutura revelada pela topografia do fundo oceânico nesse arquipélago é complexa e será discutida em detalhes mais adiante no curso. Em outros casos, como na região das Antilhas Menores, tem-se uma bacia oceânica. O terceiro tipo de margem continental está esquematizado na Figura 2.8. Nesse caso, a planície abissal termina em uma região de profundidade alta, formando fossas oceânicas praticamente em contato com o continente. Figura 2.8: Configuração do assoalho oceânico em margens do tipo Andino. 2 Sismicidade

10 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 39 A costa oeste da América do Sul, da América Central e de parte da América do Norte são exemplos desse tipo de margem continental, conhecido como margem continental do tipo andino. Ao contrário do que ocorre nas margens continentais do tipo Atlântico, as margens continentais em arco de ilha e do tipo andino têm uma sismicidade muito alta. No lado continental, a sismicidade também revela uma forte correlação com a topografia. Parte da atividade observada na faixa que se estende do arquipélago das ilhas dos Açores até o leste da Índia está nitidamente associada a regiões de topografia elevada: os Pirineus, os Apeninos e os Alpes, os Bálcãs, os Montes Cáucasos e a região da Anatólia, que corresponde à parte asiática do território da Turquia, os Montes Zagros, o norte do Irã, o Hindu Kush, que corresponde a parte dos territórios do Afeganistão e do Paquistão e os Himalaias e o platô do Tibete no norte da Índia e no sul da China. Parte da atividade sísmica observada na costa leste das Américas do Sul, Central e do Norte também está associada às topografias elevadas dos Andes, das Serras Madre Ocidental e do Sul, no México, das Montanhas Rochosas nos Estados Unidos e no Canadá e da Cadeia do Alasca. As Figuras 2.9, 2.10 e 2.11 apresentam a distribuição de terremotos moderados e grandes, ocorridos entre 1900 e 2011, classificados agora pela sua profundidade focal em três faixas: terremotos rasos, com profundidade focal entre 0 e 30 km, terremotos com profundidade focal intermediária, entre 30 km e 300 km, e terremotos profundos, com profundidade focal entre 300 km e 700 km. Figura 2.9: Distribuição geográfica dos epicentros de terremotos rasos

11 40 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 Figura 2.10: Distribuição geográfica dos epicentros de terremotos de profundidades intermediárias Figura 2.11: Distribuição geográfica dos epicentros de terremotos profundos. Os terremotos rasos e de profundidade intermediária estão distribuídos em todas as regiões descritas. No entanto, os cinturões meso-oceânicos são caracterizados apenas por terremotos rasos intermediários. A maior parte da sismicidade continental, distante dos cinturões sísmicos, também é caracterizada por pequenas profundidades focais. O cinturão de atividade sísmica 2 Sismicidade

12 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 41 que se estende dos Açores até o sul da Ásia é caracterizado por sismicidade com profundidades focais de rasa a intermediária. A presença de sismos profundos é uma característica marcante das margens continentais do tipo arco de ilha e do tipo andino. A Figura 2.12 mostra perfil da distribuição dos focos dos terremotos ocorridos na costa da América do Sul, entre 20 S e 21 S (margem continental do tipo andino). A atividade sísmica começa próximo à borda da fossa oceânica, com profundidades rasas e intermediárias e se estende por baixo do continente sul americano com profundidades crescentes. Figura 2.12: Perfil vertical dos focos dos terremotos na costa da América do Sul A profundidade dos focos aumenta continuamente, até uma profundidade máxima de 600 km, definindo um plano com uma inclinação entre 30 e 40. Outras margens continentais do tipo andino e do tipo arco de ilha apresentam perfis semelhantes. O ângulo de inclinação varia, grosseiramente entre 30 e 50, e as maiores profundidades focais não ultrapassam aproximadamente 700 km. Sismos com profundidade rasa e intermediária ocorrem também no continente próximo à margem continental.

13 42 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 A atividade sísmica está também frequentemente ligada à atividade vulcânica. A Figura 2.13 mostra os principais centros de atividade vulcânica ocorrida no último milhão de anos. A correlação entre as duas atividades é clara ao longo das cadeias meso-oceânicas e em todo o cinturão Circum- Pacífico, mas também é observável em parte da faixa que se estende dos Açores até o leste da Índia. Figura 2.13: Distribuição dos principais centros de atividade vulcânica no último milhão de anos. Uma região que ainda não foi mencionada, mas convém levar em consideração, porque servirá de argumento para discussões futuras, é o continente africano, em particular o leste da África. A África possui atividade sísmica importante e vulcânica recente no norte do Marrocos e da Argélia que estão relacionados ao cinturão que se inicia nos Açores. O leste da África apresenta uma atividade sísmica formando um cinturão, mais ou menos difuso, principalmente na sua porção sul, que se estende desde a extremidade sul do mar Vermelho, junto ao golfo de Aden, até a África do Sul. Essa atividade sísmica é acompanhada por um alinhamento de vulcões desde o mar Vermelho até a Tanzânia. O Monte Kilimanjaro faz parte desse alinhamento. A atividade sísmica longe dos cinturões de alta sismicidade, em alguns casos, também se associa à atividade vulcânica. O exemplo mais famoso é o arquipélago do Havaí, e o mecanismo gerador desta sismicidade e deste vulcanismo foi um enigma para os geofísicos durante um longo intervalo de tempo. 2 Sismicidade

14 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Fraturas, falhas e o movimento das falhas As rochas da superfície da Terra são todas submetidas a deformações que, ao longo do tempo, podem levar à sua quebra ou fratura. Essas forças podem ter origem em agentes externos, como variações de temperatura, que produzem pequenas fissuras ao longo do volume da rocha, ou, de forma muito mais intensa, devido a forças originadas no interior do planeta que produzem fissuras com extensões de várias centenas de quilômetros ou mais. A origem dessas forças internas que deformam as rochas da superfície da Terra é um dos temas mais importantes da geofísica. No entanto, como se pode imaginar, trata-se de um assunto complexo cujo tratamento será adiado para o fim deste curso, quando as principais evidências e argumentos necessários para a explicação da origem dessas forças terão sido apresentados. As grandes fissuras que se observam na superfície da Terra podem ser classificadas em dois grandes grupos: as fraturas e as a falhas. As fraturas são interrupções na continuidade das rochas nas quais o movimento relativo entre os dois lados da descontinuidade, se existir, é perpendicular à descontinuidade. As dorsais ou cadeias meso-oceânicas são, em parte da sua extensão, fraturas. Essas fraturas são locais de intensa atividade vulcânica atual. Outro exemplo de fratura é, em algumas situações, observado em pedreiras ou cortes de estrada, onde uma rocha sedimentar b é interrompida pela presença de uma rocha vulcânica. O magma, que depois dá origem à rocha vulcânica, quebra a rocha produzindo uma fratura, ou seja, afastando perpendicularmente ambos os lados da descontinuidade, e se introduz na rocha sedimentar (Figura 2.14). Figura 2.14: Elementos geométricos da falha e corte de estrada mostrando intrusão vulcânica / Fonte: b. ceapla2.

15 44 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 Falhas são descontinuidades das rochas onde há, ou houve no passado, movimento paralelo à superfície de descontinuidade. Se observadas em uma escala grande, as superfícies de descontinuidade não são, em geral, planas e apresentam curvaturas tanto na vertical quanto na horizontal. Do ponto de vista geométrico, no entanto, as falhas podem, frequentemente, ser localmente descritas por um plano que, algumas vezes, é chamado de plano da falha. A descrição desse plano no espaço é feita através de três elementos (Figura 2.14a): a. Traço da falha; b. Azimute, ângulo entre 0 e 180, definido a partir do norte verdadeiro, girando o sentido anti-horário até encontrar o traço; c. Azimute, definido de forma alternativa, ângulo entre 0 e 90, definido como o menor ângulo entre o norte verdadeiro e o traço da falha. Nesse caso, é necessário indicar o sentido de rotação; d. Mergulho da falha, definido entre 0 e 90, e direção do mergulho. Considerando, para simplificar a descrição, que a superfície da Terra é plana e horizontal, a intersecção do prolongamento do plano da falha com a superfície horizontal define uma reta chamada traço da falha. A orientação do traço da falha é definida através do ângulo que ele forma com a direção do norte verdadeiro. Por convenção, esse ângulo, que recebe o nome de rumo ou azimute da falha, é medido a partir da direção do norte verdadeiro girando-se no sentido de rotação dos ponteiros do relógio. Definido dessa forma, o rumo é um ângulo contido no intervalo, 0 rumo < 180. Outra forma de definir o rumo é fornecer o ângulo entre o norte verdadeiro entre 0 e 90 e dizer se o traço está a leste ou a oeste. No caso do exemplo da Figura 2.14, o traço da falha está a 127 ou a 53 a oeste. A inclinação do plano da falha em relação ao plano horizontal é definida traçando-se sobre ele uma reta perpendicular ao seu traço. O ângulo de inclinação é então medido entre essa reta e a sua projeção ortogonal no plano horizontal. O usual é medir o mergulho entre 0 e 90 e, para se definir de forma única a posição do plano da falha, é necessário dizer em que direção o plano mergulha. No exemplo da Figura 2.14, o plano da falha representado tem um mergulho de 50 na direção sul-sudoeste. Os movimentos das falhas são sempre movimentos relativos, ou seja, um lado da falha se movimenta em relação ao outro lado. O movimento de uma falha pode ser descrito a partir da composição de dois entre três movimentos típicos: transcorrente, normal e reverso. No movimento transcorrente, os lados do plano da falha escorregam um em relação ao outro, com o deslocamento sendo exclusivamente horizontal, ou seja, exclusivamente na direção do traço da 2 Sismicidade

16 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 45 falha (Figura 2.15). Define-se rejeito direcional da falha transcorrente como o deslocamento relativo dos lados da falha na direção do movimento. No movimento transcorrente, o rejeito direcional pode ser chamado de rejeito horizontal. Figura 2.15: Movimento relativo transcorrente de uma falha e definição de rejeito horizontal. O movimento normal e o movimento reverso são caracterizados pelo fato de o movimento relativo ocorrer exclusivamente na direção do mergulho. No movimento normal, um lado da falha escorrega de forma que dois observadores parados em cada lado da falha se afastam horizontalmente com o movimento. No movimento reverso um dos lados da falha cavalga sobre o outro, aproximando horizontalmente os observadores fixos (Figura 2.16). Figura 2.16: Movimento relativo normal e movimento relativo reverso de uma falha e definição do rejeito de mergulho. No movimento normal, dois observadores afastados inicialmente a uma distância OO 1 2 passam a uma distância maior O' 1O' 2. No movimento reverso, a distância passa a ser O " 1O" 2, menor do que a distância inicial OO 1 2.

17 46 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 Tanto no caso da falha reversa quanto no caso da falha normal, o deslocamento ao longo da direção do mergulho recebe o nome de rejeito de mergulho. A projeção do rejeito de mergulho no plano horizontal define o rejeito horizontal da falha normal ou reversa. O deslocamento ao longo da vertical define o rejeito vertical (Figura 2.17). Figura 2.17: Definição de rejeito de mergulho (rm), rejeito horizontal (rh) e rejeito vertical (rv) em uma falha normal. É fácil ver como esses rejeitos seriam encontrados em uma falha reversa. Os movimentos das falhas não são, necessariamente, só transcorrentes, só normais ou só reversos. É possível existir uma composição entre movimento transcorrente e um dos outros dois movimentos: ou normal ou reverso. Nesse caso, o deslocamento ocorre sobre o plano da falha ao longo de uma direção oblíqua, nem perpendicular nem paralela, ao traço da falha e define o rejeito total ou direcional (Figura 2.18). O rejeito total é composto por um rejeito horizontal e um rejeito de mergulho. O rejeito horizontal é a projeção do rejeito total no plano horizontal e o rejeito vertical é a projeção do movimento da direção vertical. O ângulo entre as direções do rejeito horizontal e o do rejeito total é chamado caimento e o ângulo entre a direção do traço da falha e a direção do rejeito total é chamado obliquidade. 2 Sismicidade

18 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 47 Figura 2.18: Definição de rejeito direcional em uma falha cujo deslocamento combina o movimento transcorrente e o movimento normal. É fácil ver como seria a combinação de movimento transcorrente e o movimento reverso. Definição de obliquidade (α) como o ângulo entre o traço da falha e o segmento que representa o rejeito direcional. Definição de caimento como o ângulo entre o segmento que representa o rejeito horizontal e o segmento que representa o rejeito direcional Elementos de mecanismo focal: o modelo de Reid (rebote elástico) O deslocamento brusco ao longo de uma falha foi associado à ocorrência de terremotos logo no início do desenvolvimento da sismologia por John Milne no Japão e essa associação foi particularmente bem demonstrada no trabalho científico induzido pelo terremoto de São Francisco em 1906, graças à existência de levantamentos geodésicos de precisão na Califórnia. A Califórnia foi anexada ao território americano no final da Guerra mexicano-americana ( ). A partir do início da década de 1850, antes, portanto, da fundação do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, fundado em 1879) levantamentos geodésicos de detalhe começaram a ser realizados naquele Estado. Esses levantamentos consistiam na localização precisa, por triangulação e por levantamento topográfico, em uma rede de pontos de referência fixados ao solo. Essa rede de pontos de referência foi, com o tempo, ampliada e os levantamentos foram repetidos em mais de uma ocasião, de forma que no início do século XX, a Califórnia possuía

19 48 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 um importante acervo de dados geodésicos. Logo após o terremoto de 1906, essa rede de pontos de referência voltou a ser estudada, ou reocupada, como se costuma dizer, e a comparação dos resultados desse último levantamento com dois conjuntos de dados anteriores, um coletado entre 1851 e 1865 e o outro coletado entre 1874 e 1892, forneceu evidências importantes para associar os terremotos à deformação da crosta. A interpretação dessas observações levou H. F. Reid a propor o modelo de rebote elástico. Reid observou que, no intervalo de tempo compreendido entre a realização dos primeiros levantamentos e a ocorrência do terremoto, pontos distantes do traço da falha se moveram, uns em relação aos outros, distâncias da ordem de três metros. Durante o terremoto, o deslocamento também foi considerável, atingindo o valor máximo de 6,6 metros. Além disso, terremotos são fenômenos recorrentes na Califórnia. A Tabela 2.2 lista os principais terremotos históricos ocorridos na região. Tabela 2.2: Principais terremotos ocorridos na Califórnia entre 1850 e Localidade Data Magnitude Fort Tejon 09/01/1857 7,9 Santa Cruz Mountains 08/ ,5 Hayward 21/10/1868 6,8 Owens Valley 26/03/1872 7,4 Oregon Coast 23/11/1873 7,3 Corralitos 24/02/1890 6,3 Imperial Valley 24/02/1892 7,8 Vacaville 19/04/1892 6,4 Winters 21/04/1892 6,4 Calaveras Fault 20/06/1897 6,3 Mare Island 31/03/1898 6,3 Mendocino County 15/04/1898 6,8 Eureka 16/04/1899 7,0 San Jacinto 25/12/1899 6,7 Parkfield 03/03/1901 6,4 2 Sismicidade

20 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 49 Com base nesse conjunto de observações, Reid propôs que ao longo dos anos, forças atuando na crosta terrestre deformam continuamente as rochas, acumulando energia elástica. Os conceitos de esforço, deformação e energia elástica serão apresentados de forma mais rigorosa na próxima aula. No entanto, uma analogia simples com uma tira ou bloco de borracha, ajuda a entender, pelo menos de forma intuitiva, o fenômeno. Se um bloco de borracha for firmemente segurado com as mãos e elas forem movimentadas em sentidos opostos sem rodar o bloco, surge na borracha uma deformação, ou seja, uma mudança de forma (Figura 2.19). a b c Figura 2.19: deformação produzida em um bloco de borracha: a. bloco sem deformação b. bloco com deformação pequena c. bloco muito deformado, próximo da ruptura. A borracha se estira em consequência do par de forças separado pela distância entre as mãos, ou seja, se deforma em consequência do momento das forças aplicadas. Como, para produzir a deformação, tem de ser realizado um trabalho mecânico sobre a borracha, energia mecânica é acumulada. Essa energia de deformação é bem conhecida de qualquer garoto que use um estilingue e é o que permite que uma pedra seja atirada à distância. Se o momento for crescente, a deformação cresce até o ponto em que a borracha se rompe liberando a energia acumulada. Essa energia se transforma em movimento, energia cinética, portanto, e em calor.

21 50 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 a b c d Figura 2.20: Acúmulo de deformação em um bloco crustal: a. bloco crustal com pouca deformação. O traço de falha indica a posição de uma falha pré-existente e inicialmente livre de esforços, ou o local onde uma falha será produzida b. bloco crustal acumulando deformações ao longo do tempo. As deformações se concentram próximo à falha c. esquema indicando a direção (flecha) e a amplitude (tamanho da flecha) do primeiro movimento produzido pela liberação da energia elástica d. bloco crustal novamente com pouca deformação após a ocorrência de um sismo, mas apresentando um escorregamento ao longo de falha pré-existente a formação de uma nova falha. No caso das vizinhanças de uma falha o fenômeno é essencialmente o mesmo. Energia é acumulada até que as faces da falha se movimentam bruscamente, liberando a energia acumulada. Uma parte da energia se transforma em calor, uma parte da energia se transforma em movimento da falha e uma parte da energia se transforma em ondas elásticas. São essas ondas que permitem um terremoto ser observado a grandes distâncias (Figura 2.20). O deslocamento de uma falha pode ser representado por um vetor u com a direção definida pela orientação do plano da falha e, por exemplo, pelo caimento. O produto do módulo do vetor deslocamento u, que é o rejeito total, pela área do segmento da falha onde ocorreu movimento e por uma grandeza física chamada módulo de cisalhamento define o que se chama momento sísmico, que corresponde ao momento das forças agindo em cada lado da falha. O momento sísmico é uma grandeza física diretamente ligada ao processo de ruptura, que dá origem a um terremoto e pode ser determinado a partir dos sismogramas. 2 Sismicidade

22 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Intensidade sísmica e magnitude sísmica Intensidade A forma mais intuitiva de se classificar os terremotos que ocorrem em uma mesma região é comparar os seus efeitos macroscópicos, ou como são modernamente chamados, efeitos macrossísmicos. A ideia de se utilizar efeitos macrossísmicos para descrever um terremoto foi utilizada por Robert Mallet em 1857, estudando um terremoto ocorrido em Nápoles, na Itália. Para se estabelecer uma escala de comparação entre diferentes terremotos, M.S. de Rossi e F. Forel estabeleceram, em 1884, a primeira escala de intensidade sísmica, apresentada no primeiro texto. Como pode ser visto na descrição dos dez níveis da escala Rossi-Forel, a intensidade sísmica não é definida a partir de nenhuma grandeza física do terremoto que possa ser observada ou calculada. Intensidade sísmica classifica os terremotos pelos seus efeitos sobre objetos móveis e sobre as edificações do local, pela reação das pessoas no momento do terremoto e pelas marcas deixadas pelo terremoto sobre a paisagem local. A comparação entre diferentes terremotos que as escalas de intensidade permitem é muito limitada. A primeira limitação está no fato de que as escalas são definidas em uma determinada região e época. A escala de Rossi-Forel, por exemplo, foi definida com base em observações feitas na Europa, principalmente na Itália, no final do século XIX. Um terremoto que aconteça hoje, na Itália, terá provavelmente um efeito sobre um edifício moderno diferente daquele que o mesmo terremoto provocaria em um edifício do mesmo local nos tempos de Rossi e Forel. Por esse motivo as escalas de intensidade foram modificadas ao longo do tempo. A escala modificada de Mercalli, por exemplo, é uma adaptação da escala criada pelo vulcanólogo G. Mercalli para a região sul da Itália em A escala de Mercalli foi posteriormente revista por ele mesmo e por outros sismólogos. Em 1931, H. Wood modificou e simplificou a escala de Mercalli para adequá-la às condições existentes na Califórnia. A intensidade sísmica depende também da geologia local. Logo no início do século XX, o relatório Lawson, que descreveu em detalhe a investigação feita logo em seguida ao terremoto de São Francisco em 1906, mostrou de forma clara que edificações de construção semelhantes localizadas, por exemplo, sobre sedimentos soltos, parcial ou totalmente saturados, respondem, a um mesmo terremoto, de forma diferente das construções sobre rochas consolidadas.

23 52 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 O uso das escalas de intensidade para comparar terremotos de diferentes locais é ainda mais restrito. A aplicação da escala modificada de Mercalli no Japão e no Haiti, só para citar dois eventos recentes, fornece informações que não são comparáveis, uma vez que as condições locais são muito diferentes. Isso não significa que as escalas de intensidade tenham perdido a utilidade. Elas continuam sendo uma forma importante de se coletar de forma rápida informações objetivas sobre os efeitos de um terremoto logo após a sua ocorrência. Além disso, quando um terremoto ocorre em uma região muito remota e para o qual não existem informações instrumentais, a determinação da intensidade sísmica pode ser a única informação disponível. O mesmo acontece com terremotos antigos, ocorridos antes da possibilidade de se ter dados instrumentais em uma região. Os dados de intensidade sísmica são normalmente representados em um mapa onde esses dados são interpolados para traçar, sobre o terreno, linhas que representam a mesma intensidade sísmica, chamadas de isossistas. Essas linhas permitem delimitar as variações da intensidade sísmica em uma região e isolar a região mais fortemente afetada pelo terremoto (essa região é, com alguma frequência, chamada em inglês de meizoseismal region os autores não conhecem nenhuma tradução adequada para o termo, mas a expressão vem da composição das palavras gregas meizon, muito grande, com seismos de terremoto, abalo). A Figura 2.21 mostra o mapa de isossistas de um terremoto ocorrido no Estado de São Paulo no início do século XX (27 de janeiro de 1922) e conhecido como terremoto de Mogi-Guaçu (terremotos como esse são eventos raros no sudeste do Brasil). 2 Sismicidade

24 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 53 Figura 2.21: Mapa de isossistas do sismo de Mogi-Guaçu, São Paulo, ocorrido em 27 de janeiro de Esse sismo foi registrado na estação sismográfica do Rio de Janeiro (RDJ). Os arcos de circunferência indicam as distâncias de 380 km e 450 km da estação RDJ e fornecem uma escala métrica aproximada para a figura. O epicentro macrossísmico desse evento está situado entre essas duas distâncias, aproximadamente na altura do paralelo 22 S. Intensidades de até VI, na escala modificada de Mercalli, foram relatadas e uma magnitude de 5,1, escala mb, foi estimada para o sismo. O sismo de Mogi-Guaçu foi sentido em todo o leste do Estado de São Paulo, na cidade de Santos inclusive, oeste do Estado do Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais. (Extraído de Berrocal e colaboradores, 1984). O centro da região de maior intensidade é, na falta de qualquer outra informação melhor, utilizado como estimativa da localização do epicentro do terremoto, algumas vezes chamado de epicentro macrossísmico. A partir da definição de intensidade sísmica e das limitações decorrentes dessa definição, pode-se imaginar que essa estimativa é frequentemente grosseira Magnitude sísmica As informações não instrumentais sobre as características de um terremoto, mesmo quando quantificadas através de uma escala de intensidade, fornecem informações pouco precisas e exatas. Charles F. Richter, o responsável pela primeira e, certamente, a mais famosa escala de

25 54 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 magnitudes, comenta e exemplifica de forma muito convincente a inadequação do uso de informações não instrumentais. A ideia para o estabelecimento de uma escala para comparação de terremotos a partir de dados instrumentais foi utilizada pela primeira vez por Wadati, no Japão, e posteriormente por Richter durante a preparação do primeiro catálogo sísmico compilado para eventos ocorridos no sul da Califórnia em A escala recebeu o nome de escala de magnitude, para diferenciar claramente a nova medida do conceito de intensidade, e o nome foi emprestado da astronomia, onde se constróem escalas para comparar a luminosidade de estrelas; note que não existe relação alguma entre as duas coisas, apenas o nome magnitude foi transposto para a geofísica. O princípio básico utilizado para o estabelecimento da primeira escala de magnitude sísmica foi o seguinte: se dois terremotos diferentes ocorrerem em um mesmo foco e forem observados em uma mesma estação sismológica, o evento maior deve produzir uma amplitude do movimento do solo maior do que a do evento menor. Por outro lado, terremotos idênticos com origem em focos distintos produzem amplitudes diferentes em uma mesma estação sismográfica, ainda que o material intercalado entre os dois focos e a estação seja homogêneo. A amplitude do movimento do solo decresce como função da distância epicentral do observador de forma análoga ao decréscimo da amplitude de uma onda produzida em um lago (meio homogêneo) pela queda de uma pedra em um ponto da sua superfície (foco). Se duas pedras iguais caírem em queda livre, a partir de uma mesma altura (as pedras chegam com a mesma energia cinética na superfície da água) em pontos diferentes do lago em relação a um observador fixo (diferentes distâncias epicientrais em relação à mesma estação sismológica), a pedra que cair mais próximo produzirá uma amplitude maior no movimento da água, na posição do observador, do que a pedra que cair mais longe. Se duas pedras caírem de alturas diferentes em um mesmo ponto (as pedras atingem a superfície da água com energias cinéticas diferentes), a pedra que cair de uma altura maior provocará a maior amplitude da onda no ponto de observação. O motivo do decréscimo da amplitude das ondas na superfície do lago está no fato de que elas carregam, para longe do ponto de impacto, a energia depositada na superfície da água pela queda da pedra. A energia carregada está relacionada à amplitude da onda, uma vez que o afastamento em relação à posição de equilíbrio da superfície da água representa energia gravitacional armazenada na onda. Como a onda gerada no lago forma uma circunferência com raio progressivamente crescente e a energia total é fixa, a conservação de energia mecânica impõe o decréscimo de 2 Sismicidade

26 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 55 amplitude com o afastamento do ponto de origem. Essa diminuição de amplitude recebe o nome de atenuação geométrica, ou espalhamento geométrico. Uma coisa análoga acontece durante um terremoto. As ondas elásticas também sofrem espalhamento geométrico no interior da Terra. Richter foi feliz no estabelecimento da sua escala de magnitude porque, no início da década de 1930, todos os registros de sismos no sul da Califórnia eram feitos com o mesmo tipo de sismógrafo, todos ajustados para responder de forma igual a movimentos iguais do solo. A amplitude do movimento registrada no sismograma não é igual à da amplitude do movimento do solo, porque o instrumento de medida introduz uma série de alterações, sendo a mais evidente a amplificação do movimento para permitir o registro de um sinal que, de outra forma, seria imperceptível na maioria dos casos. Como Richter utilizou equipamentos idênticos calibrados de forma idêntica, a comparação pôde ser feita diretamente através dos registros. As amplitudes máximas do movimento do solo foram medidas em um número grande de registros usando uma escala expressa em milímetros e com precisão para medir até décimos de milímetro. As amplitudes observadas foram muito variáveis, indo de 0,1 mm a 10 ou 12 cm, ou seja, o intervalo de variações corresponde a mais de vezes a menor amplitude medida. Quando variações desse tipo ocorrem, é difícil, quando não impossível, interpretar graficamente todos os resultados em conjunto e convém utilizar, não a medida propriamente dita, mas o seu logaritmo calculado em uma base escolhida como padrão. Com isso, o conjunto de dados fica graficamente menos variável e interpretações envolvendo toda a faixa de medidas se tornam mais fáceis, ou mesmo possíveis. Qualquer base serve desde que o objetivo de interpretar conjuntamente todos os resultados seja atingido. No entanto, o uso geral consagrou a base 10 como padrão, porque ela permite analisar dados muito variáveis, e Richter utilizou essa base.

27 56 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 A análise dos dados de terremotos feita por Richter consistiu em construir um diagrama cartesiano, onde a distância epicentral em quilômetros de um mesmo sismo a diferentes estações sismológicas foi associada ao eixo das abscissas, enquanto o logaritmo da amplitude das ondas sísmicas observadas nessa estação foi associada ao eixo das ordenadas. Um diagrama assim obtido mostra o efeito da atenuação geométrica sobre a amplitude do movimento do solo no local de observação. O processo foi repetido para todo o conjunto de sismos observados no sul da Califórnia, mostrando que, embora cada sismo tivesse a sua curva de atenuação geométrica, as curvas eram, Figura 2.22: Esquema do diagrama da amplitude em função da distância aproximadamente, paralelas (Figura 2.22). epicentral para sismos da Califórnia utilizado por Richter para definir a escala de magnitudes. A função logaritmo tem uma propriedade importante, que diz que a diferença entre os logaritmos de duas amplitudes é igual ao logaritmo da razão entre essas amplitudes. Se o paralelismo entre duas curvas de atenuação correspondentes a dois sismos diferentes fosse perfeito, a razão entre as amplitudes correspondentes a uma mesma distância epicentral nas duas curvas seria independente da própria distância epicentral. Usando esse fato, Richter traçou arbitrariamente uma curva de atenuação teórica em média paralela às curvas observadas e passando pelo ponto definido pelo par ordenado (distância epicentral de 100 km, logaritmo decimal da amplitude igual a um). Richter definiu magnitude (M) de um sismo como a distância ao longo do eixo das ordenadas entre a curva de atenuação desse sismo e a curva padrão. Com essa definição a curva padrão passou a corresponder a uma magnitude igual a zero. A curva padrão foi escolhida com um valor relativamente pequeno de amplitude na distância epicentral padrão de 100 km, de forma que a magnitude de muitos terremotos fosse superior à magnitude do terremoto padrão. Isso não significa, no entanto, que não existam terremotos 2 Sismicidade

28 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 57 com magnitudes negativas. Magnitude negativa significa apenas que o terremoto produziu, na distância epicentral de 100 km, um movimento do solo com amplitude menor do que a amplitude que seria produzida pelo terremoto padrão. O procedimento desenvolvido por Richter para definir uma escala de magnitudes é engenhoso, mas tem uma limitação identificada por ele mesmo. Uma vez que a escala de magnitude foi definida de forma empírica utilizando dados sísmicos do sul da Califórnia, é de se esperar que ela só permita a comparação de sismos ocorridos no sul da Califórnia. O conceito de magnitude foi posteriormente generalizado para permitir a comparação de terremotos com epicentros em qualquer lugar na superfície da Terra. Para esse tipo de comparação, é necessário especificar o tipo de onda sísmica que é utilizado para a atribuição do valor da magnitude. Usualmente, utilizam-se as amplitudes máximas das ondas de volume e as amplitudes máximas das ondas de superfície. A escala baseada na medida das amplitudes de ondas de volume é a escala de magnitude m. A escala baseada na medida de amplitudes de superfície é a escala M. As escalas baseadas na medida de amplitudes máximas de um tipo definido de onda têm a forma geral: a M = log + f ( Δ, h) + C T Sendo a a amplitude máxima do movimento do solo, neste caso para ondas de superfície, T é o período dominante da onda e h é a profundidade focal. A distância epicentral Δ é expressa como o ângulo entre o epicentro e a estação sismográfica, medido ao longo do círculo máximo que passa pelos dois pontos. A função f(δ,h) é um termo empírico, derivado de um número muito grande de observações, que permite corrigir o decréscimo da amplitude das ondas sísmicas devido, principalmente, ao espalhamento geométrico. A função f(δ,h) reduz todas as observações a uma distância epicentral correspondente a 100 km. O termo C também é encontrado de forma empírica e tem a função de remover a influência da estrutura geológica nas proximidades da estação. Se essas correções fossem perfeitas, todos os terremotos seriam perfeitamente comparáveis. Isso não é exatamente verdade, mas, mesmo assim, escalas de magnitude definidas na forma da equação 2.1 permitem uma comparação mais objetiva entre terremotos ocorridos em lugares muito diferentes. 2.1

29 58 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 As escalas de magnitude de ondas de volume m e ondas de superfície M podem ser relacionadas pela relação empírica M = 1,59 m - 3, Além disso, uma relação empírica entre a magnitude, por exemplo, M, e a energia elástica liberada (E) pode ser escrita na forma log (E ) = 1,44 M + 5, onde a energia E está expressa em joules. Como tanto a relação (2.2) como a relação (2.3) são derivadas exclusivamente de observações sismológicas, elas têm um intervalo de valores do seu argumento para o qual a estimativa fornecida é precisa. De uma forma geral elas representam uma boa aproximação no intervalo de magnitudes 4 M 7. Fora desse intervalo, as equações fornecem aproximações mais pobres. As escalas de magnitude definidas seguindo a ideia original de Richter têm em comum o fato de serem relações empíricas, que não estão ligadas diretamente a nenhuma característica do processo de liberação de energia durante a ocorrência de um terremoto. Estudos sobre mecanismo focal, ou sobre os processos que levam à ruptura da rocha e à geração de um terremoto, mostraram que o tamanho de um terremoto pode ser medido pelo seu momento sísmico. Embora o valor do momento sísmico permita classificar o tamanho dos diferentes terremotos, o seu uso direto não é muito prático. Em função disso, definiu-se uma escala de magnitudes, baseada no momento sísmico m W, que tem sido progressivamente mais utilizada. As escalas de magnitude baseadas no princípio utilizado por Richter, no entanto, continuam sendo largamente utilizadas. 2 Sismicidade

30 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 2 59 Referências Stacey, F. D. Physics of the Earth. 2. ed. New Jersey: John Wiley and Sons, Berrocal, J. et al. Sismicidade do Brasil.São Paulo: IAG-USP/CNEN, Charles, R. Elementary Seismology. San Francisco: W.H. Freeman, Disponível em: < Acesso: sd. Glossário Cisalhamento: Módulo de cisalhamento é um dos parâmetros que definem a deformação de um sólido quando submetido a forças externas. Uma definição rigorosa de módulo de cisalhamento será fornecida na próxima aula, quando forem discutidos os elementos da teoria da elasticidade. Por enquanto basta saber que a sua unidade é unidade de força/unidade de área, a mesma unidade da pressão hidrostática, embora o seu sentido físico seja diferente. O momento sísmico, da forma como foi definido tem unidade de força x unidade de comprimento, que é a unidade física de trabalho e de momento de força. Energia acumulada: No caso do bloco de borracha, o esforço aplicado tem de produzir a ruptura do bloco. No caso de uma falha geológica pré-existente, a energia acumulada tem de superar o atrito estático entre as faces da falha. A energia para que isso aconteça é menor do que a energia necessária para gerar uma ruptura em uma rocha inicialmente livre de falhas. Geodésicos: Geodésia é a ciência que se ocupa da determinação da forma, das dimensões e do campo de gravidade da Terra. Guerra mexicano-americana: Um leitor interessado em aspectos históricos deve procurar se informar sobre a Guerra Mexicano-Americana e sobre o tratado de Guadalupe-Hidalgo que pôs fim a essa guerra.

- FOCO, - EPICENTRO: - PROFUNDIDADE FOCAL: - DISTÂNCIA EPICENTRAL: - MAGNITUDE: - INTENSIDADE:

- FOCO, - EPICENTRO: - PROFUNDIDADE FOCAL: - DISTÂNCIA EPICENTRAL: - MAGNITUDE: - INTENSIDADE: 1 Terremoto (ou abalo sísmico) é a liberação instantânea de energia que gera ondas elásticas que se propagam pela Terra. Para ocorrer um terremoto, é necessário haver condições para o acúmulo de esforços

Leia mais

Sismologia Parte 3. Prof. George Sand França

Sismologia Parte 3. Prof. George Sand França Sismologia Parte 3 1 Intensidade sísmica e Magnitude Intensidade sísmica é uma classificação dos efeitos que as ondas sísmicas provocam em um determinado lugar. Escala Mercalli Modificada (MM) Mapa de

Leia mais

COLÉGIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO ANO LETIVO 2013/2014

COLÉGIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO ANO LETIVO 2013/2014 COLÉGIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO ANO LETIVO 2013/2014 FICHA DE TRABALHO DE GEOLOGIA - SISMOLOGIA NOME: TURMA: N.º: DATA: 1. Durante o sismo de Loma Prieta (São Francisco, EUA, 1989), ocorreu o colapso do

Leia mais

Tremores de terra no Brasil e em Bebedouro

Tremores de terra no Brasil e em Bebedouro Universidade de São Paulo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Departamento de Geofísica Tremores de terra no Brasil e em Bebedouro Prof. Marcelo Assumpção Terremotos e vulcões no

Leia mais

GEOLOGIA PROF. LIONEL BRIZOLA

GEOLOGIA PROF. LIONEL BRIZOLA GEOLOGIA PROF. LIONEL BRIZOLA A Estrutura Richat é um local no deserto do Saara (Mauritânia), semelhante a um gigantesco alvo, com um diâmetro de aproximadamente 50 km. É também conhecido como O Olho

Leia mais

A estrutura da Terra. Prof. Eder C. Molina IAGUSP.

A estrutura da Terra. Prof. Eder C. Molina IAGUSP. 1 Prof. Eder C. Molina IAGUSP http://www.iag.usp.br/~eder/deriv.ppt 2 Raio médio: 6.371 km Densidade média: 5,5 g cm -3 Massa: 5,976 x10 24 kg Temperatura superficial média: 15 o C Pressão atmosférica

Leia mais

FICHA (IN)FORMATIVA Nº 2 Biologia e Geologia Módulo 2

FICHA (IN)FORMATIVA Nº 2 Biologia e Geologia Módulo 2 FICHA (IN)FORMATIVA Nº 2 Biologia e Geologia Módulo 2 Sismologia Sismo Abalo brusco da superfície da Terra provocado por uma súbita libertação de energia no seu interior. Os sismos tectónicos originam-se

Leia mais

FICHA (IN)FORMATIVA Nº 2 Biologia e Geologia Módulo 2

FICHA (IN)FORMATIVA Nº 2 Biologia e Geologia Módulo 2 FICHA (IN)FORMATIVA Nº 2 Biologia e Geologia Módulo 2 Sismologia Sismo Abalo brusco da superfície da Terra provocado por uma súbita libertação de energia no seu interior. Os sismos tectónicos originam-se

Leia mais

SISMOLOGIA. Figura 1- Movimento das partículas do terreno durante a passagem das ondas de volume P e S.

SISMOLOGIA. Figura 1- Movimento das partículas do terreno durante a passagem das ondas de volume P e S. 1 1. INTRODUÇÃO SISMOLOGIA Apresentamos os conceitos básicos de Sismologia, a ciência que estuda os sismos. Sismologia é o ramo da geofísica que estuda os terremotos (ou sismos): suas causas e efeitos,

Leia mais

SISMICIDADE E ESTRUTURA INTERNA DA TERRA

SISMICIDADE E ESTRUTURA INTERNA DA TERRA SISMICIDADE E ESTRUTURA INTERNA DA TERRA AS PRINCIPAIS CAMADAS DA TERRA # A maior parte do interior da Terra é inacessível às observações diretas. Para conhecer sua constituição interna, é necessário recorrer

Leia mais

Geologia Geral. Discussão I. user 02/03/05. 1 Dimensões, composição e estrutura interna da Terra. Título aqui 1

Geologia Geral. Discussão I. user 02/03/05. 1 Dimensões, composição e estrutura interna da Terra. Título aqui 1 Geologia Geral Investigando o Interior de Terra. 1 Dimensões, composição e estrutura interna da Terra; 2 - Terremotos; 3 - Magnetismo terrestre. 1 Dimensões, composição e estrutura interna da Terra A maior

Leia mais

Geofísica. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina

Geofísica. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina Tectônica de Placas9 Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina 9.1 Elementos de determinação do movimento de falhas durante um terremoto 9.2 Tectônica de placas: o conceito geral 9.3 Placas tectônicas

Leia mais

Aula-00 (Introdução / Terremotos e Teoria do Rebote):

Aula-00 (Introdução / Terremotos e Teoria do Rebote): Roteiro de Estudo Neste roteiro vocês encontram mais de 100 perguntas que vocês devem estar tentando responder ao revisar o material apresentado em aula e mesmo as suas anotações para se prepararem para

Leia mais

A Terra estremece cerca de um milhão de vezes por ano

A Terra estremece cerca de um milhão de vezes por ano A Terra estremece cerca de um milhão de vezes por ano SISMO vibração das partículas dos materiais do globo terrestre originada pela libertação brusca de energia acumulada numa zona do interior da Terra,

Leia mais

2 - Qual a onda de superfície mais rápida? Love ou Rayleigh? Como a onda de superfície pode auxiliar na estimativa da profundidade focal do evento?

2 - Qual a onda de superfície mais rápida? Love ou Rayleigh? Como a onda de superfície pode auxiliar na estimativa da profundidade focal do evento? Lista de Sismologia 1 - Defina onda de corpo e onda de superfície. Mostre os tipos. 2 - Qual a onda de superfície mais rápida? Love ou Rayleigh? Como a onda de superfície pode auxiliar na estimativa da

Leia mais

A ORIGEM DA TERRA CAPÍTULO 1 2º PERÍODO

A ORIGEM DA TERRA CAPÍTULO 1 2º PERÍODO A ORIGEM DA TERRA CAPÍTULO 1 2º PERÍODO CONCEPÇÃO DO INÍCIO DA FORMAÇÃO DA LITOSFERA PANGEIA O INÍCIO DA SEPARAÇÃO DA PANGEA FÓSSEIS ENCONTRADOS POR WEGENER MODELO DO MOVIMENTO PROPOSTO POR WEGENER OS

Leia mais

RELEVO CONTINENTAL: AGENTES INTERNOS. PROFº Me- CLAUDIO F. GALDINO - GEOGRAFIA

RELEVO CONTINENTAL: AGENTES INTERNOS. PROFº Me- CLAUDIO F. GALDINO - GEOGRAFIA RELEVO CONTINENTAL: AGENTES INTERNOS PROFº Me- CLAUDIO F. GALDINO - GEOGRAFIA Oferecimento Fábrica de Camisas Grande Negão RELEVO É toda forma assumida pelo terreno (montanhas, serras, depressões, etc.)

Leia mais

AGG0232 Sísmica I Lista 1 Ondas P e S Universidade de São Paulo / IAG - 1/5. Ondas P e S

AGG0232 Sísmica I Lista 1 Ondas P e S Universidade de São Paulo / IAG - 1/5. Ondas P e S AGG0232 Sísmica I Lista 1 Ondas P e S Universidade de São Paulo / IAG - 1/5 Ondas P e S A Figura 1 mostra como se propagam as ondas sísmicas P e S. Neste exemplo as ondas se propagam na direção x. Cada

Leia mais

Terremotos. João Carlos Dourado Departamento de Geologia Aplicada IGECE Campus Rio Claro UNESP

Terremotos. João Carlos Dourado Departamento de Geologia Aplicada IGECE Campus Rio Claro UNESP Terremotos João Carlos Dourado Departamento de Geologia Aplicada IGECE Campus Rio Claro UNESP jdourado@rc.unesp.br Terremoto O que é um terremoto? Como são formados? Quais os tipos de sismos? Onde ocorrem?

Leia mais

Actividade Sísmica Fevereiro 2011 Relatório-Síntese

Actividade Sísmica Fevereiro 2011 Relatório-Síntese Actividade Sísmica Fevereiro 211 Relatório-Síntese CONTEÚDOS Sede do IM, I.P. 1 Resumo Mensal 2 Resumo da Sismicidade Continente 6 Resumo da Sismicidade no Arquipélago dos Açores 8 Sismicidade Global Mensal

Leia mais

Tremores de Dezembro de 2015 / Janeiro de 2016 em Londrina - PR

Tremores de Dezembro de 2015 / Janeiro de 2016 em Londrina - PR Tremores de Dezembro de 2015 / Janeiro de 2016 em Londrina - PR Relatório Técnico N 2 22/01/2016 Elaborado pelo Centro de Sismologia da USP IAG/IEE* (*) Serviço Técnico de Exploração Geofísica e Geológica

Leia mais

Frank Press Raymond Siever John Grotzinger Thomas H. Jordan. Entendendo a Terra. 4a Edição. Cap 2: Placas Tectônicas: A Teoria Unificada

Frank Press Raymond Siever John Grotzinger Thomas H. Jordan. Entendendo a Terra. 4a Edição. Cap 2: Placas Tectônicas: A Teoria Unificada Frank Press Raymond Siever John Grotzinger Thomas H. Jordan Entendendo a Terra 4a Edição Cap 2: Placas Tectônicas: A Teoria Unificada Lecture Slides prepared by Peter Copeland Bill Dupré Copyright 2004

Leia mais

Esta região azul mais clara é a plataforma continental brasileira. Oceano Atlântico. Belo Horizonte. Salvador. Rio de Janeiro Grande São Paulo

Esta região azul mais clara é a plataforma continental brasileira. Oceano Atlântico. Belo Horizonte. Salvador. Rio de Janeiro Grande São Paulo A TERRA POR DENTRO E POR FORA PLANETA TERRA VISTA POR MEIO DE UM SATÉLITE Esta região azul mais clara é a plataforma continental brasileira. Belo Horizonte Oceano Atlântico Salvador Rio de Janeiro Grande

Leia mais

Origem dos terremotos no Nordeste

Origem dos terremotos no Nordeste ComCiência no.117 Campinas 2010 ARTIGO Origem dos terremotos no Nordeste Por Paulo de Barros Correia O Brasil é um país abençoado por Deus porque aqui não há terremotos. Quem nunca ouviu esta frase? Infelizmente

Leia mais

Atividade Sísmica Setembro 2011 Relatório-Síntese

Atividade Sísmica Setembro 2011 Relatório-Síntese Atividade Sísmica Setembro 2 Relatório-Síntese CONTEÚDOS Sede do IM, I.P. Resumo Mensal 2 Resumo da Sismicidade Continente Resumo da Sismicidade Madeira 7 Resumo da Sismicidade - Açores Sismicidade Global

Leia mais

Atividade Sísmica Os sismos

Atividade Sísmica Os sismos Atividade Sísmica Os sismos Os movimento das placas litosféricas ou das falhas ocasionam a acumulação de energia, que, ao libertar-se bruscamente, dá origem a um sismo. A energia libertada pela rutura

Leia mais

GEOGRAFIA SÉRIE: 1º ano DERIVA CONTINENTAL Profº Luiz Gustavo Silveira

GEOGRAFIA SÉRIE: 1º ano DERIVA CONTINENTAL Profº Luiz Gustavo Silveira GEOGRAFIA SÉRIE: 1º ano DERIVA CONTINENTAL Profº Luiz Gustavo Silveira GEOGRAFIA FÍSICA Prof. Luiz Gustavo Silveira DERIVA CONTINENTAL PANGÉIA GRANDE MASSA CONTINENTAL PANTALASSA OCEANO CONTÍNUO PROCESSO

Leia mais

Sismologia Biologia e Geologia 10º ano Natércia Charruadas

Sismologia Biologia e Geologia 10º ano Natércia Charruadas Sismologia Biologia e Geologia 10º ano Natércia Charruadas 1 Actualidade Haiti 2 Sismo Morte Destruição Pânico Intensidade Magnitude Epicentro Réplicas Alerta de tsunami Ajuda humanitária Com base nos

Leia mais

Ficha Formativa Sismologia 10º Ano

Ficha Formativa Sismologia 10º Ano Ficha Formativa Sismologia 10º Ano Ficha do Professor Os sismos representam uma série de fenómenos que têm lugar na maioria dos casos no interior da Terra. A actividade sísmica é um testemunho do dinamismo

Leia mais

Ficha Formativa Sismologia 10º Ano

Ficha Formativa Sismologia 10º Ano Ficha Formativa Sismologia 10º Ano Os sismos representam uma série de fenómenos que têm lugar na maioria dos casos no interior da Terra. A actividade sísmica é um testemunho do dinamismo interno do nosso

Leia mais

O que é um sismo? Um sismo é um movimento da litosfera, por vezes brusco e violento.

O que é um sismo? Um sismo é um movimento da litosfera, por vezes brusco e violento. SISMOS O que é um sismo? Um sismo é um movimento da litosfera, por vezes brusco e violento. Como se origina um sismo? Um sismo origina-se devido a uma libertação brusca de energia. 2 O que origina essa

Leia mais

Sismologia. AGG 0110 Elementos de Geofísica. Prof. Dr. Marcelo B. de Bianchi

Sismologia. AGG 0110 Elementos de Geofísica. Prof. Dr. Marcelo B. de Bianchi AGG 0110 Elementos de Geofísica Sismologia Prof. Dr. Marcelo B. de Bianchi m.bianchi@iag.usp.br Contatos: Centro de Sismologia USP @: m.bianchi@iag.usp.br F: (11) 3091-4743 M:(11) 9820-10-930 2016 Programação

Leia mais

Actividade Sísmica Janeiro 2011 Relatório-Síntese

Actividade Sísmica Janeiro 2011 Relatório-Síntese Actividade Sísmica Janeiro 211 Relatório-Síntese CONTEÚDOS Sede do IM, I.P. 1 Resumo Mensal 2 Resumo da Sismicidade Continente 6 Resumo da Sismicidade no Arquipélago dos Açores 8 Sismicidade Global Mensal

Leia mais

O que é hidrografia? É o ciclo da água proveniente tanto da atmosfera como do subsolo.

O que é hidrografia? É o ciclo da água proveniente tanto da atmosfera como do subsolo. O que é hidrografia? É o ciclo da água proveniente tanto da atmosfera como do subsolo. Rios São cursos d água com leito ou canal bem definidos. São formados pelo encontro das águas do escoamento superficial

Leia mais

Atividade Sísmica Maio 2012 Relatório-Síntese

Atividade Sísmica Maio 2012 Relatório-Síntese Atividade Sísmica Maio 2012 Relatório-Síntese CONTEÚDOS Sede do IM, I.P. 01 Resumo Mensal 02 Resumo da Sismicidade Continente 0 Resumo da Sismicidade Madeira 06 Resumo da Sismicidade - Açores 09 Sismicidade

Leia mais

O relevo terrestre e seus agentes. - Relevo: diversas configurações da crosta terrestre (montanhas, planícies, depressões etc).

O relevo terrestre e seus agentes. - Relevo: diversas configurações da crosta terrestre (montanhas, planícies, depressões etc). O relevo terrestre e seus agentes - Conceito de relevo e seus agentes: - Relevo: diversas configurações da crosta terrestre (montanhas, planícies, depressões etc). - Agentes que desenham o relevo podem

Leia mais

Geologia para Ciências Biológicas

Geologia para Ciências Biológicas UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI URCA PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO PROGRAD Centro de Ciências Biológicas e da Saúde CCBS Departamento de Ciências Biológicas DCBio Geologia para Ciências Biológicas

Leia mais

Escalas de Magnitude

Escalas de Magnitude Escalas de Magnitude A partir da década de 30, com o aumento do número de estações sismográficas espalhadas Charles Richter e K. Wadati desenvolveram as chamadas escalas de magnitude. A magnitude é baseada

Leia mais

Deriva de placas. América. Eurasia 30 mm/ano. S.Pinker

Deriva de placas. América. Eurasia 30 mm/ano. S.Pinker Deriva de placas Eurasia 30 mm/ano América S.Pinker Alfred Wegener A base de evidências reunidas ao longo de sec. XIX postula em 1905 que: -!Os actuais continentes resultam da fragmentação de Pangea. -!Os

Leia mais

Sistemas de coordenadas

Sistemas de coordenadas Sistemas de coordenadas Cartografia Profa. Ligia UTFPR Introdução Coordenadas Geográficas: latitude e longitude As suas bases utilizadas são a geometria esférica e o eixo de rotação da Terra. Os pólos

Leia mais

é a herança para os nossos filhos e netos com a sua atmosfera rica em oxigénio, permite-nos respirar com a camada de ozono, protege-nos das radiações

é a herança para os nossos filhos e netos com a sua atmosfera rica em oxigénio, permite-nos respirar com a camada de ozono, protege-nos das radiações é a herança para os nossos filhos e netos com a sua atmosfera rica em oxigénio, permite-nos respirar com a camada de ozono, protege-nos das radiações ultravioletas com a água evita a desidratação com as

Leia mais

Localização de Epicentros de Terremoto: uma Comparação de dois Métodos Diferentes. Atividade 1 - Virtual Seismology Diploma de Sismólogo!

Localização de Epicentros de Terremoto: uma Comparação de dois Métodos Diferentes. Atividade 1 - Virtual Seismology Diploma de Sismólogo! Localização de Epicentros de Terremoto: uma Comparação de dois Métodos Diferentes Prof. George Sand França Atividade 1 - Virtual Seismology Diploma de Sismólogo! Antes de usar dados reais na atividade

Leia mais

Tremores de Maio de 2015 em Angra dos Reis-RJ

Tremores de Maio de 2015 em Angra dos Reis-RJ Relatório Técnico Complementar (Preliminar) Tremores de Maio de 2015 em Angra dos Reis-RJ 26/08/2015 Elaborado pelo Centro de Sismologia da USP IAG/IEE* (*) Serviço Técnico de Exploração Geofísica e Geológica

Leia mais

Geofísica. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina

Geofísica. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina A crosta7 Fernando Brenha Ribeiro Eder Cassola Molina 7.1 A crosta continental, a crosta oceânica e o manto superior 7.2 A crosta oceânica 7.3 Crosta continental Referências Licenciatura em Ciências USP/

Leia mais

FORMAÇÃO E ESTRUTURA DA TERRA

FORMAÇÃO E ESTRUTURA DA TERRA FORMAÇÃO E ESTRUTURA DA TERRA CAMADAS TERRESTRE - NÚCLEO É a porção central da Terra, também denominada NIFE, por ser constituída de compostos de FErro e NÍquel, com algum enxofre e silício dissolvido.

Leia mais

Noções de Geologia. Prof. Msc. João Paulo Nardin Tavares

Noções de Geologia. Prof. Msc. João Paulo Nardin Tavares Noções de Geologia Prof. Msc. João Paulo Nardin Tavares Objetivos da aula Conhecer a estrutura da Terra Definir os conceitos e teorias da deriva continental e das placas tectônicas Compreender fenômenos

Leia mais

Os tremores de terra de março de 2005 em Andes, município de Bebedouro. Relatório preliminar

Os tremores de terra de março de 2005 em Andes, município de Bebedouro. Relatório preliminar Os tremores de terra de março de 2005 em Andes, município de Bebedouro. Relatório preliminar 13-03-2005 IAG - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas USP - Universidade de São Paulo

Leia mais

AULA 7: TIPOS DE BORDAS ESTRUTURAS MAIORES

AULA 7: TIPOS DE BORDAS ESTRUTURAS MAIORES GEOTECTÔNICA TECTÔNICA GLOBAL Prof. Eduardo Salamuni AULA 7: TIPOS DE BORDAS DE PLACAS E SUAS ESTRUTURAS MAIORES TIPOS DE BORDAS DE PLACAS Divergentes (ou de criação): cadeias mesooceânicas Convergentes

Leia mais

Introdução. Os grandes sismos. Lisboa ( Magnitude 8, mortos, Tsunami no Oceano Atlântico )

Introdução. Os grandes sismos. Lisboa ( Magnitude 8, mortos, Tsunami no Oceano Atlântico ) Introdução Entre os fenómenos da natureza mais assustadores e destrutivos estão os sismos ou terramotos, que têm terríveis efeitos. Estes provocam muitas vezes níveis de destruição extremamente elevados,

Leia mais

1) Em se tratando de questões de natureza cartográfica, assinale o correto.

1) Em se tratando de questões de natureza cartográfica, assinale o correto. 1) Em se tratando de questões de natureza cartográfica, assinale o correto. a) A realização de mapeamentos temáticos muito detalhados requer a utilização de produtos de sensoriamento remoto de alta resolução

Leia mais

SIMULADO DE FÍSICA. a) 26 m. b) 14 m. c) 12 m. d) 10 m. e) 2 m

SIMULADO DE FÍSICA. a) 26 m. b) 14 m. c) 12 m. d) 10 m. e) 2 m SIMULADO DE FÍSICA 1. Num estacionamento, um coelho se desloca, em seqüência, 12 m para o Oeste, 8 m para o Norte e 6 m para o Leste. O deslocamento resultante tem módulo. a) 26 m b) 14 m c) 12 m d) 10

Leia mais

Forma e Dimensões da Terra Prof. Rodolfo Moreira de Castro Junior

Forma e Dimensões da Terra Prof. Rodolfo Moreira de Castro Junior Topografia e Geomática Fundamentos Teóricos e Práticos AULA 02 Forma e Dimensões da Terra Prof. Rodolfo Moreira de Castro Junior Características Gerais da Terra A Terra gira em torno de seu eixo vertical

Leia mais

O que é tempo geológico

O que é tempo geológico O Relevo da América TEMPO GEOLÓGICO O que é tempo geológico escala temporal dos eventos da história da Terra, ordenados em ordem cronológica. Baseada nos princípios de superposição das camadas litológicas

Leia mais

UNICAP Universidade Católica de Pernambuco Laboratório de Topografia de UNICAP LABTOP Topografia 1. Coordenadas Aula 1

UNICAP Universidade Católica de Pernambuco Laboratório de Topografia de UNICAP LABTOP Topografia 1. Coordenadas Aula 1 UNICAP Universidade Católica de Pernambuco Laboratório de Topografia de UNICAP LABTOP Topografia 1 Coordenadas Aula 1 Recife, 2014 Sistema de Coordenadas Um dos principais objetivos da Topografia é a determinação

Leia mais

Consequências da dinâmica interna da Terra

Consequências da dinâmica interna da Terra Consequências da dinâmica interna da Terra Testemunhos que evidenciam a dinâmica interna da Terra Sismos e Vulcões Estão entre os acontecimentos naturais mais devastadores, pondo em evidencia a dinâmica

Leia mais

Sequência de terremotos no Norte do Chile em Março-Abril de 2014

Sequência de terremotos no Norte do Chile em Março-Abril de 2014 !!!! Centro de Sismologia da USP IAG / IEE Sequência de terremotos no Norte do Chile em Março-Abril de 2014 Informe preparado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo 02-Abril-2014 1) Preparação

Leia mais

Teste diagnóstico de Geologia (10.º ano)

Teste diagnóstico de Geologia (10.º ano) Teste diagnóstico de Geologia (10.º ano) 10.º Ano Objetivos Averiguar os conhecimentos prévios dos alunos acerca de alguns dos temas de Geociências que irão ser tratados ao longo do ensino secundário,

Leia mais

TOPEX/POSEIDON Jason 1

TOPEX/POSEIDON Jason 1 SISMOLOGIA Um dos primeiros terremotos a ser analisado cientificamente foi o terremoto de Lisboa, em novembro de 1755. Esse terremoto, que foi seguido de um tsunami, praticamente destruiu a cidade de Lisboa.

Leia mais

Agentes Internos ou Endógenos

Agentes Internos ou Endógenos RELEVO Relevo Terrestre Agentes Internos Agentes Externos Tectonismo Vulcanismo Abalos Sísmicos Intemperismo Erosão Agentes Internos ou Endógenos Tectonismo ou Diastrofismo São distorções provocadas por

Leia mais

Estrutura interna da geosfera

Estrutura interna da geosfera Métodos para o estudo do interior da geosfera Vulcanologia Sismologia Estrutura interna da geosfera Causas e efeitos dos sismos Sismos são movimentos vibratórios na superfície terrestre originados por

Leia mais

Figura 9.1: Corpo que pode ser simplificado pelo estado plano de tensões (a), estado de tensões no interior do corpo (b).

Figura 9.1: Corpo que pode ser simplificado pelo estado plano de tensões (a), estado de tensões no interior do corpo (b). 9 ESTADO PLANO DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES As tensões e deformações em um ponto, no interior de um corpo no espaço tridimensional referenciado por um sistema cartesiano de coordenadas, consistem de três componentes

Leia mais

BRASIL NOSSO TERRITÓRIO E FRONTEIRAS MODULO 02 PALMAS - TO

BRASIL NOSSO TERRITÓRIO E FRONTEIRAS MODULO 02 PALMAS - TO BRASIL NOSSO TERRITÓRIO E FRONTEIRAS MODULO 02 PALMAS - TO ESPAÇO GEOGRÁFICO E A AÇÃO HUMANA É o espaço onde os homens vivem e fazem modificações, sendo o resultado do trabalho do homem sobre a natureza.

Leia mais

DERIVA CONTINENTAL E TECTÔNICA DE PLACAS

DERIVA CONTINENTAL E TECTÔNICA DE PLACAS DERIVA CONTINENTAL E TECTÔNICA DE PLACAS Entende-se como deriva continental os deslocamentos que as placas apresentam. A tectônica de placas consiste na teoria que explica a causa desses deslocamentos.

Leia mais

LABORATÓRIO DE GEOPROCESSAMENTO DIDÁTICO. Professora: Selma Regina Aranha Ribeiro

LABORATÓRIO DE GEOPROCESSAMENTO DIDÁTICO. Professora: Selma Regina Aranha Ribeiro LABORATÓRIO DE GEOPROCESSAMENTO DIDÁTICO Professora: Selma Regina Aranha Ribeiro Estagiários: Ricardo Kwiatkowski Silva / Carlos André Batista de Mello ESCALAS - AULA 3 Precisão Gráfica É a menor grandeza

Leia mais

4Equation Chapter 4 Section 1 SISMOS

4Equation Chapter 4 Section 1 SISMOS 4Equation Chapter 4 Section 1 SISMOS 4.1. INTRODUCÃO. A excitação sísmica ainda é um fenômeno cujos mecanismos de formação não são totalmente conhecidos. Alguns dos principais parâmetros envolvidos neste

Leia mais

PROJEÇÕES. Prof. Dr. Elódio Sebem Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento Colégio Politécnico - Universidade Federal de Santa Maria

PROJEÇÕES. Prof. Dr. Elódio Sebem Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento Colégio Politécnico - Universidade Federal de Santa Maria PROJEÇÕES Prof. Dr. Elódio Sebem Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento Colégio Politécnico - Universidade Federal de Santa Maria Todos os mapas são representações aproximadas da superfície terrestre.

Leia mais

Orientação, Coordenadas Geográficas Projeção UTM Universal transversa de Mercator

Orientação, Coordenadas Geográficas Projeção UTM Universal transversa de Mercator Prof. Dra. Mariana Soares Domingues Orientação, Coordenadas Geográficas Projeção UTM Universal transversa de Mercator ACH1056 Fundamentos de Cartografia O verbo orientar está relacionado com a busca do

Leia mais

Interbits SuperPro Web

Interbits SuperPro Web 1. (Ufrn 2013) Um estudante australiano, ao realizar pesquisas sobre o Brasil, considerou importante saber a localização exata de sua capital, a cidade de Brasília. Para isso, consultou o mapa a seguir:

Leia mais

GEOLOGIA GERAL CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GEOLOGIA GERAL CIÊNCIAS BIOLÓGICAS GEOLOGIA GERAL CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Quarta 14 às 18h museu IC II Aula 9 Estruturas em rochas: Fraturas e Dobras Turma: 2015/1 Profª. Larissa Bertoldi larabertoldi@gmail.com Deformação em Rochas Deformação

Leia mais

A grande incidência da actividade sísmica em determinados locais.

A grande incidência da actividade sísmica em determinados locais. A grande incidência da actividade sísmica em determinados locais. A grande incidência da actividade vulcânica em determinados locais. Como resultado destas novas evidências, Robert Palmer e Donald Mackenzie,

Leia mais

Escalas de Magnitude e Intensidade

Escalas de Magnitude e Intensidade AGG 0110 Elementos de Geofísica Escalas de Magnitude e Intensidade Prof. Dr. Marcelo B. de Bianchi m.bianchi@iag.usp.br 2016 Terremotos maiores e menores O que significa dizer que um sismo é maior do que

Leia mais

Leila Marques. Marcia Ernesto

Leila Marques. Marcia Ernesto Leila Marques Marcia Ernesto Alta Temperatura no Interior da Terra No passado a Terra sofreu aquecimento: separação de um manto rochoso e um núcleo denso de composição metálica (Fe-Ni). Diápiros de Fe-Ni

Leia mais

11/11/2013. Professor

11/11/2013. Professor UniSALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Engenharia Civil Disciplina: Topografia II Introdução à Geodésia Prof. Dr. André Luís Gamino Professor Definição: - Geodésia é a ciência

Leia mais

Lista 12: Rotação de corpos rígidos

Lista 12: Rotação de corpos rígidos Lista 12: Rotação de Corpos Rígidos Importante: i. Ler os enunciados com atenção. ii. Responder a questão de forma organizada, mostrando o seu raciocínio de forma coerente. iii. iv. Siga a estratégia para

Leia mais

O local de cruzamento de um meridiano e de um paralelo é chamado de intersecção, é a coordenada.

O local de cruzamento de um meridiano e de um paralelo é chamado de intersecção, é a coordenada. O local de cruzamento de um meridiano e de um paralelo é chamado de intersecção, é a coordenada. Na antiguidade os navegadores precisavam dominar bem a cartografia. Abaixo temos algumas notações: Considerando

Leia mais

Processos Geológicos Internos -Aula 5-

Processos Geológicos Internos -Aula 5- Processos Geológicos Internos -Aula 5- Prof. Alexandre Paiva da Silva UACTA/CCTA/UFCG TECTÔNICA DE PLACAS INTRODUÇÃO Terra Planeta dinâmico Planeta azul se contorcendo Fragmentação da crosta PLACAS TECTÔNICAS

Leia mais

MAT001 Cálculo Diferencial e Integral I

MAT001 Cálculo Diferencial e Integral I 1 MAT001 Cálculo Diferencial e Integral I GEOMETRIA ANALÍTICA Coordenadas de pontos no plano cartesiano Distâncias entre pontos Sejam e dois pontos no plano cartesiano A distância entre e é dada pela expressão

Leia mais

NOTA DE AULA CURVAS DE NÍVEL e REPRESENTAÇÃO DO RELEVO

NOTA DE AULA CURVAS DE NÍVEL e REPRESENTAÇÃO DO RELEVO NOTA DE AULA CURVAS DE NÍVEL e REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Adaptado do Manual de Cartografia do IBGE Escala e Curva de Nível Objetivos da Aula: - Apresentar as principais características a ser analisadas no

Leia mais

2 log 3. equivale a uma energia de 3, 6 milhões de J (joules). kwh

2 log 3. equivale a uma energia de 3, 6 milhões de J (joules). kwh TRRMOTOS M TRMOS D NRGIA Prof José Carlos F Bastos O poder destrutivo de um terremoto é melhor avaliado pela energia liberada no abalo sísmico Podemos estimar, com conformidade com o modelo de Richter,

Leia mais

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA Segunda 18 às 20h Quarta 20 às 22h museu IC II Aula 9 Estruturas em rochas: Fraturas e Dobras Turma: 2016/01 Profª. Larissa Bertoldi larabertoldi@gmail.com Deformação em Rochas

Leia mais

TOPOGRAFIA MEDIDAS E REFERÊNCIAS: FORMA DA TERRA

TOPOGRAFIA MEDIDAS E REFERÊNCIAS: FORMA DA TERRA TOPOGRAFIA MEDIDAS E REFERÊNCIAS: FORMA DA TERRA Prof. Dr. Daniel Caetano 2016-2 Objetivos Conhecer as formas de representar a Terra Conhecer algumas das referências e medidas usadas na topografia Conhecer

Leia mais

Cálculo probabilista da perigosidade sísmica

Cálculo probabilista da perigosidade sísmica Cálculo probabilista da perigosidade sísmica Susana Vilanova Lisboa, 1755 Núcleo de Engenharia Sísmica e Sismologia, ICIST, Instituto Superior Técnico Sismos: características e efeitos Características:

Leia mais

Colégio Santa Dorotéia

Colégio Santa Dorotéia Colégio Santa Dorotéia Área de Ciências Humanas Disciplina: Geografia Ano: 1º - Ensino Médio Professora: Tatiana Teixeira Geografia Atividade para Estudos Autônomos Data: 5 / 6 / 2017 Aluno(a): N o : Turma:

Leia mais

1. Introdução à Topografia

1. Introdução à Topografia Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas IFAM Campus Itacoatiara 1. Introdução à Topografia Professora Iane Barroncas Gomes Engenheira Florestal, M.Sc. Topografia é a ciência que

Leia mais

Tectónica de Placas e Grandes Estruturas Geológicas. Fábio Cruz Nº10 12ºA

Tectónica de Placas e Grandes Estruturas Geológicas. Fábio Cruz Nº10 12ºA Tectónica de Placas e Grandes Estruturas Geológicas Fábio Cruz Nº10 12ºA Teoria da Deriva Continental Criada por Alfred Wegener, é a teoria mobilista pioneira; Baseada na semelhança verificada entre as

Leia mais

PROGRAD / COSEAC Padrão de Respostas Física Grupos 05 e 20

PROGRAD / COSEAC Padrão de Respostas Física Grupos 05 e 20 1 a QUESTÃO: Dois blocos estão em contato sobre uma mesa horizontal. Não há atrito entre os blocos e a mesa. Uma força horizontal é aplicada a um dos blocos, como mostra a figura. a) Qual é a aceleração

Leia mais

Geografia. Aula 01 EXISTEM TERREMOTOS NO BRASIL?

Geografia. Aula 01 EXISTEM TERREMOTOS NO BRASIL? Geografia. Aula 01 Relevo EXISTEM TERREMOTOS NO BRASIL? 1.1 Observe as imagens abaixo: O pior terremoto do Brasil derrubou 4 mil casas em João Câmara (RN), em 1996 Aécio vai à cidade onde terremoto deixou

Leia mais

Capítulo 3 Caracterização das ocorrências e dos movimentos sísmicos em Sismologia.

Capítulo 3 Caracterização das ocorrências e dos movimentos sísmicos em Sismologia. Capítulo 3 Caracterização das ocorrências e dos movimentos sísmicos em Sismologia. A questão da caracterização da grandeza de um sismo é vital para as Ciências sismológicas. 3.1 Intensidade macrossísmica

Leia mais

Figura 1.1 Vista panorâmica da barragem de Lower San Fernando (http://quake.wr.usgs.gov/prepare/factsheets/ladamstory/sanfervalley.

Figura 1.1 Vista panorâmica da barragem de Lower San Fernando (http://quake.wr.usgs.gov/prepare/factsheets/ladamstory/sanfervalley. 1 INTRODUÇÃO Há quatro métodos geralmente citados na literatura para análise do comportamento de taludes de solo, englobando aspectos de estabilidade e de deslocamentos permanentes (servicibilidade) sob

Leia mais

Métodos de Localização de Terremotos

Métodos de Localização de Terremotos AGG 0110 Elementos de Geofísica Métodos de Localização de Terremotos Prof. Dr. Marcelo B. de Bianchi m.bianchi@iag.usp.br 2016 Revisando O que são ondas Ondas P Ondas S Ondas de Superfície Velocidade das

Leia mais

O PLANETA TERRA, CONTINENTES E OCEANOS, REPRESENTAÇÕES DO PLANETA, MOVIMENTOS TERRESTRES, POPULAÇÃO BRASILEIRA E MISCIGENAÇÃO GEOGRAFIA 1ª ETAPA

O PLANETA TERRA, CONTINENTES E OCEANOS, REPRESENTAÇÕES DO PLANETA, MOVIMENTOS TERRESTRES, POPULAÇÃO BRASILEIRA E MISCIGENAÇÃO GEOGRAFIA 1ª ETAPA O PLANETA TERRA, CONTINENTES E OCEANOS, REPRESENTAÇÕES DO PLANETA, MOVIMENTOS TERRESTRES, POPULAÇÃO BRASILEIRA E MISCIGENAÇÃO GEOGRAFIA 1ª ETAPA Terra A Terra é um dos oito planetas do Sistema Solar. Ela

Leia mais

Unidade 1 de Física do 11º ano FQA 1 V I A G E N S C O M G P S

Unidade 1 de Física do 11º ano FQA 1 V I A G E N S C O M G P S Unidade 1 de Física do 11º ano FQA 1 V I A G E N S C O M G P S 1. O sistema GPS Para indicar a posição de um lugar na superfície da Terra um modelo esférico da Terra e imaginam-se linhas: os paralelos:

Leia mais

A ESTRUTURA DA TERRA Título determinada pela sismologia

A ESTRUTURA DA TERRA Título determinada pela sismologia A ESTRUTURA DA TERRA Título determinada pela sismologia eder@iag.usp.br Prof. Eder C. Molina IAG Universidade de São Paulo Ondas Título sísmicas Os principais tipos de ondas sísmicas são ondas de compressão,

Leia mais

DECIFRANDO A FORMAÇÃO DA TERRA

DECIFRANDO A FORMAÇÃO DA TERRA DECIFRANDO A FORMAÇÃO DA TERRA QUESTÕES INICIAIS O que vocês já sabem sobre o tema? O que justifica a presença de diversos tipos de relevo na crosta terrestre? Por que estudar esse tema? O que se entende

Leia mais

GEOLOGIA ESTRUTURAL Introdução e Conceitos Fundamentais

GEOLOGIA ESTRUTURAL Introdução e Conceitos Fundamentais GEOLOGIA ESTRUTURAL Introdução e Conceitos Fundamentais O engenheiro e o geólogo tem algo em comum??!! Engenheiro civil Geólogo estruturalista O engenheiro e o geólogo tem muito em comum??!! Engenheiro

Leia mais

Diagrama esquematizando as camadas que compõe a Terra. As cores são ilustrativas.

Diagrama esquematizando as camadas que compõe a Terra. As cores são ilustrativas. Como é a Terra por dentro? As evidências de que a Terra não é homogênea são comprovadas por meio de métodos geofísicos, que investigam as diferentes propriedades físicas e químicas das rochas de forma

Leia mais

Calor interno da Terra - Geotermismo

Calor interno da Terra - Geotermismo Calor interno da Terra - Geotermismo Gradiente geotérmico - taxa de variação da temperatura com a profundidade, ou seja o aumento da temperatura por quilómetro de profundidade. Para as profundidades em

Leia mais

FÍSICA. O kwh é unidade usual da medida de consumo de energia elétrica, um múltiplo do joule, que é a unidade do Sistema Internacional.

FÍSICA. O kwh é unidade usual da medida de consumo de energia elétrica, um múltiplo do joule, que é a unidade do Sistema Internacional. 1 d FÍSICA O kwh é unidade usual da medida de consumo de energia elétrica, um múltiplo do joule, que é a unidade do Sistema Internacional. O fator que relaciona estas unidades é a) 1 x 10 3 b) 3,6 x 10

Leia mais