O EFEITO DAS PROPRIEDADES FONOLÓGICAS DO SEGMENTO EM TAREFAS DE CONSCIÊNCIA SEGMENTAL 1

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "O EFEITO DAS PROPRIEDADES FONOLÓGICAS DO SEGMENTO EM TAREFAS DE CONSCIÊNCIA SEGMENTAL 1"

Transcrição

1 O EFEITO DAS PROPRIEDADES FONOLÓGICAS DO SEGMENTO EM TAREFAS DE CONSCIÊNCIA SEGMENTAL 1 Dina Caetano Alves Universidade de Lisboa/CLUL; Escola Superior de Saúde Egas Moniz e Relicário de Sons Isabel Hub Faria Universidade de Lisboa/CLUL Maria João Freitas Universidade de Lisboa/CLUL 1. Introdução Nas últimas décadas, são significativos os estudos desenvolvidos sobre a consciência fonológica em crianças e em adultos (Brady & Shankweiler 1991, Morais & Kolinsky 1994, Adams et al. 1998, Castro- -Caldas & Reis 2000, Morais 2003, Veloso 2003, entre muitos outros). Muitos destes estudos têm sido desenvolvidos no âmbito da psicologia cognitiva e da psicologia educacional, debruçando-se sobre a capacidade explícita de isolar unidades fonológicas numa sequência da fala. Geralmente, os resultados são interpretados na sua relação com o processo da literacia (Alves Martins 1996, Alves Martins & Niza 1998, Hogal, Catts & Little 2005, Morais 1991, Scliar-Cabral 2003, Silva 2003, Sim-Sim 1998, Sim-Sim, Duarte & Ferraz 1997, Sim-Sim, Ramos & Santos 2006, 1 Neste trabalho, o termo consciência segmental é usado em vez de consciência fonémica. A substituição de fonémico por segmental visa apenas a adopção de uma forma mais genérica de referência às propriedades dos segmentos, que permite não excluir os aspectos fonológicos e os fonéticos desta unidade linguística. Avaliação da consciência linguística: aspectos fonológicos e sintácticos do Português, Lisboa, Edições Colibri, 2010, pp

2 20 Avaliação da Consciência Linguística Sucena & Castro 2008, Ventura, Kolinsky, Brito-Mendes & Morais 2001, Yopp & Yopp 2000), confrontando-se desempenhos escolares em tarefas de leitura e escrita com o desenvolvimento específico dos níveis de consciência fonológica testados: consciência da palavra, do acento, da sílaba, dos constituintes silábicos e dos segmentos. Assumindo-se que o desenvolvimento da consciência fonológica nas crianças é crucial para o sucesso da aprendizagem da leitura e da escrita, poder-se-á considerar que a pesquisa nesta área estabelece pontes quer com a linguística educacional, sobretudo nos casos em que variáveis linguísticas são tidas em consideração na avaliação e na estimulação desta capacidade (Treiman & Zukowski 1991, Treiman 1997, Snowling & Hulme 2007, Veloso 2003, Freitas, Alves & Costa 2007, Duarte 2008, Alves, Castro & Correia 2010), quer com a linguística clínica, dado que o trabalho sobre consciência fonológica é frequentemente desenvolvido em contexto clínico de diagnóstico e intervenção, por parte de terapeutas da fala ou de profissionais do ensino especial. A referência às várias áreas do conhecimento (psicologia cognitiva, psicologia educacional, linguística educacional e linguística clínica) mostram-nos que a consciência fonológica implica um tratamento multidisciplinar, tendo particular impacto no início da actividade escolar das crianças, pelo que nos centraremos, no presente estudo, na fase inicial do processo de aprendizagem da leitura e da escrita (início do 1.º Ciclo do Ensino Básico). Embora consciência fonológica e desenvolvimento fonológico se desenvolvam nos primeiros anos de vida da criança, a relação entre ambos os aspectos no sistema cognitivo infantil não tem sido muito explorada. Recrutando informação disponível na literatura sobre desenvolvimento fonológico infantil e confrontando-a com os resultados obtidos na investigação que aqui se relata, o presente estudo 2 debruçar-se-á sobre a identificação de uma possível interface entre estes dois processos, contribuindo, deste modo, para a discussão sobre a interacção entre mecanismos envolvidos no desenvolvimento fonológico e na consciência fonológica, no contexto mais alargado do desenvolvimento cognitivo da criança. Mais especificamente, centrar-nos-emos nas propriedades segmentais relativas ao ponto de articulação (PA) e ao modo de articulação (MA) das consoantes do Português Europeu (PE) (Mateus e Andrade 2000; Mateus, Falé & Freitas 2005), no sentido de testar o seu efeito em contexto de avaliação da consciência segmental. Consideraremos os pon- 2 O presente estudo integra-se num projecto mais amplo, actualmente em curso, sobre avaliação da consciência segmental em crianças portuguesas (Alves, em prep.).

3 O Efeito das Propriedades Fonológicas 21 tos de articulação representados pelos traços distintivos labial (bilabiais e labiodentais), coronal (dentais, alveolares e palatais) e dorsal (velar e uvular), contidos na tabela 1: Tabela 1 Relação entre caracterização articulatória do PA e sua representação em traços distintivos Coronal Labial [+anterior] [-anterior] Dorsal bilabial labiodental [p, b, m, f, v] dental alveolar [t, d, s, z, l, n, R] palatal [S, Z,, ] velar uvular [k, g, R] Cada um destes pontos de articulação será avaliado na relação com os modos de articulação oclusivo (oral e nasal), fricativo e líquido, representados em função dos traços distintivos [+/-contínuo], [+/-soante] e [+/- -nasal] (veja-se a tabela 2): Tabela 2 Relação entre caracterização articulatória do MA e sua representação em traços distintivos [-soante] [+soante] [-contínuo] [+contínuo] [-contínuo, +nasal] [+contínuo, -nasal] oclusivas [p, b, t, d, k, g]] fricativas [f, v, s, z, S, Z] consoantes [m, n, ] nasais líquidas [l,, R, R] Vários estudos têm disponibilizado dados sobre a ordem de aquisição das propriedades segmentais em várias línguas do mundo, durante o processo de desenvolvimento fonológico infantil. No que diz respeito ao ponto de articulação, os resultados relativos ao desenvolvimento fonológico de crianças portuguesas (Costa 2003, Costa 2010) e de crianças brasileiras (Hernandorena 1990, Lamprecht et al. 2004) espelham os identificados por estudos sobre o desenvolvimento fonológico infantil em outras línguas (Levelt 1994, Bernhardt & Stemberger 1998, Fikkert & Levelt 2008, Fikkert 2007, Johnson & Reimers 2010). Em particular na

4 22 Avaliação da Consciência Linguística periferia esquerda da palavra, contexto que nos ocupará neste estudo, regista-se uma preferência por labial e coronal e uma maior dificuldade na estabilização de dorsal. Quanto ao modo de articulação, os resultados para o PE indicam que as oclusivas orais e as oclusivas nasais constituem as primeiras classes naturais do MA a serem disponibilizadas no sistema das crianças portuguesas (Freitas 1997, Costa 2010), surgindo posteriormente as fricativas e, por fim, as líquidas (embora a emergência das líquidas possa preceder a das fricativas, em algumas crianças). Esta ordem de aquisição do modo de articulação espelha genericamente a registada para a aquisição de outras línguas do mundo, embora, em alguns casos, as oclusivas orais precedam as nasais (Fikkert 1994 & 2007, Bernhardt & Stemberger 1998, Johnson & Reimers 2010). O principal objectivo do presente estudo é o de verificar o efeito das propriedades segmentais (PA e MA) no desempenho de tarefas de consciência segmental por parte de crianças em processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Para tal, definimos os seguintes objectivos específicos: (i) identificar, a partir dos desempenhos numa tarefa de consciência segmental (prova do intruso), o padrão de emergência da consciência segmental, com base nas propriedades fonológicas das consoantes do PE (PA e MA), em grupos de crianças com diferentes desempenhos na leitura/escrita; (ii) comparar os resultados obtidos com informações disponíveis na literatura sobre o desenvolvimento fonológico, nomeadamente sobre a ordem de aquisição do modo e do ponto de articulação dos segmentos consonânticos. Como referimos, a investigação efectuada no âmbito do desenvolvimento fonológico relata a aquisição precoce das consoantes oclusivas (orais e nasais) no PE, seguida da aquisição das fricativas e das líquidas. A literatura refere também a preferência pelas consoantes labiais e coronais na periferia esquerda da palavra (estrutura testada na prova do intruso usada neste estudo, como se verá na secção 2), despromovendo, assim, a estabilização das consoantes dorsais. Com base nos factos citados, colocamos as seguintes hipóteses: Hipótese 1: A identificação de segmentos consonânticos na periferia esquerda da palavra intrusa é promovida quando o PA é labial ou coronal e despromovida quando o PA é dorsal. Hipótese 2: A identificação de segmentos consonânticos na periferia esquerda da palavra intrusa é promovida quando o MA é [-contínuo] (oclusivas orais e nasais) e despromovida quando o MA é [+contínuo] (fricativas ou líquidas). Para testar as hipóteses formuladas, foi observado o comportamento da amostra perante estímulos linguísticos com variação dos segmentos

5 O Efeito das Propriedades Fonológicas 23 consonânticos posicionados na periferia esquerda da palavra, controlados em termos dos traços fonológicos relativos ao PA e ao MA consonântico. Na secção que se segue, serão fornecidos detalhes sobre a metodologia usada para testar as hipóteses formuladas. 2. Metodologia Nesta secção, forneceremos informação sobre os vários aspectos relativos aos procedimentos metodológicos adoptados no presente estudo, que se define como descritivo dadas as características da amostra, os procedimentos e os instrumentos utilizados. No que diz respeito à metodologia e ao tipo de análise dos dados, o estudo é quantitativo, visto os dados da recolha serem quantificáveis. Trata-se, ainda, de um estudo comparativo pelos objectivos referentes à verificação de diferenças significativas na comparação do desempenho das crianças aquando do processamento de diferentes pontos e modos de articulação em tarefas de consciência segmental. A recolha da amostra é realizada num único momento de avaliação e numa determinada amostra, o que confere ao estudo um carácter transversal. Definição da Amostra Para este estudo, foram avaliadas crianças a frequentar os 1.º e 2.º anos de escolaridade. Para definir a população alvo deste estudo, foram pré-determinados critérios para a selecção da amostra. Desta fizeram parte crianças de ambos os géneros, a frequentar o Ensino Básico no Externato Colégio Campo de Flores, em Lazarim, Almada (zona da Grande Lisboa). Foram estabelecidos critérios de inclusão, tendo sido incluídas crianças em idade escolar, falantes nativas do PE, que tivessem frequentado o jardim-de-infância e que apresentassem a declaração de autorização de participação no estudo, assinada pelos encarregados de educação. Estas não poderiam apresentar perturbações da comunicação/linguagem (sem acompanhamento, presente ou passado, em Terapia da Fala), nem défices cognitivos e/ou auditivos associados, e não deveriam apresentar dificuldades nos testes de rastreio aplicados para a selecção da amostra (testes de discriminação auditiva e de articulação). Estas crianças encontrar-se- -iam em idade escolar, a frequentar o 1.º Ciclo, nomeadamente em fase inicial do processo de alfabetização (1.º e 2.º anos) e estariam/teriam estado sujeitas ao mesmo método de ensino (método fónico). Foi elaborada uma ficha modelo de caracterização sociodemográfica, com o objectivo de verificar se cada perfil se enquadrava nos critérios definidos.

6 24 Avaliação da Consciência Linguística No projecto de investigação descrito em Alves (em prep.), foram avaliadas 71 crianças de ambos os sexos, sendo que 22 frequentavam o 1.º ano, 28 o 2.º ano e 21 o 4.º ano de escolaridade, (cf. tabela 3). No presente estudo, serão avaliadas apenas 13 crianças dos 1.º e 2.º anos de escolaridade. Tabela 3 Caracterização da amostra consoante a escolaridade e o sexo Escolaridade 1.º ano 2.º ano 4.º ano Total Sexo masculino feminino Total A amostra foi intencional e disponível, uma vez que foram estabelecidos critérios de inclusão das crianças, encontrando-se estas no local de recolha anteriormente mencionado e reunindo todas as condições para completar a amostra. As crianças foram agrupadas de acordo com a sua performance, medida em termos de níveis de competência de leitura e de escrita (tabela 4) e apurada pela aplicação de testes de escrita e de leitura de palavras e pseudopalavras (dissílabos com formato paroxítono: CV.CV) construídos especificamente para o projecto descrito em Alves (em prep.) 3. No presente estudo, observaremos apenas os resultados relativos aos grupos G1 e G2. Tabela 4 Grupos identificados com base na performance em testes de leitura e escrita Grupo 1 G1 (n=8) Grupo 2 G2 (n=5) Grupo 3 G3 (n=12) Grupo 4 G4 (n=46) Resultados dos testes de ortografia/escrita (1 28%) (44% 73%) (75% 92%) (93 10) Ano 1.º 1.º / 2.º 2.º / 4.º 4.º Média (idade) 06;07 07;04 09;00 09;10 3 Para mais informação sobre estas provas, consulte-se Alves (em prep.).

7 O Efeito das Propriedades Fonológicas 25 Variáveis Foram considerados dois tipos de variáveis, dependente e independente, determinadas de acordo com os objectivos do estudo e definidas do seguinte modo: (i) a variável dependente remete para o desempenho das crianças em tarefas de consciência segmental, tendo em conta as diferentes propriedades fonológicas estudadas (PA labial, coronal e dorsal; MA nasal, oclusivo, fricativo e líquido); (ii) as variáveis independentes, isto é, não alvejadas no presente estudo embora controladas, remetem para a escolaridade, a idade, o sexo, o nível de conhecimento em testes de leitura e de escrita (grupos de sujeitos), as propriedades morfológicas dos estímulos (a categoria gramatical, o género e o número), as propriedades semânticas dos estímulos (pseudopalavras / palavras e, nestas, o seu grau de concretismo e de imaginabilidade), outras propriedades fonológicas dos estímulos (extensão da palavra, acento e estrutura silábica), a frequência das palavras e a imageabilidade. Material e Estímulos Para este estudo experimental, recorreu-se a uma tarefa de avaliação da consciência segmental, designada por prova do intruso. Esta consiste na apresentação pictográfica de uma série de três estímulos, em representação de três palavras que, entre si, constituem pares mínimos. Em cada série, duas palavras diferem nos segmentos presentes na periferia esquerda e outras duas diferem nos segmentos vocálicos constantes na primeira sílaba da palavra. Por exemplo, na série <bata; bota; mota>, o par <bota; mota> constitui par mínimo e difere apenas nas consoantes constantes na periferia esquerda de ambas as palavras [p/m]; o par <bata; bota> constitui par mínimo e difere apenas no segmento vocálico constante na primeira sílaba [a/ç]. Assim, nesta série, a palavra intrusa a identificar é <mota> dado diferir no primeiro som comparativamente às restantes com as quais compete. Na tabela 5, estão patentes todas as séries apuradas a integrar no desenho experimental do presente estudo.

8 26 Avaliação da Consciência Linguística Tabela 5 Estímulos integrados na prova do intruso PA MA Nasal Oclusiva Fricativa Líquida Lateral e Vibrante Labial Coronal Mota Bata Bota Nota Bota Bata Dorsal Mala Vala Vela Nata Nave Lata Chave Luta Chuva Pilha Folha Filha Bola Mola Mala Taco Saco Soco Data Nata Nota Capa Chapa Chupa Gato Jacto Jota Bala Vala Vela Dado Data Fado Lata Fada Luta Galo Ralo Rolo Filha Palha Pilha Vala Bala Bola Serra Terra Turra Zorro Gorro Garra Chave Cave Couve Jarra Garra Guerra Vala Mala Mola Chave Nave Neve Chuva Luva Lava Jacto Rato Rota Lata Nata Nota Ralo Galo Golo Lupa Chupa Chapa Rota Jota Jacto Lata Bata Bota Todas as palavras das séries testadas apresentam o mesmo formato fonológico: trata-se sempre de palavras dissilábicas com formatos silábicos CV e acento fonológico na penúltima sílaba (dissílabos paroxítonos do tipo CV.CV), assegurando-se a ocorrência de todas as consoantes do PE na posição inicial de palavra 4, a fim de se testar o efeito das propriedades fonológicas relativas ao PA e ao MA na periferia esquerda da palavra. Em algumas circunstâncias, os critérios referidos para a construção dos estímulos foram violados por limitações linguísticas, para-linguísticas e/ou extra-linguísticas, levando ao apuramento de séries de palavras que não obedecem estritamente aos critérios previamente definidas. 4 Não foram testadas as consoantes [,, R] por não ocorrerem na periferia esquerda de palavras em PE (Mateus & Andrade 2000).

9 O Efeito das Propriedades Fonológicas 27 Procedimento Os estímulos foram apresentados às crianças no ecrã de um computador e as respostas foram registadas numa caixa de respostas em madeira adaptada ao teclado do PC portátil, constituída por três botões tweety alinhados com as três imagens/palavras de cada série (ver exemplo da figura 1). Figura 1 Exemplo de série usada na Prova do Intruso Na sequência <bata,mota,bota>, representada acima na figura 1, a criança teria de excluir a palavra intrusa, isto é, a palavra que começa com um som diferente, pressionando o botão tweety correspondente à imagem da palavra intrusa. As respostas e os tempos de reacção respectivos foram automaticamente registados através do programa E.Prime, versão 1.0. Antes de se iniciar a prova, era realizado um treino com cada criança, com recurso a dois exemplos, visando a compreensão da tarefa solicitada. 3. Resultados Tal como referido atrás, todos os desempenhos apurados na prova do intruso foram analisados de acordo com o agrupamento dos sujeitos efectuado em função do desempenho manifestado em termos de domínio da leitura e da escrita, na realização dos testes de leitura e de escrita de palavras e pseudopalavras especialmente concebidos para o estudo. Estes resultados levaram, assim, à divisão da amostra em grupos, sendo analisados no presente estudo apenas os resultados dos grupos G1 e G2.

10 28 Avaliação da Consciência Linguística 3.1. Resultados do Grupo 1 No sentido de testar as hipóteses formuladas na secção 1, sobre o efeito do PA e do MA em tarefas de consciência segmental, procedemos à avaliação dos desempenhos dos sujeitos na prova do intruso, usada no presente estudo. Começámos pela avaliação do impacto do PA na performance das crianças avaliadas (hipótese 1). A figura 2 apresenta valores de sucesso relativos à identificação de palavras intrusas iniciadas por labial, coronal ou dorsal, por parte das crianças incluídas no G Grupo 1 - Valores para PA (%) 38% 37% 23% Labial Coronal Dorsal Figura 2 Valores globais de PA (% acertos) Como se pode observar pelos dados registados na figura 2, os resultados do G1 sugerem que palavras intrusas com segmento dorsal inicial são mais difíceis de identificar do que as que começam com segmento labial ou coronal; vejam-se os resultados globais de sucesso na identificação da palavra intrusa (38% de sucesso para as labiais e 37% para as coronais, por oposição aos 23% de sucesso para as dorsais). Através da análise inferencial, é possível afirmar que as diferenças encontradas são significativas relativamente às dorsais por oposição às labiais e às coronais (p-valor=0,014, apurado pela aplicação do Teste de Friedman), demonstrando-se que as crianças do G1 identificam de forma significativamente diferente as palavras intrusas em função do tipo de PA presente da consoante que ocorre na periferia esquerda da palavra. Contudo, pela descrição mais detalhada dos resultados, parece observar-se a possibilidade de o produto final resultar de um efeito conjunto do ponto e do modo de articulação. A figura 3 disponibiliza informação relativa às palavras intrusas com segmentos labiais oclusivos e fricativos na periferia esquerda da palavra ([p, b, m, f, v]), não incluindo labiais líquidas por não existirem no inventário segmental do PE.

11 O Efeito das Propriedades Fonológicas 29 Grupo 1 - Valores para labiais (%) % 33% Oclusivas 54% 46% Fricativas Figura 3 Valores de oclusivas e fricativas labiais (% acertos/erros) De acordo com a figura 3, a percentagem de erro na identificação do intruso apurada para as oclusivas labiais (67%) é mais alta do que a apurada para as fricativas labiais (54%), mostrando diferenças na execução das tarefas propostas à criança quando os estímulos labiais diferem em termos do MA ([p, b, m] versus [f, v]). Contudo, a análise inferencial permite-nos afirmar que não existem diferenças significativas no desempenho das crianças na identificação de palavras intrusas quando o segmento na periferia esquerda da palavra é uma oclusiva labial ou uma fricativa labial (p-valor=0,257, identificado pelo teste de Wilcoxon). Um efeito similar é observado na figura 4, que fornece informação sobre a identificação de palavras intrusas com segmentos coronais oclusivos ([t, d, n]), fricativos ([s, z, S, Z]) e líquidos ([l]) na periferia esquerda da palavra. Grupo 1 - Valores para coronais (%) % 33% 54% 46% 73% 27% Oclusivas Fricativas Líquidas Figura 4 Valores das coronais oclusivas, líquidas e fricativas (% acertos/erros)

12 30 Avaliação da Consciência Linguística Os valores globais dos erros com líquidas (73% para [l]) são mais altos do que os relativos às oclusivas (67% para [t, d, n]) ou às fricativas (54% para [s, z, S, Z]), mostrando que é mais fácil identificar constritivas nas tarefas propostas no presente estudo (figura 4). Não obstante, a inferência estatística permite afirmar que não existem diferenças significativas nos resultados obtidos para as três classes do MA (p-valor=0,508, a partir do teste de Friedman). A figura 5 regista informação relativa à identificação das palavras intrusas com segmentos dorsais oclusivos ([k, g]) e líquidos ([R]) na periferia esquerda da palavra, não estando as fricativas incluídas na descrição por não existirem dorsais nesta classe do MA, no inventário segmental do PE. Grupo 1 - Valores para dorsais (%) % 17% Oclusivas 69% 31% Líquidas Figura 5 Valores das oclusivas e líquidas dorsais (% acertos/erros) De acordo com a figura 5, os erros para dorsal na classe das oclusivas (83% para [k, g]) são mais elevados do que na das líquidas (69% para [R]). Neste caso, a análise inferencial demonstrou que as diferenças existentes são significativas (p-valor=0,046, a partir do teste de Wilcoxon). Em suma, o efeito do PA registado na figura 2 (labial e coronal versus dorsal) parece decorrer não estritamente do ponto de articulação mas também da interacção entre PA e MA: (i) há um efeito claro do MA nas dorsais (é mais difícil identificar [k, g] (83%) do que [R] (69%), sendo sobre as oclusivas dorsais que incide o valor mais alto de insucesso no G1 (cf. figura 5)); (ii) contrariamente, a líquida dorsal ([R]) é a que apresenta o grau de sucesso mais elevado (cf. figuras 3, 4 e 5). Tendo cruzado todos os PA com os possíveis MA no inventário segmental do PE, e dados os resultados acima descritos, procedemos com a prospecção dos dados no sentido da avaliação da hipótese 2 formulada

13 O Efeito das Propriedades Fonológicas 31 na secção 1, sobre o efeito do traço [+/-contínuo] no desempenho dos sujeitos observados. Considerando os dados disponíveis na literatura sobre o desenvolvimento fonológico, a hipótese 2 aponta para que seja mais fácil identificar segmentos iniciais quando são [-contínuo] (oclusivas orais e oclusivas nasais) do que quando são [+contínuo] (fricativas e líquidas). Os resultados globais de sucesso para o G1 estão representados nas figuras 6 (valores de sucesso para [+contínuo] e [-contínuo]) e 7 (valores de sucesso para os modos fricativo, oclusivo e líquido). Grupo 1 - Valores para [+/- cont] (%) Grupo 1 - Valores para MA (%) % [-cont] (Ocl.) [+cont] (Fric. e Líq.) % 33% 26% Oclusivas Fricativas Líquidas Figura 6 Valores para [+/- cont] Figura 7 Valores para MA (% acertos) (% acertos) Contrariamente ao predito pelos dados da aquisição, os resultados do G1 sugerem que os segmentos [+contínuo] são mais fáceis de identificar do que os [-contínuo]: os segmentos [+contínuo] (fricativas e líquidas) apresentam, de sucesso enquanto os [-contínuo] (oclusivas orais e nasais) apresentam 26% de sucesso (cf. figura 6). A figura 7 desdobra a análise dos segmentos [+contínuo] pelas classes que integram este traço, apresentando um desempenho bem sucedido de 48% para as fricativas e de 33% para as líquidas, mantendo os 28% apurados para as oclusivas na figura 6. Ambas as figuras (6 e 7) apresentam resultados com diferenças significativas pela aplicação do Teste de Friedman e do Teste de Wilcoxon, sendo que, para a diferença [+/-contínuo] na figura 6, o p-valor apurado é de 0,035 e, para os três MA na figura 7, o p-valor é de 0,044. Finalmente, e com o objectivo de avaliar o efeito do MA isolado do efeito do PA, observou-se apenas a taxa de sucesso na identificação de coronais nas várias classes do MA, por ser este o único PA presente em todas as classes do MA (cf. figura 8).

14 32 Avaliação da Consciência Linguística Grupo 1 - Valores para coronais (%) % 76% 33% Oclusivas nasais 24% Oclusivas orais 69% 31% Fricativas [+ant] 45% 55% Fricativas [-ant] 73% 27% Líquidas (laterais) Figura 8 Valores para a identificação das coronais em todos os MA (% acertos/erros) Considerando o PA coronal para todos os MA, os valores registados oscilam entre os 45% e os 76% de insucesso, sendo as fricativas palatais [S, Z] as mais fáceis de identificar, com 55% de sucesso (fricativas [-anterior]), por oposição às oclusivas orais [t, d], com 24%. Contudo, as diferenças observadas na figura 8 não são estatisticamente significativas (p-valor=0,050, tendo em conta os resultados da aplicação do teste de Friedman). Em suma, os resultados apurados para o G1 apontam para um efeito do PA na identificação da palavra intrusa na tarefa de consciência segmental aplicada, sendo esse efeito potenciado pela relação com o MA. Os dados permitem, assim, a confirmação da hipótese 1. No entanto, os valores relativos a este mesmo G1 infirmam a hipótese 2, observando-se um efeito de [contínuo], sim, mas oposto ao registado na hipótese, construída com base nos dados do desenvolvimento linguístico: os segmentos com MA [+contínuo] são mais fáceis de identificar do que os de MA [-contínuo]. Estes resultados serão retomados na secção Resultados do Grupo 2 Tal como na secção 3.1, iniciamos a apresentação dos dados do G2 em função do conteúdo da hipótese 1, sobre o efeito do PA na identificação de palavras intrusas na prova de consciência segmental aplicada à amostra deste estudo. Considerando os resultados do desenvolvimento fonológico, a previsão é a de que seja mais fácil para as crianças identificar os segmentos iniciais quando são coronais ou labiais do que quando são dorsais (cf. figura 9).

15 O Efeito das Propriedades Fonológicas 33 Grupo 2 - Valores para PA (%) % 68% 53% Labial Coronal Dorsal Figura 9 Valores globais para PA (% acertos) Os resultados para o G2 mostram que palavras com segmento dorsal em posição inicial são mais difíceis de identificar do que palavras com segmento inicial labial ou coronal. Os resultados globais de sucesso representados na figura 9 apontam para 75% de sucesso para as labiais, 68% para as coronais e 53% para as dorsais. A análise inferencial (teste de Friedman) demonstrou, no entanto, não existirem diferenças significativas entre os PA considerados (p-valor=0,549). Tal como no G1, observámos no G2 o potencial efeito da relação PA/MA no desempenho da tarefa proposta à amostra. Assim, a figura 10 fornece informação sobre o PA labial nas oclusivas e nas fricativas, não se fazendo referência às líquidas pelo facto de o PA labial não estar representado nesta classe do MA. Grupo 2 - Valores para labiais (%) % 76% Oclusivas 27% 73% Fricativas Figura 10 Valores para labiais oclusivas e fricativas (% acertos/erros)

16 34 Avaliação da Consciência Linguística Os valores globais do sucesso para as oclusivas e para as fricativas são de 76% e de 73%, respectivamente (figura 10) e a análise inferencial indica que não existem diferenças significativas (p-valor=0,715, com base no teste de Wilcoxon). Um efeito similar é observado na figura 11, que apresenta valores relativos às palavras intrusas com segmentos coronais na periferia esquerda da palavra nos três MA (oclusivo, fricativo e líquido). Grupo 2 - Valores para coronais (%) % 54% 34% 66% 13% 87% Oclusivas Fricativas Líquidas Figura 11 Valores para as coronais oclusivas, líquidas e fricativas (% acertos/erros) Os valores globais de erro para as oclusivas e para as fricativas são de 46% e de 34%, respectivamente, o que contrasta com os 13% obtidos para as líquidas (figura 11). Este facto mostra que, no que diz respeito ao PA coronal, é mais fácil identificar líquidas do que fricativas ou oclusivas, sendo estas últimas as de mais difícil detecção e registando-se influência da relação PA/MA na execução da tarefa de consciência segmental aplicada. Apesar destas diferenças, a estatística inferencial não aponta para significância (p-valor igual a 0,311, após aplicação do teste de Friedman). A figura 12 representa os resultados obtidos para as palavras intrusas com segmentos dorsais nas classes das oclusivas e das líquidas (como já referimos, as fricativas não são contempladas pelo facto de esta classe não conter segmentos dorsais no PE).

17 O Efeito das Propriedades Fonológicas 35 Grupo 2 - Valores para dorsais (%) % 53% Oclusivas 27% 73% Líquidas Figura 12 Valores para as dorsais oclusivas e líquidas (% acertos/erros) Mediante a leitura da figura 12, conclui-se que os erros nas oclusivas (47%) são mais frequentes do que nas líquidas (27%). A análise inferencial não permitiu, porém, identificar diferenças significativas nos desempenhos das crianças relativamente à identificação de palavras intrusas que apresentem segmentos dorsais oclusivos ou líquidos na periferia esquerda (p-valor=0,414, após aplicação do teste de Wilcoxon). Em suma, apenas se registaram dois efeitos facilitadores na relação PA/MA: (i) um efeito da associação entre PA coronal e MA líquido (segmento [l]; cf. figura 11) e (ii) um efeito da associação entre PA dorsal e MA líquido (segmento [R]; cf. figura 11). O MA líquido parece, assim, facilitar a tarefa de identificação do intruso no G2. Considerando a informação disponível na literatura sobre desenvolvimento fonológico, a hipótese 2 prevê que seja mais fácil as crianças identificarem segmentos iniciais [-contínuo] do que [+contínuo], dado as crianças portuguesas começarem por adquirir as oclusivas orais e nasais ([-contínuo]), antes de adquirirem as fricativas e as líquidas ([+contínuo]). As figuras 13 e 14 apresentam valores do G2 relativos à identificação dos segmentos em função do contraste [+/-contínuo].

18 36 Avaliação da Consciência Linguística Grupo 2 - Valores para [+/- cont] (%) % [-cont] (Ocl.) 74% [+cont] (Fric. e Líq.) Grupo 2 - Valores para MA (%) 68% 63% Oclusivas Fricativas Líquidas Figura 13 Valores para [+/- contínuo] Figura 14 Valores de MA (% acertos) (% acertos) Os resultados obtidos apontam para a manutenção do efeito do contraste [+/-contínuo] identificado no G1, uma vez que os resultados globais de sucesso representados na figura 13 apontam para um sucesso dos segmentos [+ contínuo] (fricativas e líquidas) de 74% e de 63% para os segmentos [-contínuo] (oclusivas orais e nasais). A figura 14 desdobra a análise dos segmentos [+contínuo] pelas classes que integram este traço, apresentando resultados globais para os diferentes MA. Assim, as crianças obtiveram de sucesso nas líquidas, 68% nas fricativas e 63% nas oclusivas, começando, portanto, a ser mais fácil, neste grupo, identificar palavras intrusas com líquidas na periferia esquerda do que com fricativas ou com oclusivas. Contudo, em ambas as situações, a análise inferencial mostra que não existem diferenças significativas nos desempenhos das crianças tendo em conta o contraste [+/-contínuo] (p-valor=0,577, teste de Wilcoxon) e o MA (p-valor=0,211, teste de Friedman). O facto de diferentes MA exibirem diferentes inventários de PA torna opaca a aferição do efeito de MA nos dados recolhidos. Contudo, tal prospecção é parcialmente concretizável se observarmos o PA coronal, que se encontra presente em todas as classes de MA, tal como fizemos para o G1. Assim, a figura 15 apresenta os resultados obtidos relativamente à identificação das palavras intrusas com segmentos coronais na periferia esquerda, distribuídos pelas várias classes de MA.

19 O Efeito das Propriedades Fonológicas 37 Grupo 2 - Valores para coronais (%) % 56% Oclusivas nasais 36% 64% Oclusivas orais Fricativas [+ant] 28% 72% Fricativas [-ant] 13% 87% Líquidas (laterais) Figura 15 Valores para as coronais em todos os MA (% acertos/erros) A figura 15 regista o efeito promotor da classe das líquidas na identificação do PA coronal (87% de sucesso). Tal como para o G1, as fricativas [-anterior] ([S, Z]) também favorecem a identificação da palavra intrusa, contrastando com as suas contrapartidas [+anterior] ([s, z]). As oclusivas continuam a apresentar piores resultados do que as restantes classes (fricativas e líquidas). Apesar destas diferenças, a análise inferencial indicou que não existem diferenças significativas no desempenho das crianças do G2 na identificação de palavras intrusas com PA coronal em função do MA (p-valor=0,669; teste de Friedman). 4. Considerações Finais Como referimos na secção 1, os dados do desenvolvimento fonológico em várias línguas do mundo mostram que as labiais e as coronais são as primeiras classes do PA a estabilizarem no sistema fonológico infantil, em particular na periferia esquerda da palavra, como é o caso da estrutura testada no presente estudo; contrariamente, as dorsais constituem o PA mais tardiamente adquirido (Levelt 1994; Fikkert & Levelt 2008; Costa 2010). Os resultados obtidos a partir do desempenho da prova do intruso proposta aos dois grupos da amostra, a qual implica o processamento das diferenças segmentais do PA inerentes à consoante na periferia esquerda da palavra, permitiram verificar que, quando o PA é avaliado isoladamente: (i) no G1, as diferenças encontradas são significativas relativamente às dorsais (23%), por oposição às labiais (38%) e às coronais (37%)

20 38 Avaliação da Consciência Linguística (p-valor=0,014, apurado pela aplicação do Teste de Friedman). Em termos de grau de dificuldade crescente na detecção da palavra intrusa, a ordem encontrada para o G1 é: labial; coronal >> dorsal; (ii) no G2, continuam a registar-se diferenças entre os valores apurados para as dorsais (53%), para as coronais (68%) e para as labiais (75%), identificando-se um efeito despromotor do PA dorsal no desempenho da tarefa proposta. No entanto, neste caso, as diferenças detectadas não são estatisticamente significativas (p-valor=0,549, apurado pela aplicação do Teste de Friedman). Assim, e retomando a hipótese 1, formulada com base nos dados do desenvolvimento fonológico (A identificação de segmentos consonânticos na periferia esquerda da palavra intrusa é promovida quando o PA é labial ou coronal e despromovida quando o PA é dorsal), podemos afirmar que a hipótese é claramente confirmada no G1. Nota-se uma tendência idêntica no G2 (dorsal com efeito despromotor), embora os valores apurados neste último grupo não sejam estatisticamente significativos. Tal como referido na secção inicial do presente trabalho, a investigação na área do desenvolvimento fonológico infantil tem revelado um claro efeito do modo de articulação na aquisição dos inventários segmentais das línguas do mundo: as oclusivas orais são universalmente a primeira classe do MA a ser disponibilizada, seguindo-se-lhe a das oclusivas nasais, a das fricativas e a das líquidas, podendo algumas crianças produzir líquidas antes de fricativas (Fikkert 1994; Bernhardt & Stemberger 1998; Lamprecht et al. 2004, entre muitos outros). No caso específico do PE, as oclusivas orais e as oclusivas nasais estão já disponíveis nos primeiros enunciados das crianças portuguesas, seguindo-se-lhes as fricativas e as líquidas, podendo a ordem de emergência destas duas últimas classes ser invertida (Freitas 1997; Costa 2010). Assim, regista-se um claro efeito de [-contínuo] no desenvolvimento fonológico infantil, uma vez que oclusivas (orais e nasais), sendo [-contínuo], emergem antes das fricativas e das líquidas, ambas caracterizadas como [+contínuo]. Estes factos da aquisição das línguas estiveram na base da formulação da nossa hipótese 2 (A identificação de segmentos consonânticos na periferia esquerda da palavra intrusa é promovida quando o MA é [-contínuo] (oclusivas orais e nasais) e despromovida quando o MA é [+contínuo] (fricativas ou líquidas)). Os resultados obtidos após a aplicação da prova do intruso aos dois grupos da amostra, com processamento induzido das diferenças de MA inerentes à consoante na periferia esquerda da palavra, permitiram verificar que, quando o contraste [+/-contínuo] é avaliado isoladamente: (i) no G1, verifica-se que os segmentos [+contínuo] são mais facilmente detectáveis () do que os segmentos [-contínuo] (26%), sendo as diferenças entre estes valores estatisticamente significativas;

21 O Efeito das Propriedades Fonológicas 39 (ii) no G2, continua a verificar-se que os segmentos [+contínuo] são mais facilmente detectáveis (74%) do que os segmentos [-contínuo] (63%), embora não se tenham apurado diferenças estatisticamente significativas. Se confrontarmos os valores obtidos para as oclusivas (63%), para as fricativas (68%) e para as líquidas (), constatamos que as duas primeiras classes têm valores muito próximos, o que pode ilustrar o papel reduzido do contraste [+/-contínuo] no G2, contrariamente ao que sucede no G1. Os factos acima sumariados quanto ao MA não espelham a ordem identificada pelos trabalhos sobre o desenvolvimento fonológico, verificando-se a ordem exactamente inversa no G1: fricativas; líquidas >> oclusivas. Face aos resultados, podemos verificar que a hipótese 2 é infirmada tanto no G1, dado o efeito promotor de [+contínuo] no desempenho da prova de detecção do intruso, como no G2, dada a ausência de efeito do contraste [+/-contínuo] no desempenho da amostra. Assim, os padrões fornecidos pela investigação na área do desenvolvimento fonológico relativamente ao PA revelaram-se bons preditores do desempenho da amostra na prova de consciência segmental aplicada no presente estudo (prova do intruso). O mesmo não se pode afirmar se tivermos em consideração os padrões de desenvolvimento fonológico relativos ao MA, nomeadamente no que diz respeito ao contraste [+/- -contínuo]. Detectou-se, neste trabalho, um paralelismo entre desenvolvimento fonológico e consciência fonológica no que diz respeito ao processamento do PA, não se tendo detectado relação directa entre os dois tipos de conhecimento fonológico (conhecimento implícito e consciência fonológica) no processamento do MA. Estes resultados serão explorados em Alves (em preparação), em função do confronto entre os resultados obtidos para todas as provas aplicadas aos quatro grupos de sujeitos testados. Observemos, por fim, a relação entre PA e MA nos dois grupos, sumariada na tabela 6 (valores de sucesso em %): Tabela 6 PA e MA em ambos os grupos labial coronal dorsal G1 G2 G1 G2 G1 G2 oclusiva fricativa líquida Na tabela acima, identificamos relações entre PA e MA que simplificam (valores a negrito) e outras que dificultam (valores sublinhados) o processamento segmental na prova aplicada. Verificamos que, no G1, a

22 40 Avaliação da Consciência Linguística relação dorsal/oclusiva ([k, g]) é a que mais dificulta o desempenho da tarefa em estudo, sendo a relação labial;coronal/fricativa ([f, v, s, z, S, Z]) a que mais a facilita. No G2, a relação mais complexa consiste em combinar coronal;dorsal/oclusiva ([t, d, k, g]) e a relação promotora é coronal/líquida ([l]). Na passagem do G1 para o G2, verificamos que a relação mais complexa para o G1 se mantém no G2; neste último grupo, verificamos que coronal pode ainda ser problemático mas apenas se associado a [-contínuo]. A mudança dá-se nas relações promotoras dos desempenhos, que favorecem a líquida coronal no G2, colocando-a acima das fricativas (labiais e coronais), as mais simples para o G1. Os dados mostram que a identificação dos factores que simplificam ou que complexificam o processamento segmental no desempenho de tarefas de consciência segmental devem considerar não só as classes do ponto e do modo de articulação, isoladamente, mas também a co-ocorrência de traços de ambos os tipos de classes naturais dentro de um mesmo segmento (Levelt & Oostendorp 2007; Clements 2009; Volcão 2009). Por fim, se considerarmos os resultados para coronal (figuras 8 e 15), único PA que se manifesta em todas as classes do MA e que é considerado como o PA não marcado no PE (Mateus & Andrade 2000) e nas línguas do mundo, verificamos, uma vez mais, a importância da co- -ocorrência de traços na identificação do grau de complexidade dos segmentos em tarefas de consciência segmental: (i) no G1, o MA fricativo na relação com o PA coronal [-anterior] ([S, Z]) é o contexto que mais favorece a execução da tarefa proposta (55%); a coronal líquida ([l] com 27%) e a nasal ([n] com 24%) são as estruturas segmentais mais problemáticas; (ii) no G2, o MA fricativo na relação com o PA coronal [-anterior] mantém-se como estrutura promotora do desempenho das crianças observadas (([S, Z]) com 72%); é, porém, a líquida coronal que apresenta valores mais altos de sucesso ([l] com 87%). Pelos resultados expostos no presente estudo, concluímos sobre o impacto dos aspectos relativos à estrutura interna dos segmentos (neste caso, ponto de articulação e modo de articulação) no desempenho da tarefa de consciência segmental aplicada à amostra. Ao explorarmos potenciais relações entre o processamento fonológico inerente ao desenvolvimento linguístico infantil e o inerente ao desempenho de tarefas de consciência fonológica, verificámos ser adequada a predição feita para o ponto de articulação mas não a construída para o modo de articulação. Por outras palavras, o PA labial e o coronal são os primeiros a serem adquiridos e favorecem a execução de tarefas de consciência segmental,

23 O Efeito das Propriedades Fonológicas 41 por oposição ao PA dorsal; identifica-se, assim, um paralelismo entre desenvolvimento fonológico e consciência fonológica. Pelo contrário, os modos de articulação [+contínuo] favorecem o desempenho em contexto de aplicação de uma prova de consciência fonológica, o que invalida a predição feita com base nos dados do desenvolvimento fonológico, durante o qual os MA [-contínuo] são os primeiros a emergir. Finalmente, demonstrámos a necessidade de considerar a co-ocorrência de traços na identificação de uma escala de complexidade para o inventário de segmentos a integrar em tarefas de consciência segmental (ou fonémica) para o Português Europeu. Referências Bibliográficas Adams, M. J., Foorman, B. R., Lundberg, I. & T. Beeler (1998). Phonemic awareness: in young children. USA: Paul H. Brookes Publishing Co. Alves, D. (em prep.). Questões de hierarquia fonémica associadas à emergência da consciência segmental. Dissertação de doutoramento. Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa. Alves, D., Castro, A., & S. Correia, S. (2010). Consciência fonológica dados sobre consciência fonémica, intrassilábica e silábica. In Actas do XXV encontro nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: APL. Alves Martins, M. (1996). Pré-História da aprendizagem da leitura. Lisboa: I.S.P.A. Alves Martins, M. & I. Niza. (1998). Psicologia da aprendizagem da linguagem escrita. Lisboa: Universidade Aberta. Bernhardt, B & J. P. Stemberger (1998). Handbook of phonological development: from the perspective of constraint based nonlinear phonology. USA: Academic Press. Brady, S. & D. Shankweiler (orgs.) (1991). Phonological processes in literacy. A Tribute to Isabelle Liberman. Hillsdale, New Jersey: LEA Publishers. Castro-Caldas, A. & A. Reis (2000). Neuropsicologia do analfabetismo. In, M. R. Delgado-Martins, G. Ramalho & A. Costa (Eds.). Literacia e Sociedade: contribuições pluridisciplinares. Lisboa: Caminho. Clements, N. (2009). The role of features in phonological inventories. In E. Remy & C. Cairns (orgs.). Contemporary views on architecture and representations in phonology (19-68). Cambridge: MIT Press. Publicado em 2005 inhttp:// Costa, T. (2003). Aquisição do ponto e do modo de articulação dos segmentos obstruintes no português europeu: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa. Costa, T. (2010). The acquisition of the consonantal system in European Portuguese: Focus on place and manner features. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Lisboa.

24 42 Avaliação da Consciência Linguística Costa, T., M. J. Freitas, S. Frota, F. Martins & M. Vigário (2006). Sobre o PA na periferia esquerda da palavra. In Actas do XXII encontro nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: APL. Duarte, I. (2008). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística. Lisboa: DGIDC Ministério de Educação. Fikkert, P. (1994). On the acquisition of prosodic structure. PhD dissertation. Dordrecht: HIL. Fikkert, P. (2007). External interfaces. Acquiring phonology. In P. de Lacy (org.), The Cambridge handbook of phonology. Cambridge: Cambridge University Press. Fikkert, P. & C. Levelt (2008). How does Place fall into place? The lexicon and emergent constraints in children s developing phonological grammar. In P. Avery, B. Elan Dresher & K. Rice (orgs.). Contrast in phonology: perception and acquisition. Berlin: Mouton Freitas, M. J. (1997). Aquisição da estrutura silábica do Português Europeu. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Lisboa. Freitas, M. J., Alves, D. & T. Costa (2007). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência fonológica. Lisboa: DGIDC Ministério de Educação Hernandorena, C. (1990). Aquisição da fonologia do português. Estabelecimento de padrões com base em traços distintivos. Dissertação de Doutoramento. Porto Alegre: PUCRS. Hogal, T. P.; Catts, H. W. & T. D. Little (2005). The relationship between phonological awareness and reading: implications for the assessment of phonological awareness. Language, Speech and Hearing Services In School, 4 (36), Johnson, W. & P. Reimers (2010). Patterns in child phonology. Edinburgh: Edinburgh University Press. Lamprecht, R. R., Bonilha, G. F. G., Freitas G. C. M., Matzenauer, C. L. B., Mezzomo, C. L., Oliveira, C. C. & L. P. Ribas (2004). Aquisição fonológica do português: perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: ARTMED Levelt, C. (1994). On the acquisition of place. HIL dissertations in Linguistics 8, The Hague: HAG. Levelt, C. & M. Oostendorp (2007). Feature co-occurence constraints in L1 acquisition. In B. Los & M. Koppen (orgs.) Linguistics in Netherland. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company. Mateus, M. H. & E. d Andrade (2000). The phonology of portuguese. Oxford: Oxford University Press. Mateus, M. H. M., Falé, I. & M. J. Freitas (2005). Fonética e fonologia do português. Lisboa: Universidade Aberta. Morais, J. (1991). Constraints on the development of phonemic awareness. In S. Brady & D. Shankweiler (orgs.). Phonological Processes in Literacy. A Tribute to Isabelle Liberman. Hillsdale, New Jersey: LEA Publishers. Morais, J. (2003). Levels of phonological representation in skilled reading and in learning to read. Reading and Writing, 16 (1-2).

25 O Efeito das Propriedades Fonológicas 43 Morais, J. & R. Kolinsky (1994). Perception and awareness in phonological processing: the case of the phoneme. Cognition 50. Scliar-Cabral, L. (2003). Princípios do sistema alfabético: do Português do Brasil. São Paulo: Contextos Silva, A. C. C. (2003). Até à descoberta do princípio alfabético. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da linguagem. Lisboa: Universidade Aberta. Sim-Sim, I., Duarte, I. & M. J. Ferraz (1997). A língua materna na educação básica: competências nucleares e níveis de desempenho. Lisboa: Ministério da Educação Sim-Sim, I; Ramos, C. & M. M. Santos (2006). Ler e ensinar a ler. Lisboa: Edições ASA. Snowling, M. & C. Hulme (2007) The Science of Reading: a Handbook. Oxford: Blackwell. Sucena, A. & S. L. Castro (2008). Aprender a ler e avaliar a leitura. O TIL: Teste de Idade de Leitura. Coimbra: Almedina Treiman, R. (1997). Spelling. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers. Treiman, R. & A. Zukowski (1991). Levels of Phonological Awareness. In S. Brady & D. Shankweiler (orgs.), Phonological Processes in Literacy A Tribute to Isabelle Y. Liberman. London: Lawrence Erlbaum. Veloso, J. (2003). Da Influência do Conhecimento Ortográfico sobre o Conhecimento Fonológico. Dissertação de Doutoramento. Universidade do Porto. Ventura, P., Kolinsky, R., Brito-Mendes, C. & J. Morais (2001). Mental representations of the syllable internal structure are influenced by orthography. Language and cognitive processes, 16 (4), Volcão, C. L. (2009). Modelo padrão de aquisição de contrastes: uma proposta de avaliação e classificação dos desvios fonológicos. Dissertação de Doutoramento. Universidade Católica de Pelotas. Yopp, H. & R. Yopp (2000). Supporting Phonemic Awareness Development in the Classroom. The Reading Teacher, 54 (2),

AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS

AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS Coordenação M. João Freitas Anabela

Leia mais

Adelina Castelo. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Centro de Linguística da Universidade de Lisboa

Adelina Castelo. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Centro de Linguística da Universidade de Lisboa Processos fonológicos e consciência linguística: estudo-piloto com alunos do 1º ano do Ensino Superior Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Centro de Linguística da Universidade de Lisboa XXV

Leia mais

Explicitação do conhecimento fonológico em Língua Materna

Explicitação do conhecimento fonológico em Língua Materna Explicitação do conhecimento fonológico em Língua Materna Adelina Castelo & Maria João Freitas Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Centro de Linguística da Universidade de Lisboa 8º Encontro

Leia mais

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE Francisco Vicente Universidade Eduardo Mondlane/CLUL 1. Introdução O objectivo central deste estudo é o de analisar o desempenho de crianças moçambicanas

Leia mais

TÍTULO: BATERIA DE PROVAS FONOLÓGICAS AUTOR: ANA CRISTINA SILVA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA EDUCACIONAL

TÍTULO: BATERIA DE PROVAS FONOLÓGICAS AUTOR: ANA CRISTINA SILVA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA EDUCACIONAL TÍTULO: BATERIA DE PROVAS FONOLÓGICAS AUTOR: ANA CRISTINA SILVA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA EDUCACIONAL INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA RUA JARDIM DO TABACO, 34 1149-041 LISBOA 1ª EDIÇÃO: SETEMBRO

Leia mais

REVISITANDO OS UNIVERSAIS FONOLÓGICOS DE JAKOBSON

REVISITANDO OS UNIVERSAIS FONOLÓGICOS DE JAKOBSON Página 207 de 513 REVISITANDO OS UNIVERSAIS FONOLÓGICOS DE JAKOBSON Laís Rodrigues Silva Bockorni (IC- UESB/GEDEF) Maria de Fátima de Almeida Baia (PPGLIN/GEDEF/UESB) RESUMO Neste trabalho, revisitamos

Leia mais

RELAÇÃO ENTRE INVENTÁRIO SEGMENTAL E TEMPLATES: ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

RELAÇÃO ENTRE INVENTÁRIO SEGMENTAL E TEMPLATES: ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN Página 201 de 512 RELAÇÃO ENTRE INVENTÁRIO SEGMENTAL E TEMPLATES: ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN Glaubia Ribeiro Moreira (UESB/PPGLin) Marian Oliveira (UESB/PPGLin) Maria de Fátima

Leia mais

avaliação da consciência fonológica resultados de um estudo piloto

avaliação da consciência fonológica resultados de um estudo piloto avaliação da consciência fonológica resultados de um estudo piloto Ana Castro ESS-IPS/CLUNL ana.castro@ess.ips.pt Dina Alves ESSEM/CLUL/Relicário de Sons dina@relicariodesons.com Susana Correia CLUL correia.smd@gmail.com

Leia mais

Phon: Ferramenta para pesquisa de dados em aquisição fonológica. Corpus monolingue para a aquisição da fonologia do PE Pesquisas e relatórios

Phon: Ferramenta para pesquisa de dados em aquisição fonológica. Corpus monolingue para a aquisição da fonologia do PE Pesquisas e relatórios Phon: Ferramenta para pesquisa de dados em aquisição fonológica Corpus monolingue para a aquisição da fonologia do PE Pesquisas e relatórios Corpus Correia, Costa & Freitas (2010) [CCF] Trabalho realizado

Leia mais

EMERGÊNCIA DAS RÓTICAS NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA ATÍPICA: RELAÇÕES IMPLICACIONAIS E DE MARCAÇÃO

EMERGÊNCIA DAS RÓTICAS NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA ATÍPICA: RELAÇÕES IMPLICACIONAIS E DE MARCAÇÃO Revista Prolíngua ISSN 1983-9979 Página 41 EMERGÊNCIA DAS RÓTICAS NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA ATÍPICA: RELAÇÕES IMPLICACIONAIS E DE MARCAÇÃO Vanessa Henrich 27 Letícia Pacheco Ribas 28 RESUMO Este artigo objetivou

Leia mais

Uma proposta de Escala de Robustez para a aquisição fonológica do PB

Uma proposta de Escala de Robustez para a aquisição fonológica do PB ARTIGO Letrônica v. 3, n. 1, p. 62, julho 2010 Uma proposta de Escala de Robustez para a aquisição fonológica do PB Cristiane Lazzarotto-Volcão 1 Introdução Para o aprendiz, adquirir o sistema fonológico

Leia mais

A grafia das consoantes biunívocas que se diferenciam pelo traço distintivo [sonoro] em textos de alunos de séries/anos iniciais

A grafia das consoantes biunívocas que se diferenciam pelo traço distintivo [sonoro] em textos de alunos de séries/anos iniciais A grafia das consoantes biunívocas que se diferenciam pelo traço distintivo [sonoro] em textos de alunos de séries/anos iniciais Rodrigues, Cristiane 1 ; Miranda, Ana Ruth 2 1 Universidade Federal de Pelotas,

Leia mais

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM VOLUME ESPECIAL - 2012 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- O Modelo Padrão de Aquisição de Contrastes:

Leia mais

Licenciatura em Terapia da Fala. Monografia final de curso. Elaborado por: Raquel Silva. Aluno nº: Orientador: Letícia Almeida.

Licenciatura em Terapia da Fala. Monografia final de curso. Elaborado por: Raquel Silva. Aluno nº: Orientador: Letícia Almeida. Licenciatura em Terapia Aquisição do Sistema Consonântico do Português Europeu em crianças com 4 anos Monografia final de curso Elaborado por: Raquel Silva Aluno nº: 200791522 Orientador: Letícia Almeida

Leia mais

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO: O CASO DO CONSTITUINTE ATAQUE EM PORTUGUÊS EUROPEU

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO: O CASO DO CONSTITUINTE ATAQUE EM PORTUGUÊS EUROPEU CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO: O CASO DO CONSTITUINTE ATAQUE EM PORTUGUÊS EUROPEU Catarina Afonso Universidade de Lisboa, CLUL/ /Escola Superior de Saúde Egas Moniz M. João Freitas

Leia mais

Do que as crianças sabem ao que. João Costa (FCSH-UNL)* Jornadas sobre o ensino do português FCSH, Maio de 2008

Do que as crianças sabem ao que. João Costa (FCSH-UNL)* Jornadas sobre o ensino do português FCSH, Maio de 2008 Do que as crianças sabem ao que temos de lhes ensinar João Costa (FCSH-UNL)* Jornadas sobre o ensino do português FCSH, Maio de 2008 *POCI/LIN/57377/2004 Objectivo Apresentar contributo da sintaxe teórica

Leia mais

Aula 6 Desenvolvimento da linguagem: percepção categorial

Aula 6 Desenvolvimento da linguagem: percepção categorial Aula 6 Desenvolvimento da linguagem: percepção categorial Pablo Faria HL422A Linguagem e Pensamento: teoria e prática Módulo 1: Aquisição da Linguagem IEL/UNICAMP 19 de setembro de 2016 SUMÁRIO PRELIMINARES

Leia mais

VI SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS. Luiz Carlos da Silva Souza** (UESB) Priscila de Jesus Ribeiro*** (UESB) Vera Pacheco**** (UESB)

VI SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS. Luiz Carlos da Silva Souza** (UESB) Priscila de Jesus Ribeiro*** (UESB) Vera Pacheco**** (UESB) 61 de 119 UMA ANÁLISE DE F0 DAS VOGAIS NASAIS E NASALIZADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO 1 Luiz Carlos da Silva Souza** Priscila de Jesus Ribeiro*** Vera Pacheco**** RESUMO: Este trabalho tem por objetivo fornecer

Leia mais

Resumo e Reflexão do artigo: Descobrir o princípio alfabético, por Ana Cristina Silva

Resumo e Reflexão do artigo: Descobrir o princípio alfabético, por Ana Cristina Silva Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação Licenciatura em Educação Básica - 3º ano, turma B U.C.: Introdução à Didáctica do Português Docentes: Helena Camacho 2009/2010 Resumo e Reflexão

Leia mais

Aplicação do modelo de oposições máximas em paciente com desvio fonológico: relato de caso

Aplicação do modelo de oposições máximas em paciente com desvio fonológico: relato de caso Aplicação do modelo de oposições máximas em paciente com desvio fonológico: relato de caso Fernanda Helena Kley¹, Letícia Pacheco Ribas² RESUMO Este estudo tem como objetivo verificar a aplicabilidade

Leia mais

Efeito de um Programa de Treino da Consciência Fonológica no rendimento escolar: um estudo longitudinal

Efeito de um Programa de Treino da Consciência Fonológica no rendimento escolar: um estudo longitudinal Efeito de um Programa de Treino da Consciência Fonológica no rendimento escolar: um estudo longitudinal Inês Ferraz & Margarida Pocinho Universidade da Madeira; Alexandra Pereira, Infantário da Rochinha,

Leia mais

CONHECIMENTO METALINGUÍSTICO: DO JARDIM-DE-INFÂNCIA AO 1º CICLO

CONHECIMENTO METALINGUÍSTICO: DO JARDIM-DE-INFÂNCIA AO 1º CICLO English version at the end of this document Ano Letivo 2016-17 Unidade Curricular CONHECIMENTO METALINGUÍSTICO: DO JARDIM-DE-INFÂNCIA AO 1º CICLO Cursos INTERVENÇÃO MULTIDISCIPLINAR NAS PERTURBAÇÕES DA

Leia mais

"No laboratório à conversa com..."

No laboratório à conversa com... "No laboratório à conversa com..." Laboratório de Fala Faculdade de Psicologia og e Ciências de Educação, Universidade do Porto o 6 de Julho de 2011 FreP - Padrões de frequências na fonologia do Português

Leia mais

Um polvo é igual a um pato? Sobre o impacto das variáveis fonológicas na avaliação do conhecimento metalinguístico 1

Um polvo é igual a um pato? Sobre o impacto das variáveis fonológicas na avaliação do conhecimento metalinguístico 1 Um polvo é igual a um pato? Sobre o impacto das variáveis fonológicas na avaliação do conhecimento metalinguístico 1 Catarina Afonso & Maria João Freitas Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa &

Leia mais

Marina Vigário, Sónia Frota & Fernando Martins Universidade de Lisboa. A frequência que conta na aquisiçã. ção da fonologia: types ou tokens?

Marina Vigário, Sónia Frota & Fernando Martins Universidade de Lisboa. A frequência que conta na aquisiçã. ção da fonologia: types ou tokens? Marina Vigário, Sónia Frota & Fernando Martins Universidade de Lisboa Laboratório rio de Fonética (FLUL/CLUL) A frequência que conta na aquisiçã ção da fonologia: types ou tokens? Introdução Frequência

Leia mais

Efeitos de um programa de escrita em interação na prevenção de dificuldades iniciais de leitura. Liliana Salvador Margarida Alves Martins

Efeitos de um programa de escrita em interação na prevenção de dificuldades iniciais de leitura. Liliana Salvador Margarida Alves Martins Efeitos de um programa de escrita em interação na prevenção de dificuldades iniciais de leitura Liliana Salvador Margarida Alves Martins Projeto financiado por FCT -SFRH/BD/90452/2012 Introdução Dificuldades

Leia mais

Nº 3 09/ https://doi.org/ / /rapln3ano2017a3. Revista da Associação Portuguesa de Linguística

Nº 3 09/ https://doi.org/ / /rapln3ano2017a3. Revista da Associação Portuguesa de Linguística Um polvo é igual a um pato? Sobre o impacto das variáveis fonológicas na avaliação do conhecimento metalinguístico 1 Catarina Afonso & Maria João Freitas Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa &

Leia mais

TONICIDADE E COARTICULAÇÃO: UMA ANÁLISE INSTRUMENTAL

TONICIDADE E COARTICULAÇÃO: UMA ANÁLISE INSTRUMENTAL 225 de 667 TONICIDADE E COARTICULAÇÃO: UMA ANÁLISE INSTRUMENTAL Dyuana Darck Santos Brito 61 (UESB) Vera Pacheco 62 (UESB) Marian Oliveira 63 (UESB) RESUMO considerando que a tonicidade é um aspecto importante

Leia mais

Resumo. Introdução à Didáctica do Português. Docente: Helena Camacho. Teresa Cardim Nº Raquel Mendes Nº

Resumo. Introdução à Didáctica do Português. Docente: Helena Camacho. Teresa Cardim Nº Raquel Mendes Nº Resumo Introdução à Didáctica do Português Docente: Helena Camacho Teresa Cardim Nº 070142074 Raquel Mendes Nº 070142032 Maio de 2010 Descobrir o princípio alfabético de Ana Cristina Silva O princípio

Leia mais

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB 3661 AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB INTRODUÇÃO Francisco De Oliveira Meneses (UESB/ FAPESB) Vera PACHECO (UESB) As oclusivas são sons consonânticos

Leia mais

AQUISIÇÃO FONOLÓGICA ATÍPICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: RELAÇÕES IMPLICACIONAIS E DE MARCAÇÃO NA EMERGÊNCIA DAS CONSOANTES RÓTICAS

AQUISIÇÃO FONOLÓGICA ATÍPICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: RELAÇÕES IMPLICACIONAIS E DE MARCAÇÃO NA EMERGÊNCIA DAS CONSOANTES RÓTICAS AQUISIÇÃO FONOLÓGICA ATÍPICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: RELAÇÕES IMPLICACIONAIS E DE MARCAÇÃO NA EMERGÊNCIA DAS CONSOANTES RÓTICAS ATYPICAL PHONOLOGIC ACQUISITION IN BRASILIAN PORTUGUESE: IMPLICATIONAL RELATIONS

Leia mais

Introdução à Fonologia: Traços Distintivos e Redundância

Introdução à Fonologia: Traços Distintivos e Redundância Introdução à Fonologia: Traços Distintivos e Redundância Seung Hwa Lee Fundamentos de Fonologia e Morfologia Fonologia Gerativa Morris Halle and Noam Chomsky começaram os estudos da fonologia nos anos

Leia mais

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE HABILIDADES AUDITIVAS E METALINGUISTICAS DE CRIANÇAS DE CINCO ANOS COM E SEM PRÁTICA MUSICAL INTRODUÇÃO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE HABILIDADES AUDITIVAS E METALINGUISTICAS DE CRIANÇAS DE CINCO ANOS COM E SEM PRÁTICA MUSICAL INTRODUÇÃO ESTUDO COMPARATIVO ENTRE HABILIDADES AUDITIVAS E METALINGUISTICAS DE CRIANÇAS DE CINCO ANOS COM E SEM PRÁTICA MUSICAL Palavras-chave: percepção auditiva, linguagem infantil, música INTRODUÇÃO O desenvolvimento

Leia mais

Fonologia. Sistemas e padrões sonoros na linguagem. Sónia Frota Universidade de Lisboa (FLUL)

Fonologia. Sistemas e padrões sonoros na linguagem. Sónia Frota Universidade de Lisboa (FLUL) Fonologia Sistemas e padrões sonoros na linguagem Sónia Frota Universidade de Lisboa (FLUL) Conteúdos Sistemas e padrões sonoros na linguagem (< propriedades fonéticas), universais e nem tanto Sistemas

Leia mais

Catarina Afonso & Maria João Freitas

Catarina Afonso & Maria João Freitas O instrumento com o título Tarefas de Consciência Fonológica para crianças Portuguesas do 1º Ciclo do Ensino Básico foi construído com o objetivo de testar todos os níveis de consciência fonológica (segmental

Leia mais

A EMERGÊNCIA DE PADRÕES FÔNICOS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

A EMERGÊNCIA DE PADRÕES FÔNICOS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN A EMERGÊNCIA DE PADRÕES FÔNICOS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN Glaubia Ribeiro Moreira 1 Marian Oliveira 2 Maria de Fátima de A. Baia 3 INTRODUÇÃO Neste estudo de caso qualitativo

Leia mais

3. Docente responsável e respetivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o nome completo) Maria João dos Reis de Freitas

3. Docente responsável e respetivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o nome completo) Maria João dos Reis de Freitas 1. Nome da unidade curricular Aquisição da Linguagem (Tópicos em Fonologia e em Sintaxe) 2. Ciclo de estudos 2.º 3. Docente responsável e respetivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o

Leia mais

A Consciência Fonológica

A Consciência Fonológica A Consciência Fonológica Maria João Freitas Dina Alves Teresa Costa Índice da brochura 1. Introdução 2. O que o professores precisam de saber sobre consciência fonológica 2.1. Oralidade e escrita: autonomia

Leia mais

O ritmo nas variedades centro-meridionais do Português Europeu: produção e percepção

O ritmo nas variedades centro-meridionais do Português Europeu: produção e percepção Marisa Cruz & Sónia Frota Laboratório de Fonética (CLUL/FLUL) Universidade de Lisboa XXIX Encontro Nacional da APL Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, Coimbra, 23 de Outubro de 2013 O ritmo nas

Leia mais

Aquisição das líquidas por crianças com desvio fonológico: Aquisição silábica ou segmental?

Aquisição das líquidas por crianças com desvio fonológico: Aquisição silábica ou segmental? Aquisição das líquidas por crianças com desvio fonológico: Aquisição silábica ou segmental? Letícia Pacheco Ribas Feevale, Novo Hamburgo - Brasil (leticiaribas@feevale.br) Resumo Este estudo descreve e

Leia mais

O que revelam os textos espontâneos e um ditado com palavras inventadas sobre a grafia das consoantes róticas

O que revelam os textos espontâneos e um ditado com palavras inventadas sobre a grafia das consoantes róticas O que revelam os textos espontâneos e um ditado com palavras inventadas sobre a grafia das consoantes róticas Pâmela Renata Machado Araújo (UFPel-PIBIC) Mirian Alvaro Costa Garcia (UFPel-FAPERGS) Ana Ruth

Leia mais

Perfil Fonológico de Crianças com Perturbação de Linguagem Primária (PLP) Dissertação de Mestrado em Ciências da Fala e da Audição

Perfil Fonológico de Crianças com Perturbação de Linguagem Primária (PLP) Dissertação de Mestrado em Ciências da Fala e da Audição Perfil Fonológico de Crianças com Perturbação de Linguagem Primária (PLP) Diana Inês Costa Domingues NM: 39242 Dissertação de Mestrado em Ciências da Fala e da Audição Orientador: Professor Doutor Luís

Leia mais

Percurso da Aquisição dos Encontros Consonantais e Fonemas em Crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade

Percurso da Aquisição dos Encontros Consonantais e Fonemas em Crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade Percurso da Aquisição dos Encontros Consonantais e Fonemas em Crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade Palavras-Chave: Desenvolvimento Infantil, Medida da Produção da Fala, Distribuição por Idade e Sexo. INTRODUÇÃO:

Leia mais

AULA 3: ANÁLISE FONÊMICA EM PORTUGUÊS 1. Introdução Fonêmica

AULA 3: ANÁLISE FONÊMICA EM PORTUGUÊS 1. Introdução Fonêmica AULA 3: ANÁLISE FONÊMICA EM PORTUGUÊS 1. Introdução Fonêmica o Termo reservado às análises fonológicas estruturalistas americanas cf. Pike, 1947 o Objetivo: fornecer o instrumental para a conversão da

Leia mais

PADRÃO FORMÂNTICA DA VOGAL [A] REALIZADA POR CONQUISTENSES: UM ESTUDO COMPARATIVO

PADRÃO FORMÂNTICA DA VOGAL [A] REALIZADA POR CONQUISTENSES: UM ESTUDO COMPARATIVO Página 47 de 315 PADRÃO FORMÂNTICA DA VOGAL [A] REALIZADA POR CONQUISTENSES: UM ESTUDO COMPARATIVO Tássia da Silva Coelho 13 (UESB) Vera Pacheco 14 (UESB) RESUMO Este trabalho visou a avaliar a configuração

Leia mais

A AQUISIÇÃO DAS FRICATIVAS DENTAIS DO INGLÊS: UMA PERSPECTIVA DINÂMICA

A AQUISIÇÃO DAS FRICATIVAS DENTAIS DO INGLÊS: UMA PERSPECTIVA DINÂMICA 261 de 665 A AQUISIÇÃO DAS FRICATIVAS DENTAIS DO INGLÊS: UMA PERSPECTIVA DINÂMICA Fábio Silva Lacerda Bastos 73 (UESB) Maria de Fátima de Almeida Baia 74 (UESB) RESUMO Este estudo piloto segue a perspectiva

Leia mais

VOGAL [A] PRETÔNICA X TÔNICA: O PAPEL DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL E DA INTENSIDADE 86

VOGAL [A] PRETÔNICA X TÔNICA: O PAPEL DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL E DA INTENSIDADE 86 Página 497 de 658 VOGAL [A] PRETÔNICA X TÔNICA: O PAPEL DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL E DA INTENSIDADE 86 Jaciara Mota Silva ** Taise Motinho Silva Santos *** Marian Oliveira **** Vera Pacheco ***** RESUMO:

Leia mais

CLASSES DE SONS (AGRUPAMENTO DE SONS QUE PARTILHAM

CLASSES DE SONS (AGRUPAMENTO DE SONS QUE PARTILHAM Rita Veloso FLUL 1 de 10 CLASSES DE SONS (AGRUPAMENTO DE SONS QUE PARTILHAM DETERMINADAS PROPRIEDADES) MODO DE ARTICULAÇÃO (MA) Classificação dos sons quanto à forma como são produzidos, i.e., em função

Leia mais

Aprender a ler: Dos sons às letras. Fernanda Leopoldina P. Viana Universidade do Minho

Aprender a ler: Dos sons às letras. Fernanda Leopoldina P. Viana Universidade do Minho Aprender a ler: Dos sons às letras Fernanda Leopoldina P. Viana Universidade do Minho fviana@iec.uminho.pt Leitura: PÁ-TÓ (para PATO) PAU (para RUA) RUA ( para RIO) J: Não gosto de ler, gosto mais de escrever

Leia mais

Consciência Fonoarticulatória e Alfabetização

Consciência Fonoarticulatória e Alfabetização Consciência Fonoarticulatória e Alfabetização Rosangela Marostega Santos Fonoaudióloga Ao longo das últimas décadas muitos estudos tem sido realizados com o objetivo de compreender quais processos cognitivos

Leia mais

Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275

Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275 Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275-1 o. Semestre de 2018 1. Objetivo: Apresentar aos alunos os aspectos fundamentais da fonologia da língua portuguesa,

Leia mais

A Cartola Mágica do Gato Falador

A Cartola Mágica do Gato Falador Estoril Vigotsky Conference A Cartola Mágica do Gato Falador Um Instrumento de Intervenção em Perturbações da Linguagem Prof.ª Doutora Maria do Rosário Dias Dra. Nádia Pereira Simões Joana Andrade Nânci

Leia mais

SÍNDROME DE DOWN E LINGUAGEM: ANÁLISE DOS ASPECTOS APRÁXICOS NA FALA DE UMA CRIANÇA

SÍNDROME DE DOWN E LINGUAGEM: ANÁLISE DOS ASPECTOS APRÁXICOS NA FALA DE UMA CRIANÇA Página 225 de 513 SÍNDROME DE DOWN E LINGUAGEM: ANÁLISE DOS ASPECTOS APRÁXICOS NA FALA DE UMA CRIANÇA Laíse Araújo Gonçalves (LAPEN/UESB/FAPESB) Micheline Ferraz Santos (LAPEN/UESB) Carla Salati Almeida

Leia mais

Desenvolvimento Prosódico e Entoacional (DEPE) & Baby Lab

Desenvolvimento Prosódico e Entoacional (DEPE) & Baby Lab Sónia Frota & Marina Vigário Universidade de Lisboa Laboratório rio de Fonética (FLUL/CLUL) Desenvolvimento Prosódico e Entoacional (DEPE) & Baby Lab Linha de acçã ção o em Aquisiçã ção o da Prosódia Introdução

Leia mais

Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275

Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275 Objetivo, programa e cronograma da disciplina: - 1 o. Semestre de 2019 1. Objetivo: Apresentar aos alunos os aspectos fundamentais da fonologia da língua portuguesa, de um ponto de vista histórico e descritivo.

Leia mais

XXI Encontro Nacional da APL, 28/10/2005. Marina Vigário. Fernando Martins. Sónia Frota. Universidade de Lisboa, " ILTEC. Universidade do Minho,

XXI Encontro Nacional da APL, 28/10/2005. Marina Vigário. Fernando Martins. Sónia Frota. Universidade de Lisboa,  ILTEC. Universidade do Minho, XXI Encontro Nacional da APL, 28/10/2005 A ferramenta FreP e a frequência de tipos silábicos e classes de segmentos no Português + Marina Vigário *" Fernando Martins * Sónia Frota + Universidade do Minho,

Leia mais

Gramática na Aquisição da Linguagem: o desenho da Fonologia

Gramática na Aquisição da Linguagem: o desenho da Fonologia Estudos da Língua(gem) Gramática na Aquisição da Linguagem: o desenho da Fonologia Grammar in Language Acquisition: the design of Phonology Carmen Lúcia Barreto Matzenauer * Universidade Católica de Pelotas

Leia mais

Desenvolvimento, Contextos Familiares e Educativos: Resumo de Projectos

Desenvolvimento, Contextos Familiares e Educativos: Resumo de Projectos 9- Contextos e Transição: Competências de Literacia e Numeracia em Crianças dos 4 aos 7 Anos (2005 em curso) [Contexts and Transition: Literacy and Numeracy in 3 to 7 Year-old Children (2005- ongoing)]

Leia mais

Conhecimento explícito da língua LEITURA

Conhecimento explícito da língua LEITURA Compreensão do oral/expressão oral Leitura Conhecimento explícito da língua Escrita LEITURA 1 Apresentação 1. Nome da Sequência: 2. Contexto/projecto: Conhecimento explícito da língua 3. Ano de escolaridade:

Leia mais

IMPLICAÇÕES DA AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO VOT NA PERCEPÇÃO DE CONSOANTES OCLUSIVAS 1

IMPLICAÇÕES DA AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO VOT NA PERCEPÇÃO DE CONSOANTES OCLUSIVAS 1 31 de 368 IMPLICAÇÕES DA AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO VOT NA PERCEPÇÃO DE CONSOANTES OCLUSIVAS 1 Renato Abreu Soares * (Uesb) Vera Pacheco ** (Uesb) RESUMO Modificações na constituição intrínseca dos segmentos

Leia mais

Estudos atuais Transtorno Fonológico

Estudos atuais Transtorno Fonológico Estudos atuais Transtorno onológico Profa Dra Haydée iszbein Wertzner Profa Associada do Departamento de isioterapia, onoaudiologia e Terapia Ocupacional MUSP Wertzner, H TRANSTORNO ONOÓGICO Alteração

Leia mais

O COMPORTAMENTO DAS LÍQUIDAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE ONSETS COMPLEXOS

O COMPORTAMENTO DAS LÍQUIDAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE ONSETS COMPLEXOS O COMPORTAMENTO DAS LÍQUIDAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE ONSETS COMPLEXOS Letícia Bello Staudt * Cátia de Azevedo Fronza ** Introdução A aquisição de uma língua é, ainda hoje, assunto que desperta grande

Leia mais

CONTRIBUTO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE MAR- CADORES CLÍNICOS EM CONTEXTO DE PERTUR- BAÇÃO FONOLÓGICA: DADOS DAS LÍQUIDAS EM PORTUGUÊS EUROPEU 1

CONTRIBUTO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE MAR- CADORES CLÍNICOS EM CONTEXTO DE PERTUR- BAÇÃO FONOLÓGICA: DADOS DAS LÍQUIDAS EM PORTUGUÊS EUROPEU 1 DOI: http://dx.doi.org/10.12957/matraga.2017.28714 CONTRIBUTO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE MAR- CADORES CLÍNICOS EM CONTEXTO DE PERTUR- BAÇÃO FONOLÓGICA: DADOS DAS LÍQUIDAS EM PORTUGUÊS EUROPEU 1 Ana Margarida

Leia mais

Marisa Cruz & Sónia Frota. XXVII Encontro Nacional da APL

Marisa Cruz & Sónia Frota. XXVII Encontro Nacional da APL Marisa Cruz & Sónia Frota Laboratório de Fonética (CLUL/FLUL) Universidade de Lisboa XXVII Encontro Nacional da APL FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 28 de Outubro de 2011 Para a prosódia do foco em variedades

Leia mais

AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM ALUNOS DURANTE A FASE DE ALFABETIZAÇÃO. PALAVRAS-CHAVES: consciência fonológica, adultos, alfabetização.

AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM ALUNOS DURANTE A FASE DE ALFABETIZAÇÃO. PALAVRAS-CHAVES: consciência fonológica, adultos, alfabetização. AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM ALUNOS DURANTE A FASE DE ALFABETIZAÇÃO. Thayane Sampaio de Souza Campos 1 ; Vera Pedreira dos Santos Pepe 2 Bolsista FAPESB, Graduanda em Letras Vernáculas, Universidade

Leia mais

Ensino da Língua Materna como Desenvolvimento da Consciência Linguística

Ensino da Língua Materna como Desenvolvimento da Consciência Linguística Ensino da Língua Materna como Desenvolvimento da Consciência Linguística João Costa (FCSH-UNL) Seminário Desenvolvimento Pedagógico e Organizacional do 1.º ciclo Porto, UCP, janeiro de 2012 Objetivo Relacionar

Leia mais

Características da duração do ruído das fricativas de uma amostra do Português Brasileiro

Características da duração do ruído das fricativas de uma amostra do Português Brasileiro Estudos da Língua(gem) Características da duração do ruído das fricativas de uma amostra do Português Brasileiro Characteristics of the duration of the fricative noise of a sample of Brazilian Portuguese

Leia mais

Identificar e compreender as alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico de 1990 na expressão escrita do português europeu.

Identificar e compreender as alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico de 1990 na expressão escrita do português europeu. Curso EDUCAÇÃO BÁSICA Ano letivo 2015-2016 Unidade Curricular FONÉTICA e FONOLOGIA do PORTUGUÊS ECTS 6 Regime Obrigatório Ano 1º Semestre 1º semestre Horas de trabalho globais Docente Rui Manuel Formoso

Leia mais

Criação de um Teste de Avaliação da Prosódia na Criança

Criação de um Teste de Avaliação da Prosódia na Criança Criação de um Teste de Avaliação da Prosódia na Criança Maria Manuel Vidal 1, Sónia Frota 2, Marisa Lousada 3, Marina Vigário 2 1. FLUL; CLUL; Doutoramento em Linguística Bolsa FCT SFRH/BD/98841/2013 2.

Leia mais

INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO SILÁBICA CVC NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO INGLÊS: UMA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICA

INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO SILÁBICA CVC NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO INGLÊS: UMA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICA Página 33 de 315 INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO SILÁBICA CVC NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO INGLÊS: UMA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICA Michael Douglas Silva Dias 9 (UESB) Vera Pacheco 10

Leia mais

INSTITUTO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PANORAMA. do PORTUGUÊS ORAL. de MAPUTO VOLUME III ESTRUTURAS GRAMATICAIS DO PORTUGUÊS:

INSTITUTO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PANORAMA. do PORTUGUÊS ORAL. de MAPUTO VOLUME III ESTRUTURAS GRAMATICAIS DO PORTUGUÊS: INSTITUTO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PANORAMA do PORTUGUÊS ORAL de MAPUTO VOLUME III ESTRUTURAS GRAMATICAIS DO PORTUGUÊS: PROBLEMAS E APLICAÇÕES Perpétua Gonçalves e Christopher Stroud Cadernos

Leia mais

Fonologia Gerativa. Traços distintivos Redundância Processos fonológicos APOIO PEDAGÓGICO. Prof. Cecília Toledo

Fonologia Gerativa. Traços distintivos Redundância Processos fonológicos APOIO PEDAGÓGICO. Prof. Cecília Toledo Fonologia Gerativa Traços distintivos Redundância Processos fonológicos APOIO PEDAGÓGICO Prof. Cecília Toledo ceciliavstoledo@gmail. com PRESSUPOSTOS DA FONOLOGIA GERATIVA A gramática é concebida como

Leia mais

PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL DAS FRICATIVAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL DAS FRICATIVAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO Página 291 de 499 PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL DAS FRICATIVAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO Audinéia Ferreira-Silva (CAPES/UESB) Vera Pacheco (UESB) Luiz Carlos Cagliari (UNESP) RESUMO Neste trabalho, nosso objetivo

Leia mais

ESTUDO FONÉTICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA PAUSA NA DURAÇÃO DE VOGAIS ACOMPANHADAS DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS *

ESTUDO FONÉTICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA PAUSA NA DURAÇÃO DE VOGAIS ACOMPANHADAS DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS * 57 de 297 ESTUDO FONÉTICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA PAUSA NA DURAÇÃO DE VOGAIS ACOMPANHADAS DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS * Francisco Meneses (UESB) Vera Pacheco (UESB) RESUMO A duração das vogais

Leia mais

Peso fonológico e foco informacional no sujeito em português europeu (PE)

Peso fonológico e foco informacional no sujeito em português europeu (PE) FLAVIANE ROMANI FERNANDES (pósgraduação Unicamp) flaviane@iel.unicamp.br XXI Encontro da Associação Portuguesa de Lingüística 28.09.2005 Peso fonológico e foco informacional no sujeito em português europeu

Leia mais

Luciana Brooking T. Dias

Luciana Brooking T. Dias Luciana Brooking T. Dias Mestranda em Psicologia Clínica e Neurociência PUC/Rio Introdução Memória de Trabalho possível causa de problemas de aprendizagem. Modelo de Baddeley: Executivo Central (EC), Alça

Leia mais

LÍNGUA PORTUGUESA. Professor Bernardo Augusto. Fonética e Fonologia

LÍNGUA PORTUGUESA. Professor Bernardo Augusto. Fonética e Fonologia LÍNGUA PORTUGUESA Professor Bernardo Augusto Fonética e Fonologia Fonética articulatória é um dos principais ramos da FONÉTICA, que é a ciência responsável pelo estudo dos sons utilizados na linguagem

Leia mais

A generalização em desvios fonológicos: o caminho pela recorrência de traços*

A generalização em desvios fonológicos: o caminho pela recorrência de traços* LETRAS A generalização DE HOJE em desvios LETRAS fonológicos DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE 27 A generalização em desvios fonológicos: o caminho pela

Leia mais

Análise fonológica da entoação: estudo constrastivo entre o português e. o espanhol

Análise fonológica da entoação: estudo constrastivo entre o português e. o espanhol Análise fonológica da entoação: estudo constrastivo entre o português e o espanhol Kelly Cristiane Henschel Pobbe de Carvalho (FCL/ UNESP-Assis) Introdução Este trabalho consiste na apresentação de um

Leia mais

2. Corpus e metodologia

2. Corpus e metodologia 1. Introdução ACENTO SECUNDÁRIO, ATRIBUIÇÃO TONAL E ÊNFASE EM PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB) Flaviane Romani Fernandes-Svartman flaviane@gmail.com (Unicamp) Implementação de acentos secundários (2 ários ) em

Leia mais

Prevalência de desvio fonológico em crianças de 4 a 6 anos de escolas públicas municipais de Salvador BA

Prevalência de desvio fonológico em crianças de 4 a 6 anos de escolas públicas municipais de Salvador BA Prevalência de desvio fonológico em crianças de 4 a 6 anos de escolas públicas municipais de Salvador BA Palavras-chaves: Distúrbio da fala, avaliação do desempenho, criança Na população infantil, o desvio

Leia mais

AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DOS CORRELATOS ACÚSTICOS DE TONICIDADE DAS VOGAIS MÉDIAS BAIXAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA E TÔNICA *

AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DOS CORRELATOS ACÚSTICOS DE TONICIDADE DAS VOGAIS MÉDIAS BAIXAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA E TÔNICA * 45 de 297 AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DOS CORRELATOS ACÚSTICOS DE TONICIDADE DAS VOGAIS MÉDIAS BAIXAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA E TÔNICA * Juscélia Silva Novais Oliveira ** (UESB) Marian dos Santos Oliveira ***

Leia mais

VARIABILIDADE NA FALA TÍPICA: DE JAKOBSON AOS ESTUDOS MULTIREPRESENTACIONAIS

VARIABILIDADE NA FALA TÍPICA: DE JAKOBSON AOS ESTUDOS MULTIREPRESENTACIONAIS VARIABILIDADE NA FALA TÍPICA: DE JAKOBSON AOS ESTUDOS MULTIREPRESENTACIONAIS Paloma Maraísa Oliveira Carmo 1 Maria de Fátima Almeida Baia 2 Laís Bockorni 3 INTRODUÇÃO Baseado em uma visão estruturalista,

Leia mais

fonética aula 01 SAULO SANTOS APOIO PEDAÓGICO

fonética aula 01 SAULO SANTOS APOIO PEDAÓGICO fonética aula 01 SAULO SANTOS APOIO PEDAÓGICO 1. Fonéticas 2. Fonética vs. Fonologia 3. Aparelho fonador 4. Lugar de articulação 5. Modo de articulação CONTEÚDO O que estuda a Fonética? 1. FONÉTICAS 1.

Leia mais

Terapia da Fala. Relatório de Investigação. Cátia da Conceição da Silva Sousa. Prof. Doutora Letícia Almeida, Professor-Adjunto.

Terapia da Fala. Relatório de Investigação. Cátia da Conceição da Silva Sousa. Prof. Doutora Letícia Almeida, Professor-Adjunto. Terapia da Fala Relatório de Investigação A aquisição das consoantes do Português Europeu, em crianças com 3 anos, do distrito de Lisboa Cátia da Conceição da Silva Sousa 200992043 Prof. Doutora Letícia

Leia mais

VOGAIS NASAIS E NASALIZADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PRELIMINARES DE UMA ANÁLISE DE CONFIGURAÇÃO FORMÂNTICA

VOGAIS NASAIS E NASALIZADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PRELIMINARES DE UMA ANÁLISE DE CONFIGURAÇÃO FORMÂNTICA Página 27 de 315 VOGAIS NASAIS E NASALIZADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PRELIMINARES DE UMA ANÁLISE DE CONFIGURAÇÃO FORMÂNTICA Luiz Carlos da Silva Souza 7 (UESB/Fapesb) Vera Pacheco 8 (UESB) RESUMO Este

Leia mais

DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA SILÁBICA POR GÊMEOS DIZIGÓTICOS: ESTUDO DE CASO

DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA SILÁBICA POR GÊMEOS DIZIGÓTICOS: ESTUDO DE CASO Página 195 de 511 DESENOLIMENTO DA ESTRUTURA SILÁBICA POR GÊMEOS DIZIGÓTICOS: ESTUDO DE CASO anessa Cordeiro de Souza Mattos (PPGLIN/GEDEF/UESB) Maria de Fátima de Almeida Baia (PPGLIN/GEDEF/UESB) RESUMO

Leia mais

Epênteses nas produções orais e escritas de grupos consonânticos no 1º ciclo do ensino básico Rita Nazaré Santos

Epênteses nas produções orais e escritas de grupos consonânticos no 1º ciclo do ensino básico Rita Nazaré Santos Epênteses nas produções orais e escritas de grupos consonânticos no 1º ciclo do ensino básico Rita Nazaré Santos Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (CLUL) Abstract: Given the complex nature

Leia mais

EFFE-ON: NOVA BASE DE DADOS ONLINE Correspondência de escrita e fala de 1º Ciclo do EB

EFFE-ON: NOVA BASE DE DADOS ONLINE Correspondência de escrita e fala de 1º Ciclo do EB XXXI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística 28-30 Outubro 2015, Universidade do Minho EFFE-ON: NOVA BASE DE DADOS ONLINE Correspondência de escrita e fala de 1º Ciclo do EB Celeste Rodrigues

Leia mais

Fonética e Fonologia: modos de operacionalização

Fonética e Fonologia: modos de operacionalização Fonética e Fonologia: modos de operacionalização Encontro sobre Terminologia Linguística: das teorias às práticas Faculdade de Letras da Universidade do Porto 12 e 13 de Setembro de 2005 Sónia Valente

Leia mais

A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10

A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10 107 de 297 A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10 Tatiane Macedo Costa * (UESB) Telma Moreira Vianna Magalhães (UESB) RESUMO Várias pesquisas têm investigado o uso

Leia mais

A AQUISIÇÃO DAS OPOSIÇÕES NA CLASSE DAS FRICATIVAS CORONAIS COM BASE EM RESTRIÇÕES

A AQUISIÇÃO DAS OPOSIÇÕES NA CLASSE DAS FRICATIVAS CORONAIS COM BASE EM RESTRIÇÕES Página 1 de 11 A AQUISIÇÃO DAS OPOSIÇÕES NA CLASSE DAS FRICATIVAS CORONAIS COM BASE EM RESTRIÇÕES Carmen Lúcia Barreto Matzenauer [1] RESUMO: O texto apresenta uma análise da aquisição das fricativas coronais

Leia mais

Preâmbulo. Ensino do. Português

Preâmbulo. Ensino do. Português Da teoria à prática Ensino do Português Preâmbulo Os novos programas de Português para o Ensino Básico entram em vigor no ano letivo que se inicia em 2010, altura em que está igualmente prevista a aplicação

Leia mais

Segmentos consonantais na aquisição da fonologia e em tipologias de línguas

Segmentos consonantais na aquisição da fonologia e em tipologias de línguas Segmentos consonantais na aquisição da fonologia e em tipologias de línguas Carmen Lúcia Barreto Matzenauer Universidade Católica de Pelotas, Pelotas Brasil Resumo O artigo defende a relevância da observação

Leia mais

Desempenho de escolares com dificuldades de aprendizagem em um programa computadorizado de avaliação e intervenção metafonológica e leitura

Desempenho de escolares com dificuldades de aprendizagem em um programa computadorizado de avaliação e intervenção metafonológica e leitura 1 Desempenho de escolares com dificuldades de aprendizagem em um programa computadorizado de avaliação e intervenção metafonológica e leitura Palavras chave: Leitura, Aprendizagem, Avaliação, Intervenção.

Leia mais

SOBRE AS CONSOANTES RÓTICAS E OS DADOS DE AQUISIÇÃO DE CRIANÇAS BRASILEIRAS E ARGENTINAS

SOBRE AS CONSOANTES RÓTICAS E OS DADOS DE AQUISIÇÃO DE CRIANÇAS BRASILEIRAS E ARGENTINAS Página 1 de 8 SOBRE AS CONSOANTES RÓTICAS E OS DADOS DE AQUISIÇÃO DE CRIANÇAS BRASILEIRAS E ARGENTINAS Ana Ruth Moresco Miranda [1] Resumo: Neste trabalho serão apresentados os resultados da aquisição

Leia mais

Objectivos Pedagógicos

Objectivos Pedagógicos CD com cerca de 700 fichas de trabalho, indicadas para préescolar e 1º ciclo para crianças com necessidades educativas especiais. Objectivos Pedagógicos Introdução O conjunto de fichas Ouriço Pica-Pica

Leia mais

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa & Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Abstract

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa & Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Abstract COMUNICAÇÕES Como é que as crianças contam as palavras? Dados sobre a consciência lexical em Português europeu 1 Catarina Afonso, Anabela Gonçalves & Maria João Freitas Faculdade de Letras da Universidade

Leia mais

VOGAIS NASAIS EM AMBIENTES NÃO NASAIS EM ALGUNS DIALETOS BAIANOS: DADOS PRELIMINARES 1

VOGAIS NASAIS EM AMBIENTES NÃO NASAIS EM ALGUNS DIALETOS BAIANOS: DADOS PRELIMINARES 1 39 de 107 VOGAIS NASAIS EM AMBIENTES NÃO NASAIS EM ALGUNS DIALETOS BAIANOS: DADOS PRELIMINARES 1 Cirlene de Jesus Alves * (Uesb) Layane Dias Cavalcante * (Uesb) Vera Pacheco ** (Uesb) RESUMO Esse trabalho

Leia mais

DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO EM CRIANÇAS DOS 3 ANOS E 6 MESES AOS 4 ANOS E 6 MESES DE IDADE NASCIDAS COM MUITO BAIXO PESO

DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO EM CRIANÇAS DOS 3 ANOS E 6 MESES AOS 4 ANOS E 6 MESES DE IDADE NASCIDAS COM MUITO BAIXO PESO DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO EM CRIANÇAS DOS 3 ANOS E 6 MESES AOS 4 ANOS E 6 MESES DE IDADE NASCIDAS COM MUITO BAIXO PESO Patrícia Machado NOGUEIRA * Maria João FREITAS ** RESUMO: O presente trabalho tem

Leia mais