UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA MESTRADO ACADÊMICO EM SOCIOLOGIA

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA MESTRADO ACADÊMICO EM SOCIOLOGIA SÁVIA MAIA COSTA CARDOSO PATRIMONIALIZAÇÃO DA AYAHUASCA NO BRASIL: MÚLTIPLOS ASPECTOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA FORTALEZA CEARÁ 2017

2 1 SÁVIA MAIA COSTA CARDOSO PATRIMONIALIZAÇÃO DA AYAHUASCA NO BRASIL: MÚLTIPLOS ASPECTOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Sociologia do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Sociologia. Área de Concentração: Sociologia. Orientador: Prof. Dr. João Tadeu de Andrade. FORTALEZA CEARÁ 2017

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4 3 SÁVIA MAIA COSTA CARDOSO PATRIMONIALIZAÇÃO DA AYAHUASCA NO BRASIL: MÚLTIPLOS ASPECTOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Sociologia do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Sociologia. Área de Concentração: Sociologia. Aprovado em: 08 de maio de 2017

5 4 AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. João Tadeu de Andrade pela sua amizade, dedicação e parceria de sempre. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que me possibilitou através da bolsa de estudos suporte para a realização desta pesquisa. A todas as instituições ayahuasqueiras que tive oportunidade de conhecer: Santo Daime, Barquinha, Caminho do Coração e ao Xamanismo onde tive lições e aprendizados valiosos para a minha vida. Aos professores do Mestrado em Sociologia que contribuíram para a minha formação acadêmica. A minha mãe Célia Maia que sempre me incentivou valorizando o estudo, a sabedoria e o conhecimento.

6 5 RESUMO Esta dissertação visa investigar e analisar quais são os fundamentos que legitimam o processo aberto junto ao IPHAN, solicitado por três principais religiões ayahuasqueiras tradicionais, solicitando a patrimonialização da Ayahuasca como bem cultural imaterial brasileiro. Além disso, este estudo pretende interpretar os discursos dos órgãos oficiais envolvidos no processo, bem como de representantes de comunidades ayahuasqueiras, a partir de entidades localizadas na região metropolitana de Fortaleza. Esse trabalho visa antecipar-se à discussão desse tema complexo e delicado, sobretudo por discutir a situação em que uma substância psicoativa pode legitimar-se enquanto patrimônio cultural e quais os possíveis impactos para a sociedade brasileira, em meio aos intensos debates sobre o uso de substâncias psicoativas na atualidade. Palavras-chave: Substância psicoativa. Patrimônio imaterial. Ayahuasca. Cultura. Política pública.

7 6 ABSTRACT This dissertation aims at investigating and analyzing the foundations that legitimize the open process with the IPHAN, requested by three main traditional Ayahuasca religions, requesting the patrimonialization of Ayahuasca as a Brazilian intangible cultural good. In addition, this study intends to interpret the speeches of the official organs involved in the process, as well as representatives of Ayahuasca communities, from entities located in the metropolitan region of Fortaleza. This work aims to anticipate the discussion of this complex and delicate topic, especially for discussing the situation in which a psychoactive substance can legitimize itself as a cultural patrimony and what the possible impacts for the Brazilian society, amid the intense debates about the use of Psychoactive substances today. Keywords: Psychoactive substance. Intangible assets. Ayahuasca. Culture. Public policy.

8 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Figura 2 - Figura 3 - Figura 4 - Figura 5 - Figura 6 Figura 7 - Figura 8 - Figura 9 - Figura 10 - Figura 11 - Figura 12 - Chá Ayahuasca... Moléculas beta-carbolínicas presentes no cipó Jagube... Folha Banisteropis caapi... Cipó Jagube... Cipó e folha em camadas alternadas prontos para serem fervido... Folha Psycotria Viridis... Molécula N, N Dimetiltriptamina (DMT)... Mestre Irineu, fundador do Santo Daime... Padrinho Sebastião, fundador do CEFLURIS... Daniel Pereira de Matos, fundador da Barquinha... Mestre Gabriel, fundador da UDV... Sri Prem Baba, fundador do Caminho do Coração

9 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... PROCEDIMENTO METODOLÓGICO... OBJETIVOS... GERAL... ESPECÍFICOS... O QUE É AYAHUASCA... ASPECTOS QUÍMICOS E FARMACOLÓGICOS DA AYAHUASCA. ASPECTOS DE SAÚDE DO USO DO CHÁ AYAHUASCA... ASPECTOS ETNOBOTÂNICOS DO USO DO CHÁ AYAHUASCA... ASPECTOS COSMOLÓGICOS DA BEBIDA AYAHUASCA... ASPECTOS LEGAIS DA BEBIDA AYAHUASCA... PATRIMÔNIO CULTURAL... OS MÚLTIPLOS SENTIDOS DE CULTURA... O CONCEITO DE PATRIMÔNIO: ALGUNS APONTAMENTOS... PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL NO BRASIL... PATRIMÔNIO CULTURAL: CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA DE IDENTIDADES... PATRIMÔNIO IMATERIAL, CULTURA E GLOBALIZAÇÃO... O PROCESSO DE PATRIMONIALIZAÇÃO DA AYAHUASCA NO BRASIL... AS POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE AYAHUASCA... AYAHUASCA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DA CULTURA BRASILEIRA... O PROCESSO DE PATRIMONIALIZAÇÃO DA AYAHUASCA... CONCLUSÃO... REFERENCIAS... ANEXOS... ANEXO A - CARTA DE SOLICITAÇÃO PARA O PROCESSO DE RECONHECIMENTO DO USO DA AYAHUASCA EM RITUAIS RELIGIOSOS COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DA CULTURA BRASILEIRA

10 9 ANEXO B - QUADRO CRONOLÓGICO DOS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS SOBRE A AYAHUASCA NO BRASIL

11 10 1 INTRODUÇÃO Em 2006, o Conselho Nacional de Política6+s sobre Drogas (CONAD) aprovou o parecer sobre a regulamentação do uso do chá Ayahuasca em rituais religiosos no Brasil. Foi instaurado então, pelo CONAD, um Grupo Multidisciplinar de Trabalho sobre a Ayahuasca (GMT) com profissionais de diversas áreas (farmacologia, bioquímica, psicologia, antropologia) que realizaram pesquisas sobre esta bebida, tendo como resultado a resolução de nº5 para levantamento e acompanhamento do uso religioso da Ayahuasca e de pesquisas sobre sua aplicação terapêutica. No documento do GMT são instituídos parâmetros deontológicos 1 da Ayahuasca, regulamentando o seu uso em contexto religioso. A Ayahuasca é um chá psicoativo, resultado da união do cipó Banisteriopsis caapi, conhecido como Mariri ou Jagube, com as folhas do arbusto Psychotria viridis, conhecido por Chacrona ou Rainha. O chá é identificado por diversos termos: Daime, Hoasca, Caapi, Yagé, Rei Inca, Vegetal, mas o nome que representa a bebida juridicamente é Ayahuasca. Esta palavra é de origem quéchua e umas das possíveis traduções é Cipó das almas. O chá possui a substância N,Ndimetiltriptamina (DMT) como princípio ativo que, quimicamente, é responsável pelas experiências de expansão de consciência com diversos efeitos físicos. Em maio de 2008, na Prefeitura de Rio Branco, Acre foi iniciado a abertura do processo de reconhecimento do uso da Ayahuasca em rituais religiosos como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira. Essa solicitação foi feita pelos representantes dos três troncos fundadores 2 das comunidades Ayahuasqueiras, tradicionais e contemporâneas. Essa solicitação foi feita ao então Ministro da Cultura do Governo Lula, Gilberto Gil, para a instauração do processo junto ao órgão federal 1 O objetivo do GMT da Ayahuasca é a instauração de parâmetros normativos para a utilização da bebida de acordo com os princípios da Ética normativa, baseado na filosofia moral contemporânea. 2 As entidades envolvidas são: Centro de Iluminação Cristã Luz Universal Alto Santo (CICLU Santo Daime); Casa de Jesus Fonte de Luz (Barquinha) e Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (CDUDV).

12 11 responsável para esse tipo de atuação, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN). O Patrimônio Cultural Imaterial, segundo o IPHAN (2007), é formado por um conjunto de saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à identidade desse povo. É tudo aquilo que é considerado valioso por um grupo social e que remete à afirmação de sua identidade cultural, ou seja, suas referências e valores culturais. Existem os bens culturais materiais, isto é, tangíveis, que são as paisagens naturais, objetos, edifícios, entre outros e os bens culturais de natureza imaterial que estão relacionados às crenças, práticas e habilidades inseridos no modus vivendi das pessoas. O patrimônio cultural de uma sociedade é fruto de políticas públicas norteadas pelo Estado por meio de leis, instituições públicas responsáveis, com a participação dos representantes que solicitam o pedido de patrimonialização juntamente com a sociedade civil. Os valores e significados atribuídos a determinado bem cultural devem ser pensados em coletividade. Com o objetivo de criar instrumentos adequados ao reconhecimento e à preservação de bens culturais imateriais, que são de natureza processual e dinâmica, tais como as formas de expressão, e os modos de criar, fazer, viver, citados no Art. 216 da Constituição Federal de 1988, o IPHAN coordenou os estudos que resultaram na edição do Decreto 3.551, de 04 de agosto de 2000, que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial. Nesse mesmo ano, o IPHAN também consolidou o Inventário Nacional de Referências Culturais. (IPHAN, 2007, p.17). O IPHAN abriu o respectivo processo de patrimonialização e em seguida o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) que é um procedimento desenvolvido a partir de métodos etnográficos que visa levantar dados, informações e dar consistência aos pedidos de registro e salvaguarda de um bem imaterial. O INRC é um instrumento que cataloga e registra determinado bem de natureza imaterial. Este levantamento visa Inventariar os bens culturais que remetem à identidade cultural de um grupo social. Quando determinado bem cultural é conhecido através do INRC ele será, em seguida, reconhecido através de outro instrumento do IPHAN chamado Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial. Antes do Registro do Bem imaterial, o conselho consultivo do IPHAN, ligado a

13 12 diferentes esferas de atuação, decidirá se a proposta é consistente e se deve ser feito o registro. O bem cultural imaterial, já devidamente registrado será inscrito em um dos Livros de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que, atualmente está divido em quatro categorias: Livro de Registros de Saberes para a inscrição de conhecimentos e modos de fazer das comunidades; Livro de Registros de Celebrações para rituais e festas, da religiosidade e de outras práticas da vida social; Livros de Registro das Formas de Expressão para manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas, lúdicas; Livro de Registro dos Lugares espaços como mercados, feiras, praças e santuários, onde se reproduzem práticas culturais (IPHAN, 2007). Porém, o pedido do IPHAN para a realização do INRC da Ayahuasca não conta apenas com o levantamento sobre as religiões ayahuasqueiras que solicitaram o pedido, mas também é necessário levantar levantar informações sobre a cosmologia dos povos indígenas que fazem uso do mesmo chá e das comunidades urbanas mais recentes, categorizadas como neoayahuasqueiras. Isto nos sugere que a realização do INRC da Ayahuasca é um empreendimento amplo acerca dos rituais em que se faz o uso do chá. Essa amplitude ocorre devido à diversidade cultural em torno da bebida levantando questões do que se pretende inventariar afinal (SANTOS, 2010). A proposta apresentada pelos técnicos do IPHAN dividiu o projeto em três campos de pesquisa: campo dos originários, campo tradicional ou tradicionalista e campo eclético ou neo-ayahuasqueiro. Nesse vasto leque em que a Ayahuasca está presente, surgem as delimitações e dificuldades para a execução do INRC. É necessária uma grande equipe de pesquisadores e de financiamento, além da execução desse amplo projeto. No INRC, são feitas pesquisas etnográficas, produção em audiovisual, registros fotográficos, pesquisas bibliográficas e documentais (IPHAN, 2007). O pedido de patrimonialização da Ayahuasca levanta questões polêmicas e controversas. Caso venha a ocorrer, representará uma grande conquista para as comunidades ayahuasqueiras que ao longo do tempo foram bastante discriminadas e marginalizadas por suas práticas religiosas. Mas, ao mesmo tempo, preservar este

14 13 bem imaterial pode significar cristalizá-lo, como se houvesse apenas uma prática religiosa legítima a ser reconhecida. No caso da Ayahuasca, as práticas religiosas e terapêuticas são dinâmicas, sincréticas e às vezes contraditórias (LABATE, 2011). Um grande passo para as entidades ayahuasqueiras, sem dúvida, foi a regulamentação do uso do chá em contexto religioso feita pelo CONAD em 2006 (GMT Ayahuasca), retirando as substâncias presentes na composição do chá da lista de drogas ilícitas. Então, pela primeira vez as comunidades ayahuasqueiras que sempre sofreram com o preconceito e perseguição pelos que não toleravam suas práticas rituais, puderam legitimar-se enquanto manifestação religiosa brasileira a ser protegida de acordo com o art. 2º, da Lei Federal /06 (2006) e do art.215, 1º, da Constituição Federal. Já o pedido de patrimonialização é um passo maior que exige estudos e planejamento e que leva em consideração todas as nuances que envolvem esse tema tão complexo e delicado. Os estudos em torno da Ayahuasca demonstram os impactos estruturantes na vida daqueles que a utilizam em contexto religioso (MACRAE, 1992). Esse paradoxo nos mostra que a demonização das substâncias psicoativas constitui uma visão estreita que necessita ser revisada, instituindo novos parâmetros reflexivos, norteados por pesquisas farmacológicas, jurídicas e socioculturais (MACRAE, 1992). Além disso, o uso da Ayahuasca envolve complexas redes sociais onde diversos grupos possuem relacionamentos diferentes com esta substância enteógena 3. Além da variedade sociocultural presente nessas comunidades, desde os índios que bebem o chá em rituais no interior da floresta amazônica, até jovens de classe média em contexto urbano, a relação com a Ayahuasca é variável em cada grupo, que a trata e percebe diferentemente de acordo com sua doutrina ou visão de mundo. Tratar, contudo, da patrimonialização do uso da Ayahuasca em contexto religioso é algo que nos remete a questões de natureza múltipla. A Ayahuasca é um agente não humano associado a diferentes contextos culturais. Este líquido, de acordo com a cultura na qual esteja inserido, ganha símbolos e significados 3 Enteógeno: palavra grega que significa Deus dentro. Utilizo essa palavra para me referir às substâncias psicoativas que agem ampliando o estado de consciência do indivíduo.

15 14 diferentes, que norteiam a visão de mundo e a identidade cultural de seus usuários. Cada contexto cria sua Ayahuasca (SANTOS, 2010). Os componentes da bebida são de origem natural e se fundem através da manipulação humana dando origem à bebida. Os elementos naturais ao sofrerem interferência humana se mesclam dando origem a um terceiro produto que agora é natural e cultural ao mesmo tempo, porém passível de mudança de acordo com a cosmologia na qual está incluído. Em matéria de cultura podemos dizer que nada é simples, tudo tem sua complexidade (BATISTA, 2010). O pedido de patrimonialização da Ayahuasca reforça, sem dúvida, a necessidade das comunidades ayahuasqueiras afirmarem suas identidades culturais, para garantir os direitos religiosos e, por fim, a preservação do conhecimento e da tradição que envolve a Ayahuasca em contexto religioso. O pedido de patrimonialização da Ayahuasca em contexto religioso é, a nível simbólico, a legitimação da religiosidade ayahuasqueira como um saber tradicional inerente à cultura brasileira que agora busca ser visto e reconhecido para ser consolidado como bem cultural imaterial brasileiro. Constitui-se manifestação cultural indissociável da identidade das populações tradicionais da Amazônia e de parte da população urbana do País, cabend ao Estado não só garantir o pleno exercício desse direito à manifestação cultural, mas também protegê-la por quaisquer meios de acautelamento e prevenção, nos termos do art. 2o, caput, Lei /06 e art. 215, caput e 1º c/c art. 216, caput e 1º e 4º da Constituição Federal. (CONAD, 2006, p.12-13). O IPHAN tem o apoio de outras instituições, públicas e privadas no processo de identificação, reconhecimento, salvaguarda e promoção do patrimônio imaterial brasileiro, como o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), grupos locais, prefeituras, Organizações Não-Governamentais, Secretarias estaduais e municipais, Ministério da Cultura, dentre outros. Surge daí questionamentos sobre a natureza da Ayahuasca e em que Livro de Saber esse possível patrimônio seria registrado. Qual o enquadramento da patrimonialização dentro desse processo? Quais seriam os limites e impasses do próprio IPHAN que

16 15 se depara com uma situação relativamente nova, e que levanta mais dúvidas sobre o que pode ser considerado patrimônio, cultura e bem imaterial? As discussões sobre a identidade nacional e as referências culturais que formam o imaginário de nação nos fazem refletir sobre as relações de poder que existem e as disputas que ocorrem no campo de patrimônio, para que determinadas manifestações culturais ou religiosas sejam legitimadas. (...) entendendo por tal relações de forças entre as posições sociais que garantem aos seus ocupantes um quantum suficiente de força social ou de capital de modo a que estes tenham a possibilidade de entrar nas lutas pelo monopólio do poder, entre as quais possuem uma dimensão capital as que têm por finalidade a definição da forma legitimada de poder. (BOURDIEU, 2011, p ). A política pública de Patrimônio cultural é moldada por relações de forças que atuam através da dimensão simbólica do capital. Patrimônio seja material ou imaterial é um território marcado por disputas sociais, econômicas, políticas e culturais. Está em constante construção e reforma. O pedido de patrimonialização da Ayahuasca é algo novo que não se enquadra em nenhuma categoria do IPHAN, até agora, e que trás discussões sobre a maleabilidade e construção dessa política. Em 2008 o governo do Peru declarou como patrimônio cultural da nação os conhecimentos tradicionais e o uso da Ayahuasca por comunidades indígenas na floresta amazônica peruana. Esse processo, além da visibilidade internacional que trouxe ao uso religioso do chá Ayahuasca, influenciou aqui no Brasil as religiões tradicionais ayahuasqueiras de modo que as mesmas, solicitaram no mesmo ano, o pedido de patrimonialização do chá em contexto religioso. De acordo com o Instituto Nacional de Cultura do Peru, o ritual da Ayahuasca está se estabelecendo como centro da medicina tradicional, reconhecendo como um dos pilares da identidade dos povos amazônicos. De acordo com a Declaración Patrimonio Cultural de la nación a los conocimientos y usos tradicionales del Ayahuasca practicados por comunidades nativas amazónicas se resolve declarar patrimonio cultural de la nación a los conocimientos y usos tradicionales de Ayahuasca practicados por las comunidades nativas

17 16 amazónicas, como garantía de continuidad cultural (INSTITUTO NACIONAL DE CULTURA, PERU, 2008). Para NAKAZAWA (2015) é necessário proteger a prática [uso ritual da Ayahuasca] para evitar o uso indevido e distorções, como o comércio irresponsável, o consumo lúdico, o manejo por pessoas não habilitadas, o charlatanismo, a exploração dos recursos naturais e o possível esgotamento e a apropriação do conhecimento sagrado dos povos originários. A autora ressalta que: Algunos curanderos se dan cuenta pronto de que pueden sacar beneficio económico, sexual o de poder, y comercializan plantas sagradas y rituales a un público ávido de comprar salud, conocimiento y una espiritualidad alejada de sus propias raíces culturales. Surgen en el ámbito urbano y para atender la demanda de clientes foráneos, neo chamanes - ayahuasqueros, auto referidos como convidadores pues no conocen ni ejercen el rol de curandero, pero que aprendieron externamente a realizar el ritual y lo aplican, sin estar preparados para afrontar una eventual complicación. En algunas comunidades, con intención de fomentar el desarrollo local impulsando el turismo algunas autoridades organizan festividades o tours con tomas de ayahuasca. En este contexto se presentan inevitablemente, para esos ingenuos extranjeros, casos de abuso, de explotación, de descompensación física o mental y hasta de decesos, algunos de ellos muy mediatizados y reportados de manera escandalosa por la prensa sensacionalista. (NAKAZAWA, 2015, p.4). A autora também afirma que o uso ritual da Ayahuasca é o fundamento da Medicina Tradicional Amazônica e em consequência base da identidade cultural dos povos amazônicos. Em 1999 uma declaração da União Indígena de Curandeiros de Ayahuasca, na Amazônia Colombiana, já apontava que "mesmo alguns dos nossos irmãos indígenas não respeitam os valores do nosso remédio, e saem por aí enganando pessoas, vendendo símbolos das nossas cidades"(umiyac,1999). Na Colômbia em junho de 1999 ocorreu o UMIYAC Union de Medicos Indigenas Yageceros de la Amazonia Colombiana no I Encontro dos Taitas, ocorrido na cidade de Yurayaco que reuniu povos do território Ingano, curandeiros, indígenas, xamãs. Durante o evento os grupos indígenas se manifestaram a respeito da comercialização do Yagé (Ayahuasca) e outras plantas. A organização dos Taitas manifestou preocupação com um novo tipo de turismo que estava sendo

18 17 promovido através de charlatanismo e do uso indevido de medicinas sagradas. A Organização também exigiu a suspensão de uma patente concedida a Loren Miller. Em carta emitida pela Organização dos Taitas em 1999: Exigimos respeito aos nossos territórios, nossa medicina indígena e curandeiros tradicionais ou a nossa Taitas. Pedimos ao mundo a reconhecer o nosso medicamento que também é uma ciência, não da mesma maneira, embora os ocidentais possam entendê-lo. Nós, o Taitas, somos curadores reais e por muitos séculos temos contribuído para a saúde das nossas aldeias. Além disso, a nossa medicina olha além do físico e busca o bemestar da mente, do coração e do espírito. Exigimos a suspensão imediata da patente concedida a Loren Miller nos Estados Unidos. Para nós, a patente representa um abuso e uma profanação da nossa planta sagrada. Declaramos que o Yagé e outras plantas medicinais que usamos são patrimônio e propriedade coletiva dos povos indígenas. É um uso em nome da humanidade que deve ser realizado com a nossa participação e queremos quaisquer outros benefícios derivado dos nossos direitos. Nós pedimos o reconhecimento legal da nossa autonomia no cuidado com a saúde dos nossos povos de acordo com nossas tradições e valores. Temos que recuperar a posse dos nossos territórios e locais sagrados. A floresta é para nós a fonte de nossos recursos. Em 1980, Loren Miller, um dono de um laboratório farmacêutico estadunidense, conseguiu as plantas que constituem a Ayahuasca com povos indígenas de Cofan no Equador e ao chegar aos Estados Unidos patenteou as plantas. Em 1996 a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), que representa mais de quatrocentros grupos indígenas, apresentou uma solicitação de anulação da patente das plantas sagradas. O Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (PTO) em Washington anulou a patente alegando que a Banisteropis caapi era nativa da floresta amazônica, já era conhecida e não representava nenhuma descoberta. A patente foi reativada em 2001 e ficou em vigor até o final em Os povos indígenas, na época, continuaram protestando contra a patente. O representante do povo Ashaninka levantou essa discussão no workshop internacional Cultivando a Diversidade em maio de 2002 em Rio Branco, Acre (Biodiversidade celebrada na amazônia o compromisso de Rio Branco. Disponível em:< Acesso em 09 de janeiro de 2017).

19 18 Em 5 de setembro de 2006 o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal do Alto Santo foi tombado por decretos do governador Jorge Viana e do prefeito Raimundo Angelim como patrimônio histórico e cultural de Rio Branco e do Acre. A solenidade foi realizada no Palácio de Rio Branco com a participação de Peregrina Gomes Serra, viúva do Mestre Irineu e dignatária do CICLU Alto Santo. A solicitação do tombamento foi feita por Madrinha Peregrina por carta enviada ao governador do Acre e ao prefeito de Rio Branco. No documento ela destaca: [...] Desde então, a irmandade fundada pelo Mestre Irineu Serra mantevese no local respeitando e honrando os ensinamentos que ele nos legou. Neste local estão construções importantes para o prosseguimento desta tradição. Destaco dois conjuntos. O primeiro inclui a casa do Mestre, transformada em Memorial da comunidade, a Sede de nossos trabalhos espirituais, a casa do feitio e o poço aberto pelo próprio Mestre. Excluo desse conjunto a minha residência e de dona Maria Laurinda, próximas ao Memorial, mas destinadas ao uso particular e erguidas em tempos mais recentes. No segundo conjunto, do outro lado da estrada, estão alinhadas lado a lado: a escola municipal Irineu Serra, que é uma construção recente, mas que originou-se da Escola Cruzeiro, funda pelo Mestre no início dos anos 60, a capela com o túmulo do Mestre e de dois importantes discípulos, o Conselheiro José das Neves e o Presidente Leôncio Gomes da Silva e, finalmente, a casa de Leôncio Gomes, construída em modelo igual à casa do Mestre e que ainda guarda as características da época em que foi erguida. Todos esses bens localizam-se na Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra, criada no ano passado pela Prefeitura de Rio Branco e têm, portanto, a atenção do poder público municipal. Acredito, entretanto, que o tombamento pelo patrimônio municipal, estadual e federal, dará maior segurança de que a obra do Mestre Irineu possa estar para sempre protegida. Portanto, solicito à Prefeitura Municipal de Rio Branco, ao Governo do Estado do Acre e ao governo da República do Brasil o tombamento da área do Alto Santo como Patrimônio Histórico e Cultural de nossa Cidade, nosso Estado e nosso País. (CARTA DE PEREGRINA GOMES SERRA PEDIDO DE TOMBAMENTO CICLU ALTO SANTO 2006). A primeira área de proteção ambiental (APA) do Acre foi criada pelo prefeito do Rio Branco Raimundo Angelim com o apoio da Câmara municipal, na vila Irineu Serra em Rio Branco, como resultado da reinvindicação da comunidade do

20 19 Santo Daime e dos dirigentes de quatro centros da Doutrina do Santo Daime. A APA é uma unidade de conservação assim como os parques nacionais e reservas biológicas. Nessa área está presente a Vila Irineu Serra existente há mais de 50 anos. A imensa área original foi doada na década de trinta pelo ex-governador e exsenador José Giomar dos Santos ao Mestre Irineu Serra que lá fundou o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal. A Área de Preservação Ambiental Raimundo Irineu Serra (APARIS), com pelo menos 1,2 mil hectares, formaria a maior área verde da bacia do igarapé São Francisco, segundo Arthur Leite, secretário municipal de Meio Ambiente. O interesse dos moradores da região é proteger e garantir as manifestações culturais originais das populações tradicionais, integradas ao ecossistema nativo, notadamente o plantio e o cultivo das espécies Banisteropis Caapi (cipó jagube) e Psychotria Viridis (folha rainha), bem como proteger o uso religioso da bebida Ayahuasca. Nenhum projeto de urbanização pode ser implantado numa APA sem prévia autorização de sua unidade administradora. As áreas de florestas existentes podem vir a ser consideradas Zonas de Conservação da Vida Silvestre, nelas não se podendo realizar desmatamentos e nenhum tipo de exploração ou atividade que implique alteração na fauna ou na flora. Essas iniciativas de preservação e tombamento reforçam a necessidade das doutrinas ayahuasqueiras utilizarem instrumentos do Estado para garantir os direitos religiosos e assegurar legitimidade e proteção. Em acréscimo foi aprovado em 2017 na Câmara Legislativa do Estado do Pará um projeto de lei que reconhece o uso ritual do chá Ayahuasca como Patrimônio cultural do Estado do Pará, sem dúvida uma decisão importante para o governo do Estado e para as comunidades Ayahuasqueiras do norte do país. A decisão recente foi divulgada em vídeo por um representante da União do Vegetal em março de 2017 e não obtive mais detalhes a respeito da decisão até o fechamento da pesquisa dessa dissertação. Finalmente, considero relevante citar a expansão do uso religioso da Ayahuasca em diversos países da Europa e das Américas, através da presença crescente de igrejas do Daime e de núcleos do CEBUDV, o que traz desafios de regulamentação jurídica para os governos estrangeiros.

21 20 O objetivo desse estudo é analisar as relações sociais e culturais na qual a Ayahuasca se insere no Brasil a fim de se compreender os múltiplos aspectos do processo de patrimonialização da Ayahuasca. Examinando os discursos oficiais das instituições governamentais, considerando os aspectos políticos sobre o processo. Essa pesquisa visa contribuir para a área de políticas públicas culturais, já que o processo de patrimonialização da Ayahuasca é um caso atípico por ser um pedido complexo que envolve uma bebida psicoativa ameríndia usada em rituais religiosos e que possui como característica a necessidade de reflexão sobre os conceitos de cultura e patrimônio cultural. Além disso, o debate sobre a Ayahuasca é necessário na contemporaneidade devido à problemática em torno da política de drogas e como as substâncias psicoativas tem sido tratadas pela jurisdição brasileira atualmente. Essa dissertação contribui também para a linha de pesquisa na qual está inserida (Cultura, Diferença e Desigualdade) do Mestrado Acadêmico em sociologia (PPGS), sobretudo por fazer parte desse debate sobre tensões sociais e os processos de diferenciação social na atualidade, que tem como objetivo examinar de forma crítica as novas configurações de classe na sociedade contemporânea. Na graduação em Ciências sociais, eu já vinha pesquisando o uso da Ayahuasca em contexto religioso. Fiz pesquisas sobre a Barquinha e sua cosmologia, que envolve o espiritismo kardecista e a umbanda; o Santo Daime e sua influência cristã; e outras instituições neo-ayahuasqueiras, como a Arca da Montanha Azul. Esses estudos me levaram à realização da monografia sobre o Caminho do Coração, uma instituição neo-ayahuasqueira no Ceará, que tem como base o uso ritualístico e sacramental da Ayahuasca. Este projeto faz parte também das minhas pesquisas realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisa em Etnicidade (GEPE), acompanhada por meu orientador Prof. Dr. João Tadeu de Andrade que realiza pesquisas sobre o uso de substâncias psicoativas, terapias, medicina popular e indígena. A continuação da minha pesquisa sobre a Ayahuasca se deve também ao incentivo da bolsa de pesquisa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), parceria essa que foi de relevante importância para o desenvolvimento deste projeto.

22 21 Ao longo das minhas pesquisas, pude constatar que os debates em torno da Ayahuasca ainda são muito recentes no ambiente acadêmico, sobretudo em torno das questões da patrimonialização do seu uso. Há poucos estudos disponíveis a respeito dessa questão e do INRC da Ayahuasca. Sem dúvida é uma discussão recente, carente de estudos na área (LABATE, 2011) e essa pesquisa pretende contribuir para o entendimento dos aspectos em torno do processo da patrimonialização da Ayahuasca. A Ayahuasca tem sido procurada por pessoas com os mais variados tipos de interesse, tornando-se mais conhecida nos últimos vinte anos (LABATE, 2011). Outras substâncias psicoativas vêm sendo usadas ao longo da história da humanidade para diversos fins, desde a busca pelo prazer até ao êxtase religioso (MACRAE, 2010). Nesta pesquisa, levanto questionamentos a respeito de como as instituições de governo podem aperfeiçoar as políticas públicas em torno das substâncias psicoativas. A política criminalista de combate às drogas têm se mostrado ineficiente, e os estudos em torno da Ayahuasca demonstram os impactos estruturantes na vida daqueles que a utilizam em contexto religioso (MACRAE, 1992). Esse paradoxo nos mostra que a demonização das substâncias psicoativas constitui uma visão estreita que necessita ser revisada, instituindo novos parâmetros reflexivos, norteados por pesquisas farmacológicas, jurídicas e socioculturais (MACRAE, 1992). Esse estudo envolve antropologia da religião, xamanismo, cultura e conceitos da sociologia, como ainda a análise das leis sobre política pública de patrimônio imaterial e Ayahuasca também. 1.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 1Pesquisa documental: Identificação, coleta e análise de material documental e bibliográfico sobre políticas públicas: Desde a Portaria n.02/1985 Divisão de Medicamentos (Dimed);Resolução n. 04/1985 Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN); Resolução n.06/1986 Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN); Relatório Final do Grupo de Trabalho 1987 Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN); Parecer do Dr. Domingos Bernardo de Sá 02/06/1992 Conselho

23 22 Federal de Entorpecentes (CONFEN); Resolução n.26 31/12/2002 Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD); Parecer da Câmara de Assessoramento Técnico-Científico 17/08/2004 Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD); Resolução n.05 04/11/2004 Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD); Relatório Final Grupo Multidisciplinar de Trabalho Ayahuasca 23/11/2006 Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD); Resolução n Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD); Pedido de Tombamento da Ayahuasca, 2008 por parte das doutrinas tradicionais ayahuasqueiras ao ministro da cultura Gilberto Gil em 2008; Acesso ao portal do IPHAN para a pesquisa sobre a legislação de patrimônio cultural. O Decreto n 3.551, de 4 de agosto de 2000 do IPHAN. Entrevista por correio eletrônico com Deyvesson Gusmão, Coordenador-Geral de Identificação e Registro CGIR Do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do IPHAN; Acesso a Carta da Madrinha Peregrina solicitando o Tombamento do CICLU de Alto Santo (Santo Daime) no site da Doutrina do Santo Daime (< Cartas de Alex Polari (representante do CEFLURIS) se posicionando a respeito do pedido de patrimonialização da Ayahuasca via site < Principais pesquisadores da Ayahuasca das áreas químicas, biológicas e médicas: Volodymyr Samoylenko, Rick Strassman, Paul Mckenna, Wiki Chubby Checkey, Luiz Aranha Correa de Lago, Robert Gable, Steffen Warren. Pesquisa envolvendo principais autores na área de cultura, identidade, globalização e patrimônio cultural: Roque de Barros Laraia, Aline Sapiezinskas Krás Borges Canani, Silvia Helena Zanirato, Néstor Garcia Canclini, Stuart Hall, Anthony Giddens, Zygmunt Bauman, Cláude Lévi- Strauss, José Luís dos Santos, Armand Matterlart; 2. Entidades de estudo: Sites do IPHAN; UNESCO; Documentos do DIMED e CONAD, Pesquisa feita acessando os sites das respectivas religiões ayahuasqueiras: Doutrinas do Santo Daime, Barquinha, União do Vegetal, Caminho do Coração e a tribo indígena Kaxinawá (tive acesso sobre a cosmologia da tribo Kaxinawá no site da autora Beatriz Labate [< além dos estudos

24 23 dos pesquisadores ayahuasqueiros, bem como livros de Edward Macrae, Guiado pela lua (sobre a doutrina do Santo Daime); Beatriz Labate, A Reinvenção do Uso da Ayahuasca nos centros urbanos (pesquisei sobre o Santo Daime, Barquinha, UDV e o Caminho do Coração); Wladimir Sena de Araújo, Navegando Sobre as Ondas do Daime (Sobre a Barquinha); 3. Fases da pesquisa: 1. Estudo das fontes documentais e bibliográficas de janeiro a julho de 2016; 2.Acesso ao site do IPHAN, das doutrinas ayahuasqueiras e dos órgãos públicos CONAD, DIMED e documentos da UNESCO presentes no site do IPHAN de março a novembro de 2016; 3. Analise documental das leis e do processo de patrimonialização da Ayahuasca de julho a dezembro de 2016; 4. Apresentação de resumo do projeto dessa pesquisa no II AyaConference realizado no Rio Branco, Acre em outubro de 2016 pelo orientador Prof. Dr. João Tadeu de Andrade onde foi feito o primeiro contato com o coordenador do IPHAN, Sr. Deyvesson Gusmão. 5.Qualificação do projeto de pesquisa em novembro de Entrevista com o Sr. Deyvesson Gusmão em dezembro de 2016.

25 24 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Analisar o contexto social, cultural e político no qual a Ayahuasca se insere no Brasil a fim de se compreender os múltiplos aspectos que envolvem seu processo de patrimonialização. 2.2 ESPECÍFICOS Investigar os aspectos biológicos, cosmológicos, sociais e legais da Ayahuasca no Brasil; Desenvolver uma análise da política pública de patrimônio cultural no Brasil; Analisar o processo de patrimonialização da Ayahuasca;

26 25 3 O QUE É AYAHUASCA? Neste capítulo destacaremos alguns aspectos necessários para a compreensão do que é Ayahuasca. Abordaremos os aspectos químicos e farmacológicos, compreendendo como essa bebida psicoativa age no organismo humano, avaliando os aspectos de saúde, os benefícios e os impactos que esta bebida causa ao corpo e mente humana. Além dos aspectos etnobotânicos das plantas presentes na fórmula Ayahuasca, iremos conhecer um pouco mais das doutrinas ayahuasqueiras tradicionais e neo-ayahuasqueira e indígena, tratando do consumo da Ayahuasca na atualidade. Por fim, faremos um esboço sobre os aspectos legais da bebida Ayahuasca, servindo de base para a nossa avaliação do processo de patrimonialização do chá e das políticas públicas de patrimônio cultural no Brasil. 3.1 ASPECTOS QUÍMICOS E FARMACOLÓGICOS DA AYAHUASCA A bebida enteógena 4 conhecida como Ayahuasca, Hoasca, Caapi, Yagé, Daime, Vegetal entre uma variedade de nomenclaturas é de origem quéchua 5, possui um passado milenar onde sacerdotes e realezas do império Inca utilizavam a bebida em seus rituais xamânicos, estando até hoje, presente nas cosmologias de diversas tribos indígenas da floresta amazônica (Kaxinawá, Yawanawá, Jaminawá, Marubo, Katukina entre outras) e em religiões no Brasil e no mundo (Barquinha, Santo Daime, União do Vegetal, Arca da Montanha Azul, Umbandaime, Caminho do Guerreiro, Caminho do Coração entre outros). A origem da bebida é um enigma, não se sabe como ela foi criada em meio à vastidão selvagem da flora amazonense. Um verdadeiro mistério da floresta, onde alguém obteve a revelação de misturar as 4 Enteógeno: palavra grega que significa Deus dentro. Utilizo essa palavra para me referir às substâncias psicoativas que agem ampliando o estado de consciência do individuo com vínculo com o sagrado. 5 A língua quéchua é uma importante família de línguas indígenas da América do Sul falada por diversos grupos étnicos da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Andes.

27 26 plantas primordiais da fórmula alquímica que garante a magia visionária da poção indígena Ayahuasca. O chá latino-americano possui aspecto viscoso de coloração marromescuro, de cheiro forte e sabor amargo. É composto pelo cipó Banisteropis Caapi da família Malphigeáceas, conhecido como Mariri ou Jagube e a folha do arbusto Psycotria Viridis da família das Rubiáceas, conhecida como Chacrona ou Rainha. O cipó e a folha são fervidos em camadas alternadas com água até o ponto certo para o apuro do elixir. O nome que representa a bebida juridicamente é Ayahuasca que em quéchua significa vinho dos mortos ou cipó das almas. A bebida psicotrópica possui a substância N,N- dimetiltriptamina (DMT), como principal princípio ativo responsável pelas experiências de expansão da consciência. Os efeitos da DMT, por via oral aparecem de 30 á 45 minutos, aproximadamente, e podem durar até quatro horas. Os efeitos visionários aparecem de forma mais intensa cerca de 60 á 120 minutos após a ingestão do chá. A concentração desse alcaloide no chá ayahuasca varia de 0,1% a 0,66% de peso seco (MCKENNA et al., 1984; MCKENNA, 2004). O cipó Banisteropis caapi contém alcaloides pertencentes ao grupo das beta-carbolinas: tetrahidrohamina (THH), harmalina e harmina que são potentes inibidores temporários da isoenzima monoaminoxidase (MAO) intestinal e hepática. As concentrações de beta-carbolinas encontradas no B. caapi variam de 0,05% a 1,95% de peso seco (MCKENNA et al, 1984 e MCKENNA, 2004). Algumas beta-carbolinas, por serem inibidoras da MAO, podem causar a denominada síndrome serotoninérgica, que é uma das patologias mais graves associadas ao excesso de serotonina na fenda sináptica 6 (GABLE, 2007). Porém, para obter uma dose letal de beta-carbolinas seria necessário uma concentração vinte vezes maior do que é encontrado normalmente em doses servidas em sessões de religiões tradicionais ayahuasqueiras. (MCKENNA et al, 1998). As folhas da espécie Psycotria viridis produzem o alcaloide indólico N,N dimetiltriptamina (DMT), substância de estrutura molecular semelhante ao neurotransmissor serotonina. Além dessa molécula, a folha da chacrona possui 6 Fenda sináptica: espaços ativos de contato entre uma terminação nervosa e outros neurônios, células musculares ou células glandulares.

28 27 traços da substância N-metiltriptamina e metil-tetrahidroharmina, todas atuantes no Sistema Nervoso Central (SNC) (MCKENNA et al, 1998). A molécula DMT também é produzida naturalmente pelo organismo humano e já foi encontrada em mamíferos e muitas espécies de vegetais. O aminoácido L-triptofano é responsável pela fonte de produção direta de serotonina e DMT no nosso organismo (SALIM, 1987). A DMT e alguns alcaloides beta-carbolínicos são produzidos pela glândula pineal e estão presentes no sangue, urina e fluido cérebro-espinhal. Há hipóteses científicas de que as moléculas beta-carbolínicas e a DMT estejam relacionadas aos ciclos regulatórios do sono e estados de ondas mentais mais profundos do cérebro humano, podendo ser responsáveis pela formação de imagens nos sonhos (FISHBACH, 1992). A mistura sinérgica tem o poder de atuar na mente humana como potente ampliador da consciência. Os estados visionários produzidos através das propriedades farmacológicas e químicas da bebida só são possíveis através da associação das duas plantas. Isso acontece devido aos alcaloides harmina, THH e harmalina presentes no cipó B. caapi inibirem temporariamente os efeitos da isoenzima monoaminoxidase (MAO-A e MAO-B) contidos no trato gastrointestinal, evitando a oxidação da molécula DMT, permitindo sua assimilação e absorção pelo organismo (OLLIVER et al, 1997). A ação associada dessas substâncias eleva os níveis de noradrenalina, serotonina e dopamina na fenda sináptica. (CALLAWAY et al,1999; MCKENNA et al, 1998). A DMT e as beta-carbolinas presentes no chá permitem que as propriedades psicoativas se manifestem proporcionando um aumento das concentrações de serotonina e inibindo a desaminação intestinal da DMT, possibilitando a chegada desta ao cérebro. Os neurônios serotoninérgicos cerebrais estão envolvidos em diversas funções como sono, humor, regulação da temperatura, percepção da dor e regulação da pressão arterial, em quadros patológicos podem estar envolvidos com depressão, ansiedade e enxaqueca. (KATZUNG, 1998).

29 ASPECTOS DE SAÚDE DO USO DO CHÁ AYAHUASCA A fórmula do chá fornece potentes estados visionários, capazes de alterar as funções cerebrais, atuando no complexo imaginário-mental do individuo. No entanto, considerar o chá apenas como alucinógeno traz uma compreensão limitada do assunto. O termo alucinógeno foi durante muito tempo usado para demonizar os efeitos das substâncias enteógenas, associando-as à loucura: Alucinar significa errar, enganar-se, privar da razão, do entendimento, desvairar, aloucar. Tal palavra não permite comentar com imparcialidade os beatíficos e transcendentes estados de comunhão com as divindades que, segundo a crença de muitos povos, determinados indivíduos podem alcançar mediante a ingestão de certos psicoativos. (MACRAE, 1992, p.13) Ao abordar os efeitos das substâncias psicoativas, sobretudo da Ayahuasca, é necessário levarmos em conta, além dos efeitos químicos a relação entre o usuário e o meio social ao qual ele está inserido. A experiência que o individuo terá com determinada substância psicoativa dependerá do seu nível de estruturação social e familiar, o contexto da experiência e a vulnerabilidade física e emocional, ou seja: O set, estado psicológico do individuo no momento do uso da substância, incluindo-se ai a estrutura de sua personalidade e expectativas a respeito dos efeitos da substancia. O setting, meio físico, social e cultural onde ocorre o uso da substancia. (MACRAE, 1992, p.17) Muitos estudos em torno da Ayahuasca têm mostrado os impactos estruturantes e edificadores na vida daqueles que fazem seu uso associado às doutrinas ayahuasqueiras (LABATE, 2010). As variáveis incluídas no setting, como as crenças, atitudes, expectativas e valores serão fundamentais para a estruturação da experiência com o enteógeno. O controle das variáveis incluídas no set e setting podem ser elementos determinantes tanto para o controle de crises que possam se manifestar, como também para o resgate de valores humanos e sociais como a amizade, a união, o amor e a justiça.

30 29 Além dos efeitos visuais que a bebida proporciona, o chá possui atuação no sistema nervoso límbico do SNC, o principal centro cerebral de nossas emoções, possuindo entre outras funções, ação terapêutica e antidepressiva (CALLAWAY, et al, 1999). Estudos recentes realizados pela USP apontam para um possível tratamento contra o mal de Parkinson pelo uso do chá Ayahuasca. Antioxidantes inibidores da MAO, presentes na bebida, podem atuar fornecendo proteção contra a neurodegeneração, tendo importante papel no tratamento da doença (SCHWARZ et al., 2003; SAMOYLENKO et al., 2010). Há um crescente interesse na aplicação médica do chá Ayahuasca, devido as suas propriedades antioxidantes, antimutagênicas e antigenotóxicas (MOURA et al, 2007). Os efeitos psíquicos mais comuns, associados ao efeito da bebida são alteração na percepção da passagem do tempo, alterações visuais, luzes cintilantes, visões com seres divinos e míticos, demônios e anjos, sinestesia, insights, visões sobre situações passadas, expressões emocionais variadas, entre outros (CHECKLEY et al., 1980). Os principais efeitos físicos relacionados ao uso do chá podem ser sumarizados em náuseas, vômitos, diarreia, leve aumento da pressão arterial, midríase (dilatação da pupila), incoordenação motora, sudorese e tremores (MCKENNA et al., 1998; CALLAWAY et al.,1999). Evidências farmacológicas sugerem que o ato de vomitar e a diarreia intensa ocorrem como resultado da inibição da MAO-A pelos alcaloides beta-carbolinas. Entretanto, a tolerância física aos indesejáveis efeitos pode ser desenvolvida com o uso regular do chá. (CALLAWAY, 2005). Os alcaloides do chá ainda possuem ação profilática, combatendo infecções gastrointestinais causadas por parasitários helmínticos, protozoários causadores da malária, leishmaniose, doença de Chagas, toxoplasmose e tripanossomíases (CALLAWAY, 2005). Quanto ao mecanismo de atuação farmacológica das substâncias psicoativas, no geral, ainda são desconhecidas. Segundo Warren (2004) nenhuma droga seja medicamentosa ou recreativa é completamente eficiente quanto à especificidade da ação farmacológica. São necessários mais estudos que aprofundem a compreensão daquilo que assimilamos como estado alterado de consciência (CARLINI, 2003). O maior risco quanto ao uso de substâncias psicoativas está no fato delas serem metabolizadas e excretadas lentamente pelo

31 30 organismo humano (SALIM, 1987). Entretanto, as predisposições genéticas à psicose ou doenças mentais que podem estar em estágio inicial ainda sem apresentar sintomas prévios podem vir à tona, desencadeando surtos psicóticos para quem fizer uso desse chá (LIPINSK, et al., 1974). Por tal fator, não é recomendado a ingestão da bebida para aqueles que fazem uso de ansiolíticos e antidepressivos, necessitando de acompanhamento e recomendação médica, bem como a suspensão da medicação para fazer uso da Ayahuasca. Embora sejam necessárias altas doses do chá para se criar um ambiente de risco para quem consome a bebida, autores como Checkey (1980) e Gable (2006) defendem que o aumento na dose poderia levar, em muitos casos, a efeitos colaterais diversos como graves arritmias cardíacas levando cardiopatas ao risco de enfarto. O acompanhamento médico, bem como a anamnese são indispensáveis para determinar se a pessoa está apta para o consumo da bebida. Segundo Mckenna (1984) e Warren (2010), os alcaloides harmina e harmalina presentes no cipó Jagube em doses elevadas apresentam grande risco de intoxicação, porém em baixas doses, são excelentes tranquilizantes, sedativos e antioxidantes. Para Callaway (2005) há estudos que sugerem a não dependência física nem psicológica da bebida Ayahuasca. O autor também sugere que as betacarbolinas presentes numa dose comum do chá nas cerimônias religiosas estariam muito abaixo do limiar de uma dose com efeitos psicotrópicos e tóxicos. Há evidências que o chá Ayahuasca forneça benefícios associados às atividades terapêuticas (STUCKEY et al, 2005). Em longo prazo, a bebida demonstra efeitos benéficos para usuários dedicados como perda de interesse pelo álcool, tabaco, cocaína e outras substâncias (GABLE, 2007). A Ayahuasca tem sido usada no tratamento da dependência ao álcool e a outras drogas (MCKENNA, 2004). Segundo Callaway (1999) em estudos onde foram observados usuários que fazem uso do chá por muito tempo verificou-se que não há evidencias de prejuízos nas atividades mentais. Funções cognitivas, fluência verbal, habilidade matemática, motivação e bem-estar emocional mantiveram-se preservados. Usuários com idade aproximadamente de 80 anos, que fazem uso do chá desde a adolescência permaneceram com acuidade mental e vigor físico preservados. Além disso, o uso em longo prazo do chá Ayahuasca resulta na modulação da serotonina, os

32 31 transportadores 5-HT, que são receptores para o neurotransmissor serotonina, são significativamente elevados no usuário do chá. Existe especulação no meio científico que a infusão poderia reverter déficits de serotonina e assim controlar doenças neurológicas, promovendo mudanças positivas no comportamento (MCKENNA, 2004). À medida que os estudos científicos em torno do chá Ayahuasca avançam é perceptível observar no campo da medicina as suas diversas atuações benéficas para o organismo humano. O campo da ciência moderna tem revelado que os benefícios desse chá vão para além do campo da espiritualidade, tornando-o um agente com potencial de tratamento de doenças físicas, mentais e emocionais. Agora no próximo item iremos investigar os aspectos etnobotânicos do chá Ayahuasca. 3.3 ASPECTOS ETNOBOTÂNICOS DO CHÁ AYAHUASCA Desde civilizações muito antigas relata-se o uso de plantas psicoativas em rituais com o objetivo de promover contato com o mundo espiritual para orientação e cura de enfermidades. As plantas também são usadas pelos seres humanos para técnicas de êxtase há pelo menos 50 mil anos (LABATE, 2003). Com a conquista da América, vários costumes indígenas associados ao uso de plantas de forma ritualística foram demonizados, sofrendo forte perseguição da Igreja Católica, com tentativa de extermínio dessas práticas e costumes (CARNEIRO, 2002). Dentre as plantas mestras, a Ayahuasca se destaca como uma bebida psicoativa largamente usada por tribos indígenas da bacia amazônica. Luna (1986) cita 72 tribos que fazem o uso ritual da bebida além de 42 denominações diferentes. Evidências arqueológicas relatam o uso da bebida a pelo menos 2000 a.c (MCKENNA, 1998).

33 32 Figura 1 - Chá Ayahuasca Fonte: Google Imagens, 2016 A espécie vegetal presente na fórmula Ayahuasca, a liana da família Malphigueaceae Banisteropis Caapi também conhecida como Jagube, Mariri, Cabi, Caupurí e Uni possui ocorrência em toda floresta amazônica (Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Bolívia). No Brasil a família Malphigueaceae é composta por 38 gêneros com 300 espécies aproximadamente, encontradas nas bordas das matas por todo o país (SOUZA & LORENZI, 2005). Os princípios ativos encontrados na casca do cipó são beta-carbolínicos: harmina, harmalina e tetrahidroharmina. Callaway (2005) realizou estudos em que se verificou as cascas secas das duas variedades de B. caapi, constatando que a variedade Tucunacá, conhecido como ourinho e arara usada pelo CEFLURIS, possui menos beta-carbolinas do que a variedade Caupuri usada pela UDV.

34 33 Figura 2 - Moléculas beta-carbolínicas presentes no cipó Jagube Fonte: Google Imagens, 2016 Figura 3 - Folha Banisteropis caapi Fonte: Google Imagens, 2016

35 34 Figura 4 - Cipó Jagube Fonte: Google Imagens, 2016 Figura 5 - Cipó e folha em camadas alternadas prontos para serem fervido Fonte: Google Imagens, 2016

36 35 A folha do arbusto da família Rubiaceae Psycotria Viridis, componente do chá conhecida como Rainha, Chacrona e Kawá, possui ocorrência em toda a floresta amazônica (Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Bolívia). No Brasil, a família Rubiaceae possui 130 gêneros e 1500 espécies distribuídas por todo o bioma do país, sendo que o gênero Psycotria é comumente encontrado em florestas úmidas (SOUZA & LORENZI, 2005). Figura 6 - Folha Psycotria Viridis Fonte: Google Imagens, 2016 O princípio ativo DMT responsável pelas mirações que a bebida propicia, encontra-se nas folhas da Rainha e a concentração varia de acordo com a colheita. Picos mais altos da substância foram encontrados em folha colhidas no anoitecer e madrugada. Já o mais baixo nível da substância foi encontrado em folhas colhidas ao meio-dia (CALLAWAY, 1999). Segundo Strassman & Qualls

37 36 (1994) a Ayahuasca, assim como DMT em ingestão intravenosa, causam o aumento de alguns hormônios como corticotropina, prolactina, cortisol e hormônio do crescimento, sendo que os níveis normais desses hormônios voltam ao normal cerca de 6 horas após a ingestão do chá, portanto o uso do chá não acarretaria em riscos de toxicidade para o organismo humano. Figura 7 - Molécula N, N Dimetiltriptamina (DMT) Fonte: Google Imagens, 2016 Na tribo dos Kaxinawá na floresta amazônica, por exemplo, o cipó Jagube pode ser substituído em menor escala, por outras espécies como B. longialata, B. lútea, B. martiniana e B. muricata (ARANHA, et al 1991). Já a folha do arbusto Psycotria Viridis pode ser substituída por: P. naikawa, P pishikawá, P psicotrefolia, P. retifolia.no caso das plantas adicionadas ao preparo do chá, existem 97 espécies de 39 famílias diferentes e que são divididas em três categorias, segundo Ott (1994): Plantas com propriedades anti-reumáticas: Achornea castaneifolia, Brunfelsia grandiflora, Mansoa allicea, etc; Estimulantes: Illex guayusa e Paulinia yoca contém cafeína; Erythoxylum coca var. ipadú que contém cocaína, etc; Enteógenas: Nicotiana; Brugmansia; Brunfelsia; Psycotria Viridis. Apesar da grande variedade de plantas que podem ser adicionadas ao chá, as que prevalecem e são

38 37 regulamentadas pelo Conselho Nacional de Drogas (CONAD) são a Psycotria Viridis e a Banisteropis caapi. 3.4 ASPECTOS COSMOLÓGICOS DA BEBIDA AYAHUASCA As culturas ameríndias já conhecem e fazer uso do chá Ayahuasca há milênios. As tradicionais religiões ayahuasqueiras originárias do Acre são o resultado da miscigenação entre as culturas indígenas da floresta amazônica e as religiões católica, espírita e umbandista. Cerca de 70 tribos indígenas que já foram catalogadas fazem uso do chá Ayahuasca na floresta amazônica (LABATE, 2006). Falarei sobre a cosmologia da tribo Kaxinawá que apresenta um mito originário com a bebida para exemplificar a infinidade de cosmologias das diversas tribos que fazem uso da bebida sagrada. Devido à imensa quantidade e complexidade de representações e cosmologias em torno da Ayahuasca tratarei apenas da tribo Kaxinawá embora haja uma infinita rede de significados, mitos e analogias diferentes em cada tribo indígena que compõe um universo peculiar, uma cosmogonia própria em sua visão de mundo. Os Kaxinawá e a Lenda da Jibóia Branca do nixi pae (Ayahuasca) Também conhecidos como caxinauás, são uma etnia sul-americana, que habitam as fronteiras do Peru, aos pés dos Andes até a fronteira do Brasil, no estado do Acre na região do Alto Juruá e Purus. É a mais numerosa população indígena do Acre com cerca de indivíduos (Censo 2010). O mito fundador dos Kaxinawá explica a origem do cipó Jagube usado no preparo da bebida Ayahuasca. De acordo com Leopardo Sales Yawa Bane Huni Kuin, índio da tribo Kaxinawá, em sua apresentação na mesa redonda Os usos da ayahuasca: aspectos religiosos, antropológicos e científicos, no Evento Sexto Movimento pela Vida, em Palmas, 2005, ele descrevera o mito de sua aldeia Kaxinawá: Conta-se que o guerreiro foi procurar caça. Ele estava caçando e acabou encontrando um encantado, a Mãe da Jibóia Branca, que morava no lago

39 38 grande. (Explico: a jibóia morava nesse lago e se transformava em mulher, ia para a terra e depois voltava para o lago). E a partir desse encontro, nesse momento, o guerreiro se apaixonou. Pediu ela em casamento e ela aceitou. O guerreiro e a Jibóia tiveram uma vida muito boa, conhecimento e aprendizado no mundo espiritual da Jibóia Branca. Nesse lago grande, na comunidade da Jibóia Branca, viviam muitos encantados. Todos eles conheciam o segredo da planta do poder que é a ayahuasca, o cipó. O cipó para nós é nixi pae; a folha se chama kawa. O guerreiro aprendeu com a Jibóia Branca todos os ensinamentos do canto, do mantra nós chamamos miração da Jibóia Encantada ; aprendeu como se preparar para chamar os encantados, todas as criações de Deus, que nós chamamos Kushipa. São uns cantos na nossa língua, a nossa língua se chama Ratxa Kuin. Cantamos o Huni Meka, que é o nosso canto, nosso mantra, da Jibóia. Nosso pajé, nosso professor, nosso mestre, e o nosso Kushipa, que é o nosso Deus, nos ensinou. Foi assim que o povo Huni Kuin recebeu estes conhecimentos. Recebemos o presente de curar nossas comunidades, parentes, de orientar os ensinamentos, recebemos através da ayahuasca a sabedoria, todos os conhecimentos que vêm da ayahuasca, a cultura ayahuasqueira do cipó. Passou um tempo, e o guerreiro voltou no mesmo lugar que ele havia encontrado com a Jibóia Branca na primeira vez no encantamento. Ele voltou lá porque ele já tinha visto, naquela miração que ele gritou, que ela tinha uma missão a cumprir. Então aí guerreiro encontrou o filho da Jibóia Branca, o filho dele, que estava lá procurando o pai. O último filho dele, o filho pequeno, a Jibóia pequena, veio e mordeu a ponta do dedo do guerreiro, mas não tinha força suficiente para comer o pai, engolir. Então o a Jibóia pequena chamou um irmão para ajudar. Veio um irmão e tentou morder a ponta do dedo do pé e também não conseguiu engolir. Chamaram então o outro irmão, e o outro irmão veio e também não conseguiu engolir. Chamaram a mãe, que era a Jibóia grande, guerreira. A Jibóia veio, conseguiu engolir os dois pés do guerreiro, foi engolindo o pé para cima na cintura, na barriga, aí ele começou a agir, começou a gritar, pediu socorro para a comunidade. Começou a gritar bem alto na floresta, rei rei rei!. O pessoal da comunidade Huni Kuin onde o guerreiro morava, escutou e veio ver o que estava acontecendo. O guerreiro estava na metade, a mulher dele estava engolindo ele, mas ainda estava vivo, gritando. Aí, os guerreiros da comunidade mataram a Jibóia, conseguiram bater na cabeça e conseguiram matar a Jibóia. Tiraram o guerreiro vivo da boca da Jibóia. Só que o guerreiro estava todo quebrado, mordido de cobra, com as juntas

40 39 todas quebradas. O guerreiro pediu para os parentes dele levarem a Jibóia também. Aí os discípulos do guerreiro levaram ele para a comunidade, e enterraram ele e a Jibóia um do lado do outro, como o guerreiro pediu. Não enterraram tudo junto porque ele explicou que ele ia se transformar em cipó ia nascer um cipó da sepultura aonde ele foi sepultado e a Jibóia ia se transformar em folha, kawa, a Rainha da Floresta. Esperados três meses nasceram o cipó e a folha do jeito que ele falou. O guerreiro também tinha falado que era para eles tirarem o cipó com muito respeito. Antes de tirar o cipó e folha, pedir licença à natureza, pedir licença ao cipó e à folha. O guerreiro também ensinou mais uma coisa sagrada, os ensinamentos do mantra através da miração, o canto que foi dado. Aí como era encantado, o cipó cresceu rapidinho, deu dessa grossura [mostra com as mãos]. A comunidade mais antiga, dos índios mais velhos, foram lá, pediram licença, fizeram uma oração, fizeram uma cerimônia em volta desse cipó e da folha, tiraram e fizeram o cozimento do jeito que o guerreiro falou, na panela de barro, colocaram folha, cipó e água. O fogo tinha que ser feito com uma árvore especial que tem na floresta, que é yapa karu, a madeira que a gente queima para fazer o preparamento do cipó.toda a comunidade foi convidada para participar dessa cerimônia de ayahuasca. A partir desse momento, tomaram o cipó, e começaram a ter mirações na primeira dose, na segunda dose, na terceira dose e começaram a receber todos os mantras que o guerreiro tinha falado. Através dessa miração eles conseguiram captar todos os cantos Huni Meká, os mantras do cipó, e todas as sabedorias da natureza, a ciência, o mistério, os conhecimentos da guardiã da Jibóia, receberam essa missão. (LABATE, 2006) Para as doutrinas ayahuasqueiras o chá é um ser divino que se encantou na forma de bebida e ao ser ingerido poderia dar muito ensinamentos, para quem tiver o merecimento, através da miração. É um professor que, para quem seguir seus ensinos, encontrará seu próprio mestre interior. O ser divino da floresta presente no chá teria o poder de promover uma limpeza no corpo, mente e espírito de forma gradual, purificando a alma, trazendo a tona emoções mal resolvidas e doenças para serem expurgadas (LABATE, 2002). Os ayahuasqueiros também compreendem que a bebida é o resultado da união do princípio masculino encontrado no cipó Jagube e do princípio feminino

41 40 encontrado na folha Chacrona. A união dos dois princípios traz equilíbrio e harmonia, dando suporte ao progresso espiritual pela nova consciência adquirida através do contato que a bebida proporciona ao próprio self do individuo (LABATE, 2002). O fenômeno do ciclo da borracha proporcionou intensa migração de nordestinos à região Norte do país, que sonhavam com uma vida melhor através da extração do látex, chamado na época de o ouro branco da floresta amazônica. O contato entre nordestinos, negros e os índios e caboclos amazonenses permitiu que um forte sincretismo religioso florescesse na floresta amazônica. O sincretismo entre o cristianismo popular, o folclore caboclo amazonense, as religiões de matriz africana e as práticas xamânicas surgiram, repaginando o cristianismo popular trazendo elementos xamânicos e esotéricos, produzindo as chamadas doutrinas tradicionais ayahuasqueiras conhecidas como Barquinha, Santo Daime e União do Vegetal. Agora vamos conhecer um pouco mais sobre as três doutrinas tradicionais ayahuasqueiras e suas visões cosmogônicas. A Doutrina do Santo Daime O Santo Daime é uma doutrina religiosa originária do seio da floresta amazônica, fundada por Raimundo Irineu Serra. Ao sair de sua terra natal, Maranhão, em 1912 para se tornar seringueiro na região do Acre, ele entra em contato com povos indígenas nas fronteiras da selva amazônica entre Brasil e Peru, recebendo sua iniciação sacramental com a bebida Ayahuasca. A partir desse momento, Irineu passa a ser instruído por seres espirituais que aparecem em suas mirações que lhe pedem para fazer uma criteriosa dieta à base de macaxeira insossa durante oito dias, mantendo-se isolado na floresta. No último dia de sua austeridade ele tem uma visão mariana, de um ser superior que se apresenta como Clara que lhe entrega a missão espiritual de fundar a doutrina do Santo Daime. Esta mítica personagem, Mestre Irineu a chama de Deusa Universal ou a Rainha da Floresta, intitulada também por Nossa Senhora da Conceição. Mestre Irineu batiza a bebida e passa a chamá-la de Santo Daime, que vem da rogativa dai-me amor, dai-me a luz, dai-me a cura. Já ficando conhecido na

42 41 região pelas histórias de cura e de graças alcançadas por aqueles que se aproximavam dele e da misteriosa bebida, Mestre Irineu ganha de um político local um lote de terra em um bairro rural no Rio Branco, dando início aos trabalhos públicos em 26 de maio de É aberto oficialmente o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal (CICLU) de Alto Santo. Figura 8 - Mestre Irineu, fundador do Santo Daime Fonte: Google Imagens, 2016 Após essa experiência, Mestre Irineu une a bebida milenar ao contexto cultural e simbólico cristão, utilizando sabedorias transcendentais da cultura africana, indígena e branca. Ele sofre grande perseguição por parte da polícia local devido a grande presença da população negra em seus cultos Daimistas. A elite da época ficou temerária devido ao aglomerado de afrodescendentes em um culto religioso desconhecido pela elite branca. De 1935 a 1940, Mestre Irineu desenvolveu a Doutrina, conforme instruções recebidas do astral, canalizando hinos que seriam cantados no ritual, durante suas experiências com o Daime.

43 42 A comunidade Alto Santo abrigava cerca de quarenta famílias que viviam em sistema de mutirão, vivendo do que plantavam, sendo autossustentáveis. Mestre Irineu recebia a todos e prestava assistência a quem estivesse doente, necessitado de conselhos ou de amparo espiritual. Mestre Irineu faleceu em 1971, deixando como legado a comunidade Alto Santo e a Doutrina do Santo Daime, além de dezenas de hinos canalizados por ele como forma de transmissão de mensagens espirituais que atuavam concomitante a força da bebida Ayahuasca nos trabalhos da doutrina do Santo Daime. Após a morte do fundador do Santo Daime, a doutrina se divide em duas vertentes denominadas Alto Santo. Um é comandado até hoje pela viúva do Mestre Irineu, Senhora Peregrina Gomes Serra, que possui uma única igreja no Acre e não admite a expansão da Doutrina pelo mundo. O outro grupo ficou sob o comando de Francisco Fernandez Filho, que foi sucedido alguns anos depois por Luiz Mendes, atualmente possuindo algumas filiais na região Norte do país (LABATE, 2002). A criação do CEFLURIS (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra) está ligada ao Padrinho Sebastião Mota de Melo. Seringueiro amazonense, ele mudou-se para o Rio Branco no Acre em 1965 onde obteve contato com Ayahuasca através do próprio Mestre Irineu quando estava a procura de curar uma grave enfermidade Em 1974, após o falecimento de Raimundo Irineu Serra, Mota funda o CEFLURIS em uma região conhecida como Colônia Cinco Mil, na cidade do Rio Branco, Acre (LABATE, 2004; GOULART, 2004).

44 43 Figura 9 - Padrinho Sebastião, fundador do CEFLURIS Fonte: Google Imagens, 2016 A partir da década de 80, Padrinho Sebastião organiza o CEFLURIS em forma de comunidade, resolvendo se mudar em 1983 para o seringal do Rio do Ouro no Amazonas, à beira do Igarapé do Mapiá também no Amazonas, localizado na Floresta Nacional do Purus. Conhecida como Céu do Mapiá, sede da Doutrina, possui como atual dirigente Padrinho Alfredo Gregório de Melo, filho de Padrinho Sebastião e seu sucessor, desde o falecimento do pai em 1990 (LABATE, 2004; GOULART, 2004). Tanto no Alto Santo como no CEFLURIS é adorada a figura do Mestre Irineu, sendo que na segunda vertente também louva-se o Padrinho Sebastião. Os rituais desses grupos caracterizam-se pelo canto coletivo de hinos, considerados canalizados do astral, possuem traços da influência indígena e da Filosofia do

45 44 Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento 7, do cristianismo popular com a sagrada família (Jesus, Maria José), os santos católicos, além das figuras míticas da cultura afrobrasileira e cabocla amazonense, bem como seres da natureza como o Sol, a Lua, as estrelas. A Doutrina do Santo Daime possui duas fardas (a branca que se veste em festejos e trabalhos de hinário com mais de cem hinos e a farda azul usada nos demais trabalhos de concentração e cura), seus participantes preservam a ordem e a disciplina nos rituais (LABATE, 2004). Atualmente a Doutrina do Santo Daime está espalhada pelo Brasil e pelo mundo tendo filiais não só em várias capitais e demais cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Alto Paraíso, etc e em outros países como Itália, Espanha, Alemanha, França, Inglaterra, República Tcheca, Holanda, Suécia, Dinamarca, Irlanda, Portugal, Suíça, País de Gales, Bélgica, Estados Unidos, Japão, Chile, Argentina, Uruguai e Bolívia. A Barquinha Esta doutrina ayahuasqueira foi fundada por Daniel Pereira de Matos, maranhense, que em 1940 migrou para a cidade de Rio Branco no Acre a serviço da Marinha como 2 sargento. Ao pedir baixa do exército, vai trabalhar como barbeiro, levando uma vida boêmia no bairro do Papôco. Daniel cantava músicas sobre paixões e a mulher amada, deleitando-se em noites festeiras. 7 O Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento foi a primeira Ordem Esotérica do país fundada em possui os seguintes Propósitos: Promover o despertar das energias criativas latentes no pensamento de cada associado, de acordo com as leis das vibrações invisíveis; Fazer com que essas energias convirjam no sentido de assegurar o bem estar físico, moral e social dos seus membros, mantendo-lhes a saúde do corpo e do espírito; Vibrar na medida de suas forças para que a harmonia, o amor, a verdade e a justiça se efetivem cada vez mais entre os homens. Disponível em: <

46 45 Figura 10 - Daniel Pereira de Matos, fundador da Barquinha Fonte: Google Imagens, 2016 Em 1928 casa-se com Maria do Nascimento Viegas e com ela tem quatro filhos. Em 1936 já não suportando o alcoolismo e a vida boêmia de Daniel, sua mulher parte com os filhos para o Maranhão. Com graves problemas no fígado devido ao excesso de álcool, recebe uma visita de seu conterrâneo e amigo em sua barbearia. Era Raimundo Irineu Serra que o convidara para fazer um tratamento espiritual através da bebida sagrada, o Daime. Após iniciado o tratamento e já com alguma melhoria, em pouco tempo Daniel retorna para sua vida boêmia. Outra vez doente, volta a fazer o tratamento com Mestre Irineu na doutrina do Alto Santo, onde frequentou por um ano (SENA ARAÚJO, 1999; COSTA, 2008).

47 46 Outra vez doente, foi chamado por Irineu para um novo tratamento no Alto Santo. Depois de tratado e iniciado nos trabalhos do Mestre, Daniel passou a seguir a Doutrina fundada pelo amigo. Lá ajudou a musicar os primeiros hinos. Após acompanhar o amigo que havia lhe socorrido anteriormente ajudando-o a repor sua estabilidade física e espiritual. (SENA ARAUJO,p ) Em um dado momento, Daniel resolve beber o daime sozinho e tem uma visão onde dois anjos desciam do céu, com um livro azul contendo a missão espiritual, na qual ele deveria fundar uma doutrina cristã com base na caridade. Esta revelação já havia sido feita anteriormente quando, embriagado, adormecera as margens de um igarapé onde teve um sonho com os anjos e o livro azul. Daniel resolve seguir seu destino para fundar uma linha de trabalho própria. Com o apoio do Mestre Irineu que lhe dera bastante Daime para iniciar seus próprios trabalhos, segue para a zona rural do Rio Branco, dando início aos trabalhos da Barquinha (ARAÚJO NETO apud SENA ARAÚJO, 1995). No seringal de Santa Cecília, no bairro de Vila Ivonete, Daniel instala-se numa casinha de madeira, coberta por palha, iniciando os seus trabalhos de atendimento que ele designou como Obras de Caridade. Seu trabalho durou doze anos, falecendo em Atualmente existem filiais da Barquinha no Acre, no estado do Rio de Janeiro, Brasília e uma filial em Fortaleza (CE). Esta é a vertente considerada mais eclética, dos três grupos, por ter maior influência da umbanda, da cultura nordestina e amazônica. Nos rituais há incorporação de seres espirituais do astral, da terra e do mar, cantando-se salmos e pontos, rezando orações cristãs. A Barquinha é a missão deixada por Daniel Pereira de Matos e seus adeptos são considerados marinheiros do mar sagrado (SENA ARAÚJO, 1999; LABATE, 2004). A União do Vegetal (UDV) A União do Vegetal (UDV), foi fundada por José Gabriel da Costa, baiano, que migrou para o Norte do país para trabalhar na extração da seringa. Durante a Segunda Guerra Mundial (1943), o governo brasileiro, visando aumentar a extração do látex das seringueiras nativas na Floresta Amazônica, recrutou um exército de

48 47 soldados da borracha e deu opção aos jovens nordestinos de irem para a Amazônia, trabalhar nos seringais amazonenses. Em 1944, sem ter oportunidade de despedir-se, José Gabriel escreve uma carta para sua família e embarca em um navio para Belém (PA), com destino a Porto Velho, então Capital do Território Federal do Guaporé, hoje Estado de Rondônia. Em 1959 teve seu primeiro contato com a Ayahuasca através de alguns de seus amigos seringueiros aonde ela bebe pela primeira a bebida das mãos de Chico Lourenço. Em 1961, Mestre Gabriel cria o Centro Espírita Beneficiente União do Vegetal, falecendo em 1971A instituição conta hoje, com cerca de 200 unidades, em todos os estados do Brasil, Peru, em alguns países da Europa, América do Norte e Oceania. A sede da UDV localiza-se em Brasília (LABATE, 2004; GOULART, 2004). Figura 11 - Mestre Gabriel, fundador da UDV Fonte: Google Imagens, 2016

49 48 A UDV nasce nos seringais da Amazônia, na fronteira entre Brasil e Bolívia, segundo a doutrina Mestre Gabriel reconheceu sua missão desde a primeira vez em que bebeu o chá. Ainda em 1959 ele passa a distribuir Ayahuasca batizando-a de Vegetal. Em 64, ele viaja com a família para Porto Velho para consolidar as atividades da sociedade criada. Posteriormente foi feito um registro no Jornal Alto Madeira da Associação Beneficiente União do Vegetal, intitulando um artigo Convicções do Mestre, uma defesa pública dos principios da UDV, Atualmente a UDV conta com filiais em todas as capitais brasileiras, além de possuir um departamento médico-científico (DEMEC) que realiza pesquisas sobre a bebida em parceria com instituições brasileiras e do exterior (LABATE, 2004; GOULART, 2004). A partir da década de 1980, a União do Vegetal vem buscando o diálogo com autoridades, de forma a normatizar o uso do chá Ayahuasca pelos seus associados no contexto religioso. Através de pesquisas médico-científicas, realizadas por universidades do Brasil e do exterior e o estudo de uma comissão multidisciplinar de trabalho do Governo Federal (GT da Ayahuasca de 2010) resultaram na Resolução do CONAD, que assegurou o uso do chá pelas religiões ayahuasqueiras, estabelecendo as normas para sua utilização. Nos rituais cantam-se as Chamadas, cânticos deixados por Mestre Gabriel, para chamar as forças da natureza. O conhecimento é passado oralmente e a palavra tem um significado especial para o grupo (LABATE, 2004). Durante os efeitos do chá, chamado pelos discipulos da UDV de borracheira, é feito o e estudo dos ensinamentos espirituais e da doutrina de Mestre Gabriel. A doutrina da União do Vegetal é fundamentada na existência do espírito, que evolui ao longo de sucessivas reencarnações. Mestre Gabriel, com seus ensinos, fez seu reconhecimento a Jesus como o Salvador da humanidade, o verdadeiro Homem, o filho de Deus. A UDV transmite de forma oral e traz, em essência, os mesmos ensinos de Jesus. Orientando para a evolução espiritual, a União do Vegetal ensina a respeito da reencarnação. O espírito tem como missão evoluir para chegar até Deus e as religiões existem para mostrar o caminho da retidão. O caminho de Deus é limpo, disse o Mestre. Para orientar a caminhada espiritual, o

50 49 conjunto doutrinário da UDV é formado por ensinos, chamadas (cânticos), histórias e explicações, ligadas a Jesus e a outros reconhecidos pelo Mestre Gabriel como destacamentos de Deus, que vieram ao mundo em cumprimento de missão, como por exemplo os personagens bíblicos Adão, Jó, Noé, Santa Ana, João Batista, Cosme e Damião. Também menciona as entidades Iansã e Janaína, entre outras. Durante as sessões da UDV, a partir das perguntas dos discípulos, os mestres trazem os ensinos, as palavras e os exemplos de Jesus na forma simples como foram explicados por Mestre Gabriel. São dadas orientações que conduzem o associado ao aprimoramento das suas virtudes morais e intelectuais. (UDV, 2017) A UDV em sua doutrina incentiva a busca da evolução espiritual através de sua doutrina de orientação e aconselhamento para a prática do bem,aprimorando os principios éticos e morais usando a sagrada bebida como veículo para os ensinamentos doutrinários. Os caianinhos como são chamados os discípulos do Mestre Gabriel compreendem que o caminho da doutrina é o da retidão e boa conduta. Era comum ao mestre usar situações do cotidiano, sobretudo da irmandade para trazer ensinos. Muitos dos ensinamentos estimula os preceitos de união e fraternidade e valorização da família valorizando a presença dos adolescentes no sentido de contribuir na formação de valores e do carater dos jovens. As doutrinas neo-ayahuasqueiras O Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal são as três principais doutrinas ayahuasqueiras surgidas na região Norte do país. Porém, nas últimas décadas ouve um crescimento das denominadas doutrinas neo-ayahuasqueiras, que são religiões que surgem num contexto urbano, com acentuado sincretismo religiosos, trazendo influências das doutrinas ayahuasqueiras tradicionais, do Oriente (budismo, cultura védica), bem como recursos terapêuticos são incorporados em rituais com a Ayahuasca (Pathwork, renascimento, constelações, meditação). Na minha monografia, pude realizar uma etnografia no Núcleo São José, um centro neo-ayahuasqueiro filial do Caminho do Coração, localizado no Eusébio, região metropolitana de Fortaleza, Ceará. Falaremos um pouco sobre a cosmologia dessa instituição pelo fato dela possuir muitos aspectos das religiões neo-ayahuasqueiras e representa bem as novas doutrinas que nascem em contexto urbano.

51 50 O Caminho do Coração Janderson Fernandes de Oliveira, atualmente conhecido como Sri Prem Baba, nasceu no bairro da Aclimação em São Paulo, no ano de Formou-se em psicologia e teatro, fez cursos sobre Yoga, terapias holísticas, frequentando várias religiões como budismo, umbanda, espiritismo, candomblé além de escolas esotéricas como a Gnose e a Rosa Cruz. Figura 12 - Sri Prem Baba, fundador do Caminho do Coração Fonte: Google Imagens, 2016 Janderson conhece o chá na década de 90 e passa a frequentar uma igreja do Santo Daime chamada Flor das Águas, na época, única sede daimista na cidade de São Paulo. Ele chega a se fardar no Santo Daime e em um trabalho de finados ele tem uma visão com Mestre Irineu revelando que ele deveria abrir seu próprio trabalho de cura. Alguns anos se passaram, até que angustiado por sua busca espiritual vai à Índia aonde vem a conhecer o seu mestre espiritual que aparecia para ele em seus sonhos, Sri Hans Raj Maharaji Ji.

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