ILUSTRISSIMO SENHOR ROBERTO REQUIÃO DE MELLO E SILVA, PRESIDENTE DA COMISSÃO EXECUTIVA DO PMDB DO PARANÁ.
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- Geovane Andrade Silveira
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1 ILUSTRISSIMO SENHOR ROBERTO REQUIÃO DE MELLO E SILVA, PRESIDENTE DA COMISSÃO EXECUTIVA DO PMDB DO PARANÁ. JOÃO ARRUDA, Deputado Federal e membro da Executiva Estadual, vem respeitosamente a presença de Vossa Senhoria requerer INTERVENÇÃO deste órgão estadual no DIRETÓRIO MUNICIPAL DE PARANAGUÁ, pelos fatos e fundamentos jurídicos que abaixo seguem aduzidos: 1. DOS FATOS É público e notório que o PMDB em Paranaguá está rumando para o caos, caos este patrocinado pela irresponsabilidade de seus dirigentes, os quais estão sobrepujando o interesse partidário pelos seus interesses pessoais. O que se vê é a pura e simples barganha do partido. O jogo que se estabeleceu atenta contra toda e qualquer forma de bom senso, contra toda regra ética, moral ou de natureza semelhante, revelando a insensibilidade dos jogadores. Restou, assim, estabelecido um impasse que está sendo custeado com o sofrimento, a integridade e a vida da agremiação no âmbito municipal. Não se está a falar de uma situação que era satisfatória, eficaz em seus fins e eficiente em seus meios. A situação do PMDB em Paranaguá, devido a omissão de seus dirigentes, é deficiente. Os relatos que esta acompanha, dão uma ideia, ainda que incompleta, da situação calamitosa que foi gerada pela incapacidade dos seus dirigentes, aliada a um jogo de interesses subalternos, redundando numa roleta russa de resultados
2 imprevisíveis. Aliás, a imprevisibilidades desses resultados se faz presente há muito tempo, pois diretrizes partidárias e estatutárias não são observadas, e filiados são preteridos do processo democrático que deve permear a atuação partidária. O comportamento segregacionista adotado pelo PMDB de Paranaguá, somado a paralisia do partido, fragiliza ainda mais a situação do PMDB no Município. Situação está que se traduz pelo desempenho da agremiação municipal nas eleições de 2012 e 2014 e que, certamente, refletirá no pleito eleitoral desse ano. Uma simples consulta no site do Tribunal Superior Eleitoral é suficiente para demonstrar que o desempenho eleitoral do Diretório Municipal de Paranaguá não tem sido satisfatório. No ano de 2012, embora o partido tenha concorrido as eleições proporcionais com 25 (vinte e cinco) candidatos, apenas 2 (dois) deles foram eleitos. Ressalta-se que nenhum dos candidatos eleitos obtiveram voto suficientes, tendo a ocupação da vaga junto a vereança se dado, no caso do Sr. Marcus Antônio Elias Roque, em razão do quociente partidário, e, no caso do Sr. Ivan Aparecido Hrescak, por média. De outra sorte, o PMDB logrou êxito em eleger o Prefeito, porém, como um número muito pequeno de votos, ou seja, (trinta e cinco mil e quinhentos e cinquenta e cinco). Número este considerado pequeno ante a capacidade do Município, o qual conta com (cento e um mil e quarenta e sete) eleitores. Quando da última eleição, a qual ocorreu em 2014, infelizmente o Partido junto ao Município em nada melhorou. Os votos recebidos pelos candidatos do partido foram inexpressivos, como demonstram os documentos anexos. Embora o PMDB não tenho lançado candidato à a Presidência da República, este decidiu apoiar a candidata do PT, Dilma Rousseff, sendo que esta, no Município, acabou ficando em 3º lugar, com apenas 21% (vinte e um porcento), já que os candidato mais votados foram Marina Silva, do PSB, com 37,49% dos votos, e Aécio Neves, do PSDB, com 36,79% dos votos. O mesmo ocorreu com o candidato do partido que disputou o cargo de Governador. No que pese o Prefeito ser do PMDB, ainda assim aquele amargou o 2º lugar, perdendo também para o candidato do PSDB, Beto Richa. Melhor sorte não teve o candidato do partido ao Senado, o qual recebeu apenas 8,22% dos votos válidos, enquanto o candidato eleito recebera 79,16% dos votos.
3 Quanto aos candidatos que disputaram o cargo de Deputado Federal, este juntos sequer somam 5mil votos. Isso num Município em que se tem dois vereadores e um prefeito eleito com 35mil votos. Quanto aos candidatos que concorreram ao cargo de Deputado Estadual, embora este tenha sido melhor que aqueles, ainda assim cumpre esclarecer que o número de votos recebidos foi ínfimo, se considerarmos a representação que o partido tem no Município e o número de eleitores. Ou seja, dos números obtidos nas eleições passadas, somado a intransigência da direção partidária, a sobreposição dos interesses pessoais em detrimento do partido, assim como a ausência de qualquer sinalização quanto a candidaturas viáveis para o pleito eleitoral deste ano, principalmente quanto a vereança, e de planejamento para enfrentamento de uma campanha que resulte vitoriosa, emerge a necessidade de se promover intervenção junto ao Diretório Municipal do PMDB de Paranaguá, já que não há possibilidade e nem tempo para se promover as estruturações necessárias para as eleições em outubro do corrente ano, junto a direção atual. 2. DO DIREITO A Constituição Federal, em seu artigo 17, 1º, atribuiu aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento. Por sua vez, a Lei 9.096/1995 (Lei dos Partidos Políticos), em seu artigo 5º, determina que as ações dos partidos políticos são exercidas de acordo com seu estatuto e programa. Ou seja, a lei que regulamenta a atuação partidária é o Estatuto Partidário, o qual, por fazer parte do ordenamento jurídico, é subordinado a Constituição Federal. Nesta seara, o Estatuto do PMDB, visando manter a unidade partidária e preservar a participação do partido nos pleitos eleitorais, criou o instituto da intervenção, o qual restou assim disciplinado: Art. 60. Os órgãos do Partido somente intervirão nos órgãos hierarquicamente inferiores para: I manter a integridade partidária; II assegurar o exercício dos direitos das minorias;
4 III reorganizar as finanças e regularizar as transferências de recursos para outros órgãos partidários, previstas no Estatuto ou em resoluções. IV assegurar a disciplina e a democracia interna. V garantir o desempenho político-eleitoral do Partido. VI impedir acordo ou coligação com outros partidos em desacordo com as decisões superiores; VII preservar as normas estatutárias, a ética partidária, os princípios programáticos, ou a linha político-partidária fixada pelos órgãos superiores e a linha política fixada pelos órgãos competentes. VIII regularizar o controle das filiações partidárias. 1º O pedido de intervenção será fundamentado e corroborado com elementos que comprovem a ocorrência ou a iminência das infrações previstas neste artigo. 2 A deliberação de intervenção será precedida de audiência do órgão imputado, a quem será dada vista do processo, com todas as peças que o compuserem, o qual terá o prazo de 8 (oito) dias, para, através de seu dirigente, exercer o direito à mais ampla defesa. 3º A intervenção será decretada pelo voto da maioria absoluta do órgão hierarquicamente superior, devendo do ato constar a indicação dos nomes componentes da Comissão Interventora, de 5 (cinco) membros, e o prazo de sua duração, que poderá ser prorrogado enquanto não cessarem as causas que a determinaram. 4º Cessadas as causas determinantes da intervenção, poderá ser ela levantada, mesmo antes do prazo estabelecido. 5º Quando o fundamento do pedido de intervenção for o contido nos incisos I e VI, a decisão prevista no parágrafo anterior será precedida de parecer da Comissão de Ética e Disciplina do nível do órgão interveniente. 6º A Comissão Interventora, uma vez designada, estará investida de todos os poderes para deliberar, aplicando-se, no que couber a competência de Comissão Provisória. 7 As comissões interventoras entrarão no exercício pleno de suas funções, com a publicação do ato de sua designação e a promoção das anotações na Justiça Eleitoral. Diz o artigo 60, do Estatuto Partidário, que o órgão superior intervirá no inferior nas hipóteses previstas no Estatuto, as quais foram elencadas acima. Tais hipóteses configuram situações que presumivelmente colocam em risco, potencial ou atual, a própria unidade nacional do partido e o seu êxito frente aos processos eleitorais. Como se vê, a regra é a não-intervenção. Porém, a intervenção é medida excepcional de defesa da unidade programática e da sua atuação permanente
5 na vida política, social e parlamentar. É instituto essencial da autonomia partidária e é exercido em função da integridade nacional do partido e do processo eleitoral. Em relação especificamente ao processo eleitoral, o qual da base ao presente pedido, a intervenção é autorizada para garantir o desempenho político-eleitoral do partido. Ou seja, para assegurar, contra tendências desagregadoras e resultados ruins obtidos em pleitos anteriores, a permanência do partido junto aos Poderes Executivo e Legislativo. Como demonstrado alhures, a intervenção que ora se postula é a única medida possível para se garantir o desempenho político-eleitoral do partido nas eleições de outubro deste ano. Ao emergir uma situação anômala, como a deficiência do PMDB de Paranaguá em cumprir seus encargos normais, inclusive quanto ao pleito eleitoral que se aproxima, encontra esta Comissão Executiva Estadual, no instituto da intervenção, o consentâneo provimento para corrigir os defeitos na organização e funcionamento do órgão inferior, e assim garantir o resultado das eleições. De modo que não se trata de supressão da autonomia reservada ao Diretório Municipal, mas sim de providência de caráter emergencial e transitório que visa dar a ele condição real para participar do processo eleitoral. Neste contexto, a intervenção, na realidade, configura expressivo elemento de estabilização da ordem normativa plasmada no Estatuto Partidário. É lhe inerente a condição de instrumento de defesa dos postulados partidário, sobre os quais se estrutura, em nosso País, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro. O instituto da intervenção é da essência da autonomia partidária e do sistema federativo, pois, sem esse mecanismo de ordem político-jurídica, que assegura a unidade partidária, o órgão superior não teria razão de existir. E as garantias e vantagens, que o órgão superior deve proporcionar aos órgãos inferiores e a seus filiados, se reduziriam a simples miragem. Assim, a intervenção, tida como uma garantia mútua, como instrumento de manutenção da integridade nacional partidária, é considerada, também, capaz de manter a organização, a estrutura e a participação político/eleitoral do partido, sendo a medida que se impõe no presente caso, como ultima ratio.
6 3. DO PEDIDO Ante o exposto, considerando a argumentação supra expendida, REQUER-SE a adoção das medidas jurídicas e institucionais pertinentes para a decretação da Intervenção no Diretório Municipal de Paranaguá, em face da necessidade de se garantir o desempenho político-eleitoral do Partido junto ao Município. Termos em que, Pede deferimento. Curitiba, 27 de abril de João Arruda DEPUTADO FEDERAL PMDB/PR
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