Ao Senhor Juarez Vieira Presidente da Associação de Moradores do Bairro Anita Garibaldi AMIGA Em mãos

Transcrição

1 fls. 389 Joinville, 21 de julho de Notificação nº 0062/2016/21PJ/JOI Ao Senhor Juarez Vieira Presidente da Associação de Moradores do Bairro Anita Garibaldi AMIGA Em mãos Senhor presidente, O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, por sua Promotora de Justiça signatária, com base no art. 26, do Ato 335/2014/PGJ, nos autos do IC - Inquérito Civil nº , cientifica Vossa Senhoria acerca do arquivamento do procedimento, conforme cópia do despacho em anexo. Havendo interesse, nos termos do art. 27, do Ato acima mencionado, Vossa Senhoria poderá, até a sessão do Conselho Superior do Ministério Público que deliberará quanto à homologação ou rejeição da presente promoção de arquivamento, apresentar razões escritas ou documentos a amparar seu inconformismo. F Ao responder, favor mencionar o protocolo nº Atenciosamente, (assinado digitalmente) Simone Cristina Schultz Corrêa Promotora de Justiça Avenida Hermann August Lepper, 980 (Fórum) - 3º andar - Bairro Saguaçu - CEP Joinville - SC. Fone: (47) joinville21pj@mp.sc.gov.br e o código 9CFA47.

2 fls. 387 IC - Inquérito Civil nº DECISÃO DE ARQUIVAMENTO Trata-se de Inquérito Civil instaurado a partir de denúncia da Associação de Moradores do Bairro Anita Garibaldi AMIGA noticiando irregularidades ambientais em imóvel sito na rua Concórdia, nº 60, onde a Construtora CONSTRUPEMA pretende implantar um condomínio residencial. Devidamente oficiados os órgãos ambientais competentes, restaram constatados danos ambientais na área decorrentes da supressão vegetação nativa, secundária, remanescente de Mata Atlântica, em estágio avançado de regeneração, numa extensão de 2.350m² (dois mil, trezentos e cinquenta metros quadrados), bem como a terraplanagem da parte frontal do terreno e o anelamento de espécimes arbóreos, tudo sem autorização dos órgãos competentes. Como se sabe, eventual burla à legislação ambiental pode provocar efeitos de natureza civil, administrativa e criminal. Neste viés, foi ajuizada ação criminal em face da referida empresa e seus sócios (autos nº ) e, na esfera cível, deu-se seguimento ao presente Inquérito Civil visando a reparação dos danos, culminando na assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta com a CONSTRUPEMA e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Joinville, no qual a Construtora se comprometeu a recuperar integralmente a área degradada, por meio da implantação de Projeto de Recuperação de Área Degradada a ser aprovado e fiscalizado pelo órgão ambiental municipal, bem como a seguir os ditames legais para dar continuidade ao processo de licenciamento ambiental da obra que pretende instalar no local dos fatos e o código 9CFA1F.

3 fls. 388 Portanto, logrou-se alcançar o objeto deste Inquérito Civil, consistente em garantir a recuperação dos danos ambientais mediante a implantação de Projeto de Recuperação de Área Degradada devidamente aprovado pelo órgão ambiental do Município de Joinville. Dessa forma, promove-se o ARQUIVAMENTO do Inquérito Civil Público n , nos moldes do artigo 9º da Lei Federal n /85, determinando-se a remessa dos autos ao Egrégio Conselho Superior do Ministério Público, nos termos do ATO 0335/2014/PGJ. F Notifiquem-se os interessados acerca do arquivamento. Joinville, 21 de julho de (assinado digitalmente) Simone Cristina Schultz Corrêa Promotora de Justiça e o código 9CFA1F.

4 fls. 372 IC - Inquérito Civil nº TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, representado neste ato pela Promotora titular da 21º Promotoria de Justiça de Joinville, Simone Cristina Schultz Corrêa, com atuação na CURADORIA DO MEIO AMBIENTE NATURAL E DEFESA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS, a pessoa jurídica CONSTRUTORA CONSTRUPEMA LTDA., inscrita no CNPJ sob o nº / , com sede na rua Conselheiro Arp, 194, América, nesta cidade de Joinville/SC, neste ato representada por seu procurador constituído, Rodrigo Schoene, OAB/SC , e a SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE SEMA, neste ato representada por seu Secretário, Sr. Romualdo França Júnior, com base no art. 5, 6, da lei 7.347/85, CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público a defesa dos interesses sociais, coletivos, difusos e individuais indisponíveis, sendo órgão encarregado para promover Inquérito Civil e Ação Civil Pública para a proteção do Meio Ambiente, conforme arts. 127 e 129, II, da Constituição Federal; CONSIDERANDO que o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida, foi erigido pelo art. 225 da Constituição Federal como um direito de todos;

5 fls. 373 CONSIDERANDO que o art. 2º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, considera o meio ambiente patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo, e aponta para a nação brasileira a diretriz da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana; CONSIDERANDO que a condução responsável e legítima de atividade econômica que possa causar e/ou tenha causado consideráveis impactos ambientais requer que em sua implantação seja permitido um real monitoramento por parte da sociedade civil organizada, inclusive através da recuperação de áreas indevidamente degradadas; CONSIDERANDO que para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder Público controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem o risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; CONSIDERANDO que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (arts. 2 o e 3 o da Lei nº 9.605/98); CONSIDERANDO que a Lei 6.938/81, em seu art. 9, IV, estabelece o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente; CONSIDERANDO que o mesmo diploma legal dispõe que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente

6 fls. 374 poluidores, bem como os capazes sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente SISNAMA (...) (art. 10); CONSIDERANDO que o não cumprimento da legislação ambiental, assim como a falta de licenciamento provoca degradação ao meio ambiente, causando risco à saúde pública; CONSIDERANDO o Inquérito Civil Público n.º , em trâmite nesta 21ª Promotoria de Justiça de Joinville sob a presidência da Promotora de Justiça signatária, o qual investiga a implementação de empreendimento (condomínio residencial) da COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA em imóvel sito na rua Concórdia, nº 60, nesta cidade; CONSIDERANDO que a COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA é possuidora/permutante do imóvel objeto deste Inquérito Civil Público, que possui área total de (dois mil trezentos e cinquenta metros quadrados), conforme Registro Geral Joinville; Matrícula n na Segunda Circunscrição Imobiliária da Comarca de CONSIERANDO que a Lei 6.938/81, em seu art. 14, 1º, estabelece a responsabilidade civil objetiva por danos ambientais (independentemente da existência de culpa) ; CONSIDERANDO que a Lei /06, em seu art. 30, I, estabelece a manutenção mínima de 50% (cinquenta por cento) in loco da cobertura vegetal secundária em estágio avançado de regeneração existente; CONSIDERANDO que restou constatada, conforme relatórios técnicos acostados aos autos, a supressão de vegetação nativa, secundária, remanescente de Mata Atlântica, em estágio avançado de regeneração, numa extensão de 2.350m²

7 fls. 375 (dois mil, trezentos e cinquenta metros quadrados), na área onde a COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA pretende implementar tal empreendimento, bem como a terraplanagem da parte frontal, tudo sem autorização do órgão competente; CONSIDERANDO, portanto, que essas ações causaram danos ao meio ambiente natural, conforme prova técnica colhida no curso deste procedimento, notadamente por relatórios técnicos ambientais emitidos por profissionais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; CONSIDERANDO que os problemas causados estão incluídos entre aqueles afetos ao controle do Meio Ambiente, devido aos malefícios causados à saúde e a degeneração da qualidade de vida da sociedade; CONSIDERANDO que as atividades desenvolvidas pelo investigado exigem o prévio licenciamento ambiental; CONSIDERANDO, pois, as funções institucionais do Ministério Público, dentre as quais se destaca a legitimação ativa para a defesa judicial e extrajudicial dos interesses relacionados à preservação do meio ambiente, para lavrar com os interessados Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta às exigências legais, prevista nos artigos 127 e 129, inciso II e III, ambos da Constituição Federal, no artigo 25, inciso IV, alínea a, da Lei n e Lei Complementar Estadual n. 1;97/2000 RESOLVEM celebrar o presente Compromisso de Ajustamento de Conduta, com a permissão do art. 5, 6, da Lei n 7.347, de , mediante os seguintes termos: Cláusula 1ª - A COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA se

8 fls. 376 compromete a apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da presente assinatura, no órgão ambiental competente (SEMA), projeto de recuperação da área degradada PRAD (equivalente a 50% da área total do imóvel), nos termos indicados pelo órgão ambiental e com sua anuência e aprovação; Parágrafo Primeiro A COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA compromete-se a apresentar nesta Promotoria de Justiça, no prazo estabelecido na Cláusula anterior, cópia digitalizada do referido projeto de recuperação da área degradada, bem como o comprovante de efetivo protocolo no órgão ambiental; Parágrafo Segundo A COMPROMISSÁRIA SEMA compromete-se a avaliar e emitir parecer conclusivo acerca do PRAD no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data de efetivo protocolo pelo interessado, bem como, no mesmo prazo, encaminhar cópia de sua análise a esta Promotoria de Justiça; Paragrafo Terceiro - A COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA compromete-se a adequar o referido projeto de recuperação, caso assim seja exigido pelo órgão ambiental municipal, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar de sua notificação administrativa, devendo encaminhar cópia digitalizada das adequações a esta Promotoria de Justiça no mesmo prazo; Cláusula 2ª - Compromete-se a COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA, ainda, a dar efetivo início às obras de execução do referido Projeto de Recuperação dentro do prazo indicado pela SEMA, apresentando comprovante nesta Promotoria de Justiça; Cláusula 3ª Caberá à COMPROMISSÁRIA SEMA monitorar o PRAD pelo prazo de 03 (três) anos, período no qual a COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA deverá apresentar relatórios semestrais ao órgão ambiental; Parágrafo Primeiro - Na sequência de cada relatório apresentado pela CONSTRUPEMA à SEMA, esta fará vistoria e avaliação técnica acerca das condições ambientais encontradas, encaminhando a esta PJ, em até 20 (vinte) dias do protocolo administrativo pela Construtora, o respectivo laudo (com cópia do referido relatório), dando conta do monitoramento e esclarecendo tecnicamente se o objetivo do PRAD está sendo alcançado com êxito;

9 fls. 377 Cláusula 4ª A licença ambiental para o empreendimento que a COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA pretende implantar nos outros 50% da área do imóvel em questão, que atualmente está pendente, terá seu seguimento na SEMA, a partir da fase em que se encontra, APÓS comprovação efetiva de implantação do PRAD, o que também deverá ser informado a esta Promotoria de Justiça (comprovação de implantação do PRAD e continuidade do processo de licenciamento ambiental para o empreendimento); Cláusula 5ª - Tendo a SEMA, por seus técnicos, afirmado que a área degradada é passível de recuperação integral através da efetiva implantação e execução de PRAD, deixa-se de aplicar medida compensatória de cunho indenizatório, sendo que a compensação ambiental prevista no art. 17 da Lei /2006 foi cumprida na forma do seu 1º, através de reposição florestal, conforme PAA 657/2014; Cláusula 6ª - O Ministério Público se compromete a não adotar qualquer medida judicial, coletiva ou individual, de natureza civil, contra a compromissária CONSTRUPEMA, desde que cumpridos os itens ajustados; Cláusula 7ª - O não cumprimento pela compromissária CONSTRUPEMA implicar-lhe-á no pagamento de multa no valor de R$ ,00 (trezentos mil reais), que serão revertidos ao Fundo de Reconstituição de Bens Lesados, sem prejuízo de outras sanções cabíveis; Cláusula 8ª. O cumprimento das obrigações ajustadas não dispensa a COMPROMISSÁRIA CONSTRUPEMA de satisfazer quaisquer exigências previstas em outras legislações, tampouco de cumprir qualquer imposição de ordem administrativa que diga respeito às normas ambientais correlatas, bem como ao processo de licenciamento ambiental referente ao empreendimento que no local pretende instalar. Dito isto, por estarem as partes ajustadas e compromissadas, firmam o

10 fls. 378 presente Termo em 3 vias, que terá eficácia de título executivo extrajudicial, tão logo homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público. Simone Cristina Schultz Corrêa Promotora de Justiça Rodrigo Schoene Representante CONSTRUPEMA OAB/SC Romualdo França Secretário Municipal de Meio Ambiente F Joinville, 21 de julho de 2016.