Modernidade Política 2016
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- Lucas Gabriel Thomas Fernandes Sabala
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1 TEMAS Sociedade Civil vs. Sociedade Política DICAS DE FILMES A Caça, Thomas Vintemberg Utube: Marcos Nobre o que, afinal, aconteceu em junho de 2013? Q01. UNESP: Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. RJ: Bertrand, A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas. Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares. Q02. UEM. O teórico político Nicolau Maquiavel ( ), analisando os conflitos políticos, afirma: Eu digo que aqueles que condenam os tumultos entre os nobres e a plebe parecem reprovar aquelas coisas que foram a causa primeira da liberdade de Roma. Consideram mais os rumores e os gritos que nasciam de tais tumultos que os bons efeitos que eles provocavam e não veem que há em toda república dois humores diversos, quais sejam, aquele do povo e aquele dos grandes, nem também que todas as leis que são feitas em favor da liberdade nascem desta desunião.[...] Também não se pode com alguma razão chamar esta república de desordenada quando nela existem tantos exemplos de virtù, porque os bons exemplos nascem da boa educação, a boa educação das boas leis e as boas leis daqueles tumultos que muitos condenam inadvertidamente. (MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. In MARÇAL, Jairo. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed-PR, 2009, p. 432). A partir do texto citado, assinale o que for correto. 01) Segundo Maquiavel, o conflito político é salutar para a vida política da cidade, pois dele nascem boas leis e a boa educação. 02) Uma república, para se conservar livre e ordenada, deve reprimir as manifestações políticas que geram tumultos, gritarias e transtornos para o livre trânsito do cidadão. 04) Para Maquiavel, os tumultos políticos e as disputas entre os partidos enfraquecem a cidade, visto que geram a desunião entre os cidadãos. 08) De acordo com Maquiavel, a boa ordem política se expressa pela participação ativa dos cidadãos nos espaços públicos em defesa das leis. 16) Conforme Maquiavel, os governantes devem impedir que o povo se manifeste de modo desordeiro, mesmo que isso custe a perda da liberdade política. Q03. UEM. E pressuporei uma cidade corrompidíssima, na qual acrescentarei tal dificuldade, porque não se encontram nem leis nem ordenamentos que bastam para frear uma corrupção generalizada. Porque, assim como os bons costumes precisam de leis para manterem-se, também as leis, para serem observadas, precisam de bons costumes. Além disso, os ordenamentos e as leis criadas numa república no seu nascimento, quando os homens ainda eram bons, mais tarde deixam de convir,
2 quando eles se tornaram malvados. E, embora as leis de uma cidade variem segundo os acontecimentos, os ordenamentos nunca ou raramente variam: isso faz que as novas leis não vigorem, porque os ordenamentos que estão firmes as corrompem. (MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. In MARTINS, J. Corrupção. São Paulo: ed. Globo, 2008, p. 122 e 123). A partir do trecho transcrito, assinale o que for correto. 01) A corrupção generalizada na cidade é resultado apenas da índole perversa das pessoas, não importando as leis e nem as instituições (ordenamentos). 02) A corrupção se espalha pela república porque não há um juiz firme e rigoroso para punir os corruptos exemplarmente. 04) Em uma situação de corrupção generalizada, apenas os bons exemplos podem acabar com este estado de coisas. 08) Mais importante do que leis que combatam a corrupção é importante que hajam instituições (ordenamentos) que façam as leis serem cumpridas. 16) A corrupção para Maquiavel é resultado da falência das leis e das instituições (ordenamentos) em coibir os desvios. Q04. UNESP: Sob o ponto de vista individual, a corrupção pode ser vista como uma escolha racional, baseada em uma ponderação dos custos e dos benefícios dos comportamentos honesto e corrupto. No tocante às empresas, punir apenas as pessoas, ignorando as entidades, implica adotar, nesse âmbito, a teoria da maçã podre, como se a corrupção fosse um vício dos indivíduos que as praticaram no seio empresarial. O que constatamos é bem diferente disso. A corrupção era, para as empresas envolvidas na operação Lava Jato, um modelo de negócio que majorava o lucro em benefício de todos. (Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol [procurador público]. O Estado de S.Paulo, Adaptado.) A corrupção é abordada no texto como um problema que pode ser explicado sob um ponto de vista (A) ético, devido ao comportamento irracionalista que é assumido pelos indivíduos. (B) moral, pois o fenômeno é abordado como resultado de comportamentos desregrados. (C) pragmático, pois é considerada sobretudo a avaliação dos efeitos práticos das ações. (D) jurídico, pois é necessária uma legislação mais rigorosa para coibir o fenômeno. (E) materialista, pois suas causas relacionam-se com a estrutura do sistema capitalista. Q05. ENEM. A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar. HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles A) entravam em conflito. B) recorriam aos clérigos. C) consultavam os anciãos. D) apelavam aos governantes. E) exerciam a solidariedade. DEVER DO LAR DA UFU: Ser vítima de bala perdida é o maior medo atual dos cariocas e moradores da região metropolitana do Rio. Foi o que responderam 57% dos entrevistados em levantamento do ISP (Instituto de
3 Segurança Pública), órgão ligado à Secretaria de Segurança do Rio, divulgado na tarde desta terçafeira. [...] um quinto dos entrevistados (21,7%) foi vítima de um dos 21 tipos de crimes elencados na pesquisa (agressão, furto...). BELCHIOR, L. Mais da metade dos moradores do RJ não confia na PM. In: Folha Online, 19/08/2008. Estatísticas como essas retratam a situação de medo e de insegurança geral vivenciada nas metrópoles brasileiras e conferem atualidade a teorias como a do filósofo Thomas Hobbes. Para ele, a função do Estado e do corpo político é a de garantir a paz e o direito de cada um à vida, impedindo o desencadeamento natural da guerra de todos contra todos. A partir da leitura das informações acima, responda às seguintes perguntas. A) De acordo com Hobbes, os seres humanos são naturalmente sociáveis? Justifique sua resposta. B) Quais seriam, para esse filósofo, as principais características do homem em estado de natureza? C) Tendo em vista o fragmento da reportagem publicada pelo jornal Folha Online, é correto dizer que o Estado, hoje, do ponto de vista hobbesiano, cumpre sua obrigação em relação aos cidadãos? *QUESTÕES EXTRAS* EXTRA 01: [...] Os homens não podem esperar uma conservação duradoura se continuarem no estado de natureza, ou seja, de guerra, e isso devido à igualdade de poder que entre eles há, e a outras faculdades com que estão dotados. A lei da natureza primeira, e fundamental, é que devemos procurar a paz, quando possa ser encontrada [...]. Uma das leis naturais inferidas desta primeira e fundamental é a seguinte: que os homens não devem conservar o direito que têm, todos, a todas as coisas. (HOBBES, T. Do Cidadão. SP: Martins Fontes, 1992, pp ; 45-46). [...] aquele que submete sua vontade à vontade outrem transfere a este último o direito sobre sua força e suas faculdades - de tal modo que, quando todos os outros tiverem feito o mesmo, aquele a quem se submeteram terá tanto poder que, pelo terror que este suscita, poderá conformar as vontades particulares à unidade e à concórdia. [...] A união assim feita diz-se uma cidade, ou uma sociedade civil. (HOBBES, T. Do Cidadão. SP: Martins Fontes, p. 1992, p. 109). Para os jusnaturalistas o problema da legitimidade do poder político comporta uma questão de fato e uma questão de direito, isto é, o problema da instituição da sociedade civil e o problema do fundamento da autoridade política. Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o pensamento jusnaturalista de Hobbes, considere as afirmativas a seguir: I. A instituição da sociedade civil fundamenta-se na sociabilidade natural do ser humano, pela qual os indivíduos hipoteticamente livres e iguais decidem submeter-se à autoridade comum de um só homem ou de uma assembleia. II. Além do pacto de associação para união de todos em um só corpo, é preciso que ao mesmo tempo se estabeleça o pacto de submissão de todos a um poder comum para a preservação da segurança e da paz civil. III. A soberania do povo encontra sua origem e seus princípios fundamentais no ato do contrato social constituído pelas vontades particulares dos indivíduos a fim de edificar uma vontade geral indivisível e inalienável. IV. O estado de guerra decorre em última instância da necessidade fundamental dos homens, naturalmente iguais entre si, por sua preservação que faz com que cada um tenha direito a tudo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
4 d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. EXTRA 02 - UNESP: A China é a segunda maior economia do mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal, como fizeram os Estados Unidos no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas temem por um atol de rochas desabitado que disputam com a China. O Japão está de plantão por umas ilhotas de pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem. Mesmo o Vietnã desconfia mais da China do que dos Estados Unidos. As autoridades de Hanói gostam de lembrar que o gigante americano invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o Vietnã dezessete. (André Petry. O Século do Pacífico. Veja, Adaptado.) A persistência histórica dos conflitos geopolíticos descritos na reportagem pode ser filosoficamente compreendida pela teoria (A) iluminista, que preconiza a possibilidade de um estado de emancipação racional da humanidade. (B) maquiavélica, que postula o encontro da virtude com a fortuna como princípios básicos da geopolítica. (C) política de Rousseau, para quem a submissão à vontade geral é condição para experiências de liberdade. (D) teológica de Santo Agostinho, que considera que o processo de iluminação divina afasta os homens do pecado. (E) política de Hobbes, que conceitua a competição e a desconfiança como condições básicas da natureza humana. DEVER DO LAR EXTRA DA UNESP Nº01: O homem é o lobo do homem é uma das frases mais repetidas por aqueles que se referem a Hobbes. Essa máxima aparece coroada por uma outra, menos citada, mas igualmente importante: guerra de todos contra todos. Ambas são fundamentais como síntese do que Hobbes pensa a respeito do estado natural em que vivem os homens. O estado de natureza é o modo de ser que caracterizaria o homem antes de seu ingresso no estado social. O altruísmo não seria, portanto, natural. No estado de natureza o recurso à violência generaliza-se, cada qual elaborando novos meios de destruição do próximo, com o que a vida se torna solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta, na qual cada um é lobo para o outro, em guerra de todos contra todos. Os homens não vivem em cooperação natural, como fazem as abelhas e as formigas. O acordo entre elas é natural; entre os homens, só pode ser artificial. Nesse sentido, os homens são levados a estabelecer contratos entre si. Para o autor do Leviatã, o contrato é estabelecido unicamente entre os membros do grupo, que, entre si, concordam em renunciar a seu direito a tudo para entregá-lo a um soberano capaz de promover a paz. Não submetido a nenhuma lei, o soberano absoluto é a própria fonte legisladora. A obediência a ele deve ser total. (João Paulo Monteiro. Os Pensadores, 2000.) Caracterize a diferença entre estado de natureza e vida social, segundo o texto, e explique por que é atribuída a Hobbes a concepção política de um absolutismo sem teologia. DEVER DO LAR EXTRA DA UNESP Nº02: É necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer- -se disso segundo a necessidade. Deixando de parte, pois, as coisas ignoradas relativamente aos príncipes e falando a respeito das que são reais, digo que todos os homens, máxime os príncipes, por estarem mais no alto, se fazem notar através das qualidades que lhes acarretam reprovação ou louvor. Isto é, alguns são tidos como liberais, outros como miseráveis; alguns são tidos como pródigos, outros como rapaces; alguns são cruéis e outros piedosos; perjuros ou leais; efeminados e pusilânimes ou
5 truculentos e animosos; humanitários ou soberbos; lascivos ou castos; estúpidos ou astutos; enérgicos ou indecisos; graves ou levianos; religiosos ou incrédulos, e assim por diante. E eu sei que cada qual reconhecerá que seria muito de louvar que um príncipe possuísse, entre todas as qualidades referidas, as que são tidas como boas; mas a condição humana é tal, que não consente a posse completa de todas elas, nem ao menos a sua prática consistente; é necessário que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível; mas, não podendo, com menor preocupação, pode-se deixar que as coisas sigam seu curso natural. (Maquiavel. O Príncipe, Adaptado.) Identifique, exemplificando com passagens do texto, a concepção de Maquiavel acerca da maneira como o governante deve se comportar. Indique dois elementos, presentes ou não no texto, que permitam associar o pensamento de Maquiavel à visão de mundo dos humanistas.
6 MAQUIAVEL: DO PRINCIPADO CIVIL ; DA CRUELDADE E DA PIEDADE
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