PROCEDIMENTO ESTÉTICO INJETÁVEL DE MICROVASOS COM GLICOSE 75% E GLICOSE 50%.
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- Filipe Estrada do Amaral
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1 53 CIÊNCIAS DA SAÚDE PROCEDIMENTO ESTÉTICO INJETÁVEL DE MICROVASOS COM GLICOSE 75% E GLICOSE 50%. Thamiris Zermiani Toni (1), Patrícia Petryszyn Pereira (2),Faculdade Integrado de Campo Mourão PR. (1)Acadêmica do 8º Período de Biomedicina da Faculdade Integrado de Campo Mourão, Paraná. Contato: thamiriszt_95@hotmail.com, (2)Docente do Curso de Biomedicina da Faculdade Integrado de Campo Mourão, Paraná. Contato: patriciapetryszyn@hotmail.com RESUMO Os microvasos são dilatações de capilares, veias ou artérias menores que 2 mm de calibre, que acomete 6 em cada 10 mulheres, predominantemente nas pernas, e há predisposição familiar em 90% dos casos. Dificilmente apresentam problemas a saúde, sendo na maioria das vezes apenas um problema estético, classificado como tipo I, sem cunho patológico. O procedimento estético injetável de microvasos (PEIM) tem sido muito utilizado para eliminar esses vasos de menores calibres. Desse modo, o presente trabalho buscou avaliar a eficiência desse tratamento bem como comparar a eficácia da glicose 75% com a glicose 50%. Foram realizadas aplicações em 10 pacientes divididas em 2 grupos, cada paciente recebeu 3 aplicações em cada membro e em ambas as aplicações os resultados foram eficazes. A glicose 75% teve resultados em menos tempo que a glicose 50%, entretanto, apresentou alguns efeitos adversos, mas que desaparecem após a reepitelização, desse modo observou-se que enquanto a glicose 75% sugere o uso de anestésico, a glicose 50% necessita de mais sessões de aplicação. Por conseguinte, o procedimento estético injetável de microvasos com ambas concentrações de glicose mostrou-se ser um alternativa eficaz na eliminação dos microvasos. PALAVRAS CHAVE: telangiectasias; microvasos; glicose. INJECTABLE AESTHETIC PROCEDURE OF MICROVASES WITH 75% GLUCOSE AND 50% GLUCOSE. ABSTRACT The microvessels are dilatations of capillaries, veins or arteries smaller than 2 mm in diameter, which affects 6 in 10 women, predominantly in the legs, and there is a familial predisposition in 90% of cases. They hardly present health problems, being most of the time just a problem of aesthetic, classified as type I, without pathological character. The aesthetic procedure of injectable microvessels (PEIM) has been widely used to eliminate these vessels of smaller calibers. Thus, the present study sought to evaluate the efficiency of this treatment as well as to compare the efficacy of glucose 75% with glucose 50%. Applications were performed in 10 patients divided into 2 groups, each patient received 3 applications in each member and both results were effective. The 75% glucose had results in less time that glucose 50%, however, had some adverse effects, which disappear after the reepithelization. In this way it was observed that while the 75% glucose suggests the use of anesthetic, glucose 50% needs more sessions of application. Therefore, the injectable aesthetic procedure of microvessels with both concentrations of glucose showed itself to be an effective alternative in the elimination of the microvessels. KEYWORDS: telangiectasias; microvessels; glucose.
2 54 INTRODUÇÃO Os microvasos, conhecidos popularmente como vasinhos e cientificamente como telangiectasias, são o tipo mais comum de varizes. Seis em cada dez mulheres entre 30 e 40 anos apresentam sinais de microvasos, em geral na parte inferior do corpo (1, 2). Apresentam-se como pequenos capilares localizados na pele, muito finos, ramificados, de coloração avermelhada, constituídos de microfístulas arteriovenosas, e na maioria das vezes causam distúrbios apenas do ponto de vista estético, sendo classificado como tipo I, exclusivamente estético, sem cunho patológico (1, 3, 4), podendo ser definido como dilatações intradérmicas das veias, cujo diâmetro estimado é de aproximadamente 1mm (4, 5). Não se sabe exatamente porque algumas pessoas possuem essas telangiectasias e outras não, entretanto, estudos revelam que em 90% dos casos há predisposição familiar e que há prevalência de 40% nas mulheres enquanto que em homens é de 15% (6). Existem vários fatores que podem predispor o aparecimento dos microvasos, e entre eles estão: obesidade, traumas, pessoas que permanecem longo tempo numa mesma posição, em pé ou sentadas com as pernas cruzadas, gravidez e uso de hormônios femininos que contém estrógenos (7). No Brasil, a grande maioria das pessoas procura o tratamento por razões predominantemente estéticas, principalmente em clínicas privadas (8, 9, 10). Com a evolução de tratamentos estéticos existe uma preocupação cada vez maior em eliminar esses vasos de pequenos calibres (11) e o procedimento estético injetável de microvasos (PEIM) vem sendo muito utilizado para eliminar ou diminuir microvasos de 1 a 2 mm em pacientes que não apresentem comprometimento circulatório. A finalidade do tratamento é a oclusão do tronco varicoso, e consiste na aplicação de uma substância esclerosante em seu interior, que induzirá um processo inflamatório, levando a fibrose, fazendo com que o vaso perca seu caráter cilíndrico e excluindo-o do caminho da circulação resultando na melhora clínica e visual da área aplicada (1, 12). Existem diversas substâncias esclerosantes utilizadas no tratamento das telangiectasias que são classificadas em orgânicos e inorgânicos (13). Os inorgânicos são mais efetivos para os vasos, porém, são mais agressivos à pele (14). A glicose constitui-se como um dos esclerosantes mais importantes (15), por ser muito eficiente, é segura e não produz reações alérgicas; é de fácil obtenção e apresenta
3 55 baixo custo. Além das vantagens já citadas, vale acrescentar a alta viscosidade, que dificulta a injeção em fluxo alto e o refluxo venocapilar ou venoarteriolar, causador da úlcera isquêmica (16, 17, 18). O tratamento é realizado com sessões semanais, porém observa-se um alto índice de abandono, por fatores como a quantidade exorbitante de telangiectasias e caráter lento ou demorado dos resultados, desse modo, pouco eficaz em curto prazo, pouca disponibilidade dos pacientes para comparecer periodicamente as clínicas, adesão a outros tratamentos e por não suportarem a dor provocada durante as injeções (10). Em virtude de poucos estudos sobre procedimento estético injetável de microvasos este estudo fez-se necessário para avaliar a eficácia do PEIM, bem como para comparar a eficácia das aplicações de glicose 75% e glicose 50%. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo consiste em uma pesquisa qualitativa descritiva com o intuito de avaliar a eficácia do PEIM através da comparação de substâncias de glicose em diferentes concentrações, em 10 pacientes do gênero feminino da região de Campo Mourão - PR que utilizam do método de aplicações a fim de eliminar ou diminuir os microvasos de caráter inestéticos, principalmente nos membros inferiores. As aplicações foram realizadas entre Agosto e Setembro de 2016, no laboratório de Estética nas dependências da Faculdade Integrado de Campo Mourão PR. As pacientes selecionadas foram distribuídas em 2 grupos iguais, sendo o grupo 1 (G1) pacientes que receberam glicose 75%, e o grupo 2 (G2) glicose 50% e tiveram como critérios de inclusão: presença de microvasos de 1 a 2 mm de calibre nos membros inferiores, sem cunho patológico e/ou comprometimento circulatório, sendo excluídas mulheres diagnosticadas com diabetes, gravidez, doenças autoimunes e que possuíam microvasos e varizes com calibre maior que 3 mm ou não apresentaram microvasos. Antes de iniciar as aplicações, foi verificada a glicemia capilar de cada paciente através da punção digital no dedo indicador por meio de lancetas descartáveis, sendo considerado um valor de referência de 70 a 140 mg/dl de acordo com a Associação Americana de Diabetes [ADA] (19). Todas as pacientes foram
4 56 questionadas a respeito do uso de medicamentos, especialmente medicamentos relacionados à coagulação sanguínea, como o AAS. Cada paciente recebeu seis aplicações, sendo três no membro inferior direito e três no membro inferior esquerdo, com 3 ml de glicose em cada sessão e intervalos de 7 dias entre as aplicações. No G1, a primeira aplicação utilizou-se glicose 75% pura que foi utilizada como resultado do trabalho e nas aplicações seguintes foi associada à lidocaína 2% para que o tratamento não fosse interrompido e no G2 utilizou-se glicose 50% pura nas três sessões. A prática relacionada ao estudo foi realizada somente após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da Faculdade Integrado de Campo Mourão e registrado sob o número CAAE: Os dados obtidos durante a pesquisa foram transferidos para o programa de computador Microsoft Word 2010, tabulados e apresentados em forma de análises descritivas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio do estudo realizado, o procedimento estético injetável de microvasos mostrou-se eficaz com as duas concentrações de glicose, sendo que com a de 75% os primeiros resultados apareceram logo na primeira sessão e com a de 50% o resultado ficou evidente após a segunda aplicação. No G1, a glicose 75% apresentou resultado mais rápido, tendo algumas veias colabada na primeira aplicação, entretanto, devido a sua maior concentração, observou-se que, ao mesmo tempo em que ela é mais agressiva ao vaso, ela é mais agressiva ao tecido também, formando bolhas no local de aplicação, também foram relatados pelas pacientes dor e ardência durante a injeção (10). Em uma publicação nacional importante, Komlos (20) discute a necessidade de cautela durante as aplicações múltiplas, pois o excesso de entusiasmo, sem a censura da dor, predisporia a ocorrência de necrose cutânea, que, embora bem aceita pelos pacientes diante do sucesso do procedimento, deve ser evitada. Em alguns casos, surgem pequenas flictenas, que se tornam crostas e desaparecem após reepitelização (20). Conforme o combinado com as pacientes na avaliação, as três sessões seriam realizadas e desta forma devido à queixa de fortes dores e a aparição das pequenas
5 57 bolhas, para que o tratamento nas pacientes do G1 não fosse interrompido, tornou-se necessário a utilização da glicose 75% associada com lidocaína 2%, que melhorou a tolerabilidade a dor e não ocasionou mais flictenas. Em relação aos esclerosante, as soluções hipertônicas são consideradas dolorosas e vários especialistas que preferem essas drogas as utilizam diluídas com lidocaína (21). No G2, os resultados das aplicações com glicose 50% começaram aparecer na primeira aplicação diminuindo a espessura dos microvasos, entretanto, eles só colabaram após a segunda aplicação, devido a sua menor concentração, sendo menos agressiva ao vaso e ao tecido, desse modo fazendo-se necessárias mais aplicações para eliminar totalmente os vasinhos (7). Vale ressaltar que as pacientes do G2 não apresentaram complicações após as aplicações e observou-se melhor tolerabilidade a dor durante as injeções. De acordo com Campos (1), o PEIM é um dos métodos que vem sendo muito utilizado na eliminação de microvasos de 1 a 2 mm de calibre, nos quais não haja comprometimento circulatório. O tratamento tem a finalidade de excluir o tronco varicoso através da aplicação de uma substância esclerosante com uma agulha bem fina no interior dos microvasos ao qual irá colabar, resultando na melhora clínica e visual da área aplicada. A glicose hipertônica foi utilizada nesse estudo por constituir-se como uma das substâncias esclerosantes mais utilizadas (15), pela sua segurança, eficácia, fácil acesso e baixo custo (16, 17). O PEIM utilizando a glicose é uma forma de tratamento destinado basicamente a fibrosar tecidos, no qual essa substancia age dispersando o filme protetor de fibrinogênio da camada íntima e lesando o endotélio venoso, a fibrina é depositada dentro e ao redor da parede venosa, causando uma reação inflamatória, que gradualmente se transforma em fibrose. Essa reação faz a veia colabar e deixar de ser visível (18). Segundo Green (6), a síndrome varicosa das extremidades inferiores vem sendo cada vez mais encontrada na população, principalmente exposta a fatores hereditários e número de filhos, e incrementando-se aos fatos do uso de progesterona e atividade profissional, refletindo em uma maior procura por tratamentos estéticos. Como alternativas para eliminar esses microvasos, diferentes lasers tem sido propostos pra o tratamento das telangiectasias (17, 22), porém, esses métodos físicos transdérmicos também são dolorosos, podendo causar queimaduras e manchas e
6 58 ainda não dispensam os métodos químicos como o PEIM ou a escleroterapia complementar (17, 23). Além disso, esse tipo de tratamento tem um custo muito elevado (10). Sabe-se que o PEIM é um tratamento de meio, e não de fim, e o resultado vai depender da resposta de cada paciente e da quantidade de sessões que serão possíveis em cada caso. É extremamente importante esclarecer aos pacientes em relação à melhora esperada e que pode haver necessidade de aplicações complementares. No exame físico, realizado antes de começar o procedimento, é feito uma estimativa da quantidade de sessões que cada paciente precisa para que seja aplicado o esclerosante em todas as regiões, incluindo os tornozelos e pés. (10). Conforme Goldman (8), as sessões realizadas nas clínicas ou consultórios possuem caráter lento, sendo assim necessário um período de tempo que pode durar de algumas semanas até meses para alcançar o resultado final, dependendo da quantidade de telangiectasias, do número de aplicações realizadas em cada sessão e da exigência estética de cada paciente. Contudo, as respostas de satisfação estética relatadas pelas pacientes mostraram índices de 80% de melhora quando comparadas com a quantidade de vasinhos antes do tratamento. Foi utilizado um questionário que mede o índice de satisfação pessoal, por meio das informações dos próprios pacientes, cuja opinião é a mais importante (24, 25). CONSIDERAÇÕES FINAIS O tratamento estético injetável de microvasos (PEIM) mostrou-se uma alternativa eficaz para os pacientes que desejam eliminar as telangiectasias sem cunho patológico, e as sessões múltiplas com injeção de glicose hipertônica são opções seguras por se tratarem de agentes orgânicos e capazes de fazer com que os microvasos se colem, não existindo mais o fluxo sanguíneo no vaso, melhorando esteticamente o local aplicado. Ambas as glicoses mostraram-se eficazes, porém a glicose 75% necessitou ser associada à lidocaína 2% e a glicose 50% sugere um número maior de sessões, desse modo, o tratamento específico para cada paciente depende da avaliação profissional, da quantidade de vasinhos e a disponibilidade dos pacientes. Contudo, apesar da efetividade deste método e da substância utilizada no estudo, admite-se a necessidade de mais estudos publicados sobre este procedimento.
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