O estado dos ecossistemas do planeta
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- Rosângela Sara Avelar Belém
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1 O estado dos ecossistemas do planeta A maior avaliação já conduzida sobre o estado dos ecossistemas do planeta Especialistas e Processo de Revisão Preparada por 1360 especialistas de 95 países Conselho independente de editores de revisão composto por 80 membros Revisão por cerca de 850 especialistas e governos Além da avaliação global, inclui informações de 33 avaliações subglobais Enquadramento político Solicitada pelo Secretário- Geral da ONU em 2000 Autorizada por governos através de 4 convenções Em parceria com órgãos da ONU, convenções, empresas, organizações não- governamentais, com um conselho director composto por representantes de várias partes interessadas
2 Avaliação multi-escala Serviços dos Ecossistemas Os benefícios que se obtém com os ecossistemas
3 Consequências das Mudanças nos Ecossistemas para o Bem-Estar Humano Resultados do MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas com as Mudanças nos Ecossistemas Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Aumento da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Ecossistemas nos Próximos 50 Anos 4. Como reverter a Degradação dos Ecossistemas
4 Resultado nº 1 Nos últimos 50 anos, o homem modificou os ecossistemas mais rápida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na história da humanidade Isso acarretou uma perda substancial e, em grande medida, irreversível na diversidade da vida no planeta Mudanças sem Precedentes: Ecossistemas A partir de 1945, mais terras foram convertidas para a agricultura que nos séculos XVIII e XIX juntos 25% dos recifes de corais do planeta foram gravemente degradados ou destruídos nas últimas décadas 35%das áreas de mangais foram perdidos nesse período O volume de água nos reservatórios quadriplicou a partir de 1960 A extração de água dos rios e lagos duplicou a partir de 1960
5 Mudanças sem Precedentes: Ciclos Biogeoquímicos A partir de 1960: Os fluxos de azoto biologicamente disponível nos ecossistemas terrestres duplicaram Os fluxos de fósforo triplicaram 60% do aumento na concentração atmosférica de CO 2 desde 1750 ocorreu a partir de 1959 Azto Reactivo Produzido pelo Homem O homem produz tanto N biologicamente disponível quanto todas as fontes naturais, e isso pode aumentar mais 65% até 2050 Mudanças significativas e geralmente irreversíveis para a diversidade das espécies A distribuição das espécies no planeta está se a tornar mais homogénea A taxa de extinção de espécies aumentou 50 a vezes em comparação às taxas do registo fóssil (precisão média) 10 a 30% das espécies de mamíferos, aves, e anfíbios, encontram-se ameaçadas de extinção (precisão média a alta)
6 Resultados da MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas Resultantes das Mudanças Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Exacerbação da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Ecossistemas nos Próximos 50 Anos 4. Revertendo a Degradação dos Ecossistemas Resultado nº 2 As mudanças ocorridas nos ecossistemas contribuíram com ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econômico, mas esses ganhos foram obtidos a um custo crescente Esses problemas reduzirão substancialmente os benefícios trazidos pelos ecossistemas às gerações futuras.
7 As mudanças nos ecossistemas trouxeram benefícios substanciais A partir de 1960, enquanto a população dobrou e a atividade econômica cresceu 6 vezes: a produção de alimentos aumentou 2 ½ vezes; a produção per capita de alimentos aumentou e o preço dos alimentos caiu o uso da água duplicou a exploração de madeira para produção de celulose e papel triplicou a produção de madeira aumentou mais de 50% a capacidade hidrelétrica instalada dobrou Resultados da MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas Resultantes das Mudanças Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Exacerbação da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Ecossistemas nos Próximos 50 Anos 4. Revertendo a Degradação dos Ecossistemas
8 Degradação e uso não sustentável dos serviços dos ecossistemas Cerca de 60% (15 entre 24) dos serviços dos ecossistemas examinados nesta avaliação vêm sendo degradados ou utilizados de forma não sustentável A degradação dos serviços dos ecossistemas geralmente acarreta danos significativos para o bem-estar humano e representa uma perda no patrimônio natural ou riqueza de um país Estado dos Serviços de Provisão Serviço Alimentos lavouras criação pesca de captura aqüicultura alim. silvestres Fibras madeira algodão, seda comb. madeira Recursos genéticos Prod. bioquímicos, remédios Água água doce Estado +/ +/
9 Estado dos Serviços Reguladores e Culturais Serviços Reguladores Regulação da qualidade do ar Regulação climática global Regulação climática regional e local Regulação dos recursos hídricos Regulação da erosão Purificação da água e tratamento de resíduos Regulação de doenças Regulação de pragas Polinização Regulação de ameaças naturais Serviços culturais Valores espirituais e religiosos Valores estéticos Recreação e ecoturismo Estado +/ +/ +/ Degradação dos serviços de ecossistema tem consequências negativas para o bem-estar humano Degradação tende a levar à perda dos serviços de ecossistema que não estão no mercado O valor económicos destes serviços é alto, e por vezes mais elevado do que os serviços que estão no mercado Madeira e lenha correspondem apenas a 1/3 do valor económico das florestas mediterrânicas.
10 A degradação dos serviços dos ecossistemas geralmente acarreta danos significativos para o bem-estar humano O valor econômico total associado a uma gestão mais sustentável dos ecossistemas é geralmente maior que o valor associado à conversão A conversão continua ocorrendo, pois os benefícios econômicos privados são geralmente maiores nos sistemas convertidos A degradação dos serviços dos ecossistemas representa a perda de um bem essencial A perda de patrimônio em decorrência da degradação não é contabilizada nas estatísticas econômicas Serviços dos ecossistemas, e recursos como depósitos minerais, nutrientes do solo, e combustíveis fósseis, são bens essenciais Estatísticas nacionais tradicionais não incluem medições do esgotamento ou da degradação de recursos Um país pode derrubar suas florestas e esgotar sua produção pesqueira, e ainda assim isso apareceria apenas como ganho positivo no PIB, sem contabilizar as perdas de patrimônio (riquezas) correspondentes Vários países que aparentemente apresentaram crescimento positivo na economia líqüida (riqueza) em 2001, na verdade sofreram uma perda quando a degradação dos recursos naturais foi contabilizada nas estatísticas
11 Resultados da MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas Resultantes das Mudanças Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Exacerbação da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Ecossistemas nos Próximos 50 Anos 4. Revertendo a Degradação dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Há evidência definida, porém incompleta, de que as mudanças em curso nos ecossistemas têm feito crescer a probabilidade de mudanças não lineares e potencialmente abruptas nos ecossistemas, com importantes conseqüências para o bem-estar humano
12 Exemplos de mudanças não lineares Colapso da produção pesqueira Eutroficação e hipoxia Surgimento de doenças Introdução e perda de espécies Mudanças climáticas regionais Resultados da MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas Resultantes das Mudanças Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Exacerbação da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Ecossistemas nos Próximos 50 Anos 4. Revertendo a Degradação dos Ecossistemas
13 Os níveis de pobreza continuam altos e a desigualdade cresce Economia e Desenvolvimento Humano 1,1 bilhão de pessoas sobrevivem com uma renda menor que US$1 por dia Durante a década de 90, 21 países experimentaram queda na sua classificação no Índice de Desenvolvimento Humano Acesso aos Serviços dos Ecossistemas Estima-se que 856 milhões de pessoas sofreram de subnutrição entre 2000 e 2002, 32 milhões a mais que entre 1995 e 1997 A produção per capita de alimentos sofreu queda na África Subsaariana Cerca de 1,1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso a fornecimento de água tratada, e mais de 2,6 bilhões não têm acesso a saneamento básico A escassez de água atinge entre 1 e 2 bilhões de pessoas no planeta Serviços dos ecossistemas e redução da pobreza A degradação dos serviços dos ecossistemas afeta populações pobres Metade da população urbana da África, Ásia, América Latina, e Caribe sofre de uma ou mais doenças associadas a água e saneamento inadequados A queda da produção pesqueira de captura vem reduzindo uma fonte barata de proteína nos países em desenvolvimento. O consumo per capita de peixe nos países em desenvolvimento, exceto China, baixou entre 1985 e 1997 O padrão de vencedores e perdedores não tem sido considerado nas decisões gerenciais
14 Serviços dos ecossistemas e redução da pobreza Questão crucial: Sistemas de zonas secas Níveis mais baixos de bem-estar humano Apenas 8% da provisão mundial de água renovável Disponibilidade per capita de água representa dois terços do nível necessário para se atingir níveis mínimos de bem-estar humano Entre 10 e 20% das zonas secas estão degradadas Experimentaram a maior taxa de crescimento populacional na década de 90 Abrangem 41% da superfície terrestre do planeta e mais de 2 bilhões de Resultados da MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas Resultantes das Mudanças Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Exacerbação da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Ecossistemas nos Próximos 50 Anos 4. Revertendo a Degradação dos Ecossistemas
15 Resultado nº 3 A degradação dos serviços dos ecossistemas pode piorar consideravelmente na primeira metade deste século, representando uma barreira para a consecução das Metas de Desenvolvimento do Milênio Vetores diretos crescem em intensidade Boa parte dos vetores diretos de degradação dos serviços dos ecossistemas ou se mantém constante ou vem se intensificando na maioria dos ecossistemas
16 Cenários da MA Não são prognósticos cenários são futuros plausíveis Foram usados modelos quantitativos e análises qualitativas para desenvolver os cenários Mudanças nos vetores diretos Mudanças de habitat: Estima- se que mais 10 a 20% das pradarias e áreas florestadas sejam convertidas até 2050 Sobreexploração: As pressões continuam a crescer em todos os cenários Espécies invasoras: Continuam se disseminando
17 Mudanças nos vetores diretos: Carga de nutrientes O homem já fez duplicar o fluxo de nitrogênio reativo nos continentes, e algumas projeções sugerem a possibilidade desse número aumentar em cerca de dois terços até A projeção dos cenários da MA é de que o fluxo global de nitrogênio para os ecossistemas costeiros deva aumentar entre 10 e 20%até 2030, sendo que quase todo esse aumento ocorrerá nos países em desenvolvimento. Mudanças nos vetores diretos: Mudanças climáticas Prováveis impactos no futuro Até o final do século, as mudanças climáticas e seus impactos poderão ser o principal vetor direto de perda da biodiversidade e de alterações nos serviços dos ecossistemas ao redor do globo Impactos prejudiciais finais nos serviços dos ecossistemas O balanço das evidências científicas sugere que o impacto prejudicial final será significativo sobre os serviços dos ecossistemas ao redor do mundo caso a temperatura média da superfície do planeta aumente mais de 2 o C acima dos níveis do período préindustrial (precisão média)
18 A degradação dos serviços dos ecossistemas é uma barreira significativa para a consecução das MDMs Questões regionais As regiões que enfrentam os maiores obstáculos para a consecução das metas de 2015 são também as regiões com os problemas mais graves de degradação: África Subsaariana, Ásia Central, porções da Ásia do Sul e Ásia Sudeste, e algumas regiões da América Latina Fortes ligações com a condição dos ecossistemas Embora fatores socioeconômicos tenham papel fundamental na consecução de muitas MDMs, é improvável que os objetivos sejam alcançados sem que haja melhoria significativa na gestão dos ecossistemas no que tange a: Redução da Pobreza Fome Doenças Sustentabilidade ambiental, que inclui acesso a água Resultados da MA - Pontos Principais 1. Mudanças nos Ecossistemas nos Últimos 50 Anos 2. Ganhos e Perdas Resultantes das Mudanças Três problemas cruciais reduzirão os benefícios a longo prazo Degradação dos Serviços dos Ecossistemas Maior Probabilidade de Mudanças Não Lineares Exacerbação da Pobreza para Algumas Populações 3. Perspectivas para os Próximos 50 Anos 4. Revertendo a Degradação dos Ecossistemas
19 Resultado nº 4 O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas enquanto se supre a demanda crescente por seus serviços pode ser vencido sob alguns cenários, e envolvem mudanças políticas e institucionais expressivas, mas são mudanças substanciais que não estão em andamento atualmente São muitas as opções para se preservar ou melhorar os serviços específicos a um ecossistema de forma a reduzir mediações negativas ou a fornecer sinergias positivas com outros serviços dos ecossistemas É possível melhorar os serviços até 2050 Três dos quatro cenários mostram que mudanças significativas nas políticas podem mitigar muitas das conseqüências negativas das pressões crescentes sobre os ecossistemas, embora as mudanças necessárias sejam grandes e não estejam em andamento atualmente
20 Respostas Importância dos Promotores Indirectos A degradação dos ecossistemas raramente pode ser revertida se não forem empreendidas ações para combater um ou mais vetores indiretos de mudanças: alterações populacionais (incluindo crescimento e migração) mudanças na atividade econômica (incluindo crescimento econômico, disparidades na distribuição de renda, e padrões comerciais) factores sociopolíticos (incluindo fatores que vão de presença de conflito até participação pública na tomada de decisão) factores culturais mudanças tecnológicas Colectivamente, esses factores influenciam o nível de produção e consumo dos serviços dos ecossistemas e a sustentabilidade da produção. Respostas Promissoras Instituições Maior transparência e prestação de contas sobre o desempenho do governo e do sector privado Economia Eliminação de subsídios que promovem o uso excessivo dos serviços dos ecossistemas (e, quando possível, transferência desses subsídios para o pagamento de serviços não comercializáveis dos ecossistemas) Uso intensificado de ferramentas econômicas e abordagens baseadas no mercado para a gestão dos serviços dos ecossistemas (quando as condições permitirem)
21 Respostas Promissoras Tecnologia Promoção de tecnologias que possibilitem um maior rendimento das lavouras sem impactos negativos Recuperação dos serviços dos ecossistemas Sociais e Comportamentais Mudanças nos padrões de consumo Comunicação e educação Delegação de poderes a grupos dependentes dos serviços dos ecossistemas Conhecimento Incorporação de valores não comercializáveis dos ecossistemas nas decisões de gestão dos recursos Incremento da capacitação humana e institucional Resumo Nos últimos 50 anos, o homem modificou os ecossistemas mais rápida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na história da humanidade. As mudanças que ocorreram nos ecossistemas contribuíram com ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econômico, mas esses ganhos foram obtidos a um custo crescente, que incluiu a degradação de muitos serviços dos ecossistemas, maior risco de mudanças não lineares, e a exacerbação da pobreza para alguns grupos da população. A degradação dos serviços dos ecossistemas pode piorar consideravelmente na primeira metade deste século, representando uma barreira para a consecução das Metas de Desenvolvimento do Milênio. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas ao mesmo tempo em que são supridas demandas crescentes pelos seus serviços pode ser vencido em alguns cenários, envolvendo mudanças políticas e institucionais significativas, embora essas mudanças sejam grandes e não estejam ocorrendo atualmente.
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