1) INQUÉRITO POLICIAL CONTINUAÇÃO:

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1 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Inquérito Policial: 1. Valor probatório do IP 2. Vícios do IP 3. Características do IP 4. Conclusão ou encerramento das investigações 5. Arquivamento do IP PONTO 2: Ação Penal: 1. Fundamento Constitucional 2. Enquadramento Legal 3. Natureza jurídica 4. Condições da ação 1) INQUÉRITO POLICIAL CONTINUAÇÃO: 1. Valor probatório do IP: Por se tratar de mero procedimento administrativo, de cunho informativo os elementos colhidos no IP tem valor relativo não podendo o Juiz embasar sua decisão exclusivamente nele (art , CPP). 2. Vícios do IP: Eventuais defeitos ou irregularidades na condução e produção do IP não invalidam a subsequente ação penal. 3. Características do IP: A) Oficialidade - art. 4º 2 do CPP c/c art. 144, 1º, IV 3 e 4º 4 da CRFB: É monopólio estatal por dois órgãos: Policia Federal e Polícia Civil (ver presidência IP) 1 Art O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 2 Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 3 Art 144, 1º. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 4 Art. 144, 5º. às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

2 2 B) Unidirecional art. 4º, CPP: A finalidade única do IP é de colher indícios de autoria e materialidade, não cabendo ao Delegado exame aprofundado das causas de exclusão do crime. C) Obrigatório à Polícia Judiciária - art 5º, caput 5, CF: D) Dispensável (prescindível) ao MP Arts ; 27 7 ; 39, 5º 8 ; 46, 1º 9, CPP. E) Formal ou escrito art. 9º 10 CPP. F) Oficiosidade art. 5º, I 11, CPP. G) Indisponível art , CPP. Sob hipótese alguma o Delegado pode arquivar autos de IP, não cabendo também promover desinstauração, pois isso representaria arquivamento implícito. No caso de notitia criminis a autoridade pode arquivar quando não encontrar elementos para a instauração. Ex: atipicidade. 5 Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. 6 Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. 7 Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. 8 Art. 39, 5 o. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 9 Art. 46, 1 o. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação. 10 Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 11 Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; 12 Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

3 3 H) Sigiloso art , CPP: H.1) Regra da sigilação ou sigilosidade: Pró-sociedade (garantir a investigação) Pró-indiciado H.2) O sigilo do IP e o direito do advogado: Limites: - Art. 20, CPP: o IP é sigiloso. - Art. 7º, XIV 14, EOAB: o advogado tem direito de vista. - Súmula Vinculante 14: o advogado tem amplo acesso aos atos já documentados. H.3) Instrumentos de garantias: - Mandado de Segurança (art. 5º, LXIX 15, CRFB c/c Lei /09). - Habeas Corpus (preservativo ou profilático). - Reclamação ao STF (Art. 103-A, 3º 16, CRFB). I) Sistemático ou sistêmico: Os autos são autuados de forma autorizar a compreensão do raciocínio lógico-juridíco que conduziu a conclusão da autoridade. J) Inquisitivo: Desta característica decorre a mitigação (redução ou descabimento) do contraditório e da ampla-defesa, o sigilo da investigação (art. 20, CPP), bem como a impossibilidade de opor suspeição de delegados (art , CPP). 13 Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 14Art. 7º. São direitos do advogado: XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos. 15 Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 16 Art. 103-A, 3º. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso."

4 4 4. Conclusão ou encerramento das investigações: A) Relatório: É um parecer minucioso do que foi apurado justificando a decisão do indiciamento. As testemunhas não ouvidas devem ser referidas no relatório. B) Prazos para conclusão: B.1) Regras art CPP: B.1.1) Indiciado preso: 10 dias improrrogáveis. B.1.2) Indiciado solto: 30 dias prorrogáveis. B.2) Justiça Federal art , Lei 5010/66: B.2.1) Indiciado preso: 15 dias + 15 dias B.2.2) Indiciado solto: adota a regra geral (item B.1.2). B.3) Justiça Militar art CPPM: B.3.1)Indicado preso: 20 dias improrrogáveis. B.3.2) Indiciado solto: 40 dias + 20 dias. B.4) Drogas art Lei /06: B.4.1)Indiciado preso: 30 dias 17 Art Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 18 Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 19 Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver prêso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. 20 Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito. 21 Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

5 5 B.4.2) Indiciado solto: 90 dias - podem ser duplicados. B.5) Economia popular art , L /51 B.5.1) Indiciado preso ou solto: 10 dias improrrogáveis. C) Destinatários do IP: C.1) Imediato: - MP (ação pública); - Ofendido (ação provada). C.2) Mediato: autoridade judiciária. D) Atribuições/possibilidades do Ministério Público com o IP: D.1) Nos crimes de ação penal privada custos legis : fiscalização (art. 257, II 23, CPP). D.2) Nos crimes de ação penal pública: - oferecer a denúncia; - requerer: - novas e imprescindíveis diligências; (obs: o MP pode requisitar diretamente a autoridade policial art do CPP). - o arquivamento; - remessa ao Juízo competente. D.2.1) Prazos do MP: 22 Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal, o processo das contravenções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao julgamento pelo júri. 23 Art Ao Ministério Público cabe: II - fiscalizar a execução da lei. 24 Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva.

6 6 - Regra geral (art , CPP): indiciado preso: 5 dias; indiciado solto: 15 dias. - Crimes eleitoras e drogas: 10 dias. - Economia popular: 2 dias. - Abuso de autoridade: 48horas. D.2.2)Inobservância do prazo consequências: - Para a vítima: ação privada subsidiaria da pública art. 5º, LIX 26, CRFB. -Para o indiciado preso: relaxamento da prisão art. 5º, LXV 27, CRFB. 5. Arquivamento do IP: A) Autoridade competente: Somente o Juiz a requerimento do MP. B) Juiz não concorda com o requerimento do MP, solução: B.1) Justiça Estadual: Procurador Geral da Justiça art , CPP princípio da devolução. B.2) Justiça Federal: Câmara de Coordenação e Revisão. C) Carga/força da decisão de arquivamento: 25 Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 26 Art. 5º, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 27 Art. 5º, LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. 28 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

7 7 De regra, faz coisa julgada formal. Será material quando fundada em atipicidade ou em causa extintiva de punibilidade. D) Recurso: De regra não cabe recurso. Salvo: - economia popular: recurso de oficio; - jogo do bixo: Recurso em Sentido Estrito. E) Arquivamento implícito ou tácito: E.1) Espécies: -Subjetivo: ocorre quando a Polícia apura concurso de pessoas e o MP deixa de denunciar a alguma delas sem justificar. - Objetivo: a polícia apura concurso de crimes e o MP deixa de denunciar a algum fato sem justificar. E.2) Configuração: Somente se configura o arquivamento implícito se ocorrer dupla omissão. Ou seja, do MP que não se manifestou injustificadamente e do Juiz que não provocou a solução que o caso exige. E.3) Solução: analogia. Constatando a omissão do MP, o Juiz adota a solução do artigo 28 do CPP por 5) Investigação posterior ao arquivamento art , CPP e Súmula , STF: Só é possível reabrir investigação se surgirem novas provas. Obs: só cabe em Inquérito Policial a reabertura. No caso de processo judicial transitado em julgado não cabe revisão em favor da sociedade, apenas favor do réu. 29 Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 30 Súmula 524, STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

8 8 2) AÇÃO PENAL: 1. Fundamento Constitucional: art. 5º, XXXV 31, CRFB. 2. Enquadramento Legal: - Arts , CP. -Arts , CPP. 3. Natureza jurídica: Prevalece que a ação penal tem natureza processual. 4. Condições da ação: A)Gerais ou genéricas: A.1) Possibilidade jurídica do pedido: Exige-se que o fato narrado na peça acusatória seja típico, ou seja, previsto em lei como crime ou contravenção. Trata-se de uma exigência decorrente do princípio da legalidade pelo postulado da reserva legal no caracter da anterioridade lex praevia (art. 5º, XXXIX 32, CRFB c/c art. 1º 33, CP). A.2) Interesse de agir: O interesse de agir é fundando em um trinômio: - necessidade do devido processo legal (art. 5º, LIV 34,CRFB); - adequação do pedido e do procedimento; - utilidade serventia da ação penal. A.3) Legitimidade de partes: 31 Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 32 Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 33 Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 34 Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

9 9 A.3.1) Legitimidade ativa: - MP (ação pública). - Ofendido (ação privada). Legitimidade ativa concorrente: - ação penal privada subsidiária da pública art. 5º, LIX 35, CRFB. - crime contra honra de funcionário público Súmula , STF. Litisconsórcio ativo facultativo: Ocorre na hipótese de concurso entre crimes de ação penal pública e de privada. Dizse facultativo o litisconsorte porque enquanto na ação penal pública vige a obrigatoriedade, a privada é orientada pelo princípio da oportunidade. Aponta-se ainda para a figura do assistente da acusação. A.3.2) Legitimidade Passiva: - maior de 18 anos art , CRFB c/c art , CP; - pessoa jurídica: - art. 173, 5º 39, CRFB: não disciplinada. - art. 225, 3º 40, CRFB: disciplinada pela lei 9.605/98. Como condição a responsabilização da pessoa jurídica tem-se exigido a imputação da pessoa física que por ela responde ou se beneficia (teoria da dupla imputação). 35 Art. 5º, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 36 Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 37 Art São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. 38 Menores de dezoito anos Art Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. 39 Art. 173, 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. 40 Art. 225, 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

10 10 A.4) Justa Causa: É o lastro mínimo probatório para o exercício da ação penal fundando nos indícios de autoria e materialidade. A doutrina majoritária não a reconhece como condição autônoma e o CPP a aponta como hipótese de rejeição da denúncia (art. 395, III 41, CPP). 41 Art A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.