PALEONTOLOGIA NAS ESCOLAS: OS FÓSSEIS NA DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA. Palavras-chave: Fósseis. Divulgação de ciência. Maciço de Baturité.

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Sebastião Covalski Nunes
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PALEONTOLOGIA NAS ESCOLAS: OS FÓSSEIS NA DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA Letícia Franco de Almeida Costa 1, João Pascoal da Silva Ferreira 1, Renato Farias de Paiva 2, Jober Fernando Sobczak 1 Resumo: A Bacia

1 PALEONTOLOGIA NAS ESCOLAS: OS FÓSSEIS NA DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA Letícia Franco de Almeida Costa 1, João Pascoal da Silva Ferreira 1, Renato Farias de Paiva 2, Jober Fernando Sobczak 1 Resumo: A Bacia do Araripe está localizada entre os estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, no nordeste brasileiro. Sua sequência sedimentar cretácea depositada ao longo de milhões de anos possui fósseis que se destacam pela abundância e preservação excepcional. Embora sejam realizadas ações educativas de informação e conscientização da população local acerca da importância dos fósseis, o trabalho de divulgação ainda está concentrado nos municípios da região do Cariri, no Ceará. Além disso, a extração ilegal de uma expressiva quantidade de fósseis, mediada pela própria população do Cariri, certamente afetou os estudos sobre a compreensão da evolução e diversificação da vida. O gênero Cladocyclus, por exemplo, é tido como marinho litorâneo, o que constitui parte das evidências da ingressão marinha na região, refletindo assim a importância do estudo da espécie Cladocyclus gardneri, Agassiz, Este trabalho descreve iniciativas de atuação promovidas pelo projeto de extensão Fósseis, histórias de ontem, para gerações de hoje, que atua divulgando ciência e conscientizando estudantes do ensino médio sobre a importância do estudo dos fósseis, sobretudo, a importância do Cariri para a Paleontologia. O projeto, desenvolvido em escolas dos municípios da região do Maciço do Baturité, no Ceará, pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Unilab, visa, sobretudo, despertar os estudantes a ingressarem nos cursos da universidade, aproximando-os das atividades acadêmicas. Palavras-chave: Fósseis. Divulgação de ciência. Maciço de Baturité. 1 Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências Exatas e da Natureza, leticiafranco.a@hotmail.com, joaopascoal20@hotmail.com, jobczak@unilab.edu.br. 2 Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, renatopaiva@unilab.edu.br INTRODUÇÃO O papel da pesquisa na promoção de ciência é, sem dúvidas, essencial. Entretanto, ele não é suficiente. Os resultados das investigações precisam ser divulgados, a fim de que os saberes possam ser conhecidos e atraiam cada vez mais pessoas para novos questionamentos. De acordo com Costa (2011), a divulgação atrai os jovens para o convívio no meio científico e ajuda a desmistificar conceitos equivocados e mitos sobre o papel do cientista. A Paleontologia, como ciência natural e histórica, está repleta de conceitos, inferências e interpretações referentes a processos geológicos, geográficos e evolutivos do mundo vivo que se enquadram numa história de escala de bilhões de anos.

2 A difusão do conhecimento paleontológico, para Schwanke e Silva, (2004), nesse sentido, torna-se importante, uma vez que auxilia no entendimento desses processos. No entanto, têm-se percebido que tal conhecimento tem sido muito restrito a museus e universidades, onde são desenvolvidas pesquisas que resultam em trabalhos que na maioria dos casos não atingem a comunidade escolar. Conforme Zucon e Silva (2010), visualizar e ter contato direto com os fósseis proporciona aos estudantes o desenvolvimento da capacidade de formação de imagens que são fundamentais no processo de ensino e aprendizagem, principalmente para os alunos do ensino básico. Desta forma, este trabalho tem por objetivo apresentar aos estudantes de ensino médio de escolas da região do Maciço do Baturité a importância do estudo dos fósseis para a ciência, assim como apresentar-lhes a riqueza geocientífica e paleontológica existente no Ceará, no que diz respeito às inúmeras ocorrências de fósseis que muito contribui para a compreensão e estudo da história da terra, assim como para o estudo a evolução dos seres vivos. METODOLOGIA O trabalho de divulgação foi conduzido em escolas públicas de ensino médio pertencentes ao Maciço do Baturité, no Ceará. A região compreende os municípios de Pacoti, Palmácia, Guaramiranga, Mulungu, Aratuba, Capistrano, Itapiúna, Baturité, Ocara, Barreira, Acarape e Redenção. O público alvo definido pelo profeto, a priori, eram apenas os estudantes dos municípios de Acarape e Redenção, onde estão situados dois campi da Unilab. Entretanto, em conversa com o reitor da universidade, professor Tomaz Aroldo, decidiu-se ampliar o público para além das duas cidades. Essa decisão partiu do princípio que os municípios de Redenção e Acarape possuem uma concentração maior de projetos em relação aos demais municípios que compõem o Maciço do Baturité, que, por serem mais distantes da universidade, são menos contemplados. Assim, para definir as escolas onde o projeto atuaria, foram priorizados os municípios de Aracoiaba, Baturité, Guaramiranga, Pacoti, Mulungu, Aratuba, Capistrano e Palmácia, que recebiam poucos projetos ou nenhum projeto vinculado à Unilab. As atividades planejadas foram divididas em três momentos. O primeiro seria uma palestra curta sobre fósseis, onde seria debatido o que são, porque estudá-los, qual a importância

3 (com ênfase na região do Cariri e sua relevância para a Paleontologia). Durante a palestra seria exibido o vídeo A ciência por trás de Jurassic Park, onde trechos do filme são avaliados por Paleontólogos de maneira divertida e elucidativa. O segundo momento seria dedicado à exposição, que ocorreria na própria escola. Nesse momento, estudantes e professores poderiam ter acesso ao acervo da universidade, que está em processo de catalogação. No terceiro e último momento, seria realizada uma oficina de réplicas de fósseis em gesso de curta duração. Cada réplica produzida seria entregue ao estudante que a confeccionou. RESULTADOS E DISCUSSÃO. As atividades foram realizadas na Escola Prof. Milton Façanha Abreu, em Mulungu e na Escola José Joacy Pereira, em Aratuba. Ao todo, cerca de 300 alunos com idade entre 15 e 19 anos foram alcançados. Investir na atuação da Unilab dentro das escolas do Maciço torna-a mais acessível aos estudantes e populariza o conhecimento científico produzido na universidade, que na maioria das vezes é divulgado apenas em artigos, congressos e outros meios de comunicação que não atingem a comunidade. Como afirma Mello et al (2005) resultados de pesquisas paleontológicas podem ser de interesse geral da população e, portanto, passíveis de serem transmitidos além dos limites da universidade. Para dar suporte às atividades, uma sala destinada à exposição foi montada como um pequeno museu, tornando palpável aos estudantes tudo o que foi mostrado anteriormente. Foram expostos os exemplares mais representativos do acervo, os quais permitem tanto difundir informações básicas sobre Paleontologia, quanto evidenciar como era o ambiente cearense no passado. Dentre exemplares haviam espécies de peixes de pequeno porte da espécie Dastilbe sp.conhecidos popularmente como piaba e que são encontrados abundantemente na região do Cariri. Outras espécies constituintes do acervo e utilizadas na divulgação são peixes de grande porte da espécie Cladocyclus garderi Agassiz, 1841 e Tharrhias araripis, Jordan & Branner, 1908, que foram encontrados em posse ilegal na cidade de Acarape e doados para a Unilab. Os

4 peixes, que chegam a medir até 1,30m de comprimento, destacam-se pela excepcional preservação e riqueza de detalhes. Além disso, são expostos também folhas de uma espécie de conífera, Brachyphyllum obesum Heer, 1881, troncos fossilizados (também de coníferas) Araucarioxylon sp.e alguns hemípteros, todos coletados na Bacia do Araripe. Do mesmo modo, a oficina de réplicas como atividade integrante do projeto apresenta objetivo semelhante à da exposição, mas com uma vertente voltada principalmente para a conscientização dos estudantes. A iniciativa surgiu de uma proposta do Geopark Araripe, que já realizava a oficina com estudantes de escolas da região do Cariri, com o intuito de conscientizar a população sobre a importância do estudo dos fósseis para a ciência e assim, diminuir o índice de tráfico na região. Com exceção dos peixes da espécie C. gardneri, todo o material foi coletado legalmente nos geossítios do Geopark Araripe, no Cariri, por estudantes da UNILAB com autorização prévia do DNPM, Departamento Nacional de Produção Mineral, uma autarquia federal cujo um dos objetivos é o controle e a fiscalização do exercício das atividades de mineração em todo o território nacional. CONCLUSÃO Embora a riqueza paleontológica do Cariri seja reconhecida mundialmente quanto à sua abundância de fósseis raros e excepcionalmente preservados, a região ainda é pouco divulgada nas escolas cearenses. Esse fato tornou-se evidenciado durante as atividades, uma vez que, ao serem questionados sobre os seus conhecimentos sobre a ocorrência de fósseis no Ceará, a grande maioria dos estudantes e até professores afirmavam desconhecer tal informação. Mesmo que os impactos gerados pelas atividades não possam ser medidos quantitativamente, é certo que houve um grande aproveitamento pelos estudantes de tudo o que foi abordado, visto que os mesmos questionavam, respondiam as perguntas propostas e demonstravam interesse.

5 Além da divulgação científica, espera-se que o projeto contribua também com o fortalecimento da relação universidade/escola entre a UNILAB as escolas da região do Maciço do Baturité, firmando parcerias que beneficiem ambas as partes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Costa, F. I. M A Nobre Missão da Divulgação Científica. Disponível em: < Acesso em: 04. Abril Mello, F. T. et al. A paleontologia na educação infantil: alfabetizando e construindo o conhecimento. Sergipe: Ciência & Educação, v. 11, n. 3, p Schwanke C., Silva, M. A. J. Educação e Paleontologia. In: I.S. Carvalho ed. Paleontologia: cenários da vida. Rio de Janeiro: Interciência. v. 2, p Zucon, M. H.; Silva, M. A. Violência Cultural e os Conhecimentos Paleontológicos de Sergipe. In: Jalali V.R.R Estudos para a Paz. Aracaju: Criação. p

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