pois da morte dos pais. Até ameaçou matá-la, ao marido e aos filhos", garante Fátima Guerreiro. A mãe de Cristina apoiaria as pretensões do irmão; ao

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1 SETÚBAL VINGANÇA POR SE CONSIDERAR DISCRIMINADA NA PARTILHA DOS BENS Cristina Alves, cozinheira de 35 anos, agrediu a mãe na cabeça com uma picareta, assassinou o irmão, Luís, a tiros de caçadeira e, por fim, matou-se MIGUEL CURADO TEXTOS FILIPACOUTO FOTOS Há muito que Cristina Alves, cozinheira de 35 anos, guardava ressentimento da mãe e do irmão, Luís, por causa da partilha dos bens da família. Ao marido confessava que andava a ser ameaçada de morte pelo irmão e que só pensava em proteger os filhos. Anteontem, começou por desferir um forte golpe de picareta na cabeça da mãe, Maria da Conceição, 81 anos, deixando-a prostrada. E a seguir assassinou o irmão a tiro de ca cadeira, suicidando -se logo de pois com a mesma arma, na casa dos pais, emfaralhão, Setúbal. O crime ocorreu pelas , depois de Cristina ter passado o dia com os pais. Atacou quando se apercebeu de que Luís tinha acabado de estacionar o carro na garagem. José e Fátima Guerreiro, sogros de Cristina Alves, disseram ontem ao CM que a cozinheira explicou, numa carta diri - gida aos filhos (ver caixa) os mo - tivos do acto tresloucado. "Por o irmão ser mais velho, ele dizialhe que queria ficar com tudo de - pois da morte dos pais. Até ameaçou matá-la, ao marido e aos filhos", garante Fátima Guerreiro. A mãe de Cristina apoiaria as pretensões do irmão; ao contrário do pai. E foi quando este, Manuel Alves, 8o anos, estava a trabalhar a terra nas traseiras da casa, que a filha atacou. Só se apercebeu quando a mulher se aproximou dele a es - correr sangue, gritando que a filha acabara de a agredir à traição na cabeça, com uma picareta. Por essa altura, já Cristina tinha ido ao quarto do irmão - Luís Pardal Alves, de 53 anos e caçador nas horas vagas - buscar a caçadeira. Assim que o familiar estacionou o carro na garagem, esperou que ele se dirigisse a casa e disparou duas vezes na sua direcção. O desempregado teve morte imediata.

2 A cozinheira dirigiu- se de novo ao quarto do irmão, sentou-se na cama e terá tentado suicidar - se com três disparos de caçadeira. Todas as tentativas foram falhadas, tendo os cartuchos da arma feito buracos no tectoeparedes doquarto. Cristina não desistiu e, ao quarto tiro, consumou o suicídio. A mãe das vítimas mortais está internada no Hospital de São Bernardo, em Setúbal. Foi operada à cabeça anteontem à noite e mantém-se em estado grave. Segundo os médicos disseram à família, o prognóstico é reservado.! Idosa de 81 anos estava ontem internada em estado grave "ELA SÓ QUERIA SALVAR A FAMÍLIA" A família do viúvo de Cristina Alves acredita que a cozinheira agiu por"ter muito medo do irmão"."ela andava deprimida e magra. Só queria salvarafamília, proteger osfilhos e o marido do irmão", disse Fátima Guerreiro, sogra da homicida. "TINHA MUNIÇÕES EM CASA DELA" Segundo Manuel Alves, a filha, Cristina, trouxe de casa os cartuchos de caçadeira que usou anteontem para matar o irmão e se suicidar. "Aqueles invólucros são de munições que eu não tenho. Ela tinha-as em casa", disse.

3 Quarto com marcas de disparos v Ontem de manhã, mais de doze horas após os crimes, ainda havia vestígios do suicídio de Cristina Alves no quarto da casa dos pais. Além do estojo da caçadeira que a cozinheira usou para cometer os crimes na casa do Faralhão, Setúbal, eram visíveis três buracos de chumbos nas paredes e no tecto, resul^tantes dos disparos que Cristina Alves fez contra si própria para se suicidar. Só ao quarto tiro é que a mulher, de 35 anos, tirou a própria vida, deixando espalhadas marcas de sangue. DEIXOU CARTA A JUSTIFICAR-SE AOS DOIS FILHOS Só quando receberam da GNR a mala com os pertences da nora é que os sogros de Cristina Alves viram a carta de despedida que esta tinha redigido. Justificando os ataques aos familiares com o "amor aos filhos", a cozinheira recordou as "ameaças de morte" que tinha sofrido do irmão. Prometendo aos descendentes a "fazenda" dos avós, Cristina pediu aos dois filhos que "sejam unidos".

4 Discórdia por quatro hectares Há cerca de dois anos, Manuel Alves pagou cerca de 500 euros para fazer uma escritura de par - tilha do terreno de quatro hecta - res - onde vivia com a mulher - pelos dois filhos, em Faralhão, Setúbal. A ideia do reformado, de 80 anos, era que Luís, de 53 anos, e Cristina, de 35, saíssem "igualmente beneficiados" após a morte dos pais, disse ao CM. No entanto, nenhum dos dois descendentes do agricultor aceitou a decisão. "O Luís [irmão que Cristina matou anteontem a tiro] dizia à irmã, que por ser o mais velho, e viver com os pais, tinha direito a ficar com.tudo.. Dizia que queria alugar as casas para proveito próprio", explicou ontem ao CM José Guerreiro, sogro de Cristina Alves. Esta, por seu turno, achava- se desprezada pela família, em es - pecial pela mãe. "Por ter filhos a Manuel Alves fez uma partilha do terreno pelos dois filhos quem deixar o terreno, ela achava que tinha direito a ficar com o mesmo", lamenta Manuel Alves, que agora perdeu os dois filhos e tem a mulher em risco de vida. No entanto, apesar de se aperceber dos desentendimentos dos filhos, o reformado diz ter sido apanhado de surpresa pela atitude da filha. "De manhã quando aqui chegou a casa, ela já tinha tudo planeado. Só esperou pelos momentos certos", concluiu o idoso, em lágrimas.

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