Palavras-chave: recurso computacional, estimulação visual, amputação, percepção sensorial.
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- Francisco de Andrade Caires
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1 656 Relato de experiência com a utilização de um recurso computacional para a percepção sensorial de pacientes amputados pertencentes ao Projeto de Atividade Física e Reabilitação na Promoção da Saúde Resumo. O estudo relaciona-se sobre a percepção sensorial de pacientes amputados através de uma estimulação visual com o recurso do computador. Foram coletadas imagens fotográficas do paciente em tempo real e transportadas ao computador, juntamente com as imagens, movimentos, desenhos o paciente observava-se diante da tela e repetia o movimento desejado pelo fisioterapeuta. O programa de estimulação para cada sessão fisioterapêutica continha várias tarefas como desenhar o segmento amputado, repetir o movimento projetado em vídeo no computador, sendo realizado em uma Clínica Escola de Fisioterapia do Vale do Sinos, com pacientes pré protetizado e pós protetizado. A metodologia utilizada é qualitativa com abordagem descritiva a partir de dados contidos no prontuário e do relato dos participantes amputados. Os resultados obtidos mostraram-se significativos diante ao interesse dos participantes em dar a continuidade em casa ao programa, efetividade na realização das tarefas propostas e a motivação destes. Palavras-chave: recurso computacional, estimulação visual, amputação, percepção sensorial. Abstract. The study relates to the perception of sensory patients amputees using a visual stimulation with the use of the computer. Were collected photographic images of the patient in real time and transported to the computer, along with images, movement, drawing the patient was observed in front of the screen and repeated the movement desired by the physiotherapist. The program of stimulation for each physical therapy session contained several tasks like drawing the amputated segment, repeating the motion projected on video in the computer, being held in a Clinical School of Physiotherapy of the Sinos Valley, with protetizado patients pre and post protetizado. The methodology is qualitative descriptive approach with from data contained in records and reports of the amputees. The results were statistically significant before the interest of the participants to give continuity to the program at home, effectiveness in carrying out the proposed tasks and motivating them. Keywords: computer resources, visual stimulation, amputation, sensory perception. Introdução
2 657 Justifica-se científica e socialmente, o desenvolvimento e escolha da pesquisa com a utilização de um recurso computacional para estimulação sensorial visual para a reconstrução da memória espacial e do movimento do segmento perdido. Após a amputação o paciente pode vir a modificar sua percepção sensorial pela não reorganização cortical sofrida pelo córtex cerebral, podendo vir a sentir sensações ausentes no corpo. A estas sensações ausentes é conhecida e denominada como membro fantasma. Pessoas que perderam um membro freqüentemente percebem o membro como se ele ainda estivesse lá. O termo membro fantasma foi descrito pela primeira vez por Michell, em 1866 conceituando-o como réplicas fantasmas do membro perdido [1]. A sensação do membro fantasma é uma percepção dolorosa da presença contínua do membro amputado. Sua aparição chega a 100% dos casos durante os primeiros dias de amputação [2]. Pode-se definir como membro fantasma a experiência de sentir um membro ausente que se comporta similarmente ao membro real [3]. Então, cada indivíduo terá uma imagem interna que é representativa do próprio ser físico, sendo esta a imagem corporal. Quando alguém perde uma perna, uma mão ou um braço, as mensagens do córtex motor na parte frontal do cérebro continuam a enviar sinais para os músculos do membro ausente. Posteriormente, uma parte do cérebro que controla os movimentos, não sabe que o membro se foi [4]. O mapa de todo o corpo humano encontra-se registrado no cérebro, em regiões nobres chamadas de mapas corticais e codificam as informações oriundas no meio externo e enviam respostas para e efetividade do movimento. No amputado, mesmo na ausência do segmento a área, ainda registra sua presença. Figura 1. Homúnculo Sensorial com sua representação na área cortical [5]. A partir da imagem corporal do amputado, existe uma constante necessidade de adaptação ao aspecto visual, assim necessita de uma reorganização cortical para que o cérebro adapta-se ao novo estado em que encontra seu corpo.
3 Materiais e Métodos O estudo caracterizou-se por um tipo de estudo experimental descritivo realizado em uma Clínica Escola de Fisioterapia do Vale dos Sinos, participaram da composição do estudo três pacientes amputados voluntários, sendo dois pré protetizados e um pós protetizado. Afirma-se como instrumento de verificação de coleta de dados os relatos dos pacientes contidos na avaliação realizadas pelos acadêmicos de Fisioterapia. Ao final da intervenção convencional de fisioterapia solicitava-se ao paciente que conforme determinado para cada sessão diante do computador observasse o movimento e as imagens que apareceriam na tela do computador, logo após a visualização o paciente era orientado a fechar os olhos e reproduzir essas imagens, mentalmente. Após o paciente deveria abrir seus olhos e, novamente repetir o movimento desejado. O programa de estimulação foi construído com as imagens simples coletadas através de pesquisa no site de busca do google com as palavras Physical Therapy, Rehabilitation in Neurolgy Virtual, que aproximassem dos objetivos de afirmação da memória espacial, percepção sensorial, neuroplasticidade, equilíbrio e membro fantasma. Para cada sessão tínhamos um objetivo e imagem diferente, o tempo de duração da estimulação era de aproximadamente minuto. Programa de Estimulação Virtual 1ª sessão 2ª sessão 3 ªsessão 4ª sessão 5ªsessão 6ªsessão 7ªsessão Figura 2: Programa de estimulação computacional: Etapas de desenvolvimento do programa de intervenção visual através de um recurso computacional. As demais sessões foram de orientações quanto ao posicionamento do coto para evitar complicações como encurtamentos músculo esqueléticos, retrações, aderências, posições viciosas que dificultariam a colocação e encaixe da prótese. O paciente, inicialmente realizava desenhos de seu membro fantasma através e de sua imagem real utilizando diversos recursos como pintar, desenhar, contornar seu corpo com o auxílio do paint.
4 659 Foram também enviadas orientações quanto ao posicionamento do coto para prevenir complicações como retrações, edemas, diminuição de amplitude de movimento articular, tendíneo e ligamentar, através de para o paciente ou sua visualização durante a sessão. Figura 3: Orientações referentes ao posicionamento do coto durante o dia em um ambiente computacional. 3. Análise e Discussão dos Resultados Para descrever a crença no membro fantasma e a recusa da mutilação, fala-se em repressão ou recalque orgânico. Os pacientes que sofreram da percepção do membro fantasma comprovam a ambigüidade existente entre o corpo habitual, delineiam os gestos dos membros que desaparecem no atual [6]. Percepção espacial é a capacidade que os indivíduos possuem de perceberem-se e perceber as coisas em relação ao seu próprio corpo se eu, ou seja, é a capacidade de auto dirigirem-se, avaliar seus movimentos e adaptações no espaço delimitando tal ação [7]....a minha perna fantasma é do mesmo comprimento da outra, só mais grossa......quando ando de moto e vou fazer uma curva para o lado amputado, esqueço que tenho que desviar meu corpo para o outro lado. A projeção do cenário ambiente na retina do observador implica em ações do organismo com o intuito do mesmo em corrigir oscilações corporais, como no caso o deslocamento frontal em que a imagem é projetada na retina é aumentada proporcionando uma maior interpretação [8]. A sinapse de estimulação maior proporciona melhor a reconstrução cortical da memória. O sentido é tão intenso e verdadeiro, que a pessoa consegue descrever detalhadamente as percepções e sensibilidade vivenciada [9].
5 660 Com o experimento verificou-se o caráter motivador, desafiador que a estimulação visual com o recurso computacional proporciona aos pacientes, todavia todos manifestaram interesse em dar continuidade ao programa solicitando uma cópia em CD ou o envio por das sessões diárias de estimulação, também houve o interesse em adquirir um computador....minha perna fantasma tem o mesmo comprimento da outra. É possível referir que, para poder criar o ser humano terá que associar-se ao relacionamento: o que vê com o que sente [10]. minha perna é mais gorda e pesada que a outra perna normal ontem ao ir visitar meu amigo ao descermos do carro todos foram e eu fiquei no meio do caminho lembrando na imagem do computador que primeiro trago uma perna depois a outra A imagem contida no programa mostrava o movimento de ambas as pernas na troca dos passos, pedíamos para que ele observasse, fechassem seus olhos, gravasse o movimento, após abrisse os olhos e desse o passo a frente olhando a tela do computador, este paciente utilizava uma prótese. Alguns pacientes pediram uma cópia do programa em cd ou para realizá-los em casa, foi constatado o interesse, aceitação e motivação com a utilização desse recurso. As experiências sensitivas podem produzir reações imediatas, ou sua memória pode ser armazenada no encéfalo por minutos, semanas ou anos e só depois desse tempo determinar a reação corporal em algum momento futuro [11]. 4. Conclusão Através dos relatos contidos nos prontuários foi constatado que a aceitação do paciente com o recurso computacional proporcionou respostas significativas em relação a reconstrução da imagem corporal, compreensão da relação membro real \membro fantasma estimulando a área cortical representativa do segmento amputado. Os engramas novos surgidos referendam-se na neuroplasticidade e na reconstrução da memória espacial. A utilização de um recurso computacional para a reabilitação em amputados foi um fator diferencial para o paciente amputado, pois superou expectativas sendo motivador e desafiador, bem como, inovador em um ambiente de reabilitação. 5. Referências: [1] LIMA, Karla; CHAMLIAN, Therezinha; MASIERO, Danilo(2006). Dor fantasma em amputados de membro inferior como fator preditivo de aquisição da marcha com prótese, p Acta Fisiatr;
6 [2] OLARRA, José; LONGARELA, Ana Maria(2007). Sensación de miembro fantasma y dolor de miembro residual trás 50 años de la amputación, p rev.soc.esp.dolor; [3] DEMIDOFF, Alessandra; PACHECO, Fernanda; FRANCO, Alfred(2007). Membro-fantasma: o que os olhos não vêem, o cérebro sente,p.1-6.rev Ciências e Cognição; [4] RAMACHANDRAN, Vilayanur.S; ROGERS, Diane Ramachandran(2007). Plantom Limbs and Neural Plasticity. Chicago: Archives of Neuroly, ,2000. [5] MACHADO, Ângelo (1988). Neuroanatomia Funcional. Rio de Janeiro,RJ: Atheneu,1988; [6] MERLEAU- PONTY, Maurice(1945). Fenomenologia da Percepção; (Carlos Alberto Ribeiro de Moura, Trad.), São Paulo: Ed.Martins; [7] FINGER, Jorge(1982). O terapeuta Ocupacional. São Paulo: Ed.Sanvier; [8] AIRES, Margarida de Mello e cols(1999). Fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; [9] CHINI, Gislaine de Oliveir; BOEMER, Magali Roseira(2007). A Amputação na percepção de quem a vivencia: um estudo sob a ótica fenomenológica, Ver Latino Americana de Enfermagem; [10] AJURIAGUERRA, Julian(1974). Manual de Psychiatrie chez l enfant. Paris:.Ed. Masson e Cia; [11] CARR, Janet, Shepherd, Roberta(2003). Ciência do Movimento, Fundamentos para a Fisioterapia na Reabilitação. Manole, São Paulo, 2.ed. 661
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