A Variação no Âmbito do Irrealis entre as Formas do Futuro do Pretérito e Pretérito Imperfeito do Indicativo na Fala Capixaba

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA LEILA MARIA TESCH A Variação no Âmbito do Irrealis entre as Formas do Futuro do Pretérito e Pretérito Imperfeito do Indicativo na Fala Capixaba RIO DE JANEIRO 2007

2 LEILA MARIA TESCH A Variação no Âmbito do Irrealis entre as Formas do Futuro do Pretérito e Pretérito Imperfeito do Indicativo na Fala Capixaba Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Lingüística da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientadora: Professora Doutora Vera Lúcia Paredes Pereira da Silva. RIO DE JANEIRO 2007

3 DEFESA DE TESE TESCH, Leila Maria. A Variação no Âmbito do Irrealis entre as Formas do Futuro do Pretérito e Pretérito Imperfeito do Indicativo na Fala Capixaba. Rio de janeiro, UFRJ, Faculdade de Letras, Dissertação de Mestrado em Lingüística. BANCA EXAMINADORA Professora Doutora Vera Lúcia Paredes Pereira da Silva UFRJ / Lingüística Orientadora Professora Doutora Helena Gryner UFRJ / Lingüística Professora Doutora Célia Regina dos Santos Lopes UFRJ / Letras Vernáculas Professora Doutora Maria Luiza Braga - UFRJ / Lingüística Professora Doutora Maria Eugênia Lamoglia Duarte UFRJ / Letras Vernáculas Defendida a dissertação: Conceito: Em: / /

4 Aos meus queridos e amados pais Leomar e Rosalina, por terem me ensinado o caminho do bem, da honestidade, da persistência, da esperança e da simplicidade. Enfim, devo-lhes tudo que sou.

5 A verdade é filha do tempo, se Aristóteles voltasse à vida, não seria Aristotélico. (Giordano Bruno, )

6 AGRADECIMENTOS A Deus que sempre cuidou de mim, orientando, confortando e abençoando-me. À professora Drª Vera Lucia Paredes Pereira da Silva pela orientação segura e amiga. Muito tenho aprendido com esta competente pesquisadora. Aos meus pais por terem demonstrado o valor da instrução escolar para mim e minha irmã, embora eles não houvessem tido muita oportunidade de acesso à escola. Agradeço também pelo carinho, pelas orações e palavras de conforto e ânimo durante os trechos difíceis dessa caminhada. À minha irmã Lucineide, pelo carinho. Ao meu namorado, André, por amar uma mulher que tem paixão pela busca do saber e que dedica tanto tempo aos livros. Pela compreensão por eu não ter participado de sua companhia em tantos momentos. Além da grande ajuda em vários trabalhos e pesquisas. À Nedes e ao Felipe por me acolherem tão bem e me darem carinho e apoio. À Regina, pela hospitalidade e carinho, jamais esquecerei a grande ajuda dessa amiga. E ao Alexandre e Rafael, que me acolheram em sua residência de forma muito acolhedora e carinhosa. À Professora Drª Lílian Coutinho Yacovenco que nunca deixou de me ajudar em diversas situações. Agradeço a ela principalmente pelo incentivo a tentar o mestrado, desde o período da graduação ela já me preparava para participar deste curso. Às professoras Maria da Penha Pereira Lins e Hilda de Oliveira Olímpio pelo incentivo a continuar os estudos e pelas várias palavras de carinho. Ao CNPq, pela bolsa concedida. À Lílian Ferrari, coordenadora do Programa de Lingüística, que trabalhou de forma amiga e disposta a esclarecer nossas dúvidas. Aos meus amigos que entenderam minhas ausências e distâncias.

7 Sem a ajuda dessas pessoas e tantas outras não seria capaz de concluir este mestrado. Essa é uma vitória de todos nós, de certa forma. Enfim, gostaria de agradecer a inúmeras pessoas pelo apoio a esta pesquisa. Dedico a todos vocês esta pesquisa, esperando ter correspondido, dentro das minhas limitações, ao que dela se possa exigir.

8 SINOPSE Estudo da variação entre as formas do futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo, sintéticas (amaria e amava) e perifrásticas (iria amar e ia amar), com a noção de irrealis, com base nos princípios da Sociolingüística Variacionista Laboviana, num corpus constituído de entrevistas com informantes falantes da cidade de Vitória ES, identificando os fatores lingüísticos e sociais correlacionados a este fenômeno variável.

9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO O CONCEITO DE FP E PI FUTURO DO PRETÉRITO: TEMPO, MODO OU MODALIDADE? A noção de tempo As categorias modo/ modalidade A NOÇÃO DE IRREALIS OS VERBOS MODAIS FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOCIOLINGÜÍSTICA VARIACIONISTA FUNCIONALISMO LINGÜÍSTICO Gramaticalização REVISÃO BIBLIOGRÁFICA GRAMÁTICAS DO PORTUGUÊS ESTUDOS ESPECÍFICOS Câmara Jr Vaz Leão Costa METODOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DO CORPUS A cidade de Vitória Perfil do capixaba DESCRIÇÃO DO TRATAMENTO DOS DADOS DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS PARALELISMO...71

10 6.1.1 Resultados e discussão TIPO DE TEXTO Resultados e discussão SALIÊNCIA FÔNICA Resultados e discussão EXTENSÃO LEXICAL Resultados e discussão AMBIENTE SINTÁTICO-SEMÂNTICO Resultados e discussão FAIXA ETÁRIA Resultados e discussão GÊNERO/ SEXO Resultados e discussão ESCOLARIZAÇÃO Resultados e discussão VERBOS MODAIS RESULTADOS REFERENTES À AMOSTRA VERBOS MODAIS GRAMATICALIZAÇÃO DE IR COM A NOÇÃO DE IRREALIS TRAJETÓRIA DE MUDANÇA SINTÁTICO-SEMÂNTICA DE IR ANÁLISE Freqüência de ocorrência Freqüência de tipo CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS...147

11 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS TABELAS: Tabela 1: Totais de dados produzidos por informantes que ganharam escolarização entre o primeiro e o segundo contato - ESTUDO PAINEL, p. 56 Tabela 2: Distribuição dos informantes de acordo com as variáveis sociais, p. 61 Tabela 3: Distribuição de ocorrências das variantes FP, IMP, IA + V e IRIA + V, p. 67 Tabela 4: Distribuição de ocorrências das variantes no futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo, p. 68 Tabela 5: Distribuição de ocorrências das variantes FP, IMP, IA + V e IRIA + V nos verbos não-modais, p. 69 Tabela 6: Distribuição de ocorrências das variantes no futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo em verbos não-modais, p. 70 Tabela 7: Influência do grupo de fatores PARALELISMO na escolha de FP em verbos nãomodais, p. 75 Tabela 8: Influência do grupo de fatores PARALELISMO na escolha de PI em verbos nãomodais, p. 75 Tabela 9: Influência do grupo de fatores PARALELISMO na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 75 Tabela 10: Influência do grupo de fatores PARALELISMO sem os gatilhos na escolha de FP em verbos não-modais, p. 77 Tabela 11: Influência do grupo de fatores PARALELISMO sem os gatilhos na escolha de PI em verbos não-modais, p. 77 Tabela 12: Influência do grupo de fatores PARALELISMO sem os gatilhos na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 77 Tabela 13: Influência do grupo de fatores TIPO DE TEXTO na escolha de FP em verbos nãomodais, p. 85 Tabela 14: Influência do grupo de fatores TIPO DE TEXTO na escolha de PI em verbos nãomodais, p. 85 Tabela 15: Influência do grupo de fatores TIPO DE TEXTO na escolha de IA + V em verbos não-modais, p.85 Tabela 16: Influência do grupo de fatores SALIÊNCIA FÔNICA na escolha de FP em verbos não-modais, p. 90 Tabela 17: Influência do grupo de fatores SALIÊNCIA FÔNICA na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 90

12 Tabela 18: Influência do grupo de fatores SALIÊNCIA FÔNICA na escolha de PI em verbos não-modais, p. 90 Tabela 19: Influência do grupo de fatores EXTENSÃO LEXICAL na escolha de PI em verbos não-modais, p. 92 Tabela 20: Influência do grupo de fatores EXTENSÃO LEXICAL na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 93 Tabela 21: Influência do grupo de fatores EXTENSÃO LEXICAL na escolha de FP em verbos não-modais, p. 93 Tabela 22: Influência do grupo de fatores AMBIENTE SINTÁTICO-SEMÂNTICO na escolha de PI em verbos não-modais, p. 101 Tabela 23: Influência do grupo de fatores AMBIENTE SINTÁTICO-SEMÂNTICO na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 102 Tabela 24: Influência do grupo de fatores FAIXA ETÁRIA na escolha de PI em verbos nãomodais, p. 104 Tabela 25: Influência do grupo de fatores FAIXA ETÁRIA na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 104 Tabela 26: Influência do grupo de fatores SEXO/ GÊNERO na escolha de FP em verbos nãomodais, p. 108 Tabela 27: Influência do grupo de fatores SEXO/ GÊNERO na escolha de PI em verbos nãomodais, p. 108 Tabela 28: Influência do grupo de fatores SEXO na escolha de IA + V em verbos não-modais, p. 109 Tabela 29: Influência do grupo de fatores ESCOLARIDADE na escolha de FP em verbos não-modais, p. 113 Tabela 30: Influência do grupo de fatores ESCOLARIDADE na escolha de PI em verbos nãomodais, p.113 Tabela 31: Influência do fator FAIXA ETÁRIA DE 15 A 25 ANOS na escolha de FP, relacionado à OCORRÊNCIA PRECEDIDA DE GATILHO EM FP, em verbos não-modais, p. 115 Tabela 32: Distribuição dos verbos modais por entre as formas FP, PI, IA + V e IRIA + V, p. 119 Tabela 33: Influência do ITEM LEXICAL na escolha das variantes, p. 120 Tabela 34: Influência do grupo de fatores PARALELISMO na escolha de PI nos verbos modais, p 122

13 Tabela 35: Influência do grupo de fatores PARALELISMO, excluindo as ocorrências de gatilho, na escolha de PI nos verbos modais, p. 123 Tabela 36: Influência do grupo de fatores TIPO DE TEXTO na escolha de PI nos verbos modais, p. 123 Tabela 37: Influência do grupo de fatores FAIXA ETÁRIA na escolha de PI nos verbos modais, p. 124 Tabela 38: Influência do grupo de fatores SEXO na escolha de PI nos verbos modais, p. 124 Tabela 39: Influência do grupo de fatores ESCOLARIDADE na escolha de PI nos verbos modais, p. 125 Tabela 40: Freqüência de ocorrências do Verbo IR, p. 133 Tabela 41: Ocorrências de TIPO DE VERBO relacionado ao tipo de auxiliar, p. 139 GRÁFICOS: Gráfico 1: Distribuição da ocorrências das variantes, p. 68 Gráfico 2: Distribuição dos dados de PI e IA + V, de acordo com a FAIXA ETÁRIA em verbos não-modais, p. 105 Gráfico 3: Distribuição dos dados de FP, PI e IA + V, de acordo com a FAIXA ETÁRIA nas MULHERES em verbos não-modais, p. 110 Gráfico 4: Distribuição dos dados de FP, PI e IA + V, de acordo com a FAIXA ETÁRIA nos HOMENS em verbos não-modais, p. 111 Gráfico 5: Distribuição dos dados de FP, PI e IA + V, de acordo com a ESCOLARIDADE na faixa etária de 15 a 25 anos, em verbos não-modais, p. 114 Gráfico 6: Distribuição dos dados de FP, PI e IA + V, de acordo com a ESCOLARIDADE na faixa etária de 26 a 49 anos, em verbos não-modais, p. 115 Gráfico 7: Distribuição dos dados de FP, PI e IA + V, de acordo com a ESCOLARIDADE na faixa etária de 50 anos ou mais, em verbos não-modais, p. 116 Gráfico 08: Distribuição dos verbos modais entre as variantes PI, FP e IA + V, p. 120 Gráfico 09: Distribuição dos dados relacionando FAIXA ETÁRIA à ESCOLARIDADE na escolha de PI na amostra verbos modais, p. 126 QUADROS: Quadro 1: Contrato falante-ouvinte, baseado em Givón (1984), p. 26

14 Quadro 2: Concepção bipartida de irrealidade, extraído de Costa (1997: 27), p. 30 FIGURA: Figura 1: Mapa da cidade de Vitória com as sete regiões administrativas, p. 64

15 14 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o tempo, o modo e o aspecto verbal têm despertado o interesse de diversos pesquisadores do português brasileiro, o que se pode comprovar através de inúmeros trabalhos publicados a respeito do assunto. As formas de futuro, em especial, têm merecido a atenção dos lingüistas, em estudos que têm apontado a tendência ao uso de formas perifrásticas, paralelamente às formas da conjugação verbal regular. Assim, os tempos verbais do futuro foram pesquisados por Gibbon (2000), na língua falada de Florianópolis; Santos (2000), no português formal e informal falado no Rio de Janeiro; e Costa (1997; 2003), no português informal do Rio de Janeiro, nas modalidades falada e escrita. Este estudo analisa a variação entre as formas futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo, sintéticas (amaria e amava, respectivamente) e perifrásticas (iria amar e ia amar, respectivamente), na expressão de informação no âmbito do irrealis, concentrando seu foco numa região ainda não pesquisada - a cidade de Vitória. Toma por base a Teoria Sociolingüística Variacionista e investiga, portanto, os contextos lingüísticos e sociais correlacionados à variação. Assim, o corpus aqui utilizado pertence ao projeto O português falado na cidade de Vitória, que se constitui de entrevistas com 46 informantes nativos da capital do Espírito Santo, Vitória, coletadas entre 2001 e Os falantes estão estratificados de acordo com a idade, sexo e escolaridade do entrevistado Yacovenco (2002). Essa cidade, fundada há 450 anos, ainda não possuía estudos sistemáticos de caráter sociolingüístico, e a formação desse banco de dados permitiu o registro da língua em seu uso efetivo, abrindo caminho para o conhecimento mais aprofundado da realidade lingüística atual da comunidade de fala capixaba. Além disso, pode contribuir para a ampliação do rol de banco de dados existentes no Brasil, com descrições que venham a ser úteis para um melhor e

16 15 mais sistemático conhecimento das diferenças e múltiplas realidades lingüísticas vivenciadas pelos falantes do português brasileiro. Este estudo é o primeiro a utilizar sistematicamente todo o corpus do projeto O português falado na cidade de Vitória, mas se espera que seja o primeiro de uma série de investigações que tem por objetivo mais amplo constituir um observatório da variação lingüística nessa comunidade de fala. Na fase de coleta de dados, verificou-se a variação futuro do pretérito/ pretérito imperfeito do indicativo nas entrevistas realizadas e observou-se que tal variação não era binária, pois foram encontradas paralelamente às formas sintéticas, as perifrásticas. De fato, essa variação não se restringe ao corpus analisado, pois pode ser constatada em diversos contextos, como na campanha publicitária de uma marca famosa de lingerie: Se eu fosse você, saía mais cedo do trabalho hoje. Tomava um banho bem demorado. Vestia o seu sorriso mais bonito. Usava aquele perfume que eu adoro e sempre esqueço o nome. Se eu fosse você, não esquecia que hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento. Retomando as variantes consideradas nesta pesquisa, têm-se as seguintes formas 1 : Futuro do pretérito na forma sintética, doravante FP (Se eu fosse você, não esqueceria que hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento); Pretérito imperfeito do indicativo na forma sintética, doravante PI (Se eu fosse você, não esquecia que hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento); Futuro do pretérito na forma perifrástica, doravante IRIA + V (Se eu fosse você, não iria esquecer que hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento); Pretérito imperfeito do indicativo na forma perifrástica, doravante IA + V (Se eu fosse você, não ia esquecer que hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento). 1 Os exemplos foram baseados na última frase da campanha publicitária acima apontada.

17 16 Nesta dissertação, inicialmente, é detalhado o objeto de estudo aqui analisado, delimitando o contexto de variação. Abordam-se também as noções de tempo, modo e modalidade, relacionando-as ao fenômeno estudado. No capítulo 3, o fenômeno é enquadrado dentro da Teoria da Sociolingüística Variacionista e do Funcionalismo Lingüístico, apresentado-se, também, um panorama sobre o conceito de gramaticalização, discutindo o processo de gramaticalização do verbo pleno IR em auxiliar. Uma revisão de gramáticas do português, como as de Said Ali (1969), Cunha & Cintra (2000), Luft (2000), Bechara (1989 e 2003), Mira Mateus (1983), Vilela e Koch (2001), e de estudos específicos sobre as formas variantes que expressam o irrealis, como os de Câmara (1956 e 2001), Leão (1961) e Costa (1997 e 2003), é mostrada no quarto capítulo. O capítulo 5 apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para o estudo da variação: a caracterização do corpus e a descrição do tratamento dos dados. As hipóteses formuladas para o fenômeno variável pesquisado estão lançadas também no quinto capítulo. Em seguida, no capítulo 6, descrevem-se os contextos lingüísticos e sociais que se mostraram relevantes para o fenômeno estudado em verbos não-modais. Em um primeiro momento, define-se o grupo de fatores em questão e posteriormente interpretam-se os resultados quantitativos obtidos por meio do programa estatístico computacional Goldvarb (versão 2001). Em um capítulo à parte, o sétimo, discute-se a atuação das formas variantes em verbos modais, que foram analisados separadamente por apresentarem comportamento peculiar em relação aos demais dados. No capítulo posterior, apresenta-se um estudo das formas perifrásticas, analisando um possível caminho de gramaticalização do verbo pleno IR em auxiliar. Acredita-se que essas variantes em perífrase (IRIA + V e IA + V) estejam em processo de gramaticalização, dado

18 17 que o verbo IR parece assumir a função de um auxiliar verbal, como em Iria estudar, deixando de somente significar movimento, como verbo pleno, que seria sua forma mãe, por exemplo, Iria à escola. Finalmente, nas considerações finais, retomam-se os principais aspectos abordados, comentando os resultados mais relevantes da análise quantitativa, relacionado-os às hipóteses formuladas.

19 18 2 O OBJETO DE ESTUDO 2.1 O CONCEITO DE FP E PI Os tempos verbais, principalmente as formas de futuro, estão sendo bastante explorados nas atuais pesquisas lingüísticas, principalmente na linha variacionista. Santos (2000) investigou o uso o futuro do presente e suas formas variantes no português formal e informal falado no Rio de Janeiro. Gibbon (2000) também analisa a expressão do tempo futuro na língua falada por informantes nativos de Florianópolis. Além dessas, Costa (1997) investigou a variação na noção de irrealis expressa pelas formas de futuro de pretérito e pretérito imperfeito do indicativo, sintéticas e perifrásticas, em amostras de língua falada e escrita. Posteriormente, Costa (2003) realizou um estudo diacrônico do mesmo fenômeno no português do Rio de Janeiro. Em relação ao tema aqui estudado, geralmente a variação entre as formas do futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo não é abordada nas gramáticas tradicionais. Ao se consultar uma gramática normativa ou livro didático de Língua Portuguesa, pode-se verificar diversas definições para esses tempos, como a de Faraco & Moura (1994): Pretérito imperfeito - expressa um fato no passado, mas não concluído. Ex.: Os soldados chegavam, ouviam e paravam. Futuro do pretérito - expressa um fato futuro relacionando-o com um fato passado. Ex.: Eu estudaria se tivesse tempo. Entretanto, ao se analisar o emprego dos tempos verbais na língua cotidiana, pode-se perceber uma certa indistinção no emprego do futuro do pretérito e do pretérito imperfeito do indicativo, com a noção de irrealis. É interessante pontuar o fato de o futuro do pretérito ser um tempo verbal de definição e classificação pouco pacíficas. Segundo a tradição gramatical, o modo indicativo expressa o

20 19 realis (indica certeza, veicula fatos reais), enquanto o subjuntivo exprime o irrealis (hipótese, dúvida). No entanto, o futuro do pretérito expressa uma atitude do falante que, em relação ao que enuncia, indica dúvida, assim como o pretérito imperfeito do indicativo, quando usado no mesmo contexto. Assim, é problemático considerá-los como pertencentes ao modo indicativo, seguindo essa acepção, embora a gramática normativa siga esse posicionamento. Além do critério semântico para a caracterização dos modos verbais, há o sintático, segundo o qual o subjuntivo, geralmente, é utilizado na oração subordinada. Contudo, o emprego do futuro do pretérito e do pretérito imperfeito do indicativo, com a noção de irrealis, oscila entre ambientes de orações subordinadas, principais e dependentes (cf. seção 6.5). Dubois (2001: 300) afirma que o futuro verbal refere-se a uma modalidade, apresentando uma visão dicotômica dos tempos verbais (presente e não-presente). Em relação ao futuro do pretérito, por ele chamado condicional, menciona apenas que é a combinação do futuro com o passado. Câmara (1981: 123) afirma que há uma correspondência entre o futuro do pretérito e o pretérito imperfeito do indicativo para assinalar modo. É devido a tais questões que se discute a seguir se é possível considerar o futuro como tempo, modo ou modalidade. 2.2 FUTURO DO PRETÉRITO: TEMPO, MODO OU MODALIDADE? Há uma linha tênue entre tempo, modo e modalidade nas formas de futuro. Embora muitos gramáticos definam o futuro do pretérito como o tempo que expressa um fato futuro, relacionando-o a um passado, nota-se uma imbricação entre as categorias de tempo e modo, e entre modo e modalidade. A seguir se discutem essas noções.

21 A noção de tempo A palavra tempo muito já foi discutida e comentada. Ocorre na Língua Portuguesa uma ambigüidade entre tempo (tense), uma categoria gramatical, e Tempo (time) 2, uma entidade fundamentalmente experiencial, abstrata e ligada à seqüenciação de eventos anterioridade (passado), simultaneidade (presente), posterioridade (futuro). Essa ambigüidade teve como conseqüência a prática de denominar tenses (tempo verbal) de acordo com a seqüência de tempo (time) linear: passado, presente e futuro. Podem ocorrer outras marcações de tempo, além das convencionais noções passado, presente e futuro, conforme apontado por Travaglia (1991: 76): a) com uma realização iniciada no passado e estendendo-se até o presente; b) com realização iniciada no presente e estendendo-se para o futuro; c) com realização onitemporal, isto é, abrangendo todos os tempos. A noção temporal está associada ao verbo, na Língua Portuguesa, por intermédio de morfemas característicos de cada um deles que expressam cumulativamente o modo, como ria para o FP e va para o PI nos verbos pertencentes à 1ª conjugação e ia para os de 2ª e 3ª conjugações. Há outras expressões que podem informar a ordem temporal, tais como advérbios, numerais, conjunções ou sentenças. Entretanto, vale ressaltar a importância do verbo nesse contexto, pois ele permite ao falante/ ouvinte situar-se no Tempo quanto ao desenrolar dos fatos no momento em que se fala. A riqueza de morfemas temporais, que essa classe de palavras apresenta, demonstra sua natureza dinâmica, em oposição ao caráter estático dos nomes. 2 A fim de impedir confusões terminológicas, considera-se Tempo (com inicial maiúscula) a noção de time, ou Tempo físico, e tempo (inicial minúscula) a categoria gramatical, tense.

22 21 A respeito do futuro do pretérito, percebe-se que esse é um tempo verbal de definição e classificação bastante complexas, principalmente devido ao fato de expressar irrealis e estar classificado como um dos tempos do modo indicativo, este caracterizado por exprimir o realis, conforme exposto na seção anterior. Além disso, é designado por uma gama de diferentes termos, como condicional e parte do período hipotético. A forma do futuro do pretérito expressa incerteza, irrealidade, e essas atitudes são consideradas como modais, relacionadas à categoria de modo. Portanto, torna-se difícil distinguir temporalidade e modo, assim como tempo e modalidade ao se referir aos tempos do futuro do indicativo (futuro do presente e futuro do pretérito), na Língua Portuguesa. Nas formas de futuro, tempo e modo confluem As categorias modo/ modalidade É comum perceber uma confusão entre modo e modalidade, usados muitas vezes como equivalentes. Modo é uma categoria gramatical, enquanto a modalidade pode apresentar várias manifestações formais além do verbo, mais ligada a noções semânticas. Assim, pode-se dizer que toda frase é caracterizada por uma modalidade aparente ou implícita e os modos são apenas um dos meios utilizados para exprimir a modalidade. Segundo Travaglia (1991), a modalidade também pode ser marcada por advérbios, como talvez e provavelmente, uma oração principal, por exemplo eu acho que, ou por verbos do tipo crer, proibir, e ainda pela entonação da voz do falante. A indistinção entre modo e modalidade na Língua Portuguesa está relacionada ao fato de a gramática tradicional distinguir uma categoria flexional de modo, atribuindo noções distintas para o subjuntivo e para o indicativo, mas não usar o termo modalidade para referirse às atitudes do indivíduo acerca do que fala.

23 22 A categoria gramatical de modo é identificada nas diversas línguas do mundo. O inglês apresenta um sistema de verbos modais will, can, may, must, enquanto o latim reconhece um sistema de modo subjuntivo, indicativo e imperativo igualmente reconhecido pelo grego clássico subjuntivo e optativo. O futuro do pretérito, assim como o futuro do presente, não pode ser considerado um tempo verbal que indica somente tempo, mas também modo. Segundo Mira Mateus et alii (1983: 119), é até discutível considerar o futuro como tempo em línguas em que não está gramaticalizado, dado que esse exprime sempre um valor modal. O futuro lingüístico exprime sempre, associadamente a um valor temporal, um valor modal de não factualidade (...). No português, a seleção dos tempos e modos verbais utilizados na expressão do futuro é determinada pela modalidade em que a proposição é assertada pelo locutor. O futuro, segundo Lyons (1977), não pode ser considerado um conceito puramente temporal. Apresenta na enunciação um uso não-factual, envolvendo suposição, inferência, desejo, intenção e vontade. Não se pode afirmar que o futuro do pretérito indique somente tempo e modo. Além desses, há também traços da modalidade. Tal traço é constatado também nas perífrases estudadas neste trabalho. O modo é uma categoria lingüística que expressa a modalidade. Em relação à modalidade, desde Aristóteles muitos estudiosos vêm procurando definir e classificar os seus tipos. Pode ser considerada como a avaliação do falante sobre seu próprio enunciado, isto é, sua opinião ou atitude a respeito da proposição que a frase expressa. Segundo a lógica tradicional, há três tipos de modalidades: 1) Modalidade alética diz respeito às relações entre o falante e o universo de referência. Instaura na proposição as noções de possibilidade, necessidade, impossibilidade e contingência, e diz respeito à verdade contida na proposição.

24 23 2) Modalidade epistêmica está relacionada ao tipo de conhecimento ou crença que o falante apresenta sobre o conteúdo das proposições que enuncia. 3) Modalidade deôntica refere-se às normas de moral, conduta, direitos e deveres. Informa sobre o conhecimento ou julgamento que o falante tem de seu enunciado. Contudo, outros autores 3 costumam considerar apenas as modalidades epistêmica e deôntica. A primeira diz respeito ao conhecimento, crença ou opinião, estando mais voltada ao uso da língua para informar, enquanto a segunda está ligada à necessidade ou possibilidade, estando relacionada ao uso da língua para agir. A modalidade epistêmica diz respeito à língua como meio de informação, expressando os graus ou a natureza da crença do falante sobre a verdade do que ele diz. A modalidade deôntica relaciona-se à língua como forma de ação, geralmente com a expressão do falante das suas atitudes perante ações possíveis realizadas por ele e por outros, Palmer (1986: 121). O uso do termo epistêmico é justificável etimologicamente, segundo Palmer (1986: 51), tendo em vista que deriva da palavra grega episteme, significando conhecimento, assim pode ser interpretado como mostrando o status da compreensão ou conhecimento do falante. A modalidade epistêmica representa a mais pura delas, já que se realiza em um nível eminentemente supra-proposicional e é responsável pela expressão de julgamentos do falante. Essa modalidade está comprometida com a crença, verdade, probabilidade, (in) certeza, evidência e eventualidade. A modalidade deôntica instaura-se ao nível da proposição, estando relacionada, em um nível mais concreto, a atos de fala em que se procura atuar sobre o interlocutor, por meio de enunciados diretivos, avaliativos ou volitivos. Assim, estaria comprometida muito mais com a 3 Conferir Palmer (1986), Lyons (1977) e Givón (1995).

25 24 capacidade, habilidade, obrigação, manipulação, permissão e necessidade da ação, do que com a especulação sobre a verdade do enunciado. Da modalidade epistêmica da lógica clássica, a gramática tradicional herdou a oposição realis/ irrealis 4. Assim, opõe-se modo indicativo referente a eventos reais, realizados ou certos de serem realizados ao subjuntivo eventos não-realizados, irreais. Givón (1995) postula que, por estar inserida no âmbito do irrealis, a modalidade epistêmica envolve um significado intrínseco de certeza epistêmica, por apresentar baixa certeza ou baixa probabilidade em relação à ocorrência dos fatos. Palmer (1986: 191) ressalta o fato de que as condições reais aparecem freqüentemente em formas declarativas. As condições irreais, por outro lado, usam uma variedade de artifícios, como 1) tempo pretérito, 2) subjuntivo, 3) verbos modais e 4) partículas. A noção de irrealidade, por permear os contextos sintáticos em que é possível constatar as formas variantes FP, PI, IRIA + V e IA + V aqui estudadas, será melhor discutida na próxima seção, a fim de se conceituar e delimitar o que se denomina como uma informação no âmbito do irrealis, nesta pesquisa. 2.3 A NOÇÃO DE IRREALIS Ao construir o discurso, o homem expressa diferentes atitudes, em função de seus objetivos e condicionamentos situacionais e interacionais. Algumas dessas atitudes, como a certeza, dúvida, probabilidade, obrigação e necessidade, modalizam o discurso e estabelecem o contrato ouvinte-falante. A partir da modalidade, o falante instaura um espaço de virtualidade, evidenciando um saber que discute com o outro as condições, as potencialidades, as chances de realização ou não da proposição, o grau de adesão ao seu próprio enunciado. 4 Oposição entre eventos factuais (reais) e não-factuais (irreais).

26 25 As diferentes atitudes, relacionadas ao processo de formalização lingüística de categoria modalidade, passam a ser traduzidas pelos conceitos realis (certeza, verdade, factual) e irrealis (hipótese, possibilidade, dúvida, condição, virtualidade), com base em Givón (1984; 1990), e definidas a partir do contrato falante-ouvinte. Givón (1984, ), ao definir essas duas modalidades acima apontadas, postula que se deve ultrapassar o âmbito do lógico-semântico, é preciso assumir uma perspectiva discursivo-pragmática. A partir dessa concepção, instaura a modalidade como um contrato epistêmico entre o falante e o ouvinte na situação comunicativa. O lingüista estabelece três tipos de modalidades 5 : a) Conhecimento não contestado (verdade necessária, analítica e pressuposta); b) Conhecimento assertivo do realis (verdade factual, sintética); c) Conhecimento assertivo do irrealis (verdade possível, condicional). Tendo em vista essas observações, Givón (1984: ) elabora um esboço relacionando atitudes e modalidades, no capítulo entitulado Information-theoretic preliminaries of discourse pragmatics. 5 Essas modalidades não se constroem em termos de uma verdade absoluta, mas em relação às atitudes do falante e ouvinte a respeito do seu discurso.

27 26 Contrato falante / ouvinte Não-contestado Realis Irrealis Suposição do falante sobre o conhecimento que o ouvinte tem da proposição Familiaridade ou crença na proposição Não familiaridade com a proposição Não familiaridade com a proposição Força da crença do falante na proposição Necessidade de o falante apoiar a proposição com evidências Força das evidências do falante para apoiar a proposição Disposição do falante de tolerar contestação da proposição Possibilidade de o ouvinte contestar a proposição Muito forte Forte Fraca Não necessária Necessária Impossível Não relevante Mais forte Mais fraca Disposição mínima Mais disposição Muita disposição Baixa Média Alta Quadro 1: Contrato falante-ouvinte, baseado em Givón (1984) A partir desse quadro, é possível avaliar as diferentes circunstâncias pragmáticas do uso do irrealis na negociação interativa entre falante e ouvinte. Ao expressar a irrealidade, o falante demonstra não familiaridade com a proposição, apresenta uma fraca crença em relação ao que afirma e é impossível apoiar a proposição em evidências. Além disso, o falante apresenta muita disposição de permitir a contestação da proposição e é alta a possibilidade de o ouvinte contestá-la. Vale pontuar que no segundo volume da obra Syntax (1990), Givón reestrutura as três modalidades em apenas duas realis e irrealis tendo em vista que o conhecimento nãocontestado, pressuposto, resulta do ato discursivo. Se uma proposição é aceita sem

28 27 contestação, o ouvinte a assume como informação pressuposta no restante da conversação, considera-a como fundo 6. De acordo com Palmer (1986: ), com as condições irreais, o falante indica vários tipos de crenças negativas apontando que o evento é improvável ou impossível, enquanto com a condição real há a possibilidade. Portanto, a distinção entre real e irreal é válida considerando a opinião do falante sobre a possibilidade do evento. Mattoso Câmara (1956) argumenta que o futuro do pretérito carrega, imanentemente, as noções de irrealidade e condição. A irrealidade se dá por meio do contexto, não sendo um valor intrínseco a esse tempo verbal, mas um valor modal que pode ser atribuído a ele. O futuro do pretérito depende de uma condição pertencente a um passado que já transcorreu e a não realização desta condição acarreta a irrealidade do evento. Estando localizado no tempo pretérito, já transcorrido, a não realização da condição já é sabida e acarreta a irrealidade de um evento futuro em relação a esse tempo. Assim, para Câmara (1956: 05), no contexto de irrealidade, a condição da prótase é imaginária, irreal, e a apódose compartilha esse traço: são duas construções do espírito que se sustentam mutuamente, sem apoio do mundo objetivo. O esquema condicional com a forma verbal em -ria exclui, em princípio, a possibilidade de concretização dos dois processos verbais nela conjugadas: em se eu tivesse dinheiro frisa-se não somente (como sucede em se eu tiver dinheiro ) a circunstância de que agora não o tenho, mas ainda a convicção de que jamais a terei. A irrealidade, portanto, está relacionada ao contexto, e não somente à forma verbal, como no morfema ria, do futuro do pretérito, assim o irreal dimana do contexto. 6 Tradução para background, em paralelo a foreground, figura. Para Hopper (1979), eventos que pertencem ao esqueleto do discurso equivalem à figura e o material de suporte ao fundo.

29 28 Leão (1961: 31-32), ao pesquisar o período hipotético iniciado por se 7, afirma que há três tipos desses períodos, nos estudos de gramática latina: a) Período hipotético do real (realis); b) Período hipotético do potencial (potentialis); c) Período hipotético do irreal (irrealis). No realis, a condição é, foi ou deve ser realizada efetivamente; trata-se de fato cuja realidade se reconhece; às vezes, é uma verdade que se deseja acentuar. Esse período, de acordo com a autora, caracteriza-se pelo fato de apresentar verbo no indicativo. No período hipotético do potencial, a condição é eventual, simplesmente possível. O fato pode realizarse ou não, mas não há nenhum pronunciamento do falante sobre a realidade desse fato. Ao expressar o irrealis a condição é contrária à realidade. Não pôde nem pode realizar-se. Entretanto, Leão (ibid.: 85-86) postula que os fatos da língua nos revelam a impossibilidade de se manter tal distinção e a necessidade de outro critério, para classificar os períodos hipotéticos. Segundo a autora, é complexo aceitar que todo esquema 8 de oração utilizado para expressar o irrealis traduza essa irrealidade e, para melhor explicar essa questão, apresenta os quatro seguintes exemplos: a) Se eu tivesse asas, voaria para lá. b) Se eu fosse você, agiria dessa maneira. c) Se eu tivesse dinheiro, repartiria com você. d) Se quisesses, ainda chegarias a tempo. Segundo Leão (ibid.: 86), as condições dos períodos a e b são irreais, impossíveis; a de c é improvável, mas não impossível; a de d é possível, com maior grau de probabilidade 7 O período hipotético canônico pode ser resumido no esquema: SE + PRÓTASE + APÓDOSE. 8 Segundo Leão (1961: 86) este seria o esquema: SE + IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO + FUTURO DO PRETÉRITO.

30 29 que a de c. Portanto, é possível constatar que a realidade ou irrealidade está no contexto e não no molde da frase, conforme exposto pela lingüista. Gryner (1990: 13), em sua tese de doutorado, também apresenta uma classificação para os períodos hipotéticos em três tipos 9, a partir dos estudos da gramática latina: a) Período hipotético do real (realis) ou factual Ex.: Se (= já que) é para bem de todos, fico. (Considero que é para bem de todos, uma vez que acabei de ser informado disso); b) Período hipotético do potencial (potentialis) Ex.: Se for para bem de todos, ficarei. (Considero que pode ser ou não ser para bem de todos); c) Período hipotético do irreal (irrealis) ou contrafactual Ex.: Se fosse para bem de todos, ficaria. (Considero que não é para bem de todos). O trabalho de Gryner, que analisa a variação de tempo-modo e conexão em prótases do período hipotético de valor potencial, focaliza a prótase de construções como (b) acima. A pesquisa aqui descrita, contudo, contextualiza-se na análise da variação expressa no item (c). Semelhantemente a Costa (1997: 17-18), foi tomada a seguinte posição em relação ao que considerar como construção irreal: O tipo de construção hipotética a ser considerada neste trabalho se limita ao período hipotético do irreal ou contrafactual (seguindo a classificação tradicional latina), sabendo que, do ponto de vista semântico-discursivo, neste tipo pode haver nuances de probabilidade, como nos outros dois. 9 Os exemplos da autora são baseados no famoso O fico, episódio da história brasileira protagonizado por D. Pedro I.

31 30 Assim, este trabalho considera sob o escopo da noção de irrealis as acepções de nãofactualidade e contrafactualidade. Lyons (1977: 794) afirma que nas cláusulas factivas 10 (factuais) o falante se compromete com a veracidade da proposição que enuncia. E, posteriormente, relaciona a noção de irrealis às definições de não-factualidade (o falante não se compromete com a veracidade nem com a falsidade da proposição que enuncia) e contrafactualidade (o falante se compromete com a falsidade da proposição que enuncia). IRREALIS Não-factualidade Contrafactualidade - Dúvida quanto à irrealidade. - Certeza quanto à irrealidade. - Não descarta possibilidade de - Descarta qualquer possibilidade de realização. realização. Quadro 2: Concepção bipartida de irrealidade, extraído de Costa (1997: 27) Portanto, a pesquisa, por ora descrita, considera uma concepção bipartida do irrealis proposições supostamente irreais (não-factuais) ou absolutamente irreais (contrafactuais) 11 para assim abranger em uma única categoria o contexto da variação estudada. Tal postura foi a adotada por Costa (1997 e 2003). A seguir, a questão dos verbos modais é tratada, de forma sucinta, relacionando esses verbos, dependendo do contexto discursivo e pragmático, à modalidade epistêmica e deôntica. 10 Lyons (1977) emprega o termo factividade 10 e Palmer critica tal postura, adotando a nomenclatura factualidade, devido ao fato de o termo adotado por Lyons relacionar factividade à noção de fazer e não à de fato, sendo esta a noção expressa pelo termo factualidade. Portanto, assim como Palmer, este trabalho adotou a nomenclatura factual, assim como seus derivados, por exemplo, não-factual e contrafactual. 11 Diferentemente de outras propostas, neste trabalho não se considerou o termo irreal como sinônimo de contrafactual (ou contrafactualidade), como Leão (1961) e Lyons (1977).

32 OS VERBOS MODAIS Os verbos auxiliares foram relacionados à modalidade por Palmer (1986: 33), como verbos especiais. No inglês, assim como no alemão, vários verbos modais podem ser usados para expressar as modalidades epistêmica e deôntica. Segundo Givón (1995: 115), o tempo verbal e os verbos modais são dois exemplos de contextos gramaticais que expressam o irrealis. Em relação ao uso das variantes aqui pesquisadas em verbos modais, é preciso considerar a natureza semântica desses verbos. Essas formas verbais em variação servem para expressar o irrealis. A partir disso, uma questão surge: FP, PI, IA + V e IRIA + V teriam comportamento distinto nos verbos modais? Costa (1997) constatou que as formas variantes apresentam características peculiares nesses verbos. A autora pôde perceber que as construções perifrásticas com IA e IRIA são inibidas em bases verbais modais, pois esses verbos já carregam alguma semântica de modalidade, evitando-se a redundância. Sua análise mostra que o PI é mais freqüente em verbos modais (60% das ocorrências), principalmente se o verbo apresenta valor epistêmico (eventualidade, probabilidade, possibilidade). O FP relaciona-se mais como expressão morfológica do valor deôntico. Tomando por base os dados pesquisados nesta dissertação, percebe-se que a distribuição das formas variantes parece não se dar da mesma maneira em verbos modais e não-modais. Observe-se o exemplo a seguir, com um verbo modal mais infinitivo e outros não-modais: 01) [tema: qualificação dos professores] porque nós não prestigiamos determinadas pessoas... então por exemplo... um cara que é um:: um excelente pedreiro... técnico de segundo grau que eu falei... ele deveria dar aula no ensino técnico... ele ia pegar e fazer... é completamente diferente (cel. 43, pág. 23, lin. 23)

33 32 A presença do auxiliar modal dever acrescenta uma idéia distinta ao verbo pegar. Deveria dar instaura uma informação de obrigação ou necessidade, pois esse profissional seria mais competente para dar aula. O uso de ia pegar traz uma informação um pouco mais categórica sobre o que fazer. O verbo modal dever apresenta uma plurivocidade semântica, atualizada por diferentes relações contextuais, além de alternar com a locução ter que/ ter de. De acordo com Costa (1995: 56), o modal dever é responsável pela expressão dos valores modais de obrigação e necessidade, no seu uso radical, e do valor modal probabilidade, no seu uso epistêmico 12. Em relação à multiplicidade de valores modais desse verbo, no português, a autora identifica cinco principais - necessidade, obrigação, conveniência, probabilidade e suposição - sendo os três primeiros caracterizados por um uso radical e os dois últimos, epistêmico. Assim como dever, o modal poder também apresenta plurivocidade semântica, como: Capacidade, permissão, possibilidade e eventualidade considerando os dois primeiros como usos mais lexicalizados, o terceiro como um uso mais gramaticalizado, com algum esvaziamento semântico e funcionando basicamente como auxiliar modal, e o quarto como um uso mais discursivo, funcionando como um advérbio epistêmico de possibilidade, com um grau ainda maior de esvaziamento semântico funcionando em estruturas a caminho da cristalização, tipo pode ser. Costa (1995: 87) Assim, os modais dever e poder apresentam as duas possibilidades semânticas: deôntica (permissão, capacidade) e epistêmica (eventualidade, possibilidade). 12 A autora adota uma distinção entre uso radical e uso epistêmico, que corresponde a diferenças entre modalidade interna x modalidade externa; modalização do predicado x modalização do enunciado; operação predicativa x operação enunciativa; modalidade atuando sobre o predicado x modalidade atuando sobre o enunciado.

34 33 02) foi péssimo... que a gente não podia falar nada... falou vocês não têm o direito de falar nada... a gente ficava quietinho tinha nem como defender ou falava que era verdade ou falava que era mentira... foi péssimo... foi péssimo. (célula 11, pág. 02. lin. 15) 03) ninguém/ ninguém tá sabendo porque o Felipão quer sair da/ da seleção entendeu?... parece que é por causa do/ do salário agora que:: quer férias e o salário do/ do técnico da seleção não vai ser como era né?... alto... entendeu?... podia ser assim razoável... (célula 04, pág. 12, lin. 30) No exemplo (02), a ocorrência podia apresenta valor deôntico: permissão para falar enquanto os pais analisavam a situação. Já em (03), o valor de podia é epistêmico: possibilidade do salário do técnico da seleção brasileira ser razoável um pouco mais alto. A partir dos exemplos supracitados, é possível perceber que a ambigüidade é desfeita por meio do contexto, em razão de se estar trabalhando com uma amostra de língua em uso. 04) aí não consegue dormir quando chega à noite... ela fica cansada... aí eu acho que ela deveria descansar mais (célula 12, pag. 09, lin.04) Nesse exemplo, o modal dever apresenta uma interpretação de valor epistêmico de possibilidade ou valor deôntico de obrigação. A ambigüidade é desfeita ao se analisar o contexto em que se deu o enunciado, tendo em vista que o informante afirma que o pai dele consegue dormir durante o dia, enquanto a mãe não consegue, pois fica sempre fazendo alguma coisa, como arrumar a casa, por isso deveria descansar é interpretado como possibilidade. Além dos verbos modais poder e dever, acima comentados, também se analisam nesta pesquisa outros: ter de / ter que ; querer ; tentar ; preferir ; pretender e precisar. Este trabalho, a partir das constatações de Costa (1997), pretende verificar a parte o comportamento dos verbos modais nas formas variantes estudadas, esperando encontrar resultados semelhantes aos apresentados pela autora.

35 34 Este assunto é mais discutido no capítulo 7, apresentando maiores detalhes dessa variação em relação aos verbos modais.

36 35 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 SOCIOLINGÜÍSTICA VARIACIONISTA A sociolingüística variacionista é um modelo teórico que tem por pressuposto a possibilidade de sistematização da heterogeneidade lingüística. William Labov foi um dos primeiros a relacionar as variações lingüísticas às diferenciações existentes na estrutura social de cada comunidade, formulando a Teoria Variacionista. Labov (1972), em seu trabalho mais conhecido, investigou o inglês de Nova York com a finalidade de descobrir não apenas como os falantes pronunciavam o /r/, mas os fatores que orientavam a ocorrência das variantes. Para William Labov (1972), a sociolingüística é o estudo da estrutura lingüística e sua evolução no contexto social de uma comunidade de fala. O pressuposto básico do estudo da variação entendida como a coexistência de duas ou mais formas para dizer a mesma coisa, ou seja, com o mesmo significado - é o de que a heterogeneidade lingüística não é aleatória, mas regulada por um conjunto de regras. Segundo Chambers (1995), a variação lingüística não é livre, mas obedece a padrões regulares que possuem significação social, revelam a forma como as línguas os refletem e as relações sociais. Os dados podem ser analisados sem ser necessário se recorrer ao axioma da categoricidade. A sociolingüística entende que a homogeneidade lingüística é um mito, que pode trazer conseqüências graves na vida social. O objeto de estudo da Sociolingüística é a língua observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu objetivo é identificar as motivações, os fatores que controlam a variação, e o peso de cada um deles sobre a ocorrência de uma ou outra variante.

37 36 Vale ressaltar, também, que as correntes que antecederam a sociolingüística laboviana explicavam os fatos lingüísticos com outros fatos lingüísticos. Não consideravam os fatores extralingüísticos, ou seja, limitavam-se apenas à estrutura da própria língua. Ferdinand de Saussure, no início do século XX, não exclui o componente social ao tratar da língua. À langue ele reserva o fator social, já que é como instituição mantenedora de uma norma compartilhada entre membros de uma certa comunidade. Já a parole diz respeito às realizações individuais do falante, a variação. Segundo Saussure (1995), a língua é um fato social, no sentido de que é um sistema convencional adquirido pelos indivíduos no convívio social. No entanto, o aspecto social só pode ser investigado ao se tomar os indivíduos em seu contexto social. O paradoxo de Saussure gira em torno do fato de que, ao analisar a língua, os dados de um único falante, geralmente o lingüista baseado em suas intuições, são suficientes para o estudo. Contudo, para se estudar a fala individual, deve-se estudar a língua na comunidade, como assinala Chambers (1995: 25-26). A lingüística saussureana estabeleceu a homogeneidade do sistema lingüístico como um pré-requisito para a análise lingüística. Depois do Estruturalismo de Saussure, Noam Chomsky (1957 e 1965) propõe o Gerativismo, que rompe com o pensamento até então predominante, mas continua dando à língua um tratamento que desconsidera os fatores que lhe são externos, ou seja, observa a língua pressupondo um caráter homogêneo. Verifica-se que a Teoria Gerativa entende que o objeto da lingüística é um sistema homogêneo e que sua atualização, por um falante-ouvinte ideal, não seria afetada por fatores externos à língua. Observa-se, assim, que o Estruturalismo e o Gerativismo consideram a língua como homogênea. Dessa maneira, não consideram que um indivíduo participa de diferentes subsistemas lingüísticos e que altera seus hábitos lingüísticos. Nota-se que tais teorias em muito diferem da proposta sociolingüística.

38 37 William Labov, com sua Teoria Variacionista, reage às demais teorias postulando a heterogeneidade inerente ao sistema lingüístico, propondo analisar e sistematizar as variações e mudanças que ocorrem a partir da fala. Como ele assinala, é impossível existir uma teoria lingüística que não priorize a relação entre língua e sociedade. Há uma relação entre língua e sociedade muito evidente, que não poderia deixar de estar presente nas reflexões sobre qualquer fenômeno lingüístico. A relação entre língua e sociedade teve papel decisivo nos estudos desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX, pois, até então, a lingüística não privilegiou os aspectos de natureza social, histórica e cultural da observação, descrição, análise e interpretação do fenômeno lingüístico. A inclinação para relacionar linguagem e sociedade está patente na reflexão de vários autores do séc. XX. Alguns lingüistas como Antoine Meillet, Mikhail Bakhtin, Marcel Cohen, Emile Benveniste, Roman Jakobson, constituem, apesar das diferenças teóricas, referências bibliográficas obrigatórias na consideração social dos estudos lingüísticos. 3.2 FUNCIONALISMO LINGÜÍSTICO Segundo Nichols (1984: 97), na lingüística atual, há três abordagens teóricas que se destacam: o estruturalismo, o formalismo (ou abordagem gerativa) e o funcionalismo. O estruturalismo descreve as estruturas gramaticais como fonemas, morfemas, relações sintáticas, semânticas, constituintes e sentenças. A gramática gerativa analisa a extensão do fenômeno, mas constrói um modelo formal da linguagem. O funcionalismo, semelhantemente ao gerativismo e ao estruturalismo, analisa a estrutura gramatical, mas inclui na análise toda a situação comunicativa (o propósito do evento de fala, os participantes e o contexto discursivo).

39 38 Uma das definições de funcionalismo o considera um movimento particular dentro do Estruturalismo, caracterizando-se por entender a estrutura fonológica, gramatical e semântica das línguas como determinada pelas funções que exercem nas sociedades em que operam. A hipótese fundamental da perspectiva funcionalista é que do uso da língua a comunicação na situação social origina-se a forma da língua, com as características que lhe são peculiares, inclusive diferentes subsistemas. Isso supõe entender a língua como um objeto maleável, probabilístico e não-determinístico. Para o funcionalismo, a língua é um instrumento de interação social entre os seres humanos, usado com o objetivo principal de estabelecer relações comunicativas entre os usuários. Assim, a gramática funcional tem sempre em consideração o uso das expressões lingüísticas na interação verbal. Segundo Neves (1997:22), a gramática funcional visa a explicar regularidades dentro das línguas e através delas, em termos de aspectos recorrentes das circunstâncias sob as quais as pessoas usam a língua. Segundo a teoria funcionalista, a gramática está sujeita às pressões do uso e as relações entre as unidades e as suas funções têm prioridade sobre seus limites e sua posição. Um dos princípios básicos dessa teoria é a concepção de linguagem como atividade cooperativa entre falantes reais. Para Nichols (1984), a essência do funcionalismo é que a linguagem reúne fins comunicativos. A comunicação não é somente valiosa devido ao conteúdo, denotação, sujeito e predicado, mas também à natureza e ao propósito do evento de fala como fenômeno cultural e cognitivo. Os mais representativos desenvolvimentos da visão funcionalista da linguagem são comumente relacionados às concepções da Escola Lingüística de Praga. Neves (1997: 17) afirma que o que se buscava, afinal, nessa análise, era a avaliação da frase efetivamente realizada, com determinação da sua função no ato de comunicação, e com base no princípio

40 39 de não biunivocidade entre as formas e funções. Vale pontuar que é a Escola de Praga a responsável pelo termo função 13. Nos Estados Unidos, essa perspectiva ganhou força a partir da década de Foi a partir desse período que as análises funcionalistas se tornaram comuns e os estudiosos passaram a usar o rótulo de funcionalistas, embora esse termo tenha sido utilizado anteriormente na Escola de Praga. De acordo com a ênfase dada à noção de função em modelos teóricos, pode-se obter uma visão bipartida das tendências da lingüística atual, dividida em dois pólos: a) pólo formalista: trata da estrutura sistemática das formas de uma língua, enquanto a função fica num plano secundário; b) pólo funcionalista: analisa a relação sistemática entre as formas e as funções de uma língua, observa a língua como um todo e as diversas modalidades de interação social, priorizando o papel do contexto, principalmente o social. Uma das distinções dos modelos funcionalista e formalista diz respeito ao primeiro buscar uma explicação para fatos lingüísticos de forma associada à situação comunicativa, às relações funcionais que estes estabelecem com o contexto lingüístico e fora deste âmbito, como 1) que características sócio-culturais o usuário possui, 2) com quem ele fala, 3) com que propósito fala, etc. Enquanto o segundo faz a abstração do uso ao mesmo tempo que demonstra suas descrições e regras com exemplos artificiais e isolados. A gramática formal enfoca as características internas da língua, relacionando-se à langue. A gramática funcional, no entanto, relaciona-se à parole ou à interação entre os subdomínios, defendendo uma perspectiva mais integrativa na qual todas as unidades e os padrões da língua seriam compreendidos em termos de funções. 13 Função é um termo polissêmico, é preciso não o considerar como uma coleção de homônimos. Entretanto, vários sentidos têm em comum a noção de dependência. Assim, o papel desempenhado por um elemento lingüístico deve ser explicado em função de outros, relacionados ao processo comunicativo.

41 40 Em termos gerais, no paradigma formal, a língua natural é considerada um objeto formal abstrato; a gramática, uma tentativa para caracterizar esse objeto formal em termos de regras de sintaxe formal e sua função principal consiste na expressão dos pensamentos. Segundo o paradigma funcional, a língua é instrumento de interação social e sua função é o estabelecimento de comunicação entre os usuários. Tendo em vista essas definições de Funcionalismo Lingüístico, este trabalho se insere como pertencente a essa linha. Os representantes dessa linha que são adotados neste trabalho são Bybee, Givón, Heine, Hopper e Thompson Gramaticalização Em linhas gerais, gramaticalização é um processo de mudança lingüística em que um item de uma categoria lexical se transfere para uma categoria gramatical, ou um item já gramatical se torna ainda mais gramatical (Hopper & Traugott, 1993). É com Meillet, no século XX, que o processo de gramaticalização é visto como a atribuição de um caráter gramatical a uma palavra anteriormente autônoma. Há duas perspectivas de estudo da gramaticalização: a histórica, que estuda as origens das formas gramaticais, bem como as mudanças típicas que as afetam, e a sincrônica, que estuda o fenômeno do ponto de vista de padrões fluidos de uso lingüístico. A gramaticalização é, portanto, um fenômeno diacrônico e sincrônico. O processo tem um caráter gradual, pois embora se possa encontrar uma estrutura substituindo completamente outra, por um considerável período de tempo coexistem a forma nova e a velha, que entram em variação, sob diversas condições, e essa variação encontrada nada mais é do que o reflexo do caráter gradual da mudança lingüística. Vale salientar que a forma nova não expulsa a forma velha imediatamente, mas começa a ser usada como variante cada vez mais

42 41 freqüente, até a possível substituição da forma velha. Assim, é injustificável e impraticável a separação rígida entre diacronia e sincronia, visto que o processo é um contínuo, e toda tentativa de segmentação de unidades discretas é arbitrária. Um ponto relevante a mencionar diz respeito à existência de cinco princípios de gramaticalização, postulados por Hopper (1991:22). 1) Estratificação ( layering ): coexistência de diversas camadas. A emergência de novas camadas/ variantes não implica eliminação das antigas. Ao contrário, as camadas interagem e coexistem dentro de uma mesma área funcional. É o caso, no português, do futuro do pretérito sintético e do perifrástico, assim como o do pretérito imperfeito nas formas sintéticas e perifrásticas, com a noção de irrealis. 2) Divergência: remete à preservação, conservação da forma lexical que deu origem a um processo de gramaticalização. Esta forma, a forma fonte, na terminologia de Heine et alii (apud Omena & Braga, 1996: 79), pode permanecer como um item lexical autônomo e, enquanto tal, sofrer ou não as mudanças que atingem os itens da classe a que pertence. O verbo IR, por exemplo, mantém seu estatuto de verbo pleno em Iria à praia no domingo e aparece também como verbo auxiliar na forma perifrástica: Iria terminar o texto na segundafeira. A divergência é um tipo de estratificação, pois implica a coexistência de formas. 3) Especialização: refere-se ao estreitamento de escolhas sofridas pelas construções gramaticais. Uma forma pode tornar-se obrigatória, já que a possibilidade de escolha diminui. Neste trabalho, pretende-se mostrar alguma especialização da forma perifrástica. A hipótese é a de que ela entra na língua para expressar modalidade. 4) Persistência: diz respeito à manutenção, à permanência de vestígios do significado lexical original, de alguns traços semânticos da forma fonte na que sofre gramaticalização. Especulase que o verbo IR, neste caso, mantém seu traço que expressa o curso de fatos a partir de um

43 42 ponto locativo ou temporal qualquer. A persistência pode resultar situações ambíguas, dependendo do contexto. 5) Decategorização: refere-se a uma diminuição do estatuto categorial de itens gramaticalizados e, conseqüentemente, aparecimento de formas híbridas. As formas em processo de gramaticalização tendem a perder ou neutralizar os marcadores morfológicos e os privilégios sintáticos característicos das categorias plenas nome e verbo, e a assumir atributos característicos de categorias secundárias como adjetivo, particípio, preposição, etc. O verbo IR está assumindo uma posição de auxiliar na forma perifrástica. No entanto, em muitos locais, como também é o caso de Vitória, a sentença Iria ir para Vitória sofre preconceito lingüístico, o que demonstra que o verbo IR não adquiriu, ainda, estatuto pleno de verbo auxiliar. A idéia de que o uso da língua nas situações reais de comunicação envolve as transformações que sofrem os elementos lingüísticos no decorrer do tempo põe em evidência a unidirecionalidade dessas transformações. Assim, conforme explicita Martelotta et alii (1996: 59), os elementos, com o processo de gramaticalização, perdem a liberdade típica da criatividade contextualmente motivada do discurso e tornam-se mais fixos e mais regulares. Assim, advérbios de lugar assumem função de conjunção, e não viceversa; vocábulos transformam-se em afixos, e não vice-versa. A partir dessa noção de unidirecionalidade, defendida por alguns teóricos estudiosos do processo de gramaticalização, as mudanças estão envolvidas em fatores de ordem cognitiva, sociocultural e comunicativa. Além disso, a unidirecionalidade relaciona-se ao fato de que os termos sempre partem de uma categoria mais concreta para uma mais abstrata, numa escala que tem a seguinte configuração, conforme estabeleceu Heine (2003: 586):

44 43 pessoa > objeto > atividade > espaço > tempo > qualidade Segundo Bybee (2003), a freqüência exerce papel crucial nos processos de gramaticalização e a autora afirma que seqüências freqüentemente usadas tendem a se tornar automáticas, funcionando como uma única unidade. Para exemplificar, cita a construção em inglês com be going to > gonna, colocando que dentre tantos verbos que poderiam expressar movimento, apenas a construção com go se gramaticalizou. É possível afirmar que, no português, também podemos verificar esse fenômeno com o verbo IR, não só com o item, mas com a construção em que se dá. Além disso, faz algumas observações a respeito desse fenômeno: 1) A força semântica é enfraquecida pela freqüência de uso, há uma perda do sentido primeiro da forma. No caso da construção aqui estudada, IR + verbo no infinitivo com a noção de irrealis, percebe-se que nessas construções o sentido de movimento, característica do verbo IR, está enfraquecido em exemplos como Iria gostar de comer uma torta; 2) Ocorre redução ou fusão fonológica com a repetição. Ainda não é muito perceptível esse aspecto no tema explorado; 3) A freqüência propicia uma autonomia maior para a construção, ocasionando perdas e enfraquecimentos entre associações dos seus componentes individuais com outros elementos de mesmo uso; 4) A perda de transparência semântica leva ao uso da construção em novos contextos, com novas associações, estabelecendo mudança semântica. O verbo pleno IR não mais apresenta em todos os contextos a idéia de movimento. Em Ia ficar em casa, a idéia de movimento não desapareceu, pois ficar em casa indica ausência de movimento. No entanto, na oração Ia permanecer calado, não se encontra idéia concreta de movimento, há uma noção mais abstrata envolvida;

45 44 5) A autonomia do sintagma freqüente permite o seu adentramento na língua, preservando características antigas. O verbo IR apresenta outros valores, mas a idéia de movimento não foi completamente inutilizada, em Iria à escola estudar amanhã a idéia de movimento em iria não foi completamente apagada. Ao abordar a freqüência, Bybee (2003: 604) estabelece dois tipos: freqüência de ocorrência (token frequency) e freqüência de tipo (type frequency). A primeira relaciona-se à noção de freqüência da ocorrência do dado, como indica o próprio nome. A segunda se refere à freqüência de um tipo de estrutura em particular. A freqüência de uso aumenta à medida que as formas apresentam uma extensão semântica ou generalização. Tornam-se mais gerais, mais abstratas no sentido, mais amplamente aplicáveis e conseqüentemente mais freqüentes. Em relação ao verbo IR, percebe-se que a extensão de sentido, que ultrapassa a noção de movimento e apresenta sentidos mais abstratos, propiciou um uso mais freqüente, sendo mais aplicável. Os estágios da forma IR foram: espaço > tempo > situação modal (auxiliar) As palavras derivadas com alta freqüência parecem opacas e apresentam traços de significado que não estão presentes na forma base, são processadas como unidades independentes das partes que as compõem. Como assinala Bybee (2003: 618), chegará um ponto em que os falantes ficarão surpresos com a história de gonna, assim como acontece com o verbo no futuro no português (amare + habeo).

46 45 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Durante o estudo, encontraram-se textos que apresentavam direta ou indiretamente o tema da alternância FP versus PI. Abordam-se a seguir questões referentes ao tema em foco sob a ótica de Said Ali (1969), Cunha & Cintra (2000), Luft (2000), Bechara (1989; 2003), Mira Mateus et alii (1983), Vilela e Koch (2001), Câmara Jr. (1956 e 2001), Leão (1961) e Costa (1997 e 2003). 4.1 GRAMÁTICAS DO PORTUGUÊS Said Ali (1969: 165) 14, em sua Grammatica Secundaria de Língua Portuguesa, já na primeira metade do século passado, afirma a possível substituição do futuro do pretérito pelo pretérito imperfeito do indicativo ou pelo pretérito mais que perfeito do indicativo, em orações condicionadas. O imperfeito é geralmente preferido na linguagem familiar. A forma do mais que perfeito, também empregada na oração condicionante, encontra-se com freqüência na linguagem antiga. Comparem-se estes exemplos: Se chovesse, eu tomava um carro. Se mais mundo houvera, lá chegara. (Camões) Se fosse feriado, não havia aula. Na Gramática do Português Contemporâneo, Cunha & Cintra (2000: 452) apontam os possíveis empregos do pretérito imperfeito do indicativo e no quinto tópico afirma ser possível empregá-lo: 14 A data se refere à 8ª edição do livro, o qual foi escrito provavelmente durante a década de 1930.

47 46 Pelo futuro do pretérito, para denotar um fato que seria conseqüência certa e imediata de outro, que não ocorreu, ou não poderia ocorrer: O patrão é porque não tem força. Tivesse ele os meios e isto virava um fazendão. (Monteiro Lobato, u, 236.). Luft, em sua Moderna Gramática Brasileira (2000), não aborda diretamente o uso do futuro do pretérito, mas apresenta informações interessantes no capítulo relacionado aos tempos verbais. Nota-se que, primeiramente, o autor não aceita a tripartição temporal, afirmando que o tempo futuro não existe, ou seja, em sua gramática aparece uma visão temporal dicotômica (passado/ presente). Em seguida, Luft (2000: 131) procura esclarecer sua posição. os chamados futuros são locuções de infinitivo + haver mascaradas: cantar hei, cantar hia, com aglutinação na pronúncia (1º acento tônico absorvido pelo segundo), representada na escrita: cantarei, cantaria. A semântica de decisão, projeto (irei), hipótese (onde estará Fulano?), etc. é modo (e não tempo ), próprio de haver auxiliar modal ; tempo, só na implicação secundária de que planos, decisões, etc. se projetam no futuro. Os termos da NGB futuro do presente/ futuro do pretérito permitem pois esta paráfrase: o futuro está na semântica de projeto, decisão, etc. e presente/ pretérito (imperfeito) são os do verbo haver aí camuflado: hei/ havia = hia. Bechara (2003) não cita a substituição do futuro do pretérito pelo pretérito imperfeito do indicativo. Coloca que o futuro do pretérito implica também a modalidade condicional, em referência a fatos dependentes de certa duração, como em cantaria. Contudo, em sua Moderna Gramática Portuguesa (1989: 274), afirma que o futuro do pretérito pode ser substituído pelo pretérito imperfeito do indicativo, principalmente na conversação, quando se quer exprimir fato categórico, ao citar os possíveis empregos dos tempos verbais do indicativo. Forma análoga a Cunha e Cintra (2000). Vilela e Koch (2001), em sua Gramática da Língua Portuguesa, definem tempo como uma categoria gramatical realizada exclusivamente pelo verbo, e, também, como categoria nocional, a partir de lexemas, morfemas e expressões várias. Ao definirem e descreverem os tempos verbais, não citam o uso do pretérito imperfeito do indicativo com a

48 47 noção de irrealis. Em relação ao futuro do pretérito, afirmam que este indica a ação verbal a partir de um tempo passado, visto como futuro, mas sem qualquer relação com o presente e também como uma suposição acerca de algo que no passado foi afirmado acerca do passado. Esses autores expressam o uso do futuro como modal. Inicialmente, definem modalidade como a atitude do falante perante a validade do conteúdo fixado no enunciado, que é apresentado como coincidente ou não coincidente com a realidade. Existem dois tipos de modalidade: a real e a irreal, que se referem, respectivamente, ao futuro do presente e do pretérito. Além disso, colocam que o modo realizado no chamado futuro do pretérito exprime 1) a irrealidade no passado, 2) desejo com verbos de vontade, 3) avaliação (do valor) de informações obtidas por canais intermediários e, ainda, 4) a suavização de uma afirmação. Por fim, analisamos a Gramática da Língua Portuguesa, em Mira Mateus et alii (1983) que afirmam que os tempos naturais são presente, passado e futuro, sendo que o futuro exprime um valor modal, e, em línguas em que não está gramaticalizado, é discutível considerá-lo um tempo. Vale ressaltar que as autoras falam da substituição do futuro do pretérito pelo pretérito imperfeito do indicativo, acrescentando que esse emprego é expresso corretamente. É possível perceber a partir das abordagens de gramáticas do português analisadas que não há a menção do termo variação. A maioria dos gramáticos prefere usar substituição ou possíveis empregos para se referir à variação entre o futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo. Além disso, não se referem às construções perifrásticas.

49 ESTUDOS ESPECÍFICOS Câmara Jr. A forma verbal portuguesa em ria, de Câmara Jr. (1956), é uma obra de suma importância para a fundamentação deste trabalho. Aborda os problemas da designação dessa forma verbal, as formas que podem substituir outras que também expressam a irrealidade. Assim como o morfema ria e a dificuldade de encará-lo como um tempo pertencente ao modo indicativo, visto que não apresenta muitas características que possibilitariam considerálo como tal. O maior problema da denominação relaciona-se ao fato de que esta forma é uma criação românica e não foi considerada pela tradição greco-latina. Muitos o chamam de condicional, mas isso acarreta características de modo e não de tempo. Segundo Câmara Jr. (1956: 04), a denominação de condicional decorreu da focalização de um molde frasal em que nas línguas românicas figura a forma verbal em ria: o de uma correlação em que a frase assertiva toma o aspecto de uma apódose condicionada por uma prótase condicionante. O autor lembra que alguns gramáticos preferiram denominar essa forma modo irreal a condicional, tentando expressar mais incisivamente assim a irrealidade da apódose. Em relação à irrealidade, Câmara postula que dimana do contexto, e não de uma significação intrínseca da forma em ria. Assim, há uma relação entre o caráter modal da irrealidade e a natureza temporal desta forma. Além disso, depende de uma condição para poder realizar-se.

50 49 Essa condição pode ser tratada de três maneiras: 1) desconsiderá-la ou deixá-la implícita; 2) explicitá-la na frase na forma de um complemento e 3) destacá-la numa oração própria, como uma prótase e apódose. A forma verbal ria surge historicamente como resultado da aglutinação ao infinitivo do verbo, do pretérito habeba- do auxiliar habere encliticamente reduzido (port. ia). Graças a essa origem, decorrente de um pretérito, a associação formal com o futuro românico levou alguns gramáticos a estabelecer a denominação perifrástica futuro do passado ou do pretérito Câmara (1956: 07). A forma em ria surge em orações com um subjuntivo pretérito na prótase, que impõe o uso dessa forma verbal. Mattoso Câmara apresenta o fenômeno de substituição do futuro do pretérito por uma categoria temporal de passado como um emprego essencialmente coloquial e popular, pertencente a um plano lingüístico em que não foi introduzida a forma de futuro com a mais elaborada tripartição das categorias temporais (1956: 74). Além disso, o autor relaciona o uso do pretérito imperfeito na função de ria a uma falta de projeção do fato num tempo futuro. Conceitua (1956: 38) o futuro do pretérito como tudo aquilo que ultrapassa o momento atual e estabelece um além do que presente em seu sentido estrito: é como uma linha de que conhecemos o ponto de partida e daí se estende ao infinito. Mas há, concomitantemente, o que ultrapassa o estrito momento passado, focalizado pelo sujeito falante, parando, ou não, onde começa o presente: é como uma linha de que temos o ponto de partida no passado e muitas vezes no presente o ponto de chegada. Segundo o autor, a existência de um futuro do pretérito é a conseqüência da sistematização integral de um quadro de tempos em que se insinuou o conceito e a forma de futuro. O futuro do ponto de vista do momento passado pode reportar-se a um fato que:

51 50 1) Realmente ocorreu Ex.: Ele disse que viria (e cumpriu a promessa); 2) Está para se dar ainda Ex.: Ele disse que viria (amanhã); 3) Não passou de uma previsão errônea, a qual afinal não se verificou Ex.: Ele disse que viria (e não apareceu). O terceiro caso relaciona-se à expressão do irreal. No segundo, há a possibilidade de alternância com o futuro do presente. O primeiro é um uso do futuro do pretérito genuinamente temporal. Um ponto de partida virtual para a criação do futuro do pretérito está nas formas perifrásticas com auxiliares indicando vontade, desejo, intenção, etc., com significação modal. Essas formas firmaram-se nas antigas línguas indo-européias. Hoje ocorre algo análogo em português, que seria a perífrase com o auxiliar IR no pretérito imperfeito. O verbo IR funcionando como auxiliar para expressar a irrealidade, segundo o autor, pode estar relacionado a uma repetição do ciclo que, na fase românica, levou à substituição do futuro tradicional latino por locuções dessa ordem. Parece haver nessas construções com o auxiliar IR uma ambigüidade intrínseca que só o contexto ou a situação pode desfazer. Apresenta uma significação modal, demonstrando a intenção do sujeito, e o próprio sentido do verbo ir, expressando movimento físico. A respeito das formas em ria, Mattoso (1956: 46) apresenta como variantes em português a perífrase em -ia ou, mesmo, as locuções com dever, poder, etc., no pretérito imperfeito. São variantes mórficas de uma mesma significação básica, que às vezes, até, alternam num dado texto sob impulsos estilísticos, em que entram o propósito de quebrar a monotonia formal e, mais ainda, o de acentuar certas diferenças modais.

52 51 A explicação para o uso do pretérito imperfeito do indicativo nas expressões de irrealidade substituindo a forma ria deve-se ao fato de que as formas de pretérito imperfeito apresentavam um valor modal, nas quais o valor temporal era o do auxiliar. Foi aos poucos que surgiu um conceito de futuro e, em relação ao auxiliar no pretérito imperfeito, uma categoria nítida de futuro do pretérito. Além das variantes com o pretérito imperfeito do indicativo para expressar o irreal, Câmara Jr. cita a variante havia de + infinitivo e o uso do pretérito mais que perfeito em ra, que expressa desejos sabidamente impossíveis. Porém, em português, essa variante possui valor na linguagem literária e está em declínio no português corrente. A respeito desses três tempos verbais para expressar a irrealidade (futuro do pretérito, pretérito imperfeito e pretérito mais que perfeito), o autor (1956: 80) apresenta diferenciações no uso das três formas variantes: No pretérito imperfeito não entra ainda a categoria de futuro, coordenada com a de passado, de sorte que a apódose é atualizada no momento condicionante da prótase. No futuro do pretérito já se tem, ao contrário, um avanço da apódose como fato futuro em relação à prótase. No pretérito mais que perfeito, por seu turno, esse avanço resolve-se em recuo e a categoria de futuro desaparece numa intensificação da categoria de passado. A partir do ponto de vista do autor, é possível perceber que a forma verbal portuguesa em ria apresenta um uso que vai além de muitas expectativas. Ao analisá-la, percebe-se a importância de um estudo estilístico e gramatical conciliado que parece ter mais a ver com o caráter popular. Mattoso Câmara (1981: 123) discute questões bastante pertinentes relacionadas ao assunto, principalmente a respeito do aspecto diacrônico do futuro do pretérito. O sufixo modo-temporal do indicativo do futuro do pretérito é, por sua vez, ria /ria/, (...) tendo-se também diacronicamente uma composição do infinitivo com formas contractas do pretérito imperfeito do verbo latino habere, português haver (cantar + ia, etc.), que, igualmente, dentro da sincronia, se mantém na mesóclise.

53 52 E também aborda a variação entre futuro e presente, além da que ocorre entre o pretérito imperfeito e o futuro do pretérito, relacionando a esta variação a questão da modalidade. A neutralização entre futuro e presente, com o uso do presente para os fatos futuros, acarreta o uso do pretérito imperfeito em vez do futuro do pretérito (...) e a correspondência entre futuro do pretérito e pretérito imperfeito se estende ao emprego atemporal dos tempos verbais para assinalar modo. Por outro lado, a oposição entre ponto de partida no pretérito, para situar o futuro, explica o futuro do pretérito para indicar dúvida no pretérito. Vale pontuar que o autor ainda cita que há formas perifrásticas, com um infinitivo e o auxiliar para expressar os dois tempos do futuro. E acrescenta que a variação entre os dois tempos verbais, ora estudados, está além de ser uma questão temporal, e sim relacionada ao valor modal, conforme se pode constatar na citação acima. Nota-se, a partir do exposto, que para Mattoso o futuro do pretérito é considerado um tempo verbal, porém revestido, de forma marcante, de um valor modal, seja de condicionalidade ou de incerteza, dúvida Vaz Leão O período hipotético, segundo Vaz Leão (1961: 13), pode ser considerado uma das entidades sintáticas mais importantes, tendo em vista que nele se revelam muitas características de uma língua e, até certo ponto, desenham-se alguns traços do feitio mental dos indivíduos que compõem a comunidade lingüística. Na primeira parte de sua obra, a autora aborda a dificuldade em distinguir hipótese e condição, optando por não estabelecer nenhuma diferença. E conceitua o período hipotético (1961: 21) como sendo conjunto de duas orações, uma das quais (geralmente a primeira)

54 53 exprime uma suposição, condição ou ponto de partida de raciocínio, iniciando-se pela conjunção se e subordinando-se sintaticamente à outra. Além disso, expõe diferentes opiniões para considerar a estrutura do período hipotético como orações independentes ou subordinadas. A autora classifica o período hipotético em três tipos, baseando-se nos estudos de gramática latina, segundo a natureza da condição expressa no primeiro membro (cf. seção 2.3): a) Período hipotético do real (realis); b) Período hipotético do potencial (potentialis); e c) Período hipotético do irreal (irrealis). Conforme mencionado, as gramáticas latinas classificam os períodos hipotéticos em três tipos: realis, potentialis, irrealis. Entretanto, Leão afirma que os fatos da língua revelam a impossibilidade de se manter tal distinção e que há necessidade de outro critério, para classificação. Ao contrário do que sugerem as aparências, nem toda condição irreal se expressa pelo esquema se + imperfeito do subjuntivo / futuro do pretérito, e nem sempre o mesmo esquema traduz irrealidade. Além disso, segundo a autora (1961: 95), o português usa ainda o esquema se + imperfeito do subjuntivo / futuro do pretérito em referência não ao presente ou futuro, mas a fatos hipotéticos que não se realizam no passado, quando a apódose tem uma perífrase formada por auxiliar modal + infinitivo. A construção se + imp. subj. / fut. do pret. é considerada pela autora como a hipótese que se torna mais duvidosa Costa Costa (1997), em sua dissertação de mestrado, analisa a variação entre as formas de futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo, em suas formas sintéticas e

55 54 perifrásticas, com a noção de irrealis, sob a perspectiva da Teoria Variacionista, investigando os fatores lingüísticos e sociais que favorecem essa variação. Para realizar tal pesquisa, utilizaram-se dois corpora, um de língua falada informal e outro de língua escrita informal. Para a investigação do fenômeno na fala, utilizou a amostra do Programa de Estudo sobre o Uso da Língua PEUL/ UFRJ e a amostra designada como Cartas serviu de corpus para a análise da língua escrita. Os dados analisados da amostra PEUL foram submetidos ao pacote de programas estatísticos VARBRUL. Ao analisar seus dados, a autora constatou 843 ocorrências das variantes na amostra PEUL, sendo 41% de PI; 34% de FP; 23% de IA + V e 02% de IRIA + V, e 185 na amostra Cartas, com 27% de PI; 65% de FP; 04% de IA + V e 04% de IRIA + V. Esses resultados demonstram uma preferência da modalidade escrita pela forma de FP, enquanto na fala informal há uma gradação entre os usos de PI, FP, IA + V e IRIA + V. A autora chega à conclusão de que as perífrases IRIA + V e IA + V parecem não ser meras substitutas de suas correspondentes sintéticas, pois possuem contextos sociais e lingüísticos próprios, sendo preferidas, geralmente, quando a forma verbal é extensa. Os mais velhos preferem a variante IRIA + V, enquanto os mais jovens IA + V. Costa (2003), em O futuro do pretérito e suas variantes no português do Rio de Janeiro: um estudo diacrônico, analisa a variação entre o futuro do pretérito, o pretérito imperfeito, as perífrases ia + infinitivo e iria + infinitivo, além da variante havia de + infinitivo que expressam a noção de irrealis, numa perspectiva diacrônica. O estudo utiliza corpora que retratam o português informal do Rio de Janeiro em vários períodos, podendo observar o comportamento do fenômeno analisado em tempo real de curta e longa duração. As amostras utilizadas para o estudo fazem parte do banco de dados do projeto PEUL/ UFRJ em dois momentos distintos do tempo: uma amostra coletada na década de 1980 e outra no início dos anos Utilizaram-se das técnicas de estudo da variação na comunidade de

56 55 fala em dois tempos (tendência) e estudo da variação no indivíduo em dois tempos (painel), visto que são essas as duas técnicas de coleta de dados para realizar um estudo lingüístico em tempo real. A respeito da análise em tempo real de longa duração, a autora fez uso de textos teatrais datados do início do século XVIII até final do século XX mais precisamente de 1733 a Vale ressaltar que, nesse corpus, constatou-se a presença escassa de IA + V com a noção de irrealis e o uso de outra variante: HAVIA DE + V (infinitivo). A partir deste trabalho, a autora pôde constatar que a variante IA + V vem se estabelecendo como forma inovadora, enquanto HAVIA DE + V praticamente caiu em desuso. Em relação aos resultados de sua pesquisa, menciona, em primeiro lugar, que seus corpora são constituídos de 673 ocorrências das formas variantes que expressam o irrealis. Um uso equilibrado entre PI e FP, este com 38% das ocorrências e aquele com 39%, a perífrase IA + V 17%, HAVIA DE + V 6% e IRIA + V não representou nem sequer 1% das ocorrências. É possível perceber a partir do banco de dados uma oscilação nas ocorrências das formas FP e PI na linha do tempo. A variante IRIA + V apareceu poucas vezes, sendo excluída da análise. Os dados do estudo na Amostra 80 demonstraram que havia um empate entre as percentagens de FP e PI, de 35 % para cada forma, desconsiderando-se os verbos modais. Enquanto que na Amostra 00 os usos se distanciaram, ocorrendo maior freqüência de uso de FP e decréscimo de PI, resultado inesperado no julgamento da autora. Outra constatação relaciona-se ao uso de IA + V que ganhou força no decorrer de 20 anos, enquanto IRIA + V manteve o mesmo patamar. Costa tenta explicar o aumento do uso de FP por meio da suposição de que as entrevistas da amostra 2000 apresentem maior grau de formalidade, uma maior aproximação

57 56 do uso padrão, em relação à feita na década de 1980 e comenta que outras pesquisas realizadas com este corpus mostraram resultados que apontam para a mesma direção. Dezesseis dos informantes que fizeram parte da amostra PEUL, na década de 1980, foram recontactados vinte anos depois, permitindo comparar o desempenho lingüístico deles em duas épocas distintas de sua vida. Muitos dos informantes eram adolescentes na década de 1980, e alguns deles atingiram o nível superior completo ou incompleto. Estes informantes usavam pouco a variante FP, entretanto, depois dos vinte anos, passaram a utilizá-la com mais freqüência, além da grande queda de PI e uma diminuição de IA + V. Segundo a autora (2003: 128), isso confirma o status de maior formalidade da variante e sua vinculação à influência da escola. Observe a tabela apresentada pela autora com os percentuais de uso nos dois períodos. Variantes Amostra 80 (I) Amostra 00 (I) FP 33 = 21% 58 = 57% PI 56 = 36% 07 = 07% IA + V 65 = 42% 35 = 34% IRIA + V 01 = 0,6% 02 = 02% Total Tabela 1: Totais de dados produzidos por informantes que ganharam escolarização entre o primeiro e o segundo contato - ESTUDO PAINEL Em relação aos informantes que mantiveram o mesmo grau de escolaridade, foi possível verificar que a freqüência de FP não teve aumento. A partir dos dados obtidos, Costa conclui seu texto afirmando que se pôde constatar como formas variantes da noção de irrealis as perífrases com ir e haver de e as formas flexionadas de PI e FP. Em relação a um possível processo de gramaticalização do auxiliar ir, a autora (2003: 139) afirma que este item lexical deixa de exercer função principal que indica uma

58 57 noção semântica de movimento, passando a funcionar como um auxiliar que indica predição/ futuridade. De qualquer forma, acreditamos que nossa análise empírica permitiu comprovar a maioria de nossas hipóteses sobre o processo de mudança que está em curso no sistema verbal do português brasileiro e que este estudo representa mais uma contribuição à história da evolução de nossa língua.

59 58 5 METODOLOGIA Conforme mencionado anteriormente, o objetivo desta pesquisa é descrever a variação sistemática entre as formas de futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo, nas formas sintéticas e perifrásticas, que expressam a noção de irrealis, definidos na seção 2.3 desta dissertação. Procura-se, neste trabalho, estabelecer a sistematicidade das formas alternantes estudadas na comunidade de fala capixaba, a partir do banco de dados do projeto O português falado na cidade de Vitória, de acordo com os contextos lingüísticos e sociais. Tal tarefa será possível graças à metodologia da Sociolingüística Variacionista Laboviana, comentada no terceiro capítulo desta dissertação. Seguindo os procedimentos teórico-metodológicos da Teoria Variacionista, procurouse obter um número significativo de dados do uso real do capixaba. Foi obtido um total de 1080 dados das formas variantes estudadas no âmbito do irrealis. A média de ocorrências obtidas no corpus pesquisado é de 23,47 dados por entrevista. Vale ressaltar que esta dissertação é a primeira pesquisa a analisar sistematicamente todo o corpus desse projeto. O pressuposto básico do estudo da variação é o de que a heterogeneidade lingüística, tal como a homogeneidade, não é aleatória, mas regulada, governada por um conjunto de regras. Assim, tal como existem regras categóricas que levam o falante a usar certas formas, existem condições ou regras variáveis que funcionam para favorecer ou desfavorecer, variavelmente e com pesos específicos, o uso de uma ou outra das formas em cada contexto. A metodologia da Teoria da Variação constitui uma ferramenta poderosa e segura que pode ser usada para o estudo de qualquer fenômeno variável nos diversos níveis e manifestações lingüísticas.

60 59 Depois de efetivada a coleta de dados, levantaram-se as hipóteses (mencionadas a seguir na seção 5.2) sobre quais fatores lingüísticos e extralingüísticos estariam relacionados ao uso de cada forma variante. Pesquisou-se um total de oito grupos de fatores - as variáveis independentes. Analisaram-se cinco fatores lingüísticos: 1) Paralelismo; 2) Tipo de texto; 3) Saliência fônica; 4) Extensão lexical; e 5) Ambiente sintático-semântico. Além de três fatores extralingüísticos: 1) Faixa etária, 2) Gênero/ sexo e 3) Escolaridade. Após levantamento, codificação e digitação, os dados obtidos foram submetidos ao pacote de programas estatísticos computacional Goldvarb (versão 2001). O Goldvarb é um aplicativo para analisar múltiplas variáveis, como a por ora descrita. Ele possibilita a contagem dos dados, demonstrando o comportamento das variantes frente a cada grupo de fatores, apontando os percentuais de cada um deles. O programa ainda permite um resultado em peso relativo, calculados a partir de um modelo logístico, que possibilita identificar a força de cada restrição em relação ao fenômeno variável. Os valores superiores a 0.5 costumam ser interpretados como favoráveis à aplicação da regra, enquanto valores inferiores a 0.5 como inibidores. Mas é preferível avaliar esses números como uma ordenação, pois como ressalta Naro (2004: 24) temos que ter muita cautela ao dizermos que um peso menor que 0.5 desfavorece a aplicação da regra ou ao compararmos valores numéricos de pesos calculados para diversos conjuntos de dados. Além disso, o Goldvarb fornece a seleção estatística dos grupos de fatores por ordem de relevância. Essa seleção se faz de acordo com o grau de significância para cada fator ou conjunto de fatores. O programa funciona interativamente e os resultados mais significativos são aqueles cuja significância é ou mais próxima desse valor. Vale salientar que os resultados numéricos obtidos pelos programas só terão valor estatístico. Cabe ao lingüista interpretar e atribuir seu valor lingüístico. Como assinala Naro (2004: 16), o problema central que se coloca para a Teoria da Variação é a avaliação do

61 60 quantum com que cada categoria postulada contribui para a realização de uma ou outra variante das formas em competição. No uso real da língua, que constitui o dado do lingüista, seja na forma falada ou na forma escrita, tais categorias se apresentam sempre conjugadas; na prática, a operação de uma regra variável é sempre o efeito da atuação simultânea de vários fatores. A seguir, apresenta-se a descrição da amostra analisada. E, posteriormente, quais os tipos de ocorrências consideradas neste trabalho. 5.1 CARACTERIZAÇÃO DO CORPUS A presente pesquisa, a exemplo de outros estudos de orientação sociolingüística, examinou um corpus composto de representantes de uma comunidade de fala no caso, a capixaba. Os informantes que compõem o banco de dados foram selecionados de acordo com a faixa etária, sexo, escolaridade e origem. Deu-se preferência a falantes que tivessem nascido em Vitória, porém, quando esses não foram encontrados, buscaram-se aqueles que, pelo menos, haviam-se deslocado para a cidade até os cinco anos de idade, ou que ali tivessem passado mais de três quartos de sua vida, no caso da faixa etária mais elevada, conforme mencionado por Mazieira & Tesch (2002). Vitória, fundada há mais de 450 anos, ainda não possuía estudos lingüísticos sistemáticos de caráter sociolingüístico. Yacovenco (2002: 102) pontua a importância de se formar um banco de dados da comunidade de fala capixaba, pois

62 61 a formação de um banco de dados fundamentada em uma metodologia sociolingüística laboviana permite o registro da língua em seu uso efetivo, proporcionando o conhecimento mais aprofundado da realidade lingüística de uma comunidade e, por conseguinte, o ajuste do ensino de língua portuguesa, em todos os seus níveis, a uma realidade mais concreta, evitando a imposição indiscriminada de uma só norma histórico-literária, por meio de um tratamento menos prescritivo e mais receptivo das diferenças socioculturais existentes. Na constituição desse banco de dados, definiram-se três níveis de escolaridade (ensino fundamental, médio e superior), quatro faixas etárias (de 7 a 14 anos, de 15 a 25, de 26 a 49 e de 50 anos em diante) e informantes dos dois sexos (homens e mulheres). As várias células foram distribuídas aleatoriamente pelas regiões sócio-econômicas da cidade (conforme a divisão estabelecida pela Prefeitura, melhor apresentada na seção seguinte), e tal distribuição orientou a procura e seleção dos informantes. O corpus do projeto O português falado na cidade de Vitória compõe-se de quarenta e seis entrevistas, cada uma com cerca de uma hora duração. Observe a distribuição: Idade ou + Sexo H M H M H M H M Totais Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Número total de informantes entrevistados 46 Tabela 2: Distribuição dos informantes de acordo com as variáveis sociais O projeto O português falado na cidade de Vitória escolheu como tipo de entrevista a semidirigida 15, por este tipo proporcionar uma fala natural, mesmo trabalhando com temas pré-selecionados pelos entrevistados, já que há, também, a possibilidade de mudanças temáticas, se assim o falante desejar. 15 Na conversa semidirigida, que é conduzida como livre, faz-se a introdução de temas, que foram previamente selecionados. Observa-se quais temáticas ajudam a nortear o diálogo, introduzindo algo de informal na entrevista, já que o falante poderá discorrer sobre os assuntos que lhe forem mais familiares.

63 62 Na realização das entrevistas, objetivou-se a obtenção da fala espontânea, da maneira mais natural possível, mesmo que as circunstâncias não fossem de todo favoráveis. A gravação dessas entrevistas foi realizada a partir da conversa entre dois pesquisadores e um informante, sendo concretizada a partir de dois contatos com o informante. No primeiro, de duração de cerca de vinte minutos, havia o preenchimento de uma ficha social, a fim de se obterem informações acerca do entrevistado, além de se analisarem as preferências temáticas de cada um para facilitar a comunicação no momento da segunda entrevista. O segundo contato, que era a entrevista propriamente dita, durava aproximadamente sessenta minutos, tornando possível a obtenção de estilos formais e informais, linguagem familiar e própria de situações mais tensas, comuns nas situações de entrevistas. Esta pesquisa sobre a variação no âmbito do irrealis na fala dos capixabas pretende ser a primeira de uma série de investigações que tem por objetivo mais amplo constituir um observatório da variação lingüística na cidade de Vitória-ES. Espera-se que as descrições sobre o português da cidade de Vitória realizadas por este projeto possam ser úteis para um melhor e mais sistemático conhecimento das diferentes e múltiplas realidades lingüísticas vivenciadas pelos falantes do português brasileiro A cidade de Vitória Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, é a principal ilha de um arquipélago de 34 ilhas e o centro da Região Metropolitana da Grande Vitória, formada por esta cidade e pelos municípios de Vila Velha, Cariacica, Viana e Serra. Fundada oficialmente em 8 de setembro de 1551, Vitória, a terceira capital mais antiga do País, formou-se em volta das primeiras construções portuguesas, a igreja de São Tiago e o colégio dos jesuítas, datadas de 1551, ano oficial de sua fundação. Era conhecida como Ilha

64 63 de Santo Antônio, mas, devido a uma vitória sobre os índios, sob, segundo crença, a proteção de Nossa Senhora das Vitórias, teve seu nome mudado para Vila de Nossa Senhora das Vitórias. Nos 300 anos iniciais de sua história, Vitória foi uma vila-porto, tendo enfrentado franceses e ingleses que aportavam em busca de açúcar e de pau-brasil. Em meio ao pequeno núcleo urbano, de feição nitidamente colonial, havia "capixabas" - roças - na língua indígena - expressão que acabou servindo para denominar os habitantes da ilha e, posteriormente, todos os espírito-santenses. Somente em 24 de fevereiro de 1823, ocorreu a emancipação política do município, após a assinatura de um Decreto-Lei Imperial. Nas últimas décadas do século XX, a cidade passou por um processo de transformação econômica e social, graças à instalação de empresas estatais no município. Na educação, Vitória é líder nacional em educação infantil, sendo uma referência brasileira na qualidade no ensino, com 95,5% de taxa de alfabetização e 93,4% de taxa de freqüência escolar 16. Em relação à organização espacial, Vitória possui 93,38 quilômetros quadrados, com uma população de aproximadamente 292 mil habitantes, em 74 bairros, alguns surgidos de invasões, aterros ou loteamentos irregulares. Nos últimos 20 anos, Vitória precisou passar por uma série de intervenções para amenizar os problemas resultantes de ocupação de solo desordenada. O município de Vitória é dividido em sete regiões administrativas. Essa divisão, elaborada pela prefeitura para uma melhor administração da cidade, leva em consideração as características de cada bairro. O projeto O português falado na cidade de Vitória, a partir dessa divisão já estabelecida, decidiu, após leituras e discussões acerca do assunto, também adotá-la, o que, inclusive, possibilitará um futuro estudo comparativo dessas regiões, para 16 Segundo dados da Unicef.

65 64 constatar se possuem características comuns em seu linguajar e o que as diferencia umas das outras. As sete regiões administrativas são: Regional Bento Ferreira/ Jucutuquara; Regional Continental; Regional Maruípe; Regional Praia do Canto; Regional Centro; Regional Santo Antônio e Regional São Pedro. A seguir, o mapa da cidade de Vitória com a distribuição das sete regiões administrativas. Figura 1: Mapa da cidade de Vitória com as sete regiões administrativas.

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