Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região 2012 e 2103
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- Isabella Espírito Santo Damásio
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1 Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região 2012 e 2103 Newton De Lucca Mestre, Doutor, Livre-Docente, Adjunto e Titular pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Presidente do TRF da 3ª Região 2012 e 2013, Desembargador Federal, Diretor Presidente da Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região Membro da Academia Paulista dos Magistrados Membro da Academia Paulista de Direito Theatro Municipal de São Paulo - São Paulo, 2 de abril de 2012 Newton De Lucca é Desembargador Federal desde 1996 e professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo USP desde Eleito para presidir o Tribunal Regional Federal da 3ª Região TRF-3, onde tramitam meio milhão de processos para apenas 43 (quarenta e três) desembargadores federais, tornou-se o primeiro presidente oriundo do quinto constitucional da advocacia, profissão à qual se devotou durante 25 (vinte e cinco) anos. O Des. Newton De Lucca presidirá a Corte em 2012 e 2013 e pretende propor a atualização do regimento interno do Tribunal, que tem se revelado lacunoso e falho. Pensa também em criar uma segunda vice-presidência e transferir algumas atribuições da presidência ao conselho de administração.
2 Indagado se planeja alguma mudança na gestão dos servidores, respondeu que pretende fazer uma espécie de mudança no eixo axiológico sobre o qual a administração do Tribunal tem girado. É que áreas-meio foram supervalorizadas em detrimento da área-fim... Num momento em que tanto se queixa da morosidade da Justiça, há que se mudar essa hierarquia de valores que, a meu ver, não se compadece com reclamos da justiça célere. Revista Virtual Direito Brasil: Quais são suas metas como presidente do TRF-3? Des. Newton De Lucca: Devo dizer, inicialmente que devo me apropriar da realidade interna do Tribunal para que possa estabelecer e hierarquizar as metas. Dizer mais do que isso há de parecer excesivamente imprudente É preciso que se faça cuidadoso diagnóstico de tudo o que ocorre no Tribunal para que se possa responder, com a adequação e prudência desejáveis. Arrisco-me a dizer, apenas fazendo-o com muita humildade e sem nenhuma pretensão de formular algo com o aparato do definitivo que, a primeira das metas será recolocar o Tribunal Regional Federal da 3ª Região no lugar deveras proeminente que lhe está reservado, seja pela magnitude de sua importância, seja por destinação histórica Em segundo lugar, pretendo propor a atualização de regimento interno do Tribunal, que tem se revelado lacunoso e falho. Além disso, penso que há necessidade de criação de uma segunda vice-presidência e de transferência de algunas atribuições da presidência ao conselho de administração. Penso, por derradeiro, que há necessidade de outorgar-se a verdadeira importancia à área fim do tribunal. Revista Virtual Direito Brasil: Em que nível está o trabalho de implantação do processo eletrônico? Des. Newton De Lucca: Diz-se, corriqueiramente, que o processo eletrônico está verdadeiramente implantado entre nós. Isso não é verdade. Nós estamos nos primeiros passos para despapelizá-lo, passando à fase do processo digitalizado. Este, porém, está na proto-história, ainda, do que deverá ser o processo eletrõnico.
3 Revista Virtual Direito Brasil: Há falta de verbas? Como o senhor pretende conducir a questão orçamentária? Des. Newton De Lucca: O Poder Judiciário recebe ínfimos 2,37% do valor que a Lei Orçamentária Anual nº , de 19 de Janeiro de 2012, atribui ao Poder Executivo. O descompasso, por tanto, é evidente. No que se refere à questão orçamentária, por outro lado, devo dizer que pretendo conduzi-la com os esforços necesarios para obtenção de dotações orçamentárias destinadas a cada uma das unidades da 3ª Região que possibilitem, efetivamente, os seus desenvolvimentos para a prestação jurisdiccional de forma célere, eficiente e adequada. Revista Virtual Direito Brasil: O quadro de pessoal do TRF-3 é adequado às necesidades da Corte? O senhor planeja alguna mudança na qestão dos servidores? Qual? Des. Newton De Lucca: O quadro é adequado, mas com o provável aumento do número de desembargadores federais, haverá necessidade da abertura de novos concursos públicos para a formação e estruturação dos novos gabinetes O mesmo se diga no que tange ao quadro de novas varas federais, demandará seleção de pessoal, via concurso público. Quanto à mudança na gestão dos servidores, tal como já afirmei em outras oportunidades, pretendo fazer uma espécie de mudança no eixo axiológico sobre o qual a administração do Tribunal tem girado. É que áreas-meio foram supervalorizadas em detrimento de área-fim Num momento em que tanto se queixa da morosidade da Justiça, há que se mudar essa hierarquia de valores que, a meu ver, não se compadece com os reclamos da justiça célere. Revista Virtual Direito Brasil: Como avalia as metas estabelecidas pelo CNJ para o TRF-3? Des. Newton De Lucca: Penso que tais metas foram, na medida do possível, atingidas pelo nosso Tribunal. Digo na medida do possível porque a situação de nossa Corte é absolutamente incomparável com a de qualquer outra. Nela tramitam cerca de meio milhão de processos somente em segunda instancia e, diante de tal número, é preciso que a meta fixada seja com ele compatível.
4 Revista Virtual Direito Brasil: Conciliação e multirões têm sido incentivados pelo CNJ. Essas medidas têm ajudado a reduzir o passivo do Tribunal? Des. Newton De Lucca: É incontroverso que o acesso à justiça é garantia constitucional pela qual todo cidadão pode buscar a tutela jurisdiccional. Terá sido ela suficiente no plano da eficacia? Parece-me que não. É necesario termos, igualmente, uma saída satisfatória da justiça. Para isso, é imprescindível o aprimoramento das regras processuais e, em especial, a utilização dos sistemas alternativos de composição, dentre os quais a conciliação. Essa filosofia foi adotada pelas gestões anteriores (desde 2004) e, evidentemente, ganhou mais destaque com o incentivo do CNJ, especialmente ao elegê-la política pública do Poder Judiciário (Resolução nº 125/2010). A conciliação, antes de reduzir o passivo do Tribunal, como efeito natural que lhe é inerente, favorece o diálogo entre as partes de maneira a propiciar que, em outras situações de conflito, elas tentem, preferencialmente, buscar a solução de suas desavenças por esse meio, antes de acionar o Judiciário. Considerada sua aptidão para resolver definitivamente o conflito, com menor custo e maior eficiência, por resultar de decisão exclusiva das partes e não da resolução formal do processo não raro determinante de recursos às instâncias superiores, embargos e ações resisórias, que eternizam os conflitos, fazendo-os transpor gerações indubitavelmente não podemos abrir mão deste meio de pacificação social que, por decorrer de decisão consensual, raramente tende a gerar novos questionamentos e, por tanto, protelar a final definição do caso. Infelizmente, o sucesso da conciliação não depende apenas do Poder Judiciário, como tem sido recorrentemente apregoado. Torna-se absolutamente indispensável que o Poder Executivo Federal, por intermédio de suas autarquías, empresas públicas e também os órgãos da administração direta abram mão de uma parcela mínima de suas pretensões a fim de que, efetivamente, os acordos celebrados atinjam o fim maior da pacificação social. Já no que se refere aos mutirões, seria desejável a existência de adequado planejamento, estruturação, metodologia de trabalho e pessoal qualificado, a fim de que este projeto pudesse frutificar admiravelmente, sem prejuízo da qualidade da prestação jurisdicional.
5 Revista Virtual Direito Brasil: O senhor tornou-se magistrado pelo quinto constitucional dos advogados. Como vê as críticas que segmentos da sociedade fazem ao sistema do quinto constitucional? Des. Newton De Lucca: Para ser franco, acho-as injustas. Penso que os advogados e os membros do Ministerio Público podem efetivamente contribuir com aquele saber das experiências feito, de que nos falava o grande poeta Camões. Não se trata de trazer o total arejamento, de que tanto se fala, às Cortes de Justiça e sim de proporcionar uma visão mais abrangente dos problemas sociais. O magistrado de carreira, por mais brillante que seja nem sempre pode captar, em toda sua extensão e alcance, o que se deflagra na realidade social, mergulhado que está numa plétora invencível de processos. Revista Virtual Direito Brasil: Como pretende conciliar suas aulas na USP com a presidência do TRF-3? Des. Newton De Lucca: Mantendo minha férrea disciplina com relação aos horários de trabalho. Minhas aulas na USP muito tempo antes da existência do CNJ e das decisões do Supremo sobre a matéria sempre foram dadas ou no horário da manhã, entre 7h25 e 10h, na graduação, ou noite, entre 19h30 e 23h, na pós-graduação. Jamais atrapalharam, por tanto, minha atividade jurisdicional. É o que espero que continue a acontecer durante o meu mandato de presidente. Caso, porém, eu esteja equivocado em minha expectativa, claro que tomarei a iniciativa de me licenciar do cargo de profesor titular da Faculdade de Direito da USP. Revista Virtual Direito Brasil: Estimado Professor e Desembargador Newton De Lucca nosso agradecimento pela entrevista concedida no mês de maio de 2012 como novo Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região e também por repartir seus conhecimentos, colocando em nossas mãos as ferramentas com as quais abriremos novos horizontes, rumo à satisfação plena dos ideais humanos e profissionais. Parabéns e sucesso em sua gestão 2012 e Aliás... o impossível é o possível que nunca foi tentado. Chega quem caminha... Sem esforço não existe vitória... Felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar... (Aristóteles).
6 Penso que os advogados e os membros do Ministerio Público podem efetivamente contribuir com aquele saber das experiências feito, de que nos falava o grande poeta Camões. Não se trata de trazer o total arejamento, de que tanto se fala, às Cortes de Justiça e sim de proporcionar uma visão mais abrangente dos problemas sociais. (Newton De Lucca) Muito obrigada! Maria Bernadete Miranda Diretora Responsável da Revista Virtual Direito Brasil
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