PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA - 3 o TRIMESTRE 2010
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- Diogo Regueira Lacerda
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1 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA - 3 o TRIMESTRE 2010 PROF. MARCUS NOME Nº 9º ANO A compreensão do enunciado faz parte da questão. Não faça perguntas ao examinador. A prova deve ser feita com caneta azul ou preta. É terminantemente proibido o uso de corretor. Respostas com corretor serão anuladas. Esta prova é composta de NOVE questões dispostas em CINCO páginas. Leia os textos abaixo: Apesar de Você (1970) Chico Buarque TEXTO 1 Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Esse samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora tenha a fineza De desinventar Você vai pagar, e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar Inda pago pra ver O jardim florescer Qual você não queria Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença E eu vou morrer de rir E esse dia há de vir Antes do que você pensa Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia Como vai se explicar Vendo o céu clarear De repente, impunemente Como vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente Você vai se dar mal Etc e tal TEXTO 2 Ao lado do desempenho brilhante da economia, que a comunicação e a propaganda oficial creditam ao governo, o quadriênio do presidente Médici é também o do auge da radicalização política do regime militar, do autoritarismo e da repressão. A oposição política, alvo de centenas de expurgos nos dois governos anteriores e no da Junta Militar, está debilitada. Os movimentos sindical e estudantil estão enfraquecidos, contidos pela repressão, emudecidos pela censura e ofuscados pela euforia econômica. Praticamente não há passeatas, comícios, agitações de rua nem greves. As forças de segurança, militares e policiais, com ampla liberdade de ação e, muitas vezes, com exageros típicos da arbitrariedade ditatorial, como prisões descabidas, torturas, seqüestros e mortes, combatem e vencem a esquerda armada. A luta é desigual, pela desproporção das forças. A guerrilha está pulverizada em várias organizações, que fazem assaltos a bancos, seqüestros de diplomatas estrangeiros, guerrilha rural como 1
2 a do Araguaia, no Pará, a mais longa, patrocinada pelo PC do B, e também matam. Guerra. Em pontos localizados, mas guerra. Práticas abusivas aos direitos humanos persistem mesmo após a dizimação das várias facções, com seus integrantes mortos, desaparecidos, presos, foragidos, exilados. Há evidências de permanência pontual de torturas e outros crimes até o terceiro ano do governo Geisel, 1976, interrompidas por intervenção direta do presidente da República. Para a repressão, uma das principais utilidades da tortura era forçar rápidas confissões para evitar o rompimento da cadeia, da corrente de ligação entre os guerrilheiros: em certo período de tempo, cada um deles se comunicava obrigatoriamente com o elo seguinte, para evidenciar que estava ativo. Isto é, que não fora preso e estava vivo. Se não ocorria o sinal no tempo combinado, a cadeia se desfazia, sinalizando queda do militante e alertando os guerrilheiros. Daí, a maior intensidade das torturas logo após as prisões: obter as informações antes que o elo se rompesse. Sinistro, mas verdadeiro. Mesmo depois da eliminação da guerrilha urbana, no começo de 1972, o aparelho repressivo, especialmente o DOI-CODI paulista, não interrompe sua guerra repressiva. Vai atrás do que considera seus inimigos, inclusive esquerdistas visceralmente contrários à luta armada. O clima de medo é mantido. Na verdade, ao contrário do que supuseram seus idealizadores, a guerrilha nunca empolgou o país. Os grupos atuaram de forma isolada, não obtiveram solidariedade popular e escolheram lutar exatamente no terreno em que o adversário era incomparavelmente mais poderoso e profissionalmente preparado, o das armas. Ainda quando as condições brasileiras fossem favoráveis e não eram, a época não poderia ser mais adversa e inoportuna. O país vivia o limiar da euforia do "milagre econômico, quando a luta armada eclodiu em Não havia ambiência nem viabilidade para massificar as idéias e ações revolucionárias. A verdade é que, apesar de sinalizarem resistência e contestação ao regime autoritário, essas ações tiveram como contrapartida principal crescente prestígio, fortalecimento e autonomia do sistema de informação e repressão. Ele passou a atuar com maior agressividade e violência. No início dos anos setenta, a esquerda armada está em declínio, quase agonizante. Depois da morte de Carlos Lamarca, líder da VPR, em setembro de 1971, a única ação expressiva é um foco de guerrilha do PC do B, cerca de setenta pessoas, na região de Xambioá, Pará. Identificada em 1972, a Guerrilha do Araguaia, como ficou conhecida, é aniquilada em Segundo a imprensa, morreram 59 guerrilheiros. O grande público a ignorou por causa do controle de informações e da censura. (COUTO, Ronaldo Costa. História indiscreta da ditadura e da abertura: Brasil: Rio de Janeiro: Record, 2003.) SOBRE OS TEXTOS 01. (1,5) Uma das grandes estratégias dos artistas e intelectuais para driblar a censura prévia durante o período militar foi a inteligência. A canção, de Chico Buarque, foi submetida à censura, e passou. Começou a tocar no rádio, e por pouco não virou hino. Somente um mês após o lançamento, quando se aproximava das 100 mil cópias vendidas, o samba foi proibido, e o disco foi recolhido nas lojas. Após a leitura do TEXTO 2, Interprete a canção de Chico Buarque, explicando de que forma suas possibilidades de leitura permitiram que se conseguisse passar pelos censores, e por que a canção foi proibida em seguida. 2
3 NOME Nº 9º ANO 02. (1,5) De acordo com o TEXTO 2, quais eram os principais objetivos da tortura, durante o regime militar? Escreva com suas próprias palavras. 03. (1,0) Releia os versos retirados do TEXTO 1: A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Levando em conta o contexto da publicação da canção, a interpretação mais adequada dos versos acima corresponde a: a) A baixa auto-estima do brasileiro, que não entende muito bem o que está acontecendo no país b) A boa educação do brasileiro, que se tornou mais polido c) O patriotismo do brasileiro, que sempre fala de sua própria terra d) A repressão do Estado, que regula a liberdade de expressão dos cidadãos e) Nenhuma das alternativas anteriores 04. (1,0) De acordo com o TEXTO 2, a guerrilha urbana não emplacou porque: I. Os guerrilheiros de esquerda não conseguiram apoio popular. Eles não conseguiram convencer a população de que a única maneira de vencer a repressão e o regime totalitário era através da luta armada. II. Além de estarem profissionalmente mais preparados e armados do que os guerrilheiros esquerdistas, os militares tinham em seu favor a repressão e o controle de informações, o que deixou o público alienado a tudo o que acontecia. III. Apesar da censura, o público era esclarecido e entendia que os militares tinham razão ao reprimir os subversivos de esquerda, que apenas queriam chamar a atenção para si. Sobre as afirmações: a) I e II estão corretas b) Apenas a I está correta c) I e III estão corretas d) Apenas a II está correta e) Apenas a III está correta GRAMÁTICA 05. (1,0) Assinale a alternativa em que há uma relação de finalidade entre as orações: a) Os movimentos sindical e estudantil estão enfraquecidos, contidos pela repressão, emudecidos pela censura e ofuscados pela euforia econômica. b) Há evidências de permanência pontual de torturas e outros crimes até o terceiro ano do governo Geisel, 1976, interrompidas por intervenção direta do presidente da República. c) Não havia ambiência nem viabilidade para massificar as idéias e ações revolucionárias. d), amanhã há de ser outro dia. e) Na verdade, ao contrário do que supuseram seus idealizadores, a guerrilha nunca empolgou o país. 3
4 06. (1,0) Empregando uma das palavras do quadro, indique a circunstância expressa pela oração adverbial destacada. CAUSA CONSEQUÊNCIA FINALIDADE CONDIÇÃO CONCESSÃO COMPARAÇÃO CONFORMIDADE PROPORÇÃO - TEMPO a) Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros b) [...] em certo período de tempo, cada um deles se comunicava obrigatoriamente com o elo seguinte, para evidenciar que estava ativo. c) Se não ocorria o sinal no tempo combinado, a cadeia se desfazia, [...] d) Apesar de sinalizarem resistência e contestação ao regime autoritário, essas ações tiveram como contrapartida principal crescente prestígio, fortalecimento e autonomia do sistema de informação e repressão. e) A Guerrilha do Araguaia, como ficou conhecida, é aniquilada em (1,0) Explique a concessão expressa no título da canção. 08. (1,0) Releia o trecho retirado do TEXTO 2: Os guerrilheiros comunistas lutavam pelo povo, mas não tiveram apoio popular. a) Transforme a oração em destaque em subordinada adverbial concessiva. b) Explique qual é a diferença existente na relação entre as orações, comparando o trecho citado e a sua resposta na letra a. 4
5 NOME Nº 9º ANO 09. (1,0) Desenvolva as orações reduzidas destacadas abaixo. Em seguida, indique suas respectivas funções sintáticas. a) Há evidências de permanência pontual de torturas e outros crimes até o terceiro ano do governo Geisel, 1976, interrompidas por intervenção direta do presidente da República. b) [...] uma das principais utilidades da tortura era forçar rápidas confissões para evitar o rompimento da cadeia, da corrente de ligação entre os guerrilheiros [...] c) Se não ocorria o sinal no tempo combinado, a cadeia se desfazia, sinalizando queda do militante e alertando os guerrilheiros. d) Não havia ambiência nem viabilidade para massificar as idéias e ações revolucionárias. DESAFIO (+0,5) Releia o segundo parágrafo do TEXTO 2: Para a repressão, uma das principais utilidades da tortura era forçar rápidas confissões para evitar o rompimento da cadeia, da corrente de ligação entre os guerrilheiros: em certo período de tempo, cada um deles se comunicava obrigatoriamente com o elo seguinte, para evidenciar que estava ativo. Isto é, que não fora preso e estava vivo. Se não ocorria o sinal no tempo combinado, a cadeia se desfazia, sinalizando queda do militante e alertando os guerrilheiros. Daí, a maior intensidade das torturas logo após as prisões: obter as informações antes que o elo se rompesse. Sinistro, mas verdadeiro. Na oração em destaque, diga qual é o tempo verbal utilizado e explique, de acordo com o texto, o que ele indica. BOA PROVA!!! Prof. Marcus 5
APESAR DE VOCE (C) Chico Buarque 1 C6(9) F7(13) C6(9) F7(13) C6(9) F7(13) C6(9)... (amanhã Vai ser outro dia amanhã vai ser outro dia) E7(b13) Am7 Abº Gm6 A7/G D7/F# Hoje você é quem manda Falou, tá falado
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