Do tamanho de mim (Bento, 3 anos)

Transcrição

1 Do tamanho de mim (Bento, 3 anos)

2 Erguer torres, construir castelos ou ainda inventar algo novo a partir de cilindros expostos sem uma proposta conduzida exige que as crianças exercitem habilidades bastante complexas. Pesquisam o equilíbrio, o próprio tamanho, o corpo e o esforço necessários para a construção, a pesquisa em grupo. O fazer-desfazer faz parte de aprofundar a pesquisa e testar, testar e retestar as hipóteses. Neste dia, Matheus, 2 anos e 6 meses, começa a retirar os cilindros da estante e passa a dispô-los enfileirados.

3 Sua pesquisa, ainda no começo, já chama a atenção de Bento, 3 anos, que vem observar, atento, o trabalho do colega.

4 Matheus vai tornando a obra mais complexa, conforme passa a sobrepor os cilindros e, assim, cria um segundo andar.

5 Para levar os cilindros até a construção, Matheus ora segura um só, ora tenta segurar o máximo possível de cilindros e equilibrá-los em seus braços, em uma pesquisa própria de equilíbrio e de estratégia de construção. De quantos cilindros dou conta por vez? Como faço para equilibrar tantos assim?, parece perguntar a si mesmo. Segurando somente um ou dois cilindros, o risco de desiquilíbrio é muito menor, mas o desafio de conseguir levar mais cilindros de uma só vez acaba sendo mais atraente. As crianças se autodesafiam o tempo todo: testam o que conseguem realizar e quais as melhores estratégias.

6 É para uma festa! Diz Matheus, quando questionado sobre o que era a construção. Embora questionado sobre o que, responde para que. Quando termina de organizar sua obra para festa, Matheus deixa a pesquisa temporariamente.

7 Quando Matheus saiu, Bento começou uma nova construção bem próxima à feita por Matheus. Em vários momentos, pediu ajuda da educadora, indicando onde ela deveria colocar os cilindros, com a preocupação de estar do mesmo tamanho da construção que ele fazia ao lado, com os cilindros que dava conta de pegar sozinho.

8 Após alguns andares duplos feitos em conjunto, Bento passa a colocar os cilindros sozinho e de forma centralizada. Isso se seguiu até que, de tão alta a torre, não alcançasse mais o topo para continuar.

9 Pela foto podemos observar Bento usando toda a extensão de seu corpo para alcançar a torre. Um corpo que se alonga e se projeta para cima, tentando, dentro dos limites de seu corpo, alcançar o topo por ele construído e talvez assim conseguir transpô-lo.

10 Nesse momento, Fernando se aproxima já com outro cilindro na mão, pois provavelmente já estava observando a torre em construção, e percebe que, assim como seu colega, já não alcançaria a altura em que a torre estava. Os olhares começam a percorrer o entorno e se voltar para a educadora, que questiona: e agora?.

11 Bento já olha para o tanque de areia para pegar o cilindro mais largo. Em seguida, o posiciona em frente à torre e o cobre com um disco, o que permite que suba sobre o cilindro e, mais alto, consiga alcançar o topo da torre.

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13 Mário se aproxima e posiciona outro cilindro largo do lado oposto e coloca um balde dentro do cilindro. Depois recorre a uma peça que se assemelha a um banquinho e a coloca em frente à torre. No entanto, seguem conversando sobre como ficar mais alto.

14 Bento também preenche o interior do outro cilindro mais largo, mas com um dos cilindros menores.

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16 Enquanto Bento sobe no cilindro que ele escolheu e preencheu, Mário sobe no banquinho vermelho. Mas faltava ainda uma forma de Fernando, que também participava a seu modo da construção, ficar mais alto.

17 Então, Fernando traz como solução uma das cadeiras dispostas no quintal. Ao subir nela e acrescentar mais um cilindro, no entanto, acaba derrubando a torre. Quando a torre cai, a educadora pergunta: o que vão fazer? Vamos fazer outra. Do tamanho de mim., diz Bento E retomam a construção. Vai, segura, Mário Calma aí. Vou fazer grande, oh Muito grande!, diz Fernando Opa! (Mário) De novo! (Bento) Vai, vamos fazer. (Fernando) Peguei. (Mário)

18 Esse não vale. (Fernando) E eu também. (Bento) Vai fazer grande. Não Não destrua. (Mario) Nesse momento, Gabriel traz outra cadeira e coloca ao lado da primeira, mas os meninos já decidem reconstruir uma torre bem pequena, bem baixinha e desfazê-la antes que cresça, o que parece divertir bastante. Cada um deu sua contribuição para resolver o problema em relação à altura da torre e nisso testaram algumas possibilidades. A torre cair não foi um problema, pois não há um objetivo definido, e o processo de sua construção é o que mais os motiva. Após desfazerem as torres algumas vezes, Bento passa a explorar formas de se equilibrar e de cair do disco sobre o cilindro, começando já outra pesquisa.

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