Biomassa vegetal e sequestro de carbono: estudo de caso através de trabalho de campo realizado no município de Santos
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- Lídia de Abreu Carreira
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1 Biomassa vegetal e sequestro de carbono: estudo de caso através de trabalho de campo realizado no município de Santos João Thiago Wohnrath Mele¹; Pedro Paulo de Mello e Souza Lima¹; Rivaldo Rodrigues Novaes Júnior¹; Walter Barrella²; Milena Ramires². ¹Alunos do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Marinhos e Costeiros Universidade Santa Cecília (UNISANTA). ²Docentes do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Marinhos e Costeiros Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Resumo As mudanças climáticas, as quais possuem na atualidade como principal causa atividades antrópicas geradoras de Gases do Efeito Estufa (GEE), impactam significativamente os ambientes naturais e artificiais, ocasionando o aumento da temperatura média do planeta Terra, a perda da biodiversidade e a vulnerabilidade de populações, com sérias implicações na economia mundial. Neste diapasão, a compreensão do ciclo do carbono na natureza, em especial através da emissão de GEE decorrentes da queima de combustíveis fósseis por veículos automotores, os quais apresentam um significativo aumento da frota no Estado de São Paulo, constitui-se em fator essencial na busca de soluções viáveis para que o sequestro de carbono, através da biomassa vegetal, possa ser efetivamente implantado pelas indústrias e utilizadores de veículos. O presente trabalho, através de um estudo de caso realizado no município de Santos-SP, realizou a mensuração de carbono absorvido por espécies arbóreas na região, demonstrando que a biomassa vegetal necessária para o sequestro de carbono emitido por um veículo popular ao longo de um ano é relativamente baixa e economicamente viável, impondo-se a necessidade de implantação de instrumentos eficazes para o plantio compensatório de espécies arbóreas nativas na região, como forma de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e proporcionar maior sustentabilidade às atividades humanas geradoras de GEE. Palavras-chave: biomassa vegetal sequestro de carbono mudanças climáticas. Plant biomass and carbono sequestration: a case study through fieldwork conducted in the city of Santos Abstract Climate change, which have at present the main cause generating human activities Greenhouse Gases (GHG), significantly impact the natural and artificial environments, causing the increase in average temperature of the planet Earth, the loss of biodiversity and the vulnerability of populations, with serious implications for the world economy. In this vein, the understanding of the carbon cycle in nature, especially through the GHG emissions resulting from the burning of fossil fuels by motor vehicles, which have a significant increase in the fleet in São Paulo, it is an essential factor in search for viable solutions for carbon sequestration through biomass, can be effectively implemented by industries and vehicle users. This paper, through a case study conducted in the municipality of Santos-SP, performed the measurement of carbon absorbed by tree species in the region, demonstrating that the biomass necessary for carbon sequestration issued by a popular vehicle over a year is relatively low and economically viable, imposing the need to implement effective tools for the Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 52
2 compensatory planting of native tree species in the region, in order to mitigate the effects of climate change and provide greater sustainability to the human activities generating GHG. Keywords: plant biomass carbon sequestration climate changes. Introdução As mudanças climáticas vêm causando ao longo das últimas décadas impactos consideráveis em sistemas naturais e humanos em todos os continentes e oceanos do planeta Terra. Conforme consignado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC (FIELD, 2014), as alterações acentuadas no clima causam aumento da temperatura média da atmosfera e dos oceanos, com maior incidência de tornados e furacões, derretimento das camadas de gelo e neve, alterando a dinâmica hidrológica de ecossistemas e afetando reservas hídricas em termos de quantidade e qualidade. Ainda segundo referido estudo, as mudanças climáticas, as quais possuem na atualidade como principal causa atividades humanas geradoras de Gases do Efeito Estufa, causam impactos mais negativos do que positivos, sendo a causa de extinção de espécies, sem prejuízo de afetarem de modo significativo a própria economia e sociedades humanas, destacando-se o risco de vulnerabilidade de populações mais expostas às mudanças do clima, gerando o aumento de conflitos violentos na adaptação ocasionada por tais mudanças (FIELD, 2014). Yu (2004) cita que o dióxido de carbono (CO2) circula em quatro principais estoques de carbono: atmosfera, oceanos, depósitos de combustível fóssil e biomassa terrestre, formando o chamado ciclo do carbono. O autor cita ainda que a absorção de carbono, pelos vegetais, transformando-o em substâncias orgânicas, é de grande importância para a dinâmica dos ecossistemas. Figura 1: Ciclo do Carbono (MADINGAN, 2004). O consumo destas substâncias orgânicas pela atividade humana, em especial na forma de combustíveis, nada mais é do que um retorno do carbono, acumulado pelos vegetais queimados, à atmosfera. Estas emissões, nos moldes como vem ocorrendo na atualidade, são prejudiciais ao equilíbrio atmosférico do planeta e dificultam a sobrevivência das mais variadas espécies, contribuindo para as alterações climáticas de modo significativo. A obtenção de energia através de combustíveis fósseis e sua utilização pelas sociedades humanas são fatores ocasionadores de incremento da concentração de dióxido de Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 53
3 carbono (CO 2 ) na atmosfera, sendo este gás considerado um gerador do efeito estufa, juntamente com o metano (CH 4 ), óxido nitroso (N 2 O), hidrofluorcarbono (HFC), perfluorcarbono (PFC), hexafluoreto de enxofre (SF 6 ), óxido de nitrogênio (NO x ), monóxido de carbono (CO) e os componentes orgânicos voláteis (VOC), além dos clorofluorcarbonos (CFC) e dos hidroclorofluorcarbonos (HCFC), substâncias estas listadas nos Protocolos de Montreal, de 1987, e de Quioto, de 1997 (SÃO PAULO, 2014). Considerando que a frota veicular vem apresentando ao longo dos anos uma tendência de crescimento, conforme se verifica exemplificadamente na Figura 2, o setor de transportes, gerador de Gases do Efeito Estufa, representa o maior fator de emissão de CO 2 no Estado de São Paulo, com destaque para o modal rodoviário, conforme ilustram as Figuras 3, 4 e 5: Figura 2: Evolução da Frota Veicular na Região Metropolitana da Grande São Paulo de 2003 a 2012 (SÃO PAULO, 2014). Figura 3: Intensidade de emissão de carbono no Estado de São Paulo de 2003 a 2012 (SÃO PAULO, 2014). Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 54
4 Figura 4: Participação dos setores na emissão de CO 2 do Estado de São Paulo no ano de 2012 (SÃO PAULO, 2014). Figura 5: Emissão de CO 2 no setor de transportes no Estado de São Paulo em 2012 (SÃO PAULO, 2014). Desta forma, alternativas para compensação ambiental do setor de transporte rodoviário, através do plantio direto de espécies arbóreas que realizem o sequestro de carbono, constitui-se em fator preponderante para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, propondo o presente trabalho, através de um estudo de caso realizado na região de Santos São Paulo, mensurar o processo de sequestro de carbono em correlação com a emissão de carbono de um veículo popular. Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 55
5 Objetivos O presente estudo tem como objetivo estimar o volume de madeira de 20 (vinte) árvores, calculando-se o conteúdo de carbono que cada uma destas árvores armazena ao longo de um ano, comparando com a taxa média de emissão de CO 2 por um automóvel popular. Desta maneira, faz-se possível determinar a quantidade estimada de árvores que é necessário plantar por ano para neutralizar a emissão de carbono de um veículo particular, de modo a serem definidas propostas de compensação ambiental por empresas e usuários de transportes privados e particulares, mitigando-se os efeitos das mudanças climáticas. Constitui-se ainda como objetivo do deste trabalho realizar uma análise estatística entre as espécies arbóreas mensuradas, de modo a comparar a taxa de assimilação de carbono entre as árvores Terminalia catappa e palmeiras (Cocos nucifera e Roystonea oleracea), objetivando a definição sobre qual espécie arbórea absorve maior quantidade de carbono. Área de estudo O trabalho foi desenvolvido no município de Santos, Estado de São Paulo, no perímetro da orla da praia de Santos, entre os canais 4 e 5, Coordenadas Geográficas SIRGAS ,60 / ,97 ; ,72 / ,10 ; ,96 / ,80 ; ,57 / ,90 ; conforme Figura 6: Figura 6: Área de Estudo, delimitada pelo polígono em vermelho. Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo (IGC-SP), com sobreposição de polígono livre, contendo as 4 coordenadas como ponto de amarração, criado pelos autores em ortofoto IGC- SP Leste do ano de Escala 1: A área objeto do estudo compreendeu o jardim da praia, o canteiro central da Avenida Bartolomeu de Gusmão e a faixa de areia próxima ao calçadão, locais estes onde se concentravam as espécies arbóreas mensuradas. Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 56
6 Material e Métodos O trabalho de campo ocorreu no dia 16 de maio de 2015, no período compreendido entre as 08:30 hs. às 10:30 hs., sendo realizado pelos autores do presente trabalho, sob a orientação dos Professores Dr. Walter Barrella e Dr. Fábio Giordano, da Universidade Santa Cecília. Referido trabalho foi desenvolvido utilizando-se como materiais trena manual e fita métrica (Figura 7), para aferição medidas do Perímetro à Altura do Peito (PAP) e trena a laser (figura 7) para mensuração da altura das árvores. Figura 7: Equipamentos utilizados no trabalho de campo de mensuração do PAP e da altura das árvores (trena manual, fita métrica e trena a laser). Fonte: os autores. A mensuração do Perímetro à Altura do Peito (PAP) das árvores se deu considerando a altura de 1,30 metros da base (ponto onde a árvore toca a superfície do solo) em direção à parte superior da árvore, circunscrevendo com a utilização da fita métrica ou trena manual o perímetro do tronco da árvore, registrando-se cada uma das medidas de cada árvore. A mensuração da altura das árvores ocorreu com a utilização de trena a laser, inicialmente mensurando-se a distância do mensurador à árvore, e sob o mesmo local de aferição onde o mensurador mediu a distância até a árvore, mensurou-se automaticamente a distância até o galho mais alto da árvore, de modo a formar um triângulo, o qual, por equações matemáticas desenvolvidas pela própria trena a laser, obteve-se a altura da árvore. Somou-se ao resultado fornecido pelo equipamento a altura de 1,65 metros, altura esta da faixa de visão do mensurador na aferição da distância e altura da árvore, conforme ilustra a Figura 8: Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 57
7 Figura 8: Modelo de mensuração de altura utilizando trena a laser. Fonte: manual de instruções da trena a laser modelo GLM 250VF Bosch Professional e fotografia dos próprios autores, considerando a altura de 1,65 metros da faixa de mensuração do mensurador. Posteriormente à obtenção dos dados em campo realizou-se no escritório o cálculo do Diâmetro à Altura do Peito (DAP), de cada uma das árvores mensuradas, através da fórmula PAP/π, sendo PAP o Perímetro à Altura do Peito mensurado em campo e π equivalente a 3,14. Todas as medidas foram realizadas tendo como unidade metros. Através da obtenção das medidas de DAP foi possível obter-se a estimativa de volume em metros cúbicos de cada uma das árvores, utilizando-se a fórmula V= (DAP/2) 2 x π x altura da árvore. Através das estimativas de volume de madeira mensuradas, considerou-se a constante da massa de carbono por unidade de volume de madeira, perfazendo a mesma 249 Kg C/m³. Com fundamento nesta constante, aplicou-se a fórmula ( m³ volume da árvore) x 249 Kg C/m³ = Kg C na árvore, obtendo-se a quantidade carbono acumulada na árvore. Para a determinação da taxa de assimilação anual de carbono de cada árvore, foi considerada constante de que as árvores crescem em média 1 (um) metro por ano. Desta forma, foi efetuado o cálculo da quantidade total de carbono estocado na árvore (Biomassa de C, em Kg) dividida pela idade estimada da árvore, considerando a altura em metros. Para comparação da taxa de assimilação anual de carbono por árvore com a taxa de emissão anual de carbono por um automóvel popular, considerou-se no presente trabalho a estimativa de que um carro popular emite em média 85,4 Kg de carbono por ano. Na elaboração da análise estatística para comparação da taxa de assimilação anual de carbono por Terminalia catappa e palmeiras, foram utilizados os softwares Past e Microsoft Excel, sendo elaborado Blox pot e Bar chat os Testes de F e t student. Resultados Utilizando-se os materiais e métodos propostos no presente trabalho, foram definidos os seguintes resultados, conforme Tabela 01, consignando-se no Anexo I (relatório Fotográfico), a discriminação das 20 (vinte) espécies arbóreas mensuradas em campo: Tendo em consideração que a taxa média de assimilação anual de carbono na área objeto do estudo foi de 36,491 Kg, tem-se como resultado que seria necessário o plantio compensatório médio de 4,653 árvores para a neutralização das emissões de carbono de um carro popular que emita em média 85,4 Kg de carbono por ano. Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 58
8 Árvore P (m) Diâmetro Altura (m) Volume Biomassa de C (Kg) Taxa de assimilação anual de C (Kg) Árvore equivalente para absorção de C de um carro popular 1 2,19 0,3789 8,55 0, ,91 28,05 3,04 2 0,78 0,2484 7,68 0, ,6 12,05 7,08 3 0,53 0,1687 5,83 0, ,39 5,55 15,38 4 1,21 0,3883 6,85 0, ,7 29 2,94 5 1,56 0,4968 7,05 1, ,1 48,24 1,77 6 0,61 0,1942 2,75 0, ,26 7,36 11,6 7 1,85 0,5891 8,8 2, ,82 67,82 1,25 8 1,19 0,3789 6,85 0, ,15 28,05 3,04 9 2,63 0,8375 6,45 3, ,17 137,08 0, ,7 0,2229 4,58 0, ,93 10,24 8, ,15 0,6847 6,74 2,48 617,52 91,62 0, ,62 0,5159 7,19 1, ,97 52,01 1, ,23 0,3917 5,23 0, ,79 29,97 2, ,83 0,2643 7,03 0, ,93 13,64 6, ,12 0,3566 4,78 0, ,79 24,79 3, ,47 0,3184 9,15 1, ,15 28, ,48 0,4713 8,26 1, ,53 43,4 1, ,6 0,5095 3,42 0, ,47 50,72 1, ,67 0,2133 3,54 0, ,44 8,81 9, ,81 0,2579 5,78 0, ,09 12,99 6,57 MÉDIA 1,3615 0, ,3255 0, , ,491 4,653 Tabela 01: Resultados do trabalho de campo da mensuração realizada em 20 árvores na área objeto do estudo. Realizando-se um estudo comparativo estatístico entre as espécies de Terminalia catappa (árvores 2, 3, 4, 7, 9, 11, 13 15, 16, 17, 20) e Palmeiras (árvores 1, 5, 6, 8, 10, 12, 14, 18, 19), foram obtidos os seguintes resultados, conforme Tabelas 02 e 03: RESULTADOS TERMINALIA CATAPPA Árvore P (m) Diâmetro Altura (m) Volume Biomassa de C (Kg) Taxa de assimilação anual de C (Kg) Árvore equivalente para absorção de C de um carro popular 2 0,78 0,2484 7,68 0, ,6 12,05 7,08 3 0,53 0,1687 5,83 0, ,39 5,55 15,38 4 1,21 0,3883 6,85 0, ,7 29 2,94 7 1,85 0,5891 8,8 2, ,82 67,82 1,25 9 2,63 0,8375 6,45 3, ,17 137,08 0, ,15 0,6847 6,74 2,48 617,52 91,62 0, ,23 0,3917 5,23 0, ,79 29,97 2, ,12 0,3566 4,78 0, ,79 24,79 3, ,47 0,3184 9,15 1, ,15 28, ,48 0,4713 8,26 1, ,53 43,4 1, ,81 0,2579 5,78 0, ,09 12,99 6,57 MÉDIA 1, , , , , , , Tabela 02: Resultados do trabalho de campo da mensuração realizada em 11 árvores de Terminalia catappa na área objeto do estudo. Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 59
9 RESULTADOS PALMEIRAS (COCOS NUCIFERA E ROYSTONEA OLERACEA ) Árvore P (m) Diâmetro Altura (m) Volume Biomassa de C (Kg) Taxa de assimilação anual de C (Kg) Árvore equivalente para absorção de C de um carro popular 1 2,19 0,3789 8,55 0, ,91 28,05 3,04 5 1,56 0,4968 7,05 1, ,1 48,24 1,77 6 0,61 0,1942 2,75 0, ,26 7,36 11,6 8 1,19 0,3789 6,85 0, ,15 28,05 3, ,7 0,2229 4,58 0, ,93 10,24 8, ,62 0,5159 7,19 1, ,97 52,01 1, ,83 0,2643 7,03 0, ,93 13,64 6, ,6 0,5095 3,42 0, ,47 50,72 1, ,67 0,2133 3,54 0, ,44 8,81 9,69 MÉDIA 1, , , , ,24 27, , Tabela 03: Resultados do trabalho de campo da mensuração realizada em 09 Palmeiras (Cocos nucifera e Roystonea oleracea) na área objeto do estudo. Observa-se que a taxa de assimilação anual de carbono pela espécie Terminalia Catappa é superior à taxa de assimilação das palmeiras, conforme se verifica na Figura 9: Figura 9: Blox pot comparativo da taxa de assimilação anual de carbono de Terminalia catappa e palmeiras. A variância da amostra de Terminalia catappa perfez o valor de 1599,32 enquanto a variância de palmeiras perfez o valor de 351,94. O desvio padrão da amostra de Terminalia catappa foi mensurado obtendo-se como resultado 39,99158 e das palmeiras obtendo-se o resultado de 18, O erro padrão auferido foi de 12,05792 para Terminalia catappa e de 6,25343 para as palmeiras, sendo o resultado do erro padrão representado graficamente através da Figura 10: Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 60
10 Figura 10: Bar chat comparativo do erro padrão da taxa de assimilação anual de carbono de Terminalia catappa e palmeiras. Realizando-se o Teste F, obteve-se como resultado da comparação das amostras de Terminalia catappa e palmeiras o valor de F = 4,5442 e de P = 0,0424. Utilizando-se o Teste t student obteve-se o valor de P = 0, Considerando um intervalo de confiabilidade de 95%, verifica-se que as variâncias das amostras de Terminalia catappa e palmeiras são diferentes. Discussão O trabalho desenvolvido demonstrou que o número de árvores necessárias para a compensação ambiental de emissão de carbono de um veículo popular no período de um ano é da ordem de 4,653 árvores por ano, número este que não perfaz uma ordem de grandeza significativa. Segundo dados da Fundação Florestal do Estado de São Paulo (São Paulo, 2015), o custo médio para recuperação ambiental de uma área de 1,0 hectares, através do plantio direto, para o ano de 2015, é de 812,67 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP), o equivalente a R$ ,25 (dezessete mil duzentos e sessenta e nove Reais e vinte e cinco centavos). Considerando o plantio das 4,653 árvores objeto deste estudo, em um espaçamento de 3 x 2 metros, seria necessária uma área de aproximadamente 0,0028 hectares, o equivalente a 28 m², a um custo total aproximado de R$ 48,35 (quarenta e oito Reais e trinta e cinco centavos). Comparando-se referido custo total de plantio das árvores ao modelo de veículo popular FIAT uno vivace 2015, o qual possui o valor de R$ ,00 (Tabela FIPE, 2015), tem-se que o custo do plantio representa 0,0017% do preço do veículo, concluindo-se pela viabilidade do plantio compensatório de árvores a um baixo custo. Desta maneira, faz-se possível a propositura de políticas públicas e normativas que contemplem a obrigatoriedade de compensação ambiental, através do plantio direto de espécies arbóreas, para as empresas vendedoras de veículos e proprietários de veículos Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 61
11 automotores, de modo a serem neutralizadas as emissões de carbono decorrentes da utilização de veículos. Observou-se ainda que a espécie Terminalia catappa absorve maior quantidade de carbono que as espécies de palmeiras (Cocos nucifera e Roystonea oleracea), conforme demonstrado neste estudo. Diante desta constatação, verifica-se a possibilidade do desenvolvimento de estudos de espécies arbóreas com maior possibilidade de absorção de carbono, as quais sejam ao mesmo tempo nativas e adequadas ao bioma a serem plantadas, devendo ser considerada ainda a necessidade de diversidade de espécies no plantio, contribuindo para a sustentabilidade do ecossistema. O trabalho revelou, sob o ponto de vista ecológico, uma baixa diversidade de espécies arbóreas plantadas na área de estudo, com destaque para a grande dominância da espécie exótica Terminalia catappa. Desta maneira, a implantação de políticas públicas para a compensação ambiental da emissão de carbono através de veículos automotores deve considerar a necessidade de que as espécies a serem plantadas sejam nativas, com adequação ecológica ao bioma de plantio, devendo ainda ser realizado os devidos tratos culturais para o bom desenvolvimento das mudas. Verificou-se também algumas interações ecológicas da avifauna, de epífitas e de líquens nas árvores objeto do trabalho, conforme Anexo I - Relatório Fotográfico, demonstrando-se que a questão da existência e do plantio de árvores constitui-se como medida que contribui não somente para a absorção de carbono, mas também para interações ecológicas de relevante serviço à biodiversidade. Conclusão É possível suavizar os efeitos dos danos ambientais provocados por atividades humanas geradoras de Gases do Efeito Estufa, fazendo o carbono refazer seu ciclo natural através de biomassa disponível nos locais de concentrações de automóveis e demais veículos automotivos, emissores urbanos de transporte individual e coletivo. Após análise, discussão e confronto das informações bibliográficas colhidas com os dados da pesquisa de campo apresentada concluiu-se que a compensação ambiental das emissões individuais de gás carbônico é viável e de baixo custo, sendo possível implementá-la por meio de programas de políticas públicas que normatizem e incentivem o plantio de árvores como forma de neutralização da poluição atmosférica. Referências FIELD, C.B. et al. (eds.). IPCC - Intergovernmental Panel On Climate Change. Climate Change 2014: Impacts, Adaptation an Vulnerability Part A: Global and Sectoral Aspects. Working Group II Contribution to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA p. 4. Disponível em Acesso em 19 de maio de MADINGAN, M.T., MSRTINKO, J.M.,PARKER,J. Microbiologia de Brock. Pearson Education do Brasil. São Paulo, Brasil. 10ª ed SÃO PAULO. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Meio Ambiente Paulista: Relatório de Qualidade Ambiental , 1ª ed. Metodologia de Ensino em Ecologia de Campo Página 62
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