3.8. Armamento defensivo e ofensivo. Legenda: Armadura de Wisby, século XIV (Fonte:wikipedia.org, consultado em Fevereiro de 2011).
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- Ana do Carmo Raminhos Belém
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1 3.8. Armamento defensivo e ofensivo Legenda: Armadura de Wisby, século XIV (Fonte:wikipedia.org, consultado em Fevereiro de 2011).
2 3.8. Armamento defensivo e ofensivo As armas de fogo eram um equipamento fundamental para os homens das ilhas portuguesas. Constituem um mecanismo de defesa pessoal e muito provavelmente um componente pessoal portátil que lhe garantiam um estatuto social de relevo. Neste capítulo faremos referência às categorias e às cronologias gerais das armas pessoais de carácter defensivo e ofensivo entre os séculos XV e XVIII, com a indicação dos elementos básicos que as distinguem. A análise serve como inventário da organização e da categorização dos achados arqueológicos. A descrição específica deste tipo de peças é um processo complexo que exige uma preparação e uma metodologia analítica qualitativamente superior à adoptada Esféricos: Projécteis, Pelouros e Balas As primeiras armas a chegar às ilhas da Madeira e dos Açores terão sido trazidas pelos então capitães das donatarias. Crê-se que tenham sido armas simples, de tubo liso, e armas de fogo carregáveis. As investigações arqueológicas na Madeira e nos Açores têm propiciado a aproximação aos componentes de armamento defensivo e ofensivo neurobalístico e pirobalístico. 911 Relativamente aos projécteis pirobalísticos, contam-se dois tipos distintos: os esféricos de mosquete, uma das primeiras armas de fogo usadas pela infantaria entre os séculos XVI e XVIII; e os esféricos utilizados pelas peças de artilharia as balas (sólidos de ferro) e os pelouros (geralmente de pedra, Fig.1437). O diâmetro destes projécteis era sempre inferior ao diâmetro da boca da peça, para que aqueles não ficassem entalados no cano. As balas de mosquete, com um diâmetro variável entre os 12 e os 15mm, foram recolhidas nas duas fortificações madeirenses do século XVIII: o Forte de São João Baptista (Figs.1320 a 1323; FSJB/07-SS-101-A, FSJB/07-SA A, FSJB/07-SA A, FSJB/07-SA A) e o Forte de S. José, no Funchal (Fig.1324, FSJ/06-S1-44). Este e outro tipo de munições eram objecto de frequentes transacções entre comerciantes das Ilhas e Continente português. O exemplo da relação do apetrechamento de uma embarcação nos Açores em 1653 mostra a preocupação com a defesa: dezasseis peças de artilharia com seos pretexos, dezaseis mosquetes, outros barris de pólvora, quoatrosentas ou quinhentas Ballas de artilharia de sortes, Ballas de mosquete as que se acharem (GIL, 1982: 356). 911 Entende-se por neurobalística "o processo de tiro em que a propulsão de projécteis é conseguida através da força elástica da flexão ou torção de cabos, que normalmente, eram feitos de nervos (neuro) ou cordas" e por pirobalística o "processo de tiro em que se utiliza, como força propulsora dos projécteis, os gases resultantes da explosão da pólvora" (PEREIRA, 1994: 36). 505
3 1cm Legenda: Conjunto de três esféricos em chumbo do Forte de são João Baptista (FSJB/07-SA-6-10-A, Fig.1321). Diâmetro: 13 a 14mm. Ao invés das balas de mosquete ou de arcabuz, os pesados esféricos de artilharia significavam um efeito assolador, mesmo perdendo a velocidade de tiro inicial. As balas de ferro seriadas para este estudo variam entre os modelos mais pequenos (do Forte de S. José, com diâmetros a variar entre os 30 e os 35mm) e os maiores, representadas por duas balas sólidas de ferro, com 100mm de diâmetro (Figs.1327 e 1328; FSJ/06-S1-39A e C.RIB/01-Achad. 4). A artilharia do Forte de São José, na Pontinha, funcionava com balas de ferro e de pedra (Figs.1326, 1327 e 1437). Para a área do Ilhéu do Funchal (Fortaleza de Nossa Senhora da Conçeição), Rui Carita faz referência ao uso de canhões pedreiros ao longo do século XVIII, coincidindo cronologicamente com o funcionamento daquela pequena fortificação do Funchal (CARITA, 1998: 404). O funcionamento dos tubos-canhão exigiam uma manutenção regular. Estruturaram-se com os reparos de madeira (carretas), e para o poder de tiro eram necessárias as colheres, para medir a pólvora que se colocava na câmara de combustão e depois os espeques, hastes e lanadas para a sua conpactação, assim como posterior limpeza, depois do tiro. Para haver disparo, era necessário fazer um foguete, ou seja, uma mecha, que comunicava o fogo do exterior à câmara de combustão, provocando a explosão que projectava a bala (CARITA, 1998: ). 2 cm Legenda: Bala em ferro do Forte de São José, Funchal (FSJ/06-S1-39A, Fig.1327). Diâmetro: 100mm. 506
4 2 cm Legenda: Bala em ferro do Forte de São José, Funchal (FSJ/06-S1-45, Fig.1437). Diâmetro: 100mm. Outros acessórios de armas de fogo estão presentes no quotidiano do Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande. Um exemplar de uma possível caçoleta de uma arma de fogo (MJ/99-170) faz parte do inventário dos componentes desta temática Armamento individual Armas de mão e armamento neurobalístico Dois elementos pertencentes a armas brancas foram recuperados dos estratos seiscentistas da Junta de Freguesia de Machico (um possível punhal em avançado estado de degradação e duas ponteiras de punhal (Figs.1292 e 1293; JFM/ e JFM/ ) e dos trabalhos de acompanhamento do centro da actual Cidade de Santa Cruz (uma outra bainha de punhal, Fig.1294, SC/99-2). As três ponteiras de bainha de punhal, em liga de cobre, exibem uma forma triangular com a ausência de motivos ornamentais. Do ponto de vista crono-estratigráfico inseremse em níveis secundários do século XVII da Junta de Freguesia de Machico, exceptuando o exemplar de Santa Cruz, recolhido à superfície durante as obras de um imóvel situado na Rua da Fontinha. 1 cm Legenda: Ponteira de Bainha de Punhal, de formato afunilado (SC/99-2, Fig.1294). Mede 40mm de comprimento e 20 mm de largura no topo. 507
5 O uso deste tipo de armas pela sociedade insular aparece documentado historicamente. Das mercadorias em circulação do reino para as ilhas da Madeira e Açores no início do século XVI (com base na leitura do Livro dos Roubos que os franceses e vasalos fizeram aos moradores desta vila de Guimarães e seu termo) salientam-se as adagas guarnecidas, as cintas e espadas guarnecidas, punhais simples e guarnecidos (AAVV, 1992: 24-25). A viagem de John Ovington ao Funchal, em 1689, deixa antever a generalização do uso das armas de mão pela sociedade local: Não podem deixar de viver sem a galhardia que atribuem ao uso de uma espada e punhal. Esses apêndices inseparáveis são até usados pelos criados que servem à mesa e que orgulhosamente se pavoneiam com os pratos, naqueles trajes solenes, com os punhos de uma espada de, pelo menos, uma jarda de comprimento e isto em pleno verão (OVINGTON, 1981: 200). 1 cm Legenda: Ponteira de Bainha de Punhal, de formato triangular (JFM/ , Fig.1292). A base mostra uma ponta semiesférica. Mede 42mm de comprimento e 19 mm de largura no topo. Um outro elemento ofensivo presente nos níveis quinhentistas de Machico é a besta. Mário Barroca esclarece que o poder de tiro desta arma tornou-a rapidamente numa das mais mortíferas e eficazes armas [da] Idade Média ( ), representando uma considerável vantagem em relação ao arco, porque podia ser armada e aguardar o tempo necessário pelo momento mais indicado para ser disparada (BARROCA, 2000: 51-52). Os únicos indícios materiais que permitem a dedução do uso da besta, e que contextualmente surgem nos estratos secundários em que foram recolhidos as cotas de malha e os componentes de brigandines, são a noz em osso e alguns fragmentos de projécteis (virotes). O exemplar fragmentado de noz de besta (Fig.1447, JFM/ ) exibe uma configuração cilíndrica (30mm de diâmetro), com uma perfuração central com 5mm de calibre, e é confeccionada em osso com uma porção de ferro, aproximando-se do ponto de vista comparativo ao exemplar recolhidos nos níveis estratigráficos dos séculos XV e XVI do Castelo de Castelo de Vide (BARROCA, MONTEIRO, 2000: 384, 508
6 Fig.184). Do ponto de vista da sua funcionalidade, este mecanismo servia simultaneamente para o encaixe da cavilha de fixação e para a rotação do uso da rama (armar e desarmar). A superfície externa reconhece uma ranhura para os dispositivos de armadilhamento. Legenda: Noz de besta, em osso e porção de ferro. (JFM/ , Fig.1447). Diâmetro: 30mm 1 cm Brigandines e cotas de malha O grupo dos materiais das peças de defesa corporal está presente na arqueologia insular pelas brigandines ou couraças e pelas peças de malha metálica. Componentes destas últimas foram identificadas nas escavações arqueológicas de Machico e de Vila Franca do Campo (Figs.1339, 1340 e 1341; VFC/MSO-32, JFM/ , VFC/MSO-22). A cota de malha é consideravelmente menos comum que as couraças metálicas sendo, provavelmente, usada de forma limitada, e quando fosse necessário maior flexibilidade na acção. Os artigos de Vila Franca do Campo (Figs.1339 e 1341), resultantes das campanhas de escavações de Manuel Sousa d Oliveira, 912 formados por pequenos anéis metálicos entrelaçados com 8mm de espessura (do conjunto fragmentado da figura 1339, VFC/MSO-32), mostram as extremidades rebatidas a martelo e fechadas com um minúsculo rebite. As únicas duas argolas metálicas de Machico (Fig.1340, JFM/ ), identificadas no mesmo contexto das couraças metálicas e dos componentes de noz de besta, exibem dois elos entrelaçados com 9mm de diâmetro, sem rebites. Esta particularidade técnica pode ser demonstrativa da componente utilitária da malha, nomeadamente da área da gola. 912 Conforme noticia o periódico local Correio dos Açores, em Abril de 1973: Foi possível ao nosso conterrâneo e distinto arqueólogo identificar a série de argolinhas encontradas em Vila Franca do Campo como pertencendo a uma armadura de guerreiro dos fins do séc. XV ou princípios do séc. XVI, mais exactamente, ao elmo dessa armadura, o qual por ser de ferro, deve ter sido destruído pela acção do tempo (BENTO, 1990: 112). 509
7 1 cm Legenda: Argolas metálicas de cota de malha do século XVI da Junta de Freguesia de Machico (JFM/ , Fig.1340). Diâmetro: 9 mm As peças de malha ou dos lorigões podiam ser produzidas e reparadas quase indefinidamente, pois podiam ser combinadas ou cortadas em fragmentos e, depois, reutilizadas. A sua construção era, no entanto, muito minuciosa. Uma cota de malha, com um comprimento até aos joelhos, necessitava de pelo menos umas argolas, cada uma delas fechada à mão (WILLIAMS, 2002: 45-54). Quanto mais pequeno fosse o diâmetro, melhor seria a protecção. 913 O século XIII trouxe outras defesas corporais com vista a responder à tecnologia das armas de mão e neurobalísticas (BARROCA, 2000: 59). As brigandines ou as couraças pequenas placas metálicas de diferentes tamanhos, munidas de rebites correspondem a peças de armamento defensivo cravadas sobre um suporte de couro ou tecido, que depois era revestido com tecidos finos de várias cores (veludos ou sedas), podendo ser facilmente reconhecidas pela dezenas de pequenos cravos que ficavam a aflorar à superfície (BARROCA, 2000: 59). Em Portugal, conhecem-se apenas os exemplares recuperados arqueologicamente em Aguiar da Pena 914 e os quarenta e sete elementos da Junta de Freguesia de Machico (Fig.1317, JFM/ a 5216). Estas últimas são normalmente rectangulares, com dimensões a variar entre os 14 e os 75mm de largura e os 20 e os 96mm de comprimento, e exibem frequentemente pequenas formas esféricas salientes (rebites ou cravos), com uma média de 5mm de diâmetro. Recorde-se que estas placas eram cravadas no interior dos coletes de algodão ou de cabedal, em padrões sobrepostos, sendo provavelmente usadas em combinação com uma cota de malha mais flexível. 915 Uma grande variedade de tipos de lâminas foi recuperada em La Isabela, hoje a República Dominicana (DEAGAN, CRUXENT, 2002: ) e no México (ROGERS, LAROCCA, 1999: ). 913 Leia-se o pequeno texto Cota, que alude para as diferentes tipologias da malha metálica na Idade Média (Enciclopédia Universal Ilustrada Europeo-Americana, Tomo XV, Barcelona, Hijos de J. Espaso Editores, pp Mário Jorge Barroca e António J. Cardoso Morais, A Terra e o Castelo Uma experiência arqueológica em Aguiar da Pena, Portugália, Nova Série, Vols. VI-VII, Porto, 1985/1986, p. 75: ( ) foram exumados em Aguiar da Pena alguns pequenos fragmentos de chapa de cobre, por vezes com rebites. 915 Cfr., Kathleen Deagan e José Maria Cruxent, Archaeology at La Isabela: America s First European Town, New Havens & London, Yale University Press, 2002, p
8 As peças para defesa do corpo nos séculos XV e XVI (placas de brigandine, couraças e cota de malha) exigiam um sistema de preensão, assentes em pequenas fivelas, fechos e correias de forma a segurar as várias secções da armadura. Naturalmente que o mesmo tipo de fivelas poderia ter sido usado no vestuário civil, sendo, pois, difícil enquadrar sectariamente apenas num segmento específico de indumentária. Deste modo, as pontas de correia ou as fivelas da Casa com a Porta Manuelina (Fig.1352, CPM/06-9-A2-5244) e da Junta de Freguesia de Machico (Fig.1356, JFM/ ) poderão, também, ter uma articulação com o sistema de armaduras e demais armas de mão. Documentemos dois exemplos. A figura 1356, de formato sub-circular ou em D, com um gancho ou presilha numa das extremidades, mostra uma particularidade que podia servir talabartes ou correias, de forma a segurar a espada no cinto. Uma outra, documentada pela figura 1352, surge moldada a partir de uma folha de cobre, dobrada a meio (onde prenderia a fivela). A área da dobra apresenta-se cilíndrica e com extremidades salientes, possuindo 16mm de comprimento e 3mm de espessura. O corpo restante assume uma forma alargada em direcção ao topo, com saliências pontiagudas nas laterais, agrupando-se no conjunto de amostras pertencentes aos equipamentos de protecção corporal, proposto por Kathleen Deagan e José Maria Cruxent. 916 Legenda: Fecho de cinto metálico (CPM/06-9-A2-5244, Fig.1352). Mede 16mm de comprimento e 3mm de espessura. 1 cm Legenda: Fivela do século XVI de formato sub-circular achatado (JFM/ , Fig.1356). Mede 35mm de comprimento e 27mm de largura. 1 cm 916 Kathleen Deagan e José Maria Cruxent, Archaeology at La Isabela: America s First European Town, New Haven & London, Yale University Press, 2002, p. 194, fig
9 Acessórios ao armamento: pederneiras e cadinhos O uso eficaz de armas requeria um número de acessórios relacionados com a munição, o disparo e a manutenção, estando alguns destes acessórios identificados arqueologicamente. A munição abarcava, obviamente, componentes de suma importância no sistema defensivo, tendo-se recuperado dezenas de balas de chumbo e de ferro e pelouros de pedra. A maioria das armas militares coloniais usava balas únicas carregadas na boca da arma, juntamente com pólvora e enchimento. O diâmetro do canudo da arma tinha de ser estandardizado para que as balas coubessem no canudo. Alguns materiais cerâmicos e líticos recolhidos em sítios arqueológicos insulares podem assumir uma relação com os dispositivos das armas de fogo. Os indicadores cerâmicos prováveis foram identificados nos estratos do século XVIII do Forte de São José, no Funchal, e aparecem identificados, também, como prováveis elementos de candeias ou tinteiros (Figs.499 e 500; FSJ/06-S1-83 e FSJ/06-S1-192), fabricados pelos oleiros madeirenses. Legenda: Candeia (ou cadiinho) de cerâmica de produção madeirense do século XVIII (FSJ/06-S1-83, Fig.499). Superfícies almagradas, notando-se na superfície interna, vestígios de exposição ao fogo. Bordo ligeiramente extrovertido e lábio arredondado. Base de assentamento discoidal. EB: 7mm, EBJ: 10mm, EF: 5mm. 2 cm Legenda: Candeia (ou cadiinho) de cerâmica de produção madeirense do século XVIII (FSJ/06-S1-192, Fig.500). Pasta grosseira de tonalidade castanha T30, com ENP s líticos de grão fino. Bordo ligeiramente extrovertido e lábio aplanado. EB: 11mm EBJ: 9mm. 2 cm Este tipo de cerâmicas, que se aproxima morfologicamente ao Tipo 3 (copelas) da Casa do Infante, no Porto (LOPES, 2003: 220, Figs. 4 e 5), exibe um perfil arredondado, com bases de assentamento discoidal, e bordos ligeiramente extrovertidos e lábios 512
10 convexos. 917 O contexto militar do sítio poderá explicar a função destes artigos cerâmicos na sua acção de fusão de metais, através do aquecimento, onde se libertavam impurezas sob a forma de escórias (LOPES, 2003: 216). Todavia, a hipótese levantada sobre a possível classificação de cadinhos carece de uma confirmação mais pormenorizada. Um dos dados que, à partida, pode inviabilizar a identificação reside na natureza das argilas locais, pouco resistente a fenómenos de uso ao fogo, embora se tenha em consideração as consideráveis misturas com matérias-primas oriundas do Continente e ilhas de Baixo (Açores). A confecção deste tipo de recipientes para uso químico exigia argilas de qualidade, conforme elucida Joaquim Vasconcelos (VASCONCELOS, 1883, III: 279). As pederneiras surgem invariavelmente nos diferentes sítios arqueológicos, pois é conhecida a sua utilidade na cozinha. Estes materiais podem, também, ter uma relação com o funcionamento mecânico de armas de fogo (Fig.1588) precisamente de fecho de pederneira, constituindo um avanço significativo sobre os fechos de roda, pois, reuniram num só movimento desenvolver as faiscas e abrir a cassoleta. Compunham-se de duas peças principaes, cão B e o fuzil K, peça inteiramente nova e que deu o nome ás armas que tinham este systema de communicação de fogo (MARDEL, 1887: 13). É muito provável que algumas destas pederneiras fossem oriundas do ilhéu da Cal no Porto Santo. Os estudos geológicos realizados no ilhéu da Cal identificaram a ocorrência de um afloramento de Jaspe, de tonalidade castanho avermelhado na parte superior do sítio do Engrade Grande (uma variedade de quartzo, rocha compacta que apresenta fractura concoidal, excelente para as funções de corte). Este tipo de blocos surge frequentemente na praia e também foram usados na construção dos ranchos (casas dos mineiros). A ocorrência deste material numa ilha vulcânica é muito interessante e revestese do maior interesse científico, por se tratar de um Jaspe de metamorfismo de contacto (magma ascendente que através da acção da temperatura cozeu a rocha pré-existente, GOMES, CELSO, SILVA, 2005). 917 Muito semelhante a um exemplar norte europeu do século XVI (TORRES, REHREN, 2005: 140, Fig.1). 513
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