AVALIAÇÃO DE TRATAMENTO HOMEOPÁTICO NA MASTITE BOVINA SUBCLÍNICA RESUMO

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1 ISSN Veterinária e Zootecnia 91 AVALIAÇÃO DE TRATAMENTO HOMEOPÁTICO NA MASTITE BOVINA SUBCLÍNICA RESUMO Roberto Mangiéri Junior 1 Luís Ivan Martinhão Sout0 2 Priscilla Anne Melville 3 Nilson Roberti Benites 4 o elevado custo dos tratamentos tradicionais da mastite, associado à redução de produção e descarte de leite, bem como a exigência, cada vez mais rigorosa, da ausência de resíduos de antimicrobianos, por parte de instituições nacionais e internacionais, impulsiona o desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas que visem minimizar o impacto das medidas tradicionais. A homeopatia surge como importante alternativa, sendo aceita nacional e internacionalmente. O objetivo do trabalho foi verificar a evolução microbiológica, contagem de células somáticas (CCS) e produção leiteira em animais com mastites subclínicas tratados com medicamento homeopático. Foram selecionadas 22 vacas, CMT 2+ e 3+ sem sinais de mastite clínica, entre o terceiro e sexto mês de lactação e pluríparas, e divididas em dois grupos. Foram colhidas, duas amostras de leite de cada glândula mamária que apresentavam mastite subclínica. Uma das amostras foi utilizada para CCS e a outra para identificação do microrganismo. No grupo denominado teste-homeopatia, foi administrado o medicamento homeopático Phytolaca decandra CH6, enquanto que no grupo denominado controle foi administrado placebo. Ao final de 15 dias de tratamento realizou-se nova coleta de amostras em duplicata com o mesmo procedimento inicial. A pesagem da produção láctea de ambos os grupos foi realizada no início e final do experimento. Verificou-se que não houve diferença significativa entre as CCS e a presença de microrganismos da secreção láctea das glândulas quando comparadas antes e depois do tratamento homeopático, bem como quando comparados os grupos, porém observou-se que a produção láctea dos animais tratados com medicamento homeopático aumentou significativamente (P<O,05) em 2,5 Kg /Ieite/dia em média. No grupo tratado com placebo não houve diferença significativa na produção láctea no mesmo período. Palavras-chave: mastite bovina, bovinos, leite, homeopatia. glândula mamária. I Médico Veterinário com Mestrado em Epidemiologia Experimental e Aplicada à Zoonoses do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. <romanvet@uol.com.br>. 2 Médico Veterinário Pós Graduando matriculado no Doutorado em Epidemiologia Experimental e Aplicada à Zoonoses do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Autor para correspondência: Rua Conde Luiz Eduardo Matarazzo, 250. apto. 31 GA. CEP São Paulo, SP. 3 Médica Veterinária com Doutorado em Microbiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e responsável pelo Laboratório de Bacteriologia e Micologia do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. melville@usp.br 4 Professor Doutor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. -benites@usp.br Mangiéri Junior, R. el ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Vet. e Zootec.

2 ISSN Veterinária e Zootecnia 92 EV ALUATION OF HOMEOPATHIC TREATMENT IN THE BOVINE SUBCLINICAL MASTITIS ABSTRACT The high cost of the traditional treatment of mastitis, including the reduction and milk contamination therefore must be considered spoiled, as well as the higher exigency rules about the absence residue of antimicrobians by the national and international institutions, induce the grown up of new alternatives therapies that looks minimize the traditional treatment impact. The homeophaty emerges as an important alternative and is accept nationally and internationally. Object of the research was verify the microbiological evolution, follow somatic cells count (SCC) and milking production on cows who had sub-clinical mastitis, CMT 2+ and 3+ without signs of clinical mastitis, between 3 th and 6 th month of milking and more than one breed. Were shared in two groups. Were collected two milk samples of each mammary gland (teat) that were shown sub-clinical mastitis. One of these samples was used for SCC and the other to microorganism identification. In the group called homeopathy-test, was administered the homeopathic medicament Phytolaca decandra CH6, however the group called control was administered placebo. In the end of is" day of treatment, new double samples were collected for the same initial processo The weigh upon milking production of each group were done in the start and in the end of the research. This work verified that were no significant difference between SCC and the presence of microorganism from milk of mammary glands when compared before and after homeopathic treatment, as well as compared this two groups, in the other hand were verified that the milking production of the cows treated with homeopathic medicament grow up significant'y (P<O,05) on 2,5 kg/milk/day on media. In the group placebo treated, called control, were not found significant difference on milk production in the same period. Key words: animal mastitis, bovines, milk, homeopathy, mamary gland. EVALUACIÓN DE TRA TAMIENTO HOMEOPÁTICO EN LA MASTITE BOVINA SUBCLÍNICA RESUMEN El elevado costo de los tratamientos tradicionales de mastitis asociado a Ia reducción de Ia producción y el descarte de leche, tal como su exigencia cada vez más rigurosa, y de Ia ausencia de los residuos antimicrobianos, por parte de instituciones nacionales e internacionales, se fomenta el desarrollo de nuevas alternativas terapéuticas que visen minimizar el impacto de Ias medidas tradicionales. La homeopatía surge como una importante alternativa aceptada en nivel nacional e internacional. EI objetivo de ese trabajo fue investigar Ia evolución microbiológica, el recuento de células somáticas (RCS) y Ia producción lechera en animales con mastitis subclínicas tratados con medicamento homeopático. Se seleccionaron veintidós vacas CMT 2+ y 3+ sin sefiales de mastitis clínica entre el tercero y el sexto mes de lactación y pluríparas. Se repartieron en dos grupos, se colectaron dos muestras de leche de cada glándula mamaria que presentaba mastitis subclínica. Se utilizó una de Ias muestras para el RCS y Ia otra para Ia identificación de microorganismo. Para el grupo, al que se le denominó de Test homeopatla, se administró el medicamento homeopático Phytolaca decandra CH6, mientras que para al que se le denominó Control, se le hizo una administracion de placebo. AI final de quince días de tratamiento se realizá una nueva colecta de muestras, en duplicata, para que se realizara el procedimiento inicial. Se realizá el pesaje Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Veto e Zootec.

3 ISSN Veterinária e Zootecnia 93 de Ia producción láctea de ambos grupos al inicio y al final del experimento. Se identificó que no hubo diferencia significativa entre los RCS y Ia presencia de microorganismos de secreción láctea de Ias glándulas al compararias antes y después del tratamiento homeopático, al compararse ambos grupos. Sin embargo, se observó que Ia producción láctea de los animales tratados con medicamento homeopático aumentó significativamente (P<0,05) en 2,5kg / leche / día / en media. En cuanto que para el grupo, al que fue administrado el placebo, no presentó diferencia significativa de Ia producción láctea en ese mismo período. Palabras-c1ave: mastitis animal, bovinos, leche, homeopatía, glándula mamaria. INTRODUÇÃO A mastite é uma doença complexa que pode ter diferentes causas, graus de intensidade, variação de duração e conseqüências (SCHALM et al., 1971). Consiste num processo inflamatório da glândula mamária que afeta a produção leiteira tanto em qualidade quanto em quantidade e tem como características, alterações físico-químicas e geralmente bacteriológicas do leite e também alterações patológicas no tecido glândula (BLOOD e RADOSTITS. 1991). O resultado final de uma invasão da glândula mamária por um microrganismo pode ser o aumento da celularidade no leite e nos tecidos, involução, fibrose, necrose ou gangrena. A produção do leite cai como resultado do tecido secretor da glândula mamária ter sido prejudicado (PEREIRA et al., 1997). Os exames microbiológicos em amostras de leite de vacas leiteiras verificaram que os principais agentes isolados foram Corynebacterium spp. (36,63%), Staphylococcus spp. (26,22%), Streptococcus spp. (18.39%), tendo também sido isolados outros gêneros de bactérias. bem como fungos micelianos, leveduras e algas (COSTA et al.,2000). A mastite clínica caracteriza-se por alterações no leite como a presença de grumos, de fibrina ou pus e freqüentemente aumento de volume. presença de dor. aumento de temperatura e rubor na glândula mamária. A mastite subc\ínica caracteriza-se somente por aumento da celularidade no leite (COSTA et al..1995). D'Sousa-Francisco (1998) referiu que remédios homeopáticos têm um incontestável efeito sobre o sistema imunológico diretamente mediante alterações horrnonais, emocionais. eletrolíticas e metabólicas. Várias observações clínicas demonstraram a capacidade de cura e a possibilidade de tratar que tem o medicamento homeopático. O custo com diagnóstico, medicação. descarte de leite e a taxa de cura bacteriológica (não superior a 50% em infecções por Staphylococcus spp.), fazem com que o tratamento da mastite subclínica na lactação seja considerado muitas vezes anti- econômico (COSTA. 2002). Foi objetivo do presente estudo verificar as alterações microbiológicas, nas CCS e na produção leiteira de bovinos com mastite subc\ínica tratados homeopaticamente. MA TERIAL E MÉTODOS Foram selecionadas 34 glândulas mamárias de 22 vacas leiteiras Holandesas (em dois rebanhos) e Jersey (em um rebanho) com produções médias de 19,72 litros /vacaldia, entre o terceiro e o sexto mês de lactação e entre a segunda e a quinta cria provenientes de três propriedades de exploração leiteira, município de Holambra - Estado de São Paulo. O sistema de manutenção dos rebanhos era semi-intensivo com duas ordenhas mecânicas diárias, sem a presença dos bezerros durante a ordenha e em estábulos com lavagem da glândula mamária com água e enxugando-as com toalha de tecido de algodão e com desinfecção pós ordenha com anti-séptico a base de iodo e glicerina. Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Vet. e Zootec.

4 ISSN Veterinária e Zootecnia 94 Os animais em lactação foram submetidos às provas de Tamis ou teste da caneca (strip cup) (BLOOD & RADOSTITS, 1991) e CMT (Califomia Mastitis Test) (SHALM & NOORLANDER, 1957) para detecção de mastite subclínica e clínica respectivamente. A colheita do leite era precedida por anti-sepsia dos tetos com álcool-iodado. O leite foi colhido em tubos de vidro estéreis das glândulas mamárias das vacas em lactação, que apresentavam resultado negativo na prova de Tamis e CMT 2+ ou 3+ para caracterizar mastite subclínica. As amostras colhidas foram enviadas para cultivo em refrigeração. No laboratório foram semeadas em ágar sangue de carneiro e em ágar Sabouraud-dextrose com cloranfenicol (100 mg/l) com incubação em aerobiose, respectivamente, a 37 C, com leituras às horas e 25 C por um período mínimo de 7 dias. Uma segunda amostra de leite de cada glândula mamária foi colhida em frasco padrão contendo conservante Bronopol (2-bromo-2 nitropropano-l,3 diol)- para contagem de células somáticas, realizada com contador eletrônico (Fotossomatic 5000basic - Type 75710). Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos por sorteio. O primeiro Grupo (Controle) recebeu placebo (15 glóbulos de lactose inerte), 2 vezes ao dia, nas mesmas datas e horários em que o outro grupo foi tratado. O segundo grupo (Teste-Homeopatia) foi constituído pelos animais tratados com Phytolacca decandra 6 CH (Centesimal Hahnemaniana) à razão de 15 glóbulos, 2 vezes ao dia. O medicamento foi escolhido de acordo com os sinais e sintomas que os animais apresentariam se o quadro sintomatológico evoluísse para mastite clínica. Portanto, foi utilizado medicamento profilático para mastite clínica (HAHNEMANN,1996). A produção leiteira foi mensurada no início e final do estudo em ambos os grupos e não houve alterações na dieta ao longo do acompanhamento dos animais. Ao final de 15 dias de tratamento os animais foram reavaliados com os mesmos parâmetros. A análise estatística foi realizada pelo teste de Wilcoxon utilizando-se o "software" GRAPHPAD INSTA T (ST ATISTICAL ANAL YSIS, 1993). RESULTADOS Durante todo o período de estudo, nenhuma vaca, de ambos os grupos, apresentou sinais de mastite clínica. A CCS no início do tratamento apresentou uma mediana de ( ) e ( ) para os Grupos Teste-Homeopatia e Controle respectivamente e no final do período de estudo as medianas foram ( ) para o Grupo Homeopatia e de ( ) para o Grupo Controle, não sendo detectada diferença estatisticamente significante (P<0,05) entre os grupos no início do tratamento, bem como, entre as medianas do início e no final do acompanhamento de cada grupo. Os microrganismos isolados estão apresentados na Tabela 1. A produção média das vacas selecionadas é apresentada na Tabela 2. Não houve diferença estatisticamente significante (P<0,05) quando foram comparadas as produções médias entre os grupos, tanto no início quanto no final do experimento. Ao se comparar a produção média no início e no final do acompanhamento do Grupo Controle não se verificou diferença estatisticamente significante (P<0,05). Porém, houve diferença estatisticamente significante (P<0,05) quando foram comparadas as médias de produção no início e final do Grupo Teste-Homeopatia. Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Vet. e Zootec. v.14. n.l,jun., p , 2007.

5 ISSN Veterinária e Zootecnia 95 Tabela 1 - Número e porcentagem de isolamento dos microrganismos no leite das glândulas mamárias tratadas dos Grupos Teste-Homeopatia e Grupo Controle (Placebo). Estado de São Paulo. Início Final Microrganismo N % N % Grupo Teste Corynebacterium bovis 6 26,1 2 11,1 (Homeopatia) Corynebacterium ulcerans 5 21,7 3 16,7 Corynebacterium spp ,8 5 27,8 Staphylococcus intermedius 1 4,3 1 5,6 Staphylococcus kloosii 2 8,7 2 11,1 Staphylococcus sciuri ssp sciuri 1 4,3 O 0,0 Staphylococcus spp. 4 17,3 3 16,7 Streptococcus dysgalactiae 4 17,4 4 22,2 Streptococcus uberis 1 4,3 1 5,6 Streptococcus spp. 5 21,7 5 27,8 Positivos 20 87, ,2 Negativo 3 13,0 5 27,8 Total Grupo Controle Corynebacterium bovis 3 18,8 4 23,5 Corynebacterium ulcerans 2 12,5 4 23,5 Corynebacterium spp ,0 Staphylococcus hyicus 1 6,3 1 5,9 Staphylococcus sciuri ssp sciuri 1 6,3 1 5,9 Staphylococcus warneri 1 6,3 1 5,9 Staphylococcus spp. 3 18,8 3 17,6 Streptococcus agalactiae 2 12,5 2 11,8 Streptococcus uberis 3 18,8 3 17,6 Streptococcus spp ,4 Positivos 13 81, ,1 Negativo 3 18,8 1 5,9 Total Tabela 2 - Média e desvio padrão da produção de leite das glândulas mamárias das vacas que compunham os grupos experimentais tratados com medicamento homeopático (Grupo Teste-Homeopatia) e o grupo tratado com placebo (Grupo Controle). Estado de São Paulo. Grupos Produção de Leite Início Final Média 19,163 21,673* Grupo Teste (Homeopatia) Desvio padrão 5,558 5,379 Média 18,764 19,964 Grupo Controle Desvio padrão 6,346 6,409 "Diferença estatistrcamente significante (P,0,05) entre a produção de leite no final do experimento quando comparado com o início do experimento. Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Vet. e Zootec.

6 ISSN Veterinária e Zootecnia 96 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO De acordo com Swinkels et al. (2005), na dependência do manejo da fazenda e da ordenha, bem como das condições econômicas, o tratamento com antibióticos de mastite subclínica causada por Streptococcus dysgalactiae ou Streptococcus uberis durante a lactação, poderá ou não ser economicamente benéfico. Naquelas propriedades em que a probabilidade de contágio é baixa, o tratamento de três dias com antibióticos pode ser recomendado. Durante surtos em rebanhos devido à transmissão do agente o tratamento também é aconselhável no decorrer da lactação. St. Rose et al. (2003) avaliaram 90 glândulas mamárias de 70 vacas entre dois e seis meses de lactação provenientes de 39 propriedades leiteiras que apresentavam mastite crônica subclínica associada à presença de Streptococcus uberis ou Streptococcus dysgalactiae, divididas em dois grupos, sendo um controle e outro tratado com penetamato, com taxa de cura em 58,6% das vacas tratadas. O custo com diagnóstico, medicamento, descarte do leite e a taxa de cura bacteriológica (não superior a 50% em infecções por estafilococos), fazem com que o tratamento da mastite subclínica na lactação seja considerado anti-econôrnico. Atualmente, a recomendação internacionalmente aceita consiste no tratamento da mastite subclínica, no momento da secagem do animal (COSTA, 2002). Protocolos terapêuticos que apresentam baixo custo, sem necessidade de descarte de leite devido aos resíduos de antimicrobianos, podem alterar a relação custo-benefício, tornando o tratamento de mastite subclínica viável durante o transcorrer da lactação. Neste sentido alguns autores realizaram estudos utilizando medicamentos homeopáticos visando a relação custo-benefício favorável da terapia na lactação. Searcy et a!. (1995) optaram por tratamento da mastite subclínica utilizando complexo homeopático composto de Phytolacca decandra 200CH, Phosphorus 200CH e Conium macu/atum 200CH, obtendo resultados quando comparado ao grupo controle. Barlow et a!. (2001) utilizaram para tratamento de mastite subclínica um complexo de bioterápicos na 30CH, composto pelos seguintes agentes: Staphylococcus aureus, Staphylococcus chromogenes, Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalatiae, Escherichia coli e Klebsiella spp.. Neste estudo não foi verificada diferença significativa entre o grupo tratado com os bioterápicos e o grupo controle tratado com placebo. Veterinários homeopatas afirmam que a melhor alternativa contra a mastite subclínica está na adoção de medidas profilaticas. Desta forma, Day (2001), Saxton e Gregory (2005) defendem que a mastite pode ser preventivamente tratada com bioterápicos. Apesar de muitos autores proporem vários medicamentos homeopáticos em potências diferentes no tratamento de mastite subclínica, no presente estudo foi utilizado apenas de um único medicamento e durante todo o período de acompanhamento, nenhuma vaca de ambos os grupos experimentais apresentou sinais de mastite clínica. Em estudo sobre tratamento com antimicrobiano de mastite subclínica associada à presença de Streptococcus uberis ou Streptococcus dysgalactiae, foi verificado redução das CCS durante o período do experimento (ST.ROSE et al.,2003). Reis et a!. (2003), trataram 83 quartos mamários com mastite subclínica de 31 animais divididos em dois estágios de lactação, de 15 a 100 dias (grupo 1) e de 101 a 200 dias (grupo 2), com aplicação intramamária de cefacetril sódico, com base nos resultados do teste de sensibilidade in vitro dos agentes isolados. Vinte e oito quartos de 14 animais infectados foram mantidos como controle, sem tratamento. Os grupos tratados e controle foram avaliados nos dias zero, 14, 25 e 40 após o tratamento. A avaliação foi realizada pelos testes de CMT, CCS, isolamento e identificação de patógenos e produção de leite. Ocorreram recidivas ou Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Veto e Zootec. v.14, n.l, jun., p , 2007.

7 ISSN Veterinária e Zootecnia 97 reinfecções nos quartos tratados. A antibioticoterapia não foi efetiva para o controle das mastites subclínicas, mesmo em animais que apresentavam elevadas CCS. Deluyker et ai.(2005) levaram a cabo pesquisa com tratamento por infusão intramamária de 50 mg de pirlimicina em mastite subclínica em 554 quartos mamários de 325 vacas leiteiras que apresentavam um ou mais quartos mamários com exame bacteriológico positivo e CCS superior ou igual a céls/ml, tendo-se verificado que as CCS no leite dos animais após a tratamento, aumentou no decorrer da lactação. Os autores citados divergem, portanto, quanto aos resultados das CCS em animais com mastite subclínica submetidos à tratamento. No tratamento alopático, que tem como objetivo a eliminação do microrganismo da glândula mamária, freqüentemente não se verifica diminuição das CCS. O tratamento homeopático visa produzir uma resposta do hospedeiro capaz de inativar o microrganismo. Neste estudo também não foi verificada diminuição das CCS, quando consideradas as mastites subclínicas. Ao considerar que não houve a eliminação do microrganismo da glândula mamária, a elevada CCS poderia indicar uma capacidade de inativar o microrganismo na área de infecção, não permitindo a evolução para processo de mastite clínica. Em estudo de 166 quartos mamários tratados que apresentavam mastite subclínica, em que os animais foram divididos em grupos tratados durante dois, cinco e oito dias com ceftiofur intramamário, verificou-se que, quando houve isolamento de Corynebacterium bovis, houve cura em 40%, 100% e 70% dos quartos, respectivamente. Na presença de Staphylococcus coagulase-negativo, verificou-se, respectivamente, 70%, 62% e 86% de cura; nos casos de isolamento de Staphylococcus aureus, observou-se respectivamente 7%, 17% e 36% de cura. Nos quartos que apresentaram cultura positiva para Streptococcus dysgalactiae, verificou-se 75%, 100% e 80% de cura. Para Streptococcus uberis a cura foi observada em, respectivamente, 17%, 56% e 67%; e para Streptococcus ambientais foi de, respectivamente, 50%, 67% e 78%. Ocorreu variação nas porcentagens de cura microbiológica na dependência do agente etiológico (OLIVER et al.,2004). Deluyker et ai. (2005), ao avaliarem a eficiência do tratamento com infusão intramamária de pirlimicina em casos de mastite subclínica, verificaram que as porcentagens de cura de mastites com isolamento de Staphylococcus aureus nos animais não tratados, tratados por dois dias e tratados por oito dias foram, respectivamente de: 6%, 56% e 86%. Para Streptococcus uberis foi observada cura em respectivamente, 29%, 72% e 95%. Nos casos por Streptococcus spp, de respectivamente, 14%, 81% e 99%. Quando associados à presença de Corynebacterium bovis foram de, respectivamente, 23%, 32% e 86%; e nas linhagens de Staphylococcus coagulase-negativo, obteve-se sucesso na terapia de 44%, 78% e 53%. Quanto a outros microrganismos observou-se que a freqüência de isolamento foi respectivamente de 64%, 81% e 87%. Observando-se os resultados de cura microbiológica obtidos pelos autores citados, verificam-se grandes diferenças quanto às porcentagens da mesma quando utilizados antimicrobianos no tratamento de mastites subclínicas. No presente estudo, com relação aos resultados microbiológicos de análises de leite que estão descritos na Tabela 1, pôde-se observar que os microrganismos isolados estavam associados a resultados de cura microbiológica semelhantes aos verificados pelos autores citados que utilizaram tratamento alopático. A terapia da mastite subclínica é instituída na premissa de que o custo desta será recompensado com o ganho de produção de leite devido à eliminação da infecção. Entretanto, os trabalhos analisados não demonstram na prática o aumento de produção dos animais. St. Rose et ai. (2003), citados anteriormente, verificaram que, apesar da diminuição das CCS não houve aumento na produção de leite após o tratamento. Após tratamento utilizando antimicrobiano em animais com mastite subclínica, o aumento da produção de leite não foi significativo, apesar da seleção do mesmo ter sido Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Veto e Zootec.

8 ISSN Veterinária e Zootecnia 98 realizada entre aqueles para os quais os microrganismos apresentavam maior sensibilidade às provas realizadas in vitro (REIS et ai., 2003). As informações obtidas do presente experimento demonstram que, apesar da presença do microrganismo na glândula mamária e de elevadas CCS no leite dos animais do Grupo Homeopatia, é possível que tenha ocorrido uma diminuição do processo inflamatório, pois observou-se um aumento médio da produção de leite de 2,5 Kg/dia nos animais tratados e, pode-se supor que a presença do microrganismo estivesse agindo como um estímulo para a manutenção das CCS em níveis altos promovendo, conseqüentemente, uma imunidade elevada na glândula mamária, porém, sem a presença de processo inflamatório, uma vez que não houve perda de função. *Comissão de Bioética FMVZ-USP: Projeto 661/2005 aprovado em 16/05/2005. REFERÊNCIAS BARLOW, J.W. et a!. Evaluation of a homeopathic nosode for mastitis prevention. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON MASTITIS ANO MILK QUALITY, 2., 2001, Vancouver. Proceedings. Vancouver, p BLOOD, D.e.; RADOSTITS, O.M. Mastitis. In: Veterinary medicine. 7.ed. London: Bailliêre Tindall, p COSTA, E.O. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. Farmacologia aplicada a medicina veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Coogan, p COSTA, E.O. et ai. Estudo etiológico da mastite clínica bovina. p ,1995. Rev. Bras. Med. Vet., v.17, COST A, E.O. et ai. Estudo da etiologia das mastites bovinas nas sete principais bacias leiteiras do Estado de São Paulo. Napgama, v.3, p.6-13, DA Y, e. The homoeopathic treatment of beef and dairy cattle. Oxford: Alden Press, p. DELUYKER, H.A.; VAN OYE, S.N.; BOUCHER, J.F. Factors affecting cure and somatic cell count after pirlimycin treatment of subclínical mastitis in lactating cows. J. Dairy Sei., v.88, p , 2005 D'SOUZA-FRANCISCO, L. Homeopathy and immunology. The British Institute of Homeopathy, Disponível em: < Acesso em: 1 ago ERSKINE, RJ.; WAGNER, S.; DE GRAVES, FJ. Mastitis therapy and pharmacology. Vet. Clin. North Am. Food animo Pract., v.19, p.l09-138, HAHNEMANN, S. Organon da arte de curar. São Paulo: Robe Editorial, p.248 OLIVER, S.P. et ai. Efficacy of extended ceftiofur intramammary therapy for treatment of subclinical mastitis in lactating dairy cows. J. Dairy Sei., v.87, p , Mangiéri Junior, R. et ai. Avaliação de tratamento homeopático na mastite bovina subclínica. Vet. e Zootec. v.14, n.l, jun., p , 2007.

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