Maria Angela Alves do Nascimento 2 Marluce Maria Araújo Assis 3
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1 Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de saúde Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva - NUPISC NUPISC NÚCLEO DE PESQUISA INTEGRADA EM SAÚDE COLETIVA PRÁTICAS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA EM FEIRA DE SANTANA-BA: QUAL(IS) O(S) MODELO(S) ASSISTENCIAL(IS)? Igor Brasil de Araújo 1 Maria Angela Alves do Nascimento 2 Marluce Maria Araújo Assis 3 1 Graduando em Enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS/BA). Bolsista de Iniciação Científica FAPESB/UEFS. Membro do Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva (NUPISC/UEFS). 2 Professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Doutora em Saúde Coletiva. Vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva (NUPISC/UEFS) 3 Professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Doutora em Saúde Coletiva. Bolsista de produtividade em pesquisa nível II do CNPq. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva (NUPISC/UEFS)
2 Forma de produção das ações de saúde na inter- relação entre os serviços de saúde e o Estado, quanto à organização coletiva das práticas de saúde, no intuito de produzi-las e distribuí-las (CAMPOS, 2006).
3 Processo pelo qual os trabalhadores de saúde produzem a si mesmos como sujeitos; A criação, pelos coletivos de trabalhadores de um novo modo de significar o mundo do trabalho na saúde, constituindo-sese em processos de cognição e subjetivação que acontecem simultaneamente como expressão da realidade (FRANCO, 2007).
4 Capacidade transformadora e inovadora do PSF; Campo de saberes e práticas da Saúde Coletiva; Problematização de questões a respeito do(s) modelo(s) assistencial(is) à saúde desenvolvido(s) no PSF.
5 Qual(is) as características do(s) modelo(s) assistencial(is) à saúde desenvolvido(s) no PSF em Feira de Santana-BA? Qual(ais) as práticas de saúde executadas pelas ESF desse município?
6 Discutir a(s) característica(s) do(s) modelo(s)de saúde adotado(s) no PSF em Feira de Santana; Analisar como as práticas de saúde são desenvolvidas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF).
7 Pesquisa Qualitativa; Abordagem crítico-reflexiva; Campo de Investigação: Unidades de Saúde da Família (USF) das zonas rural e urbana do município de Feira de Santana-BA; Sujeitos do Estudo: 25 profissionais da equipe mínima de Saúde da Família.
8 Técnicas e/ou Instrumentos de Coleta de Dados: - Entrevista semi-estruturadaestruturada (roteiro-apêndice A); - Observação Sistemática (roteiro- Apêndice B). Questões Éticas - Aplicação do TCLE (Apêndice C) após o consentimento favorável do Comitê de Ética CEP/UEFS, sob o protocolo nº 014/2007 (TCLE).
9 Método de Análise de Dados : - perspectiva Dialética; Categorias de Análise: Categoria 1: Concepção de Saúde/Doença no contexto do Programa Saúde da Família. Categoria 2: Modelos de Atenção à Saúde no Programa Saúde da Família: a interface do modelo biomédico e as tecnologias das relações.
10 Categoria 1: Concepção de Saúde/Doença no contexto do Programa Saúde da Família - Subcategoria 1: Saúde-doençadoença como uma concepção biologizante: Pra quem não tem saúde, fica doente! - Subcategoria 2: Saúde-doença, doença, uma questão ampliada: Saúde é muito mais que só ausência de doença!
11 Dentre os resultados encontrados, depoimentos dos entrevistados 2 e 9 ilustram o pensamento biologizante de enfoque na enfermidade, ao se baseiar na construção de um desequilíbrio de forças, com conseqüente necessidade de cura. Saúde é a ausência de,... desconforto, [...] é quando você não ta se sentindo bem, e, não apresenta nenhuma alteração, [...] Pra mim, saúde e doença é uma isonomia do organismo, (Ent. 2). A saúde é a gente observar o paciente ali na sua enfermidade,[...] e nunca se envolver em outra coisa que não caiba a gente! (Ent. 9)
12 Assim, observamos que uma prática focada na doença é incapaz de direcionar a sua ação à promoção da saúde e a prevenção das doenças; uma vez que desvaloriza a conversa, a relação ou o diálogo entre o profissional e o usuário, que poderia ser fundamental para uma prática mais resolutiva (ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2007).
13 Alguns entrevistados relacionam o conceito de doença aos programas focalizados do Governo, que se configura como um seguimento de padrões petrificados de normas e rotinas (CAMPOS, 2006), : A doença... crônica que nem hipertensão, diabete, que mais... [...] casos de hanseníase, que a gente não pode tratar por aqui. Saúde é... a gente faz... que dizer, marca, a pessoa faz o exame, faz uma consulta, normal, né? (Ent. 13). [...]. A gente trabalha com os indícios das doenças, né? Que vem acarretando tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabete... Esses programa do Ministério, né? (Ent. 15).
14 Porém, encontramos visões divergentes do paradigma flexneriano, ao conceber a saúde e doença enquanto processo e um bem do ser humano cidadão: Você tem que ter todas aquelas condições básicas pra você ter saúde. Ai vem o lazer, transporte... (Ent. 5). Saúde é uma coisa muito ampla, que vai além do que a gente vê, ta muito mais ligado com o que o paciente sente e expõe pra gente. Por que a gente vê la na Constituição aquela coisa linda e maravilhosa que saúde é você ter lazer, é você ter moradia, você ter educação, segurança, mas é aquela coisa ainda fictícia, do que... mostrando, né? O direito de cada cidadão. Então, saúde é tudo isso, né? (Ent. 11).
15 Assim, trazemos para o debate a incorporação de uma concepção no cotidiano dos serviços, em que a busca pela integralidade depende dos determinantes sociais, econômicos, políticos, psíquicos, individuais e coletivos, para a efetivação de uma vida saudável que permeia o modo de se conduzir a vida das pessoas.
16 Categoria 2: Modelos de Atenção à Saúde no Programa Saúde da Família: a interface do modelo biomédico e as tecnologias das relações Subcategoria 1: Do assistencialismo à focalização: são as ações voltadas para grupos, né? Saúde da criança, idoso, mulher Subcategoria 2: Modelo Assistencial de Saúde: as contradições nas práticas de relações.
17 O estudo configurou a manutenção de modelo de atenção biomédico, o qual tem como objetivo precípuo tratar a doença, como destacado nas falas dos entrevistados 4, 14 e 17: (...) a prioridade clínica, né? O atendimento clínico, pois afinal a carência maior é clínica (Ent. 14). (...) o mais importante pra mim é o atendimento. A linha de frente é a chegada do paciente na unidade de saúde (ent. 17). Eu busco tentar resolver o problema dele (usuário) de uma forma que ele não precise chegar à médica, que às vezes eu já sei qual vai ser a resposta dela, entendeu?(ent. 4).
18 De forma divergente a esse enfoque assistencial, temos: (...) porque o PSF [...], ele desenvolve Programas, né? Os Programas que são parte do PSF são hipertensão, diabetes, saúde da Mulher, do Idoso, da criança, do homem ainda ta menos, mas (risos), hanseníase, tuberculose,... (Ent. 3). (...) a prioridade das ações do PSF são as ações voltadas aos grupos, né? Saúde da criança, idoso, mulher... [...] A gente não trabalha com programas que levem em conta o ser humano como um todo. A (Ent. 24). MODELO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS EM SAÚDE
19 Mesmo diante desta realidade, encontramos ainda, uma perspectiva de uma prática de relações ou tecnologias leves, que envolvem escutas, falas, acolhimento, resolutividade dos problemas a serem enfrentados. Constitui-sese assim, a relação entre sujeitos norteados pelos ruídos cotidianos, a construção de vínculos e humanização (MERHY, 1997).
20 Humanização... pra mim, é eu tratar as pessoas do jeito que eu quero ser tratada. (...) Pra mim, a humanização é a pessoa sempre ter um jeito assim, de dentro de você, de tratar as pessoas assim como você gostaria de ser tratado, e isso tem aqui... (Ent. 1). (...) a gente tem um vinculo muito grande com a comunidade. Eles [os usuários] participam bastante. Porque, como a gente tem esse vínculo, eles têm uma abertura maior de mostrar o que realmente eles tão passando (Ent. 5). Eu primeiro, eu acolho muito bem, né?, até mesmo aqueles que já chegam... daquele jeito! (ent. 9).
21 Porém, tais práticas ampliadas convivem com fatores limitantes, tais como a prática da clínica e o estresse cotidiano, que comprometem a manutenção de uma relação positiva com os usuários e a promoção de tecnologias leves, como demonstrado nos depoimentos dos entrevistados 2 e 10 a seguir.
22 (...) só que tem momentos que não agüenta a pressão, o pessoal da recepção se estressa naturalmente [...] A gente acolhe, mas não é as vezes bem entendido (Ent. 2). [a humanização aqui é] Nenhuma. Com os profissionais não tem nenhuma. (...) quando o paciente ta estressado, não tem humanização nenhuma, né? É agressão mesmo (Ent. 10).
23 PSF ainda com forte influência no modelo médico- centrado; Práticas população; focalizadas a grupos específicos da Processo relações saúde-doençadoença Tecnologias Leves. com usuário-trabalhador contradições de nas saúde =>
24 Referências ALBUQUERQUE, Carlos Manuel de Souza; OLIVEIRA, Cristina Paula Ferreira. Saúde e Doença: Significações e perspectivas de mudança. Disponível em : < >. Acessado em 5/08/2007. CAMPOS, Gastão Wagner de Souza. Planejamento sem normas. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, CAMPOS, Gastão Wagner de Souza. Paidéia e modelo de Atenção: um ensaio sobre a reformulação do modo de produzir saúde. Olho Mágico, Londrina, v. 10, n. 2, p. 7-14, abr./jun MENDES, Eugenio Vilaça. Uma Agenda para a Saúde. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, MERHY, Emerson Elias; O SUS e um dos dilemas: mudar a gestão e lógica do processo de trabalho em saúde (um ensaio sobre a micropolítica do trabalho vivo). In: FLEURY, Sonia. (org.). Saúde e democracia. A luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial TEIXEIRA, Carmem Fontes. A mudança do modelo de atenção à saúde no SUS: desatando nós, criando laços. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v.27, n. 65, p , set./dez
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