Projeto de lajes mistas nervuradas de concreto em incêndio
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- Marcelo Brandt Camarinho
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1 Volume 7, Number 2 (April 204) p ISSN Fire design of composite ribbed slabs Projeto de lajes mistas nervuradas de concreto em incêndio I. Pierin a igorpierin@usp.br V. P. Silva a valpigss@usp.br Abstract The Brazilian standards of structures in fire prescribe minimum dimensions for the ribbed slabs to ensure fire resistance. However, a new composite ribbed slab is not covered by any of the Brazilian standards in fire. The objective of this work is to present unpublished results from numerical and thermal analyses for this type of slab. Ribbed slabs filled with cell concrete blocks, ceramic bricks and EPS supported by cimentitious board were studied. The constructive element is considerate as thermal insulation if it has the capacity to prevent the occurrence, on the face non exposed to fire, temperature increments greater than 40 C on the average or greater than ºC at any point. The support function was determined limiting the temperature of the beams and slabs rebars to 500 ºC. The analyses were carried out with the ATERM and Super Tempcalc, software for two-dimensional thermal analysis by means of the finite element method. As a result, tables will be presented that link the fire resistance required time to slab dimensions and position of rebar. Prior to use in designing these results must be confirmed by experimental analysis, which is already being provided. Keywords: fire, thermal analysis, ribbed slabs, waffled slabs, composite slabs. Resumo As normas brasileiras de estruturas em situação de incêndio fornecem dimensões mínimas para as lajes nervuradas para assegurar as funções corta fogo e de estabilidade estrutural. Porém, uma nova laje mista nervurada lançada no mercado brasileiro não é coberta por qualquer das normas brasileiras para a situação de incêndio. O objetivo deste trabalho é apresentar resultados inéditos, frutos de análises numéricas térmicas e estruturais para esse tipo de laje. Foram estudadas lajes com preenchimento de bloco de concreto celular, lajota cerâmica e EPS suportado por placa cimentícia. O sistema construtivo é considerado como isolante térmico se possuir a capacidade de impedir a ocorrência, na face que não está exposta ao incêndio, de incrementos de temperatura maiores que 40 C na média dos pontos de medida ou maiores que C em qualquer ponto de medida. A função estrutural foi determinada admitindo a limitação da temperatura das armaduras de vigas e lajes em 500 ºC. As análises foram realizadas com auxílio dos programas ATERM e Super Tempcalc, programas computacionais para análise térmica bidimensional de transferência de calor, por meio do método dos elementos finitos. Como resultado, serão apresentadas tabelas que correlacionarão o TRRF (tempo requerido de resistência ao fogo) às dimensões da laje e posição das armaduras. Antes do uso em projeto, esses resultados deverão ser confirmados por análise experimental. Palavras-chave: incêndio, análise térmica, laje nervurada, laje mista. a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil Received: Dec 203 Accepted: 20 Feb 204 Available Online: 03 Apr IBRACON
2 Fire design of composite ribbed slabs. Introdução A norma brasileira ABNT NBR 4323:203 [] apresenta recomendações para lajes mistas de aço e concreto, com fôrma incorporada, em situação de incêndio. A norma brasileira ABNT NBR 68:2007 [2] define as lajes nervuradas e prescreve dimensões mínimas para o perfil nervurado a fim de dispensar a verificação da flexão da mesa. A ABNT NBR 5200:202 [3] fornece dimensões mínimas, por meio do método tabular, para assegurar as funções corta fogo e de estabilidade estrutural. Um novo tipo de laje mista de aço e concreto foi lançado no mercado. Trata-se de uma laje nervurada em que a fôrma metálica (Figura ) fabricada pela Tuper é colocada na base da nervura (Figura 2), trabalhando como fôrma e armadura inferior. Devido às características dessa laje mista nervurada, nenhuma das normas citadas anteriormente cobre o dimensionamento dessa laje em situação de incêndio. Este trabalho tem por objetivo pesquisar o comportamento dessas lajes nervuradas a altas temperaturas, com a finalidade de se analisar o isolamento térmico, conforme procedimento recomendado pela ABNT NBR 5628:200 [4] e a capacidade resistente, com base na temperatura-limite de 500 ºC nas armaduras [5], [6]. As lajes estudadas são preenchidas com lajotas cerâmicas (Figura 3), bloco de concreto celular (Figura 4) ou EPS sobre placa cimentícia (Figura 5). Este estudo tem como hipótese o perfeito contato entre o material de enchimento e a parede da nervura, portanto, todo é qualquer resultado encontrado neste estudo deve ser comprovado experimentalmente. A vantagem de se realizar uma análise numérica é que se pode avaliar o comportamento de grande quantidade de alternativas, barateando assim a análise experimental, que pode se dedicar a menor número de ensaios. 2. Parâmetros adotados na análise térmica das lajes 2. Ação térmica O modelo de incêndio empregado na análise foi o do incêndio- -padrão (Equação ) conforme [4] e [7], sendo que o coeficiente de transferência de calor por convecção, a c, foi adotado igual a Figura Fôrma de aço (dimensões em mm) 25 W/m² C nas faces diretamente aquecidas pelo incêndio e a emissividade resultante, e res, igual a 0,7. Na face não exposta diretamente ao calor, foi tomada uma combinação de convecção e radiação, simulada por a c = 9 W/m² C. Na Equação, q g é a temperatura dos gases, expresso em graus Celsius (ºC), q o é a temperatura ambiente tomada igual a 20 ºC e t é o tempo em min. qg = q log(8t + ) 2.2 Propriedades dos materiais 2.2. Concreto () Na análise térmica de estruturas é necessário o conhecimento das propriedades térmicas, tais como a densidade, a condutividade Figura 2 Laje nervurada com fôrma de aço 94 IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
3 I. Pierin V. P. Silva Figura 3 Modelo com lajota cerâmica (dimensões em mm) térmica e o calor especifico. Esses valores são variáveis com a temperatura e, para o concreto, foi adotada a formulação apresentada na ABNT NBR 5200:202 [3], sendo que a densidade à temperatura ambiente foi igual a 2400 kg/m 3, conforme recomendado pela ABNT NBR 68:2007 [2] e a umidade foi adotada igual a,5% em peso Aço Adotaram-se as propriedades como recomendado pela ABNT NBR 4323:203 [] também apresentadas em [6] Lajota cerâmica Para as lajotas cerâmicas não há um consenso sobre os valores a se adotar para as propriedades necessárias à análise térmica. Apresentam-se na Tabela os valores das propriedades térmicas retirados de bibliografia. Quando não se dispõe de ensaios, a ABNT NBR :2005 [8] indica as propriedades das lajotas cerâmicas à temperatura ambiente, também indicadas na Tabela. A condutividade térmica do concreto normal diminui com a temperatura, então, supondo que o mesmo aconteça com a lajota cerâ- Figura 4 Modelo com concreto celular (dimensões em mm) IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 95
4 Fire design of composite ribbed slabs Figura 5 Modelo com EPS/placa cimentícia (dimensões em mm) mica, se considerará a favor da segurança, o valor à temperatura ambiente. A favor da segurança serão usadas a maior condutividade térmica (,05 W/m C) e a menor capacitância (densidade calor específico = 000 kg/m3 835 J/kg ºC= J/m 3 ºC) Bloco de concreto celular Para os blocos de concreto celular, também não há um consenso sobre os valores a se adotar para as suas propriedades na análise térmica. Apresentam-se na Tabela 2 as propriedades físico- -térmicas fornecidas por algumas empresas fabricantes de blocos de concreto celular e os retirados de bibliografia. A condutividade térmica do concreto normal diminui com a temperatura, então, supondo que o mesmo aconteça com o concreto celular, se considerará a favor da segurança, o valor à temperatura ambiente. A favor da segurança serão usadas a maior condutividade térmica (0,3 W/m C) e a menor capacitância (densidade calor específico = 0 kg/m J/kg ºC= J/m 3 ºC) Placa cimentícia Após extensa pesquisa sobre as propriedades físico-térmicas de Tabela Propriedades de lajotas cerâmicas à temperatura ambiente Fonte Densidade (kg/m³) Condutividade (W/mºC) Calor específico (J/kg K) CADORIN [9] INCROPERA; DEWITT [0] ABNT NBR :2005 [8] ,7 0,72 0,70, Tabela 2 Propriedades de blocos de concreto celular à temperatura ambiente segundo alguns fabricantes Fabricante Densidade (kg/m³) Condutividade (W/mºC) Calor especifico (J/kg ºC) SIPOREX [] CONSTRUPOR [2] SICAL [3] BARREIRA e FREITAS [4] GAWIN et al [5] ABNT NBR :2005 [8] ,2 0,5 0,28 0,097 0, 0,5 0,62 0, IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
5 I. Pierin V. P. Silva Tabela 3 Propriedades térmicas da placa cimentícia à temperatura ambiente segundo alguns fabricantes e norma brasileira Fabricante Densidade (kg/m³) Condutividade (W/mºC) Calor especifico (J/kg ºC) DUROCK KNAUF [6] BRASILIT [7] ETERNIT [8] AQUAPANEL KNAUF [6] ABNT NBR :2005 [8] ,22 0,35 0,48 0,35 0,65 0, Tabela 4 Propriedades térmicas da placa cimentícia analisadas Simulação Densidade (kg/m³) Condutividade (W/mºC) Calor especifico (J/kg K) ,22 0,35 0,48 0,35 0,95 Propriedades do concreto ver item Sem a placa cimentícia placas cimentícias encontraram-se poucos resultados e com grande variabilidade entre eles como se pode ver na Tabela 3. Em virtude da grande variabilidade dos valores das propriedades da placa cimentícia, realizou-se um estudo para verificar a influência das propriedades térmicas da placa cimentícia no campo de temperaturas da laje. De acordo com as propriedades térmicas apresentadas neste item, foram realizadas sete simulações em que se variaram as propriedades da placa cimentícia conforme mostra a Tabela 4. Na sexta simulação foram adotadas as propriedades térmicas do concreto para a placa cimentícia. Na sétima simulação não foi considerada a presença da placa cimentícia, ou seja, as faces laterais da nervura e a face inferior da capa de concreto estão expostas diretamente ao incêndio. Figura 6 Pontos de controle para a análise IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 97
6 Fire design of composite ribbed slabs Figura 7 Variação de temperatura do ponto A Temperatura (ºC) Simulação 7 Simulação Simulação 5 Simulação 6 Simulação 3 Simulação 4 Simulação Figura 8 Variação de temperatura do ponto B Temperatura (ºC) Simulação 7 Simulação Simulação 5 Simulação 6 Simulação 3 Simulação 4 Simulação IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
7 I. Pierin V. P. Silva Figura 9 Campo de temperaturas após minutos de incêndio Para verificar a influência das propriedades físico-térmicas no campo de temperaturas da laje, analisou-se a variação da temperatura em três pontos, conforme mostra a Figura 6: ponto A canto superior esquerdo da nervura, ponto B ponto médio da face superior da capa de concreto e ponto C localizado na chapa de aço. Por meio do programa Super TempCalc [9] de análise térmica foram traçados gráficos que mostram a variação da temperatura em função do tempo de exposição ao incêndio dos pontos A, B e C. Como exemplo se apresentam as Figuras 7 e 8. Como se nota nas Figuras 7 e 8, apesar de a placa cimentícia ser de pequena espessura sua proteção não é desprezável se comparada às curvas associadas à simulação 7, sem placa cimentícia. Por outro lado, as características físico-térmicas, simulações a 6, não afetam profundamente os resultados. Por este estudo ser numérico e pela grande variabilidade encontrado nos valores das propriedades da placa, optou-se por admitir as propriedades da simulação, a favor da segurança Figura 0 Isotermas após minutos de incêndio IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 99
8 Fire design of composite ribbed slabs Tabela 5 Temperaturas máximas e medias na face superior da laje com capa entre 4 cm e 6 cm Capa com 4 cm Capa com 5 cm Capa com 6 cm θ máx (ºC) θ méd (ºC) ,9 206,7 327,8 47,3 48,7 528, ,0,3 257,2 342,6 407,6 457, , 3,3 200,3 280, 343,0 392,9 3. Análises das lajes preenchidas com lajota cerâmica 3. Laje tipo 2-4 Analisou-se, empregando o programa Super TempCalc [9], o comportamento térmico da laje nervurada de concreto preenchida com lajota cerâmica. Primeiramente, adotou-se a espessura da laje de concreto igual a 4 cm, altura da nervura a partir da capa igual a 8 cm, largura da nervura igual a 0 cm, lajota cerâmica de 8,0 cm de altura e a espessura da vigota metálica de,95 mm, conforme mostra a Figura 3. Nos furos da lajota cerâmica foi considerada a presença de ar. Foram analisados os campos de temperatura para,,,, e minutos de exposição ao incêndio-padrão. Como exemplo apresentam-se nas Figuras 9 e 0, respectivamente, o campo térmico e as isotermas para minutos. 3.2 Outras espessuras de capa ou capa mais revestimento Para avaliar o isolamento térmico da laje com lajota cerâmica, Tabela 6 Temperaturas máximas e médias na face superior da laje com capa de 7 cm e 8 cm Tabela 8 Distâncias da isoterma de 500 ºC Tempo (min) Capa com 7 cm Capa com 8 cm ,0, 54,3 227,0 287,5 336, ,4 70,5 22, 82,2 239,8 287, Tempo (min) d d 2 d 3,6 3,6 5, 2,4 3,6 5, 0,9 2,2 3,7 Tabela 7 Valores de TRRF para isolamento térmico Figura Laje mista incluindo distâncias controladas Espessura da capa mais argamassa de cimento e areia TRRF isolamento térmico (min) IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
9 I. Pierin V. P. Silva Tempo (min) Tabela 9 c mínimo para a laje nervurada tipo 2-4 c vertical c horizontal 2,5 3,5 2,5 variou-se a espessura da capa de concreto de 4 a 8 cm. Tendo em vista que as propriedades físico-térmicas de argamassa de cimento e areia são próximas das do concreto, a espessura da capa usada nos modelos computacionais pode ser substituída, na prática, pela espessura real da capa mais uma camada de argamassa de cimento e areia. A altura da nervura sem a capa foi mantida igual a 8 cm. As temperaturas máximas e médias obtidas na face superior da laje para as espessuras de capa iguais a 4, 5, 6, 7 e 8 cm estão apresentadas nas Tabelas 5 e 6. A partir das Tabelas 5 e 6 pode-se construir a Tabela 7 que associa a espessura da capa ao tempo de resistência ao fogo para isolamento térmico. Na Tabela 8 estão apresentadas as distâncias entre a face inferior Figura 2 Campo de temperaturas após min Figura 3 Isotermas para min IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 20
10 Fire design of composite ribbed slabs Tabela 0 Temperaturas na face superior para capa de 4 a 6 cm Capa com 4 cm Capa com 5 cm Capa com 6 cm θ méd (ºC) θ méd (ºC) θ méd (ºC) θ máx (ºC) θ méd (ºC) nervura nervura nervura 28,9 69,5 5,2 59,9 204, 239,5 27,2 64,2 04,7 37,5 74,0 207,6 26,3 67,8 2,7 54,4 97,3 232,5 24,9 54,5 96,0 29,5 66,7 20,2 23,9 5,2 87,0 5,6 44, 74,5 23,3 53,3 93,7 25,9 6,3 95,3 22,6 43,6 78,4 09,8 37,3 67,5 22,0 4,7 7,8 99,6 22,2 47, 2,6 4,7 76,7 07,4 33,6 62,9 Figura 4 Temperaturas ao longo da face superior da laje com bloco de 8 cm e capa de 4 cm Tabela Distâncias da isoterma de 500 ºC Tempo (min) d d 2 d 3,4 2,8 3,8 4,6 5,2 5,8 2,4 3,3 4, 4,8 5,3 5,9 0,6,6 2,4 3, 3,8 4,4 da nervura e o ponto mais baixo (d ) e o mais alto (d 2 ) da isoterma de 500 ºC e a mínima distância entre a isoterma de 500 ºC e o topo da reentrância de aço (d 3 ), conforme mostra a Figura. Para TRRF superiores a minutos a isoterma de 500 ºC corta a capa de concreto da laje. A armadura deveria ser colocada na capa e no meio da nervura o que não é praticável. A partir das análises efetuadas propõem-se a Tabela 9. Os valores foram arredondados em vista da dificuldade de precisão milimétrica em obra. Observa-se que os valores de c da Tabela 9 são considerados elevados. Porém, para fins estruturais podem ser compensados aumentando a altura da nervura. Isso nada afetará os resultados encontrados neste trabalho. Figura 5 Laje mista analisada 202 IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
11 I. Pierin V. P. Silva Tabela 2 Temperaturas na face superior para as lajes 6-4, 20-4 e 25-4 Laje 6-4 Laje 20-4 Laje 25-4 θ méd (ºC) θ méd (ºC) θ máx (ºC) θ méd (ºC) nervura nervura 2,4 34,8 57, 85,5 0,3 33,0 20,9 32,8 54,9 79,9 02,6,5 20,5 3,9 56,3 83,9 08,5 29,8 20,2 24,4 34,0 47,3 6 82,7 20, 23,2 32,5 46,0 6,4 77,2 20,0 22,4 3,8 46,8 63,9 8,2 20, 23,2 3,0 4,7 57,0 73, 20,0 22,2 29,4 40,8 54,3 68,5 θ méd (ºC) nervura 20,0 2,5 28,7 4, 56,2 7,9 Tabela 3 Distâncias da isoterma de 500 ºC para as lajes 6-4, 20-4 e 25-4 d Laje 6-4 Laje 20-4 Laje 25-4 d 2 d 3 d d 2 d 3 d d 2 d 3,4 2,9 3,9 4,8 5,5 6,0 2,3 3,3 4, 5,5 6,0 0,6,5 2,4 3,3 3,9 4,4,4 2,9 3,9 4,8 5,6 6,2 2,3 3,3 4, 4,9 5,6 6,2 0,6,5 2,4 3,3 4,0 4,6,4 2,9 4,0 4,8 5,6 6,2 2,3 3,3 4, 4,9 5,6 6,2 0,6,5 2,5 3,2 4,0 4,6 4. Análises das lajes preenchidas com bloco de concreto celular 4. Laje tipo 2-4 Realizou-se a análise do comportamento térmico da laje nervurada de concreto preenchida com bloco de concreto celular. Primeiramente, adotou-se a espessura da laje de concreto igual a 4 cm, altura do bloco cerâmico igual a 8 cm, largura da viga igual a 0 cm e a espessura da vigota metálica de,95 mm, conforme mostra a Figura 3. Devido à continuidade da laje, foi modelada apenas uma nervura com largura da mesa colaborante igual a cm. Por meio do programa ATERM [20] foi realizada a analise térmica da laje para,,,, e min. Como exemplo, se apresentam o campo de temperaturas e as isotermas para min de incêndio-padrão nas Figuras 2 e 3. Na Tabela 0 são apresentadas as temperaturas mínima, máxima e média obtidas na face superior da laje para os tempos de a min de exposição ao incêndio. Também são apresentadas temperaturas médias na face superior da laje na região da nervura. A variação da temperatura ao longo da face superior da laje para os tempos de a minutos está apresentada na Figura 4, onde a área hachurada indica a região da nervura. Observa-se que as maiores temperaturas ocorrem na região da nervura. Verifica-se que a laje nervurada estudada com capa de 4 cm e preenchida com bloco de concreto celular com 8 cm de altura atende aos requisitos de isolamento térmico para TRRF de até min. Tabela 4 TRRF para as lajes preenchidas com bloco de concreto celular Tipo de laje , 20-4, 25-4 Altura total (mm) a 250 Altura de capa (mm) TRRF (min) Tabela 5 c,mín para lajes nervuradas preenchidas com bloco de concreto celular com largura e altura de nervuras de no mínimo 00 mm e 80 mm, respectivamente c 2,5 3,5 4,0 5,5 6,5 IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 203
12 Fire design of composite ribbed slabs 4.2 Outras espessuras de capa ou capa mais revestimentos Para uma melhor avaliação do isolamento térmico da laje, adotou- -se uma espessura da capa de concreto de 5 cm. A análise térmica foi refeita e verificou-se que, conforme mostra a Tabela 0, a laje estudada atende os requisitos de isolamento térmico para TRRF de até min. Nova análise realizada para a espessura de 6 cm comprovou que a condição de isolamento térmico é atendida para TRRF de até min, conforme mostra a Tabela 0. Para se empregar o método simplificado da temperatura-limite de 500 ºC nas armaduras, construiu-se a Tabela em que se apresenta, para a laje com capa de 4 cm, as distâncias entre a face inferior da nervura e o ponto mais baixo (d ) e o mais alto (d 2 ) da isoterma de 500 ºC e a mínima distância entre a isoterma de 500 ºC e o topo da reentrância de aço (d 3 ), conforme mostra a Figura 5. Do estudo realizado, conclui-se que a segurança é verificada se o centro geométrico (CG) das barras mantiver uma distância da face inferior da nervura superior a 2,4 cm. Para TRRF de min, esse valor sobe para 2,8 cm. Para TRRF superiores a min, os valores encontrados não seriam utilizáveis na prática. Assim, a próxima análise será para blocos de maior de altura. Foram analisadas também as lajes tipo 6-4, 20-4 e 25-4, o que corresponde à capa com 4 cm de espessura e nervura mais capa com 6, 20 e 25 cm de altura (respectivamente, bloco com 2 cm, 6 cm e 2 cm de altura). Na Tabela 2 são apresentadas as temperaturas mínima, máxima e média obtidas na face superior da laje para os tempos de a minutos de exposição ao incêndio. Também são apresentadas temperaturas médias na face superior da laje na região da nervura. Na Tabela 3 estão apresentadas as distâncias entre a face inferior da nervura e o ponto mais baixo (d ) e o mais alto (d 2 ) da isoterma de 500 ºC e a mínima distância entre a isoterma de 500 ºC e o topo da reentrância de aço (d 3 ), conforme mostra a Figura 5. Observando-se a Tabela 3, pode-se construir a Tabela 4, no que se refere ao isolamento térmico. Observando-se a Tabela 3, pode-se notar que os valores de d se equivalem, ou seja, pouco dependem da altura da nervura. Assim sendo, propõem-se os valores mínimos de c, distância do CG da armadura até a base da nervura, indicados na Tabela 5. Os valores foram arredondados em vista da dificuldade de precisão milimétrica em obra. Observa-se que os valores de c da Tabela 5 considerados elevados para fins estruturais podem ser compensados aumentando a altura da nervura. Isso nada afetará os resultados encontrados neste trabalho. 5. Análises das lajes preenchidas com bloco EPS apoiados sobre placa cimentícia 5. Laje tipo 2-4 Analisou-se o comportamento térmico da laje nervurada de concreto preenchida com bloco de EPS sobre placa cimentícia empregando-se o programa Super TempCalc [9]. Não se considerou na análise a presença do EPS em vista de ele ser consumido rapidamente pelo calor. Primeiramente, adotou-se a espessura da laje de concreto igual a 4 cm, altura da nervura a partir da capa igual a 8 cm, largura da nervura igual a 0 cm, placa cimentícia de 6,0 mm de espessura e a espessura da vigota metálica de,95 mm, conforme mostra a Figura 5. Foram analisados os campos de temperatura para,,,, e minutos de exposição ao incêndio-padrão. Como exemplo apresentam-se nas Figuras 6 e 7, respectivamente, o campo térmico e as isotermas para minutos. Figura 6 Campo de temperaturas após minutos de incêndio 204 IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
13 I. Pierin V. P. Silva 5.2 Outras espessuras de capa ou capa mais revestimento Para avaliar o isolamento térmico da laje com placa cimentícia, variou-se a espessura da capa de concreto de 4 a 8 cm. Tendo em vista que as propriedades físico-térmicas de argamassa de cimento e areia são próximas das do concreto, a espessura da capa usada nos modelos computacionais pode ser substituída, na Figura 7 Isotermas após minutos de incêndio Tabela 6 Temperaturas máximas e medias na face superior da laje com capa de 4 cm a 6 cm Capa com 4 cm Capa com 5 cm Capa com 6 cm ,4 222,5 354,0 446,9 5, 556, , 62,9 278,5 368,4 434,9 484, ,9 2,3 26,7,8 367,0 47,6 Tabela 7 Temperaturas máximas e médias na face superior da laje com capa de 7 cm e 8 cm Capa com 7 cm Capa com 8 cm ,5 95,7 66,9 245,5 8,2 358, , 75,,5 97, 257,4 6, IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 205
14 Fire design of composite ribbed slabs prática, pela espessura real da capa mais uma camada de argamassa de cimento e areia. A altura da nervura foi considerada igual a 8 cm. As temperaturas máximas e médias obtidas na face superior da laje para as espessuras de capa iguais a 4, 5, 6, 7 e 8 cm estão apresentadas nas Tabelas 6 e 7. A partir das Tabelas 6 e 7 pode-se construir a Tabela 8 para isolamento térmico. Por curiosidade, incluem-se os valores normatizados pela ABNT NBR 5200:202 no caso da ausência da placa cimentícia. Para se empregar o método simplificado da temperatura-limite de 500 ºC nas armaduras foi construída a Tabela 9 onde estão apresentadas as distâncias entre a face inferior da nervura e o ponto mais baixo (d ) e o mais alto (d 2 ) da isoterma de 500 ºC e a mínima distância entre a isoterma de 500 ºC e o topo da reentrância de aço (d 3 ), conforme mostra a Figura 8. Para TRRF superiores a min a isoterma de 500 ºC corta a capa de concreto da laje. A armadura deveria ser colocada na capa e no meio da nervura o que não é praticável. Observando-se a Tabela 8, propõem-se a Tabela 20. Os valores foram arredondados em vista da dificuldade de precisão milimétrica em obra. Os valores de c da Tabela 20 são considerados elevados, porém para fins estruturais podem ser compensados aumentando a altura da nervura. Isso nada afetará os resultados encontrados neste trabalho. Espessura da capa mais argamassa de cimento e areia Tabela 8 Valores de TRRF para isolamento térmico TRRF isolamento térmico (min) TRRF sem a placa (min) Comparações à norma brasileira Comparando-se as lajes preenchidas às sem preenchimento, elas deveriam seguir as recomendações da ABNT NBR 5200:202 [3], apresentam-se na Tabela 2, de forma resumida, os resultados deste estudo e na última coluna as exigências da norma brasileira para TRRF em função do isolamento térmico. Na Tabela 22 apresentam-se de forma resumida os resultados deste estudo e na última coluna as exigências da norma brasileira para c mínimo. 7. Conclusões Neste trabalho analisaram-se lajes mistas nervuradas pre- Tabela 9 Distâncias da isoterma de 500 ºC Figura 8 Laje mista incluindo distâncias controladas d d 2 d 3,6 3,8 5,8 2,4 3,8 5,8 0,9 2,4 4,4 Tabela 20 c mínimo para a laje nervurada estudada c vertical c horizontal 2,5 4,0 6,0 2,5 Tabela 2 Valores de TRRF (min) para isolamento térmico de lajes mistas nervuradas do tipo 2-4 Espessura da capa mais argamassa de cimento e areia Lajota cerâmica Bloco de concreto celular EPS sobre placa cimentícia NBR 5200:202 [3] Não permitido Não permitido IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2
15 I. Pierin V. P. Silva Tabela 22 c mínimo para a laje nervurada tipo 2-4 Lajota cerâmica c vertical c horizontal EPS sobre placa cimentícia c vertical c horizontal Bloco de concreto celular NBR 5200:202 [3] c c 2,0 3,5 2,0 4,5 2,0 4,0 6,0 2,0 4,5 2,0 3,5 6,0 2,0 4,5 > 6,0 > 6,5 > 7,0 > 8,0 enchidas por lajotas cerâmicas, blocos de concreto celular e EPS sobre placa cimentícia, à temperatura elevada. Foram analisadas as condições de isolamento térmico e capacidade resistente. A presença de qualquer dos três tipos de enchimento estudados melhora o desempenho da laje em incêndio, aumentando o tempo de resistência ao fogo e diminuindo o valor de c mínimo, em relação às lajes sem enchimento com as mesmas dimensões das aqui estudadas. Com base unicamente em análise numérica termestrutural, propõem-se valores de tempo de resistência ao fogo em função da capacidade de isolamento térmico e c admitindo-se a temperatura-limite de 500 ºC na armadura. Em vista do ineditismo desta pesquisa e, principalmente, pela presença do grande espaço preenchido com ar aquecido nos furos da lajota cerâmica e no vazio provocado pela queima do EPS, os resultados relativos a isolamento térmico e à posição da armadura, aqui apresentados, devem ter comprovação experimental antes de serem empregados em projeto. Da mesma forma, a garantia de estanqueidade deve ser analisada experimentalmente, visto não ter sido alvo deste estudo. O procedimento numérico conduziu a resultados que podem ser uteis para nortear os futuros ensaios. 8. Agradecimentos Agradece-se à FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e à Tuper. 9. Referências bibliográficas [0] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 4323: Projeto de estruturas de aço e estruturas mistas de ao e concreto em situação de incêndio - procedimento. Rio de Janeiro, 203. [02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 68: Projeto de estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro, [03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5200: Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. Rio de Janeiro, 202. [04] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5628: Componentes construtivos estruturais - determinação da resistência ao fogo. Rio de Janeiro, 200. [05] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN : Eurocode : actions on structures - part.2: general actions - actions on structures exposed to fire. Brussels: CEN, [06] SILVA, V. P. Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. São Paulo: Edgard Blücher, 202. [07] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZA- TION. ISO 834: Fire-resistance tests: elements of building construction - part.: general requirements for fire resistance testing. Geneva, p. (Revision of first edition ISO 834:975). [08] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR : Desempenho térmico de edificações Parte 2: Método de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações. Rio de Janeiro [09] CADORIN, J. F. Compartment Fire Models for Structural Engineering, PhD Thesis, Faculté de Sciences Appliqués, Université de Liège [0] INCROPERA. F. P.; DEWITT, D. P. Introduction to heat transfer. p. Wiley [] SIPOREX. Available in < Access in: 4/8/202. [2] COSTRUPOR. Disponível em < br/index.php?p=item2-> Acesso em: 4/8/202. [3] SUPERBLOCO (Sical). Disponível em < php> Acesso em: 4/8/202. [4] BARREIRA, E.; FREITAS, V. P. Evaluation of building materials using infrared thermography. Construction and Building Materials. Volume 2-, p January [5] GAWIN, D. J.; KOSNY, J. WILKES, K. Thermal Conductivity of Moist Cellular Concrete Experimental and Numerical Study. American Society of Heating, Refrigerating and Air- Conditioning Engineers ASHRAE [6] KNAUF. Disponível em < Acesso em: 4/8/202. [7] BRASILIT. Disponível em < Acesso em: 4/8/202. [6] ETERNIT. Disponível em < Acesso em: 4/8/202. [9] FIRE SAFETY DESIGN (FSD). TCD 5.0 User s manual. Lund: Fire Safety Design AB, [20] PIERIN; I. A instabilidade de perfis formados a frio em situação de incêndio. Tese de Doutorado. Escola Politécnica. Universidade de São Paulo. 20. IBRACON Structures and Materials Journal 204 vol. 7 nº 2 207
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