Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc... Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, 09 de setembro 2011.

Transcrição

1 Processo nº Acórdão nº 344/2011 Recurso VOL/CRF-469/2010 RECORRENTE : ADEILDO MENEZES DA CUNHA ME RECORRIDA: GERÊNCIA EXEC.DE JULGAMENTO DE PROC. FISCAIS - GEJUP PREPARADORA: RECEBEDORIA DE RENDAS DE JOÃO PESSOA AUTUANTE: LUIS GOMES FRADE RELATOR: RODRIGO ANTÔNIO ALVES ARAÚJO RECURSO VOLUNTÁRIO DESPROVIDO-DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA ESTABELECIMENTO SEM ECF E TEF AUSÊNCIA DE PROVAS ILIDENTES - MANTIDA DECISÃO SINGULAR AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE. Os estabelecimentos que exerçam atividades de venda de mercadorias ou bens para pessoa física ou jurídica não contribuinte do imposto estadual, estão obrigados ao uso de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal ECF em conjuntamente com o TEF-Transferência Eletrônica de Fundos.Salvo disposição de lei em contrário. Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc... A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, a unanimidade, e de acordo com o voto do relator, pelo recebimento do recurso ordinário, por regular e tempestivo, e, quanto ao mérito, pelo seu DESPROVIMENTO, para que seja mantida a decisão recorrida que julgou PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em (fls.06), contra ADEILDO MENEZES DA CUNHA - ME, inscrito no CCICMS sob o nº , fixando o crédito tributável exigível em R$ 3.310,85 (três mil trezentos e dez reais e oitenta e cinco centavos), decorrente da aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória equivalente a 15 x 28,79 UFR-PB = R$ 431,85 e 100 x 28,79 UFR-PB = R$ 2.879,00, com fulcro no art. 85, inciso VII, alíneas n e a da Lei nº 6.379/96. P.R.I. Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, 09 de setembro RODRIGO ANTÔNIO ALVES ARAÚJO CONS. RELATOR

2 Continuação do Acórdão n.º 344/ R E L A T O R I O Por discordar da decisão prolatada pela instância prima, a empresa em epígrafe, em tempo hábil, com supedâneo no art. 125 da Lei 6.379/96, recorre ordinariamente para este Conselho de Recursos Fiscais pretendendo ver reformada aquele decisório. De conformidade com o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em (fls.06), consta a seguinte denúncia: -ECF OUTRAS IRREGULARIDADES O contribuinte deixou de cumprir formalidades relacionadas ao uso dos equipamentos ECF. -ESTABELECIMENTO SEM ECF O contribuinte está sendo autuado por não ter adquirido no prazo legal o equipamento Emissor de Cupom Fiscal ECF, consoante determina a legislação tributária. Pelo fato, foi enquadrada a infração no art. 119, incisos XIV e XV, art. 338, art. 339, todos do RICMS/PB, aprovado pelo Decreto nº /96, sendo proposta aplicação de multa por infração com fulcro no art.85, incisos VII, alíneas a e e da Lei nº 6.379/96. Cientificada pessoalmente da acusação em 08/03/2009, conforme atesta a assinatura aposta no libelo acusatório (fls. 06), a denunciada interpôs petição reclamatória (fls.26), a qual alega que a implantação do ECF impõe um custo financeiro a empresa de R$ 8.800,00, a ser pago no máximo em três parcelas, não tendo a empresa condições de efetuar essa despesa num curto espaço de tempo como o exigido. Acrescenta ainda que seu faturamento anual é de R$ ,20, estando abaixo da exigência do uso do ECF, conforme determinação legal do art. 338, 3º do RICMS/PB, que impõe a obrigação apenas para faturamento superior a R$ ,00. Por fim, na convicção de que essa demanda seja julgada dentro da imparcialidade e elevado espírito de cooperação, espera ansioso pelo veredictum do Sr. Julgador singular. A fiscalização instada a se pronunciar acerca da reclamação interposta, aduz em sua contestação (fls. 19), que a empresa não se encaixa no que dispõe o art. 338, 3º, haja vista a regra disciplinada neste dispositivo alcançar apenas aquelas empresas tributadas por regime diverso do normal, o que não é o caso da autuada, que é tributada pelo regime normal de recolhimento do ICMS, estando, portanto, obrigada a utilização de ECF. Por fim, pede o reconhecimento por parte da instância julgadora da procedência do feito fiscal objeto do presente autos. Seguindo a marcha processual, os autos foram conclusos à instância prima com a informação de não haver reincidência (fls. 22), sendo distribuído à julgadora fiscal Dra. Regina da S. Moura Santos, que após a análise, julgou o libelo basilar PROCEDENTE, ementando sua decisão conforme explicitado abaixo. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Obrigatoriedade do uso de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal. Descumprimento. Defesa

3 Continuação do Acórdão n.º 344/ desprovida de elementos capazes de elidir a acusação. Manutenção do feito fiscal. A obrigatoriedade da utilização de ECF até o prazo previsto no diploma legal que regula a matéria se estende a todos os estabelecimentos que atividades de venda ou revenda de mercadorias ou bens a varejo ou de prestação de serviços. No caso, a autuada não demonstrou haver cumprido a respectiva obrigação acessória, tampouco evidenciou estar enquadrada nas exceções à regra geral da utilização do equipamento, a fim de elidir os efeitos da acusação que lhe é atribuída. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE Cientificado regularmente da decisão singular através de Aviso de Recebimento - AR em 03/09/2010 (fls.31), a empresa interpôs recurso ordinário (fls.34), no qual alega que a empresa é de pequeno porte, não suportando o ônus da implantação do equipamento tecnológico sem prejuízo do sustento, não bastando para tanto, a legislação em evidência coleciona no art. 338 do revogado 3º pelo inciso V do art. 6º da Lei nº /01. Acrescenta que o indeferimento do pedido da requerente deste feitio se desvencilhando no guerreado auto de infração desferido em desfavor da ora impugnante, haja vista a predominância do art. 1º da Lei nº /03, dando total agasalho a desnecessidade de implantação do referido equipamento TEF. Por fim, após tecer considerações repetindo as considerações já trazidas à baila na petição reclamatória, a acusada requer a improcedência do feito fiscal e que lhe seja dado prazo não inferior a 90 dias para composição do valor lavrado em auto de infração, sendo determinado de ofício a mudança de regime no intuito da obtenção do pretenso direito de alteração do regime tributário, não existindo desobediência inexiste débito. A fiscalização instada a se pronunciar acerca do recurso ordinário interposto, aduz em suas contra-razões (fls.37), que a autuada avoca a predominância do art. 1º do Decreto /03, cujo dispositivo revigora o 3º do art. 338 do RICMS/PB, o qual obriga o uso do emissor de cupom fiscal ECF. Acrescentando o autor do feito ser importante observar que de conformidade com o 3º, a referida obrigatoriedade não se aplica aos contribuintes com regime diverso do normal, o que não é o caso do acusado. Face ao exposto, pede a ratificação da sentença prolatada pela instância singular com o desprovimento do referido recurso em referência. Após esse relato, decido. V O T O

4 Continuação do Acórdão n.º 344/ No caso vertente, versam os autos sobre as infrações de descumprimento de obrigação acessória referentes a não aquisição, quando obrigatório, do Equipamento Emissor de Cupom Fiscal ECF e Transferência Eletrônica de Fundos -TEF, ensejando a exação cujo crédito tributário demonstramos abaixo: Crédito Tributário ICMS MULTA TOTAL Ausência TEF 0,00 431,85 431,85 Não aquisição do ECF 0, , ,00 0, , ,85 alor Exigido => No caso ventilado, verifica-se que as acusações têm por cerne o descumprimento de obrigação acessória, em face do não cumprimento pelo acusado, da obrigação de adquirir o Equipamento Emissor de Cupom Fiscal, integrado com o TEF- Transferência Eletrônica de Fundos, que funciona concomitantemente com o ECF quando das operações de vendas realizadas pela empresa com cartões de crédito. In casu, ao perscrutarmos as normas de regência do ICMS/PB, vislumbramos a clareza insofismável da obrigação acessória imputada aos estabelecimentos, quando realizam vendas a contribuintes não inscritos no CCICMS, de adquirirem o ECF, conforme dispõe o art. 338 do RICMS/PB, in verbis: Art Os estabelecimentos que exerçam a atividade de venda ou revenda de mercadorias ou bens, ou de prestação de serviços em que o adquirente ou tomador seja pessoa física ou jurídica, não contribuinte do imposto estadual, estão obrigados ao uso de equipamento Emissor de Cupom Fiscal - ECF. Onde se visualiza que as empresas que utilizam equipamentos tipo Pointe Of Sales (POS), a famosa maquineta das administradoras de cartões de crédito, teriam até 31/12/2004 para implementarem a impressão do comprovante de pagamento com uso do TEF, conforme dispõe o Decreto nº de 25/09/2001, alterado pelo Decreto nº /04, transcrito ipsis litteris abaixo: Art. 1º Os contribuintes obrigados ao uso de equipamento ECF, que utilizam equipamento do tipo Point Of Sale (POS) terão prazo, até 31 de dezembro de 2004, para implementação da impressão do comprovante de pagamento com uso de Transferência Eletrônica de Fundos (TEF) no Emissor de Cupom Fiscal (ECF). Com o advento do Decreto nº /02, que em seu art. 1º deu nova redação ao art. 3º, ficou estipulado que o prazo estabelecido acima seria prorrogado apenas para os contribuintes que optassem até 31/12/2002 por autorizar a administradora de cartões de crédito e débito a fornecer a Secretaria da Receita o montante mensal das operações realizadas, conforme se abebera abaixo: Art. 3º A prorrogação do prazo estabelecida no art. 1º somente será concedida aos contribuintes que optaram até 31 de dezembro de 2002, por autorizar a administradora de cartão de crédito ou de débito, com quem mantém relações comerciais, a fornecer à

5 Continuação do Acórdão n.º 344/ Secretaria das Finanças do Estado da Paraíba e à Secretaria da Receita Federal o montante mensal das operações transacionadas. 1º A autorização de que trata este artigo deverá ser formalizada junto à administradora de cartão de crédito ou de débito, e comunicada à Secretaria das Finanças do Estado da Paraíba e lavratura de termo no Livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termo de Ocorrências, perdendo eficácia quando do atendimento aos prazos estabelecidos no art. 1º ou a partir de 1º de janeiro de º Os pedidos de inscrição no CCICMS a partir da vigência do presente Decreto até 30 de novembro de 2003, poderão formalizar a opção prevista no caput, no prazo de até 30 (trinta) dias da data da inscrição estadual. Destarte, diante da exigência realizada pela Secretaria de Estado da Receita, através da Notificação acostada às folhas 12 do processo, para que a empresa autuada adquirisse e implantasse a solução de integração ECF-TEF, além da instalação do ECF, não resta dúvidas que até a data da notificação a empresa não tinha providenciado o que determina as normas transcritas acima, o que determina o claro descumprimento de obrigação acessória, punível com as seguintes multas: Art. 85. As multas para as quais se adotará o critério referido no inciso I, do art. 80, serão as seguintes: VII - de 1 (uma) a 200 (duzentas) UFR-PB, aos que cometerem as infrações abaixo relacionadas relativas ao uso de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal - ECF ou equipamentos similares: a) deixar de utilizar, quando obrigado pela legislação (cem) UFR-PB por estabelecimento; n) descumprir formalidade relacionada ao uso dos equipamentos, para a qual não esteja prevista penalidade específica 15 (quinze) UFR-PB por ato ou situação; Nesse diapasão, em face das normas que regem a matéria, vislumbra-se a clareza do fato infringente denunciado e o claro descumprimento de obrigação acessória. Outrossim, mister se faz ressaltarmos não haver como acolhermos a alegação trazida à baila pela acusada em sua peça defensual, quando suscita que seu faturamento anual seria de apenas R$ ,20, portanto, inferior aos R$ ,00 estipulado pelo art. 338, 3º do RICMS/PB para desobrigar as empresas com faturamento inferior de utilizar ECF. Pois ao perscrutarmos as peças dos autos, mormente, as informações contidas às folhas 16 do processo, vislumbramos que o REGIME DE APURAÇÃO da acusada é o NORMAL, portanto, como a norma contida no art. 338, 3º do RICMS/PB, apenas acolhe os contribuintes com regime de recolhimento diverso do normal, não temos como estender o benefício a empresa autuada, diante da nívea clareza da norma infracitada:

6 Continuação do Acórdão n.º 344/ Art º O disposto no caput deste artigo, não se aplica aos contribuintes com regime de recolhimento diverso do normal, cuja estimativa de faturamento anual seja inferior a R$ ,00 (cento e vinte mil reais). Portanto, em face da fragilidade das alegações de defesa e da clareza dos fatos que amparam a denúncia, não nós resta outra opção a não ser mantermos in totum a sentença singular, a qual julgou PROCEDENTE o auto de infração ora em apreciação, ao tempo em que demonstramos abaixo o quantum debeatur após o deslinde da querela. Crédito Tributário ICMS MULTA TOTAL Ausência TEF 0,00 431,85 431,85 Não aquisição do ECF 0, , ,00 0, , ,85 alor Exigido => Ex positis, V O T O Pelo recebimento do recurso ordinário, por regular e tempestivo, e, quanto ao mérito, pelo seu DESPROVIMENTO, para que seja mantida a decisão recorrida que julgou PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em (fls.06), contra ADEILDO MENEZES DA CUNHA - ME, inscrito no CCICMS sob o nº , fixando o crédito tributável exigível em R$ 3.310,85 (três mil trezentos e dez reais e oitenta e cinco centavos), decorrente da aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória equivalente a 15 x 28,79 UFR-PB = R$ 431,85 e 100 x 28,79 UFR-PB = R$ 2.879,00, com fulcro no art. 85, inciso VII, alíneas n e a da Lei nº 6.379/ Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, em 09 de setembro de RODRIGO ANTÔNIO ALVES ARAÚJO CONSELHEIRO RELATOR

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