Inquérito Policial. Aula 01
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- Matilde Lobo Dinis
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1 Inquérito Policial Aula 01 Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia 1
2 Conversa Inicial Olá, aluno! Seja sejam muito bem-vindo à disciplina Inquérito Policial... Essa é a nossa primeira aula, onde buscaremos revisitar, numa perspectiva panorâmica, alguns dos elementos fundamentais do Direito Processual Penal e seus mais relevantes princípios norteadores. Vamos começar? Introdução Hoje estudaremos os sistemas processuais penais, o conceito e a finalidade do Direito Processual Penal, as fases que compõem a persecução penal e, por fim, alguns dos mais importantes princípios que regem tanto o direito estatal de punir quanto o direito de liberdade daquele que se vê investigado ou acusado da prática de um delito. Somos constantemente bombardeados por notícias de jornal e periódicos que nos dão conta da ocorrência diária de diversos crimes. Quando finalmente o criminoso é identificado pela Polícia, questionamos o porquê de o Estado demorar tanto em condená-lo pelo ilícito praticado a fim de "pagar pelo que fez". Contextualizando Algumas perguntas para começarmos a esquentar: Por que não prender o cidadão que cometeu um delito desde logo e obrigá-lo a cumprir a pena prevista na lei para a conduta criminosa que praticou? Caso o delinquente confesse o crime, seria possível sua condenação imediata, sem um processo criminal? Posso eu, sem o auxílio do Estado, castigar aquele que cometeu um crime contra mim? 2
3 Para responder a essas, e outras perguntas correlatas, é muito importante que você conheça os fundamentos basilares do Direito Processual Penal. Pesquise Sistemas processuais penais Ao longo da aula, o professor Flúvio vai trabalhar alguns pontos importantes que são fundamentais para sequência dos nossos estudos! Então, preste bastante atenção nos vídeos, ok? Eles estão disponíveis no material online. Para começar, você irá conferir quais são os principais sistemas processuais penais existentes no mundo e suas principais características. A distinção mais importante a ser observada será entre o sistema processual penal acusatório e o sistema processual penal inquisitivo, mormente quanto às tarefas que cabem aos sujeitos processuais e ao tratamento dispensado ao réu durante seu processamento criminal. Vamos lá! Agora que estudamos as principais diferenças entre o sistema processual penal acusatório e o inquisitivo, vamos ver o que caracteriza um sistema como misto e, sobretudo, se há sistemas que podem ser considerados puramente acusatórios ou puramente inquisitivos. Finalizando o presente tema, cabe-nos, nesse momento, refletir sobre qual sistema processual penal é adotado no Brasil de acordo com o entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário e suas justificativas. Conceito e finalidades do Direito Processual Penal Sabendo, agora, que o sistema processual penal adotado em nosso país é o acusatório, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, vamos conversar um pouco acerca da possibilidade ou não de autotutela no Brasil. 3
4 Veja mais detalhes sobre a autotutela e sua proibição (como regra) no ordenamento jurídico-penal brasileiro. Se a autotutela é proibida, como regra, em nosso país, é dever do Estado, portanto, agir em nome da coletividade, em especial quando da ocorrência de uma infração penal. Sob esse prisma, surge a necessidade de conhecermos os conceitos de jus puniendi, jus libertatis e persecutio criminis. É isso que faremos no próximo vídeo disponível no material on-line. Vamos conferir os conceitos de jus puniendi, jus libertatis e persecutio criminis? Agora que sabemos que o Estado detém o poder-dever de punir aquele que pratica um crime (jus puniendi) e que, de outro lado, ao agente asseguramse os direitos e garantias necessários à sua ampla defesa (jus libertatis) no contexto da persecução penal (persecutio criminis), vejamos as principais diferenças entre o Direito Processual Penal e o Processo Penal e as finalidades precípuas de cada um. Fases da persecução penal Vimos que é no bojo da persecução penal que o Estado busca esclarecer as circunstâncias de um fato criminoso, buscando comprovar se verdadeiramente houve a ocorrência de um crime e, mais do que isso, quem teria sido seu responsável. É também nesse mesmo contexto que aquele sobre o qual recai a possível autoria do delito terá a oportunidade de se defender. Vamos ver agora, nos próximos vídeos, disponíveis no material on-line, quais são as fases da persecutio criminis, suas principais características e importância no âmbito do Direito Processual Penal. Vamos falar de persecução penal e as suas fases? Veja as principais características das duas fases da persecutio criminis e sua importância para o Direito Processual Penal. 4
5 Alguns princípios norteadores Estudamos até aqui que o Direito Processual Penal e o Processo Penal têm finalidades próprias, que convergem, ao final, para a efetiva e justa aplicação do direito ao caso concreto, ou, em outras palavras, para a devida e proporcional responsabilização criminal daquele que, comprovadamente, praticou um delito. As regras de Direito Processual Penal, contudo, devem ser interpretadas e aplicadas em consonância com a nova ordem constitucional estabelecida pela Lei Maior de 1988, em especial quando consideramos que o Código de Processo Penal entrou em vigor em 1942 e foi elaborado sob a égide da Constituição de 1937, durante o assim denominado Estado Novo. Sendo assim, é de fundamental importância analisarmos as regras processuais penais sempre de acordo com os princípios adotados pela Constituição Federal de 1988, chamada Constituição Cidadã, e com os direitos e garantias por ela assegurados. Nos vídeos a seguir, veremos os princípios mais relevantes aplicáveis ao Direito Processual Penal, disponíveis no material on-line. Trocando Ideias Pronto! Estamos chegando no final da nossa primeira aula! Gostou? Qual tema relacionado aos princípios e à persecução penal merece uma pesquisa mais aprofundada, e por quê? Leve para o Fórum do curso e debata com os seus colegas! Talvez lá você consiga encontrar a resposta que precisa! 5
6 Na Prática Pudemos perceber o importantíssimo papel dos princípios da dignidade humana, do devido processo legal, da isonomia material, do in dubio pro reo, da presunção de inocência, da não autoincriminação, da ampla defesa, do contraditório, da verdade "real", da vedação das provas ilícitas, da obrigatoriedade, da indisponibilidade e da publicidade como pilares de salvaguarda do réu em face de eventuais desmandos, excessos e arbítrios que o Estado possa perpetrar no âmbito da persecução penal. Veja a definição de cada um deles: Devido processo legal Ao réu é assegurado um processo escorreito, com ampla defesa e contraditório. In dubio pro reo Em havendo alguma dúvida, o réu não pode ser prejudicado, mas deve ser beneficiado por ela, pendendo a dúvida para o lado mais favorável à sua defesa. Presunção de inocência, Ninguém pode ser considerado culpado, de nenhuma maneira, a não ser depois de decisão transitada em julgado. Não autoincriminação É o princípio do nemo tenetur se detegere: ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo Vedação das provas ilícitas As provas do processo devem seguir os meios legais para sua produção, sob pena de serem nulas. 6
7 Síntese No presente tópico tivemos por objetivo principal trazer à mente os elementos fundamentais do Direito Processual e, de forma genérica, o conteúdo mais relevante dos princípios que o regem. Para tanto, vimos que o sistema processual penal adotado no Brasil é o acusatório, onde há clara divisão de tarefas entre aqueles que acusam, defendem e julgam. Estudamos que Direito Processual Penal não é sinônimo de Processo Penal, sendo que cada qual tem conceito e finalidades que lhe são próprios. Discorremos sobre o poder-dever de punir do Estado e o direito de liberdade, que deve ser plenamente assegurado àquele acusado de ter cometido um ilícito penal. Pudemos perceber o importantíssimo papel dos princípios da dignidade humana, do devido processo legal, da isonomia material, do in dubio pro reo, da presunção de inocência, da não autoincriminação, da ampla defesa, do contraditório, da verdade "real", da vedação das provas ilícitas, da obrigatoriedade, da indisponibilidade e da publicidade como pilares de salvaguarda do réu em face de eventuais desmandos, excessos e arbítrios que o Estado possa perpetrar no âmbito da persecução penal. De acordo com o que estudamos, agora sabemos por que não nos é permitido "fazer justiça com as próprias mãos" e que a responsabilização criminal daquele que cometeu a infração penal deve necessariamente ocorrer mediante o rigoroso respeito às normas que regem o Direito Processual Penal. Referências ANDRADE, Guilherme Oliveira. Apontamentos acerca da dignidade da pessoa humana. In: NICZ, Alvacir Alfredo (Org.); KLEIN, Adriano Alves (org.). Princípios constitucionais: Efetividade e desenvolvimento. 1. ed. São Paulo: Iglu,
8 AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. 6ª. ed. São Paulo: Método, BADARÓ, G. H. Processo penal. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, BARBOSA, Ana Paula Costa. Possibilidade de relativização do princípio da dignidade da pessoa humana de acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, n. 17, p. 1-15, Disponível em < Acesso em 05. ago BARROSO, Luis Roberto. Interpretação e aplicação da constituição fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, BOSCHI, José Antonio Paganella. Das penas e seus critérios de aplicação. 6ª. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 3 de outubro de Decreto-Lei n , de 7 de dezembro de Diário Oficial [da] República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 31 dez Disponível em: < Acesso em: 30 dez Decreto-Lei n , de 3 de outubro de Diário Oficial [da] República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 13 out. 1941a. Disponível em: < Acesso em: 30 jan COSTA RICA. Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Pacto de San José. 22 nov Disponível em: < Acesso em: 30 jan FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
9 GOMES, Luiz Flávio, BIANCHINI, Alice. DAHER, Flávio. Princípios Constitucionais Penais. LivroeNet, GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 9ª. ed. São Paulo: Saraiva, LENZA, P. (Coord.). Direito processual penal esquematizado. São Paulo: Saraiva, LOPES JR., A. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011a. v. 1.. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011b. v. 2. LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processual Penal. Rio de Janeiro: Imptus, v. 5. MACHADO, A. A. Teoria geral do processo penal. São Paulo: Atlas, MAGNO, L. E. Curso de processo penal didático. São Paulo: Atlas, MARQUES, Oswaldo Henrique Duek. Fundamentos da Pena. São Paulo: Juarez de Oliveira, NORONHA, E. M. Direito penal. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, v. 1. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, Manual de direito penal e execução Penal. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, Princípios constitucionais penais e processuais penais. 2º. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012 PACELLI, E. Curso de processo penal. 18. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, ; FISCHER, D. Comentários ao código de processo penal e sua jurisprudência. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, PACHECO, D. F. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis. 4. ed. Niterói: Impetus,
10 RANGEL, P. Direito processual penal. 20. ed. atual. São Paulo: Atlas, ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Fonte Digital: Referências Complementares Um artigo que traz uma abordagem sobre os princípios: Princípios norteadores do Direito Processual Penal, de Eliana Descovi Pacheco < 10
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