DIREITO PENAL CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. *PRÓPRIOS (atipicidade relativa); IMPRÓPRIOS (atipicidade absoluta)
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- Alice Barbosa Brunelli
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1 DIREITO PENAL PONTO 1: CRIMES CONTRA A ADM. PÚBLICA PONTO 2: PECULATO E ESPÉCIES PONTO 3: SONEGAÇÃO, EXTRAVIO... DE DOCUMENTOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA _ CRIMES FUNCIONAIS *PRÓPRIOS (atipicidade relativa); IMPRÓPRIOS (atipicidade absoluta) Em ambos os crimes existe a elementar funcionário público. Uma vez, se eliminado a elementar funcionário público no crime funcional próprio haverá a atipicidade absoluta, não sobrando crime algum. Ex: corrupção passiva, prevaricação, condescendência imprópria. ART CP. Peculato furto art CP, art CP (peculato mediante erro de outrem). Elementar, a sua supressão ou alteração causa atipicidade relativa ou absoluta. Alteração da circunstância poderá alterar a pena e não tornar a conduta atípica. PROCEDIMENTO: arts. 312 a 326 CP. arts. 359-A a 359-H CP. art. 3º 4, I a III, L 8137/90. 1 Art Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 2 Art Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº , de 2009) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº , de 2009) 1 o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº , de 2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº , de 2009) 2 o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº , de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº , de 2009) 3 Art Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 4Art. 3 Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de Código Penal (Título XI, Capítulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
2 Art. 513 a 518 CPP - ** art CPP resposta preliminar, no prazo de 15 dias. Visa suprir a ausência do inquérito policial. Art , 1º CP excesso de exação; art CP; art. 3º, I e II Lei 8137 sendo todos esses crimes afiançáveis. S STJ o particular não tem direito a notificação para resposta preliminar, só o funcionário público. Art CPP. Passada a fase especial da resposta preliminar segue-se o rito comum ordinário, ainda que a pena seja afeta ao procedimento comum sumário, pois prevê maior prazo e maior número de testemunhas. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS: ART CP considera-se funcionário público para fins penais ou agente público, qualquer pessoa física que desenvolva, mesmo que transitoriamente, função pública, ou seja, de alguma forma está incumbido de um poder típico de Estado. O significado do termo função abrange, nesse contexto, cargos, empregos e funções públicas, além de eventuais vínculos privados de contratações nas entidades que atuam em regime de colaboração com o poder público (concessionárias e permissionárias são exemplos disso). É requisito essencial agir em nome do Estado e não são dados obrigatórios o vínculo permanente e a retribuição pecuniária. (jurado, mesário etc). Art , 1º, CP abrange a categoria daqueles que são particulares que, em regime de colaboração trabalham para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniadas, para 5 Art Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. 6 Art Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Excesso de exação 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de ) 7 Facilitação de contrabando ou descaminho Art Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de ) 8 S É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial. 9Art O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº , de 2008). 1 o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. (Incluído pela Lei nº , de 2008). 4 o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. (Incluído pela Lei nº , de 2008). 10 Art A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada. 11 Art Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
3 a execução de atividade típica da administração pública. Os empregados de paraestatais _ serviços sociais autônomos, organizações sociais e organizações da sociedade civil de interesse público, concessionárias e permissionárias também estão abrangidos dentro desse conceito de funcionário público. ** jamais se faz analogia com o art. 5º 12 lei 4898/65 (abuso de autoridade), pois o conceito é restrito quanto a funcionário público. Desta forma, o conceito de funcionário público para fins penais é o mesmo que o conceito de agente público previsto no art. 2º 13 da lei 8429/92 (lei de improbidade administrativa). FUNÇÃO PÚBLICA: não confundir a expressão encargo/munus público, já que este último nada mais é do que a defesa de interesses privados (curador, tutor, inventariante, aquele que administra a massa falida). Obs: com relação ao depositário judicial, somente haverá a caracterização da pessoa do funcionário público se o encargo recair sobre um funcionário público. Leiloeiro oficial é considerado funcionário público para fins penais, bem como o perito judicial. Defensor dativo não é considerado defensor público. Não é servidor público quando atua de forma sistemática. Se esse advogado atua em núcleo de assistência judiciária gratuita de forma estável e houver um convênio com a OAB e a PGE conforme decisão do STJ ele é funcionário público para fins penais. CARGO PÚBLICO: é aquele cuja criação se dá por meio de lei. EMPREGADO PÚBLICO: é o celetista. Transitoriamente e sem remuneração ex: mesário, estagiário, jurado. De acordo com a posição majoritária, o art. 327 CP é um comando geral, ou seja, ele traz um conceito de funcionário público para fins penais que é aplicado tanto ao sujeito ativo como ao sujeito passivo do crime. Assim, um jurado é funcionário público de acordo com o art. 327, caput CP? sim, pode inclusive, ser vítima de desacato. 1º, art. 327 CP no que tange a este artigo, a doutrina entende que se trata de um comando que define funcionário público por equiparação, sendo somente aplicável ao sujeito ativo do delito. 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 12 Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. 13 Art. 2 Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
4 Portanto, um funcionário do Banco do Brasil (sociedade de economia mista) pode ser sujeito ativo de peculato, mas não pode ser vítima de desacato. Paraestatais: empresas públicas, caixa econômica federal, correios etc. Sociedade de economia mista: Banco do Brasil, fundações instituídas pelo poder público. A parte final do 1º e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da administração pública foi incluída pela lei 9983/00 e tem como grande problema a identificação do que seja atividade típica da administração pública. Para resolvermos esse problema, ficamos na dependência do que define a jurisprudência. Ex: já se definiu que educação não é atividade típica do Estado (da administração pública). Um professor de uma escola particular jamais pode ser equiparado a funcionário público. Ao contrário, a saúde é ATIVIDADE TÍPICA DA ADM. PÚBLICA. ex: um médico que atenda pelo SUS, que exija alguma verba em dinheiro para realizar algum procedimento pratica crime do art. 316 CP. No que tange a essa parte final do 1º, entendem STF e STJ que somente possui aplicação para fatos ocorridos a partir da vigência desta lei 9983/00. Art. 327, 2º CP importante destacar nesse dispositivo que a lei penal não faz referência a palavra autarquia e, em assim sendo pelo princípio da legalidade estrita, não é possível aumentar-se a pena de um diretor, por exemplo, de uma autarquia. Obs: de acordo com STF decisão de 2008 o 2º do art. 327 CP é aplicável aos detentores de cargo eletivo. Art CP. a expressão funcionário público diz repeito a uma elementar conforme já visto anteriormente. Assim, por se tratar de uma elementar, poderá se comunicar ao corréu particular, desde que, dela ele tenha conhecimento. PRINCÍPIO DA BAGATELA: no âmbito do STJ, 4ª câmara criminal TJRS, Turma recursal é pacífico que não se aplica o princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública. Em sentido contrário, as duas turmas do STF possuem precedentes admitindo o princípio da bagatela aos crimes contra a administração pública. _ PECULATO: ART CP. 14 Art Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) 15 Peculato Art Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
5 1º NO CAPUT DO ART. 312 CP existem duas formas de peculato: a) PECULATO APROPRIAÇÃO: possui característica semelhante ao crime de apropriação indébita, prevista no art CP, situação em que o agente inverte o animus da posse, passando a agir como se dono fosse. Requisitos: a origem da posse deve ser lícita e, por conseguinte, a forma de obtenção dela pelo agente também deverá ser. É indispensável a vontade do agente de ter a posse da coisa para si. Ainda, a consumação desse delito ocorre no momento em que o agente inverte a posse, que passa a ser ilícita. A expressão posse, segundo Guilherme de Souza Nucci e decisão da 5ª turma do STJ (2000) abrange também a detenção. Em sentido contrário, Magalhães Noronha sustenta que se o agente se apropriar de um bem de que tinha a detenção em razão do cargo (princípio da legalidade estrita) não pratica o peculato caput, mas o peculato do art. 312, 1º CP, peculato furto. OBJETO MATERIAL: no peculato, tem-se que deverá se o objeto material, a coisa que foi apropriada, podendo SER PÚBLICA OU PARTICULAR. De acordo com a 5ª turma do STJ o objeto mat. do peculato deve ter valor econômico, ainda que irrisório. Por outro lado, prestação de serviços não pode ser objeto material do crime de peculato, visto que não se trata de coisa, mas poderá ser objeto do crime do art. 1º, II 17, Dec-L 201/67, desde que o agente seja prefeito municipal. Para que haja peculato, é imprescindível que a apropriação da coisa se dê em virtude do cargo, ou seja, a posse deve se dar em virtude do cargo. Se o agente não se valer do cargo para a obtenção da posse, haverá o crime de apropriação indébita do art. 168 do CP. Assim, a primeira pergunta que se deve fazer é a seguinte: o agente tem a posse ou teve a posse do bem em função do cargo? Ex: por que o carteiro e o poeta tinha a posse sobre o cheque? TRF entende que o crime meio é o mais grave e o carteiro pratica crime de peculato. É possível que um funcionário público, no exercício da função, pratique crime de apropriação indébita, por não estar presente o elemento posse em razão do cargo. Ex: o funcionário público, que não é responsável por um determinado setor, acaba tendo acesso a esse local, não em razão do cargo, mas porque estava por ali apenas passando. O funcionário público pode praticar crime praticável por particular, dependerá do caso em concreto. Peculato DESVIO: conforme doutrina de Rogério Greco, no peculato desvio não há por parte do agente, o animus de assenhoramento do bem por parte do agente. Isso porque 16 Art Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 17 Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio; Il - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos;
6 desviar significar dar a coisa destinação diversa daquela que ela deveria ter. Destaque-se que o código penal não pune o peculato de uso, conduta essa prevista somente no decreto lei 201/67 (quando é prefeito municipal). Para os demais constitui ato de improbidade administrativa. Conforme Paulo José da Costa Junior, no entanto, se o uso do bem público trouxer prejuízo à administração pública ou a terceiro, bem como se esse uso for muito longo, haverá o crime de peculato desvio. Esse mesmo doutrinador refere que não haverá crime, na situação do funcionário público que utiliza, por exemplo, uma máquina de escrever ou um veículo público para fins particular tão só pelo uso. Incrimina, no entanto, a conduta, no último caso, pelo uso da gasolina punindo-a na forma do peculato apropriação. Ao final do tipo, consta a expressão em proveito próprio ou alheio sendo importante destacar que a expressão alheio não abrange a própria administração pública. O agente que desvia eventual recurso público em proveito da administração pública pratica o crime que é do art CP, emprego irregular de verba pública. No ano de 2009 o STJ recebeu denúncia contra um presidente do TJ de um presidente que desviou passagens aéreas também os familiares e nesse caso responderam pelo crime pois tinha conhecimento de que a verba utilizada era pública. As duas espécies de peculato (apropriação e desvio) são denominadas de peculato próprio. _ não devendo ser confundida com os crimes funcionais próprios e impróprios. Art. 312, peculato furto ou impróprio (peculato-furto): trata-se do crime de furto praticado na condição de FP, elemento esse que funciona como facilitador do crime. Ex: A, funcionário público, que subtrai um bem particular de um colega seu da repartição, pratica o crime de furto. No entanto, o mesmo ocorrendo no caso de agente que arromba a porta do seu trabalho para subtrair um bem da repartição. Nesse caso não praticou peculato-furto. Duas situações podem ocorrer: O funcionário público é executor do crime; O agente facilita a execução do crime para outrem, sendo que o agente que recebe essa facilitação pode, ou não, ser funcionário público. Ex: A é funcionário público encarregado de guardar determinados objetos que ficam no almoxarifado. A possui a chave do local e sabe que B é um funcionário público salafrário e de propósito deixa de vigiar o local para que B subtraia os bens. Não há qualquer liame subjetivo entre A e B, no sentido de B ter conhecimento prévio de que A prestou auxílio. _ o que importa é que A, FP, saiba que está concorrendo para a ação de B. No caso em tela A e B responderão por peculato-furto. Ex: agente que se identifica ao vigia como funcionário público e assim, ingressa no local e subtrai o bem pratica o crime de peculatofurto. Agente que se aproveito do horário de almoço, porque seus colegas saíram para esse fim e abre a bolsa de um deles e subtrai o bem de um colega pratica furto. Conclusão: não obstante esse último exemplo, se o funcionário público subtrai um bem particular, mas se vale da condição de funcionário público, deve-se analisar se o bem estava confiado à guarda da administração pública haverá crime de furto se não estava é peculato-furto. 18 Art Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
7 Art. 312, 2º CP PECULATO CULPOSO ao contrário de Nucci, não é caso de concurso de pessoas, em que este doutrinador afirma se tratar de verdadeira exceção pluralista a teoria monista em que o fp age de forma culposa e concorre para uma ação dolosa de outrem. Nesse sentido, segundo Nucci, estar-se-ia diante de uma participação culposa em crime doloso. _ Dentre os requisitos que são exigidos no concurso de pessoas um dos quatro é exatamente o chamado liame subjetivo entre os agentes do crime ou concurso de vontades. Dentro desse requisito, existe a identidade de elemento subjetivo, o que implica dizermos que jamais haverá participação dolosa em crime culposo e vice-versa. Essa diversidade de elemento objetivo desnatura/descaracteriza o concurso de pessoas faz com que surja a autoria mediata. Na verdade, existe uma conduta culposa do fp que, no plano da causalidade meramente objetiva, contribui para o crime de terceiro. Nesse caso, o agente deve querer aderir, devendo haver o liame subjetivo. A maioria da doutrina, portanto, entende que não haverá concurso de pessoas. É imprescindível que a conduta culposa do fp tenha colaborado de forma objetiva para a execução do crime perpetrado pelo terceiro. Em assim sendo, se o agente tiver ingressado em um local público arrombando a porta não haverá peculato-culposo. Concorrer significa contribuir. A doutrina, da mesma forma, entende que a conduta do fp para que haja o peculato culposo, deve estar inserida dentro da sua ceara de atribuições, sob pena de não haver o crime de peculato culposo. No que se refere ao crime perpetrado pelo terceiro, existem duas correntes sobre o tema. Que crime o terceiro deve ter cometido? Duas correntes: a) o crime praticado pelo terceiro deve ser necessariamente outro peculato, qualquer outro. B) o crime praticado pelo terceiro pode ser tanto um peculato como qualquer outra conduta típica, cuja descrição seja conforme aquelas descritas no caput ou 1º do art. 312 CP. Exs: pode ser furto (em razão do peculato-furto), apropriação indébita (em razão do peculato apropriação). A consumação do crime de peculato culposo ocorre somente quando tiver sido praticado outro crime pelo terceiro. Obs: Fernando Capez e Damásio de Jesus entendem que para haver o crime de peculato culposo, é imprescindível que o crime praticado pelo terceiro seja consumado, já que não existe tentativa em crime culposo. Mas em sentido contrário, Luiz Régis Prado entende que o crime perpetrado pelo terceiro pode ser tentado ou consumado, pois o crime tentado também é crime. Guarda relação ao peculato culposo. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM ART. 313 CP doutrinariamente, é chamado de peculato estelionato. Tecnicamente, nada mais é do que uma apropriação havida por erro, art CP, especializada em razão da condição de fp. Que recebeu a coisa no exercício do cargo. 19 Art Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
8 Quanto à expressão no exercício do cargo, César Roberto Bitencout entende que ela se restringe e, portanto, quer dizer menos do que em razão do cargo. Por isso, o agente deve ter recebido o bem no exercício do cargo e não em razão dele. Em sentido contrário, Nucci afirma que ambas as expressões se equivalem. O erro no qual incide o terceiro (que pode ou não ser um fp) deve ser espontâneo, o que significa dizer se foi provocado pelo agente responde por crime de estelionato. Segundo corrente dominante (em sentido contrário, Rogério Greco, entende que o erro de terceiro pode ou não ser espontâneo, respondendo, em ambos os casos, o agente pelo crime do art. 313 CP). O erro do terceiro pode recair sobre o agente a quem a coisa deve ser entregue ou sobre a quantidade a ser entregue ou sobre a própria obrigação de entregar a coisa. Art. 313-A 20 CP Peculato hacker trata-se de um crime formal, uma vez que a consumação se dá com a mera prática da conduta (inserir, facilitar inserção de dados falsos, excluir, alterar dados verdadeiros). A consumação independe da efetiva obtenção da vantagem ou do efetivo dano causada a administração pública. O tipo penal prevê que o seu cometimento somente é possível por fp autorizado. Ou seja, exige-se um plus. Se for um não autorizado pratica o crime do art. 313-B 21 CP. Se o fp recebeu propina a pena seria muito maior. Art. 313-B, CP Peculato pirataria de dados, conforme André Stefani ao contrário do outro crime, não existe uma finalidade específica do agente, uma vez que, as condutas se encerram nelas mesmas. O crime desse artigo pode ser praticado por qualquer fp, ainda que não autorizado. Conforme Luiz Régis Prado, as condutas consistentes em modificar e alterar não são sinônimas, pois a modificação importa alteração significativa, ao passo que alteração significa mudança apenas parcial. Não confundir o crime do art. 313-B CP com o crime do art , 1º, I e II, CP. Isso porque, nessas últimas figuras típicas o agente somente permite o acesso de pessoas não 20 Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei de 2011) I - concurso público; (Incluído pela Lei de 2011) II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei de 2011) III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei de 2011) IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei de 2011) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei de 2011) 1 o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei de 2011) 2 o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei de 2011) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei de 2011) 3 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei de 2011) 21 Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.(incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 22 Art Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 1 o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 2 o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
9 autorizadas ao sistema, sejam elas fp ou não aos bancos de dados da administração pública, sem que haja qualquer alteração ou modificação no sistema. Ambos os crimes art. 313-A e B visam à proteção dos sistemas de informática da administração pública e devem ser analisados, quando houver vantagem, infelizmente, com preferência a corrupção passiva majorada do art. 317, 1º CP. Art CP EXTRAVIO, SONEGAÇAÕ OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO: a conduta extraviar não significa perder, mas dar sumiço; sonegar é esconder, dissimular; inutilizar é danificar ou destruir. O sujeito ativo é o fp que possua a posse sobre o livro/documento público em razão do cargo. Se a conduta tiver sido praticada por advogado o crime será do art CP. Ainda, se o fp receber propina terá art. 317, 1º CP corrupção passiva majorada. Se o documento ou livro tiver relação a tributo pratica crime art. 3º, I Lei 8137/ Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Art Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 24 Art Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis a três anos, e multa.
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