caderno Parte integrante da Revista Cabra & Ovelha Nº 79 Maio 2013 Volume 41 pg 2
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- Marcelo do Amaral Tomé
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1 Técnico caderno & Científico Parte integrante da Revista Cabra & Ovelha Nº 79 Maio 2013 Volume 41 Desempenho e rentabilidade Fatores que afetam o desempenho de cordeiros e uso de medidas morfométricas para estimativa do peso vivo Sanidade pg 5 pg 2 Defesa Sanitária e Manejo Sanitário e a viabilidade de Programas Sanitários Oficiais para Caprinos e Ovinos apoio:
2 2 Desempenho e rentabilidade Fatores que afetam o desempenho de cordeiros e uso de medidas morfométricas para estimativa do peso vivo Em um sistema de produção de ovinos de corte, a rentabilidade está diretamente relacionada ao número de cordeiros nascidos e ao desempenho dos mesmos. O peso corporal é a principal característica que reflete o desempenho produtivo, e a primeira informação importante para acompanhar o desenvolvimento dos cordeiros é o peso ao nascer, que indica o vigor e o desenvolvimento intra-uterino do animal. Os pesos no período pré-desmame reflete de uma maneira geral a habilidade materna e um pouco da capacidade do animal em se desenvolver. No entanto o desenvolvimento do animal na fase pós-desmama expressa o potencial genético do próprio animal para ganho de peso e um possível efeito residual da habilidade materna (SOUZA et al., 2003). De forma geral, o desempenho dos cordeiros é afetado pela combinação entre sua genética e fatores ambientais, além da interação entre estes. Dentre os fatores ambientais que afetam o desempenho dos cordeiros cita-se o sexo, ano de nascimento, disponibilidade de alimentos às ovelhas em gestação e lactação, tipo de nascimento e efeitos maternais, que serão discutidos na sequência. Todos esses parâmetros exercem influência direta Técnico caderno & Científico Dr. Edson Luis de Azambuja Ribeiro Professor do Departamento de Zootecnia, UEL. Ms. Natália Albieri Koritiak; Ms. Francisco Fernandes Júnior; Ms. Camila Constantin; Zootecnista Fernando Augusto Grandis - Alunos do programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina Nº 79 Maio Volume 41
3 3 no peso e medidas corporais dos animais, e o conhecimento e gerenciamento destes é imprescindível ao bom planejamento e consequentemente sucesso da atividade (KORITIAKI, 2011). SEXO Os cordeiros machos geralmente são maiores e mais pesados que as fêmeas, diferença resultante principalmente de efeitos hormonais; uma vez que a testosterona é um hormônio com efeito anabolizante, fazendo com que os animais depositem mais tecido muscular. Porém, essa diferença de peso é mais acentuada com o avançar da idade dos animais, sendo que em animais jovens, algumas vezes não são observadas diferenças de desempenho entre sexos (RIBEIRO, 2002). As fêmeas, de forma geral, possuem menor taxa de crescimento e apresentam menor tamanho à maturidade, devido ao efeito do estrógeno, hormônio produzido no ovário, que restringe o crescimento dos ossos longos do corpo (NUNES, 2008). ANO DE NASCIMENTO As oscilações anuais no índice pluviométrico, temperatura e umidade relativa exercem efeito direto na produção e qualidade das pastagens, refletindo diretamente no atendimento às exigências nutricionais das matrizes. A utilização de informações climatológicas para o planejamento é uma prática que deve ser adotada, pois através delas, o produtor pode ajustar sua capacidade de produção de acordo com as tendências climáticas da sua região, para evitar excesso de animais em períodos de escassez forrageira. Além de estar associado à produção forrageira e atendimento às exigências nutricionais dos animais, os fatores climáticos também estão associados à ocorrência de problemas sanitários dos cordeiros, refletindo em seus desempenhos. Os efeitos do ano de nascimento podem ser minimizados pela adoção de práticas de manejo simples, como a conservação de alimentos através da ensilagem ou produção de feno, para cobrir eventuais faltas de alimento em períodos de seca prolongada e veranicos. TIPO DE NASCIMENTO De maneira geral cordeiros nascidos em parto simples apresentam maior desenvolvimento do que os nascidos em partos gemelares. Isto ocorre pela competição intra-uterina no pré-natal, e no pré-desmame pela competição pelo leite materno. Cordeiros gêmeos apresentam menor peso ao nascimento e ao desmame, porém a soma dos pesos dos cordeiros gêmeos é maior do que dos cordeiros únicos (RIBEIRO, 2002).. Além dos gêmeos possuírem menor peso individual, eles apresentam maior mortalidade até o desmame, e para que o aumento do número de partos gemelares, seja pelo uso de grupos genéticos mais prolíficos, ou por uso de práticas de manejo, como o flushing, seja vantajoso, os cordeiros precisam apresentar um bom peso ao nascimento, e a ovelha precisa possuir uma boa habilidade materna, para reduzir a mortalidade e melhorar o peso ao desmame, aumentando as chances de sobrevivência no pós-desmame. Apesar das ovelhas que parem gêmeos apresentarem maior produção de leite, esta não chega a ser o dobro da produção, e consequentemente, os cordeiros consomem menor quantidade de leite (MEXIA et al., 2004). Porém este efeito é diluído ao longo da lactação, uma vez que no final da lactação os cordeiros já se alimentam melhor de alimentos sólidos (KORITIAKI, 2011). EFEITOS MATERNAIS Ovelhas de primeira cria geralmente produzem cordeiros mais leves. Elas possuem o útero e órgãos reprodutores menos desenvolvidos, com menor irrigação sanguínea, resultando no menor desenvolvimento do feto. Como as ovelhas primíparas ainda estão em crescimento, parte de seu aporte nutricional é direcionado ao seu próprio crescimento, ou seja, há uma competição por nutrientes entre mãe e feto (SOUZA et al., 2003). Além de produzirem crias mais leves, pelo mesmo motivo esta categoria tende a apresentar menor produção de leite (RIBEIRO et al., 2008). Isto resulta no desmame de cordeiros mais leves, os quais são mais susceptíveis a problemas sanitários, como as verminoses, aumentando a taxa de mortalidade, no caso de ausência de um programa sanitário adequado. Após o desmame, o efeito da idade da mãe não tem tanta influência no desenvolvimento do cordeiro, uma vez que neste ponto os animais já desenvolveram seu potencial genético para crescimento e já possuem capacidade de aproveitar os alimentos disponíveis (SOUZA et al., 2003). USO DE MEDIDAS CORPORAIS PARA PREDIZER O PESO VIVO Aliado ao conhecimento dos fatores que afetam o desempenho dos cordeiros, como já ressaltado, a determinação do peso corporal dos animais é essencial para avaliar o crescimento dos animais, e consequentemente se a atividade está sendo vantajosa para o produtor. Entretanto, a realidade econômica do Brasil muitas vezes não permite que o produtor aquira balanças Nº 79 Maio Volume 41
4 4 para realizar a pesagem dos animais e monitorar sua atividade, fazendo com que o mesmo utilize balanças improvisadas para tal função, como as de bovinos, cuja precisão tende a ser menor, ou que ele nem realize a pesagem dos animais por falta de opções. Para minimizar tal deficiência, podem-se utilizar métodos alternativos de se predizer o peso, como o uso de algumas medidas corporais como perímetro torácico, comprimento corporal e altura da cernelha (Figura 1), que segundo alguns trabalhos, podem ser feitas com boa confiabilidade (KORITIAKI, 2011). Existe uma correlação alta e positiva entre essas medidas e o peso vivo do animal, de acordo com a idade do cordeiro (MENEZES, 2008; KORI- TIAKI, 2011). Segundo os autores, o perímetro torácico é a medida que mais se correlaciona com o peso vivo, sendo portanto a medida de eleição. Porém apesar de ser mais trabalhoso, o uso das três medidas em associação para a predição apresenta ligeiro aumento na acurácia. Apesar de existirem equações de predição tanto para o peso ao nascimento, quanto para o peso ao desmame, a última tende a apresentar melhor confiabilidade, uma vez que o peso ao nascimento do cordeiro está mais relacionado aos efeitos dos fatores ambientais citados anteriormente. As equações de predição de peso ao desmame, são aplicáveis a situações de desmame realizado aos 60 a 70 dias de idade (KO- RITIAKI, 2011). Para a realização das mensurações, que devem ser feitas com auxílio de fita métrica, o animal precisa estar em posição correta de aprumos. A altura da cernelha deve ser medida entre o ponto mais alto da região interescapular e o solo. O comprimento deve ser mensurado da cernelha até a inserção da cauda, e o perímetro torácico deve ser medido na parte imediatamente posterior às axilas (Figura 1). Em posse dos valores das medidas, em centímetros, basta utilizá-los nas seguintes equações para cordeiros Santa Inês, propostas por Koritiaki (2011), substituindo os valores de p (perímetro torácico), a (altura), c (comprimento corporal) de acordo com a idade e com a medida realizada, para a predição do peso vivo ao nascimento (PVN) e peso vivo ao desmame (PVD): No caso do uso apenas da medida do perímetro torácico, para peso ao nascimento e desmame, respectivamente: PVN = - 4, ,211 p r 2 = 0,56 PVD = - 22, ,632 p r 2 = 0,74 No caso do uso da associação das medidas de perímetro torácico, comprimento corporal e altura, para peso ao nascimento e desmame, respectivamente: PVN = -7, ,1182 p + 0,0846 c + 0,1082 a r 2 =0,73 PVD = -29, ,4198 p + 0,1319 c + 0,2351 a r 2 =0,79 O monitoramento do desempenho dos animais é essencial para tomadas de decisões, que podem ser decisivas no sucesso da atividade. No caso do produtor não ter uma balança, o uso das medidas corporais, apesar de não ser um método 100% eficaz, pode ser usado para estimar o peso vivo dos animais, utilizando os valores obtidos nas equações supracitadas. REFERÊNCIAS KORITIAKI, N. A. Fatores ambientais que afetam o desempenho ponderal e medidas corporais de cordeiros de diferentes grupos genéticos Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Universidade Estadual de Londrina, Londrina. NUNES, M.T. Crescimento e desenvolvimento. In: AIRES, M.M. Fisiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008, p MENEZES, L.F.G. et al. Medidas corporais de novilhos das gerações avançadas do cruzamento rotativo entre as raças Charolês e Nelore, terminados em confinamento. Ciência Rural, v.38, n.3, p , MEXIA, A.A. et al. Desempenhos reprodutivo e produtivos de ovelhas Santa Inês suplementadas em diferentes fases da gestação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p , RIBEIRO, E.L.A. et al. Desempenho produtivo de ovelhas submetidas a acasalamento no verão ou no outono no Norte do Paraná. Semina: Ciências Agrárias, v.29, n.1, p , RIBEIRO, E.L.A. et al. Desempenho produtivo de ovelhas acasaladas no verão e no outono recebendo ou não suplementação alimentar durante o acasalamento. Semina: Ciências Agrárias, v.23, n.1, p.35-44, SOUZA, J.E.R. et al. Influência dos fatores de ambiente no desempenho ponderal de bovinos da raça Nelore no Estado do Ceará. Revista Ciência Agronômica, v.34, n.2, p , Nº 79 Maio Volume 41
5 5 Sanidade Defesa Sanitária e Manejo Sanitário e a viabilidade de Programas Sanitários Oficiais para Caprinos e Ovinos Independente de fatores como raça ou região geográfica, o efetivo de caprinos e ovinos no Brasil apresenta-se distribuído em dois extratos claramente distintos, o Tradicional, de grande importância social, e o Tecnificado, de importância comercial, mais moderno e produtivo, que cada vez mais vem sendo trabalhado como agronegócio, que precisam de abordagens diferentes, inclusive na definição de programas sanitários oficiais. Na prática, temos outra extratificação importante. As doenças consideradas de interesse para a defesa sanitária são importantes no comércio internacional. Dentre outras, no Brasil são descritas, as micoplasmoses, lentiviroses (CAE e Maedi Visna), língua azul e a epididimite ovina por Brucella ovis (Pinheiro et al 1999; Lobato et al 2001; Andrioli et al 2002; Laender e Gouveia, 2002; Xavier e Gouveia, 2002; Gouveia et al 2003; Andrioli et al, 2006; Marques e Gouveia, 2006; Cruz et al 2009) e tem abordagem prevista pelo Programa Nacional de Sanidade de Ovinos e Caprinos (PNSCO). Entretanto, no Brasil, as doenças de maior impacto no setor de caprinos e ovinos, são decorrentes de manejo sanitário inadequado, que apesar de não interferirem no conjunto dos rebanhos, tem efeito devastador dentro de cada rebanho individualmente, ocasionando perdas aos proprietários. Contraditoriamente, essas não são foco do PNSCO. Dentre elas, as helmintoses ( verminoses ), eimerioses (coccidioses), linfadenite caseosa, ectima contagioso ( boqueira ), ectoparasitoses (sarnas, piolhos), ceratoconjuntivite, pododermatite ( manqueira ) são muito frequentes nas criações (Magalhães e Gouveia, 1985; Pinheiro et al 2000, Guimaraes e Gouveia, 2006, Guimarães et al 2009a; Seyfert et al 2010). Em diferentes levantamentos soroepidemiológicos em criações de caprinos e de ovinos do Brasil, de norte a sul, os resultados apontaram manejo sanitário e alimentar inadequados, com impacto negativo na produtividade dos mesmos (Pinheiro et al 2000; Guimarães et al 2009b,c; Andrade et al 2012). Verificam-se três causas principais: falta de acesso ao diagnóstico, falta de acesso à informação e falta de acesso à assistência técnica especializada em caprinos e ovinos (Gouveia, 2003a,b). Verificou-se ainda nível tecnológico mais alto nas propriedades leiteiras, relação às tipo corte (Guimaraes et al 2011; Gouveia et al 2013). O baixo índice de utilização das práticas de manejo sanitário contribui para a manutenção do baixo nível tecnológico (Guimarães et al 2009b,c). Em geral, os índices de utilização das práticas de manejo sanitário encontrados nos criatórios com caprinos leiteiros contribuem para a manutenção do bom nível tecnológico dessas Técnico caderno & Científico Aurora M. G.Gouveia Doutora em Saúde Animal, professora da Escola de Veterinária da UFMG GEPOC - Grupo de Extensão da Pesquisa em Ovinos e Caprinos professoraaurora@terra.com.br Alessandro Sá Guimarães Doutor em Ciência Animal, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite GEPOC - Grupo de Extensão da Pesquisa em Ovinos e Caprinos alessandro.guimaraes@ embrapa.br Nº 79 Maio Volume 41
6 6 propriedades. Verifica-se maior frequência de separação por faixa etária no sistema leiteiro do que no sistema de corte (Guimarães et al, 2009a,b,c), sendo essa prática importante para qualquer sistema de produção, já que possibilita melhor controle na transmissão de doenças, menor competição e possibilidade de dietas equilibradas por categorias. A baixa frequência de exigência de documentação sanitária predispõe a sério risco de introdução de agentes infecciosos relevantes. Menos de 30% dos criadores entrevistados exigem a documentação sanitária na compra de ovinos ou caprinos (Pinheiro et al 2000; Guimarães et al, 2009a,b,c), portanto, a maioria não reconhece a importância desta prática na manutenção da sanidade do rebanho. Vale destacar a dificuldade dos criadores de caprinos e ovinos em conseguirem localizar pontos de diagnóstico de doenças freqüentes em seus animais (Gouveia 2003,a,b). Assim, na prática, as demandas específicas dos criadores são distintas e as propriedades devem ser analisadas considerando APTIDAO (rebanhos caprinos ou ovinos para leite ou para corte/lã) e PERFIL DE CRIAÇAO (tradicional ou tecnificado). É necessário que a iniciativa pública e o setor produtivo voltem suas atenções para a sanidade e nutrição de caprinos e ovinos, criando as condições estruturais básicas, para que, tanto quantitativamente (redução da mortalidade, aumento da prolificidade e taxa de sobrevivência), quanto qualitativamente, existam caprinos e ovinos sadios e bem nutridos, estando desta forma, habilitados a responder positivamente quando submetidos aos avanços tecnológicos disponíveis nas áreas de melhoramento genético, biotecnologia da reprodução assistida e nos diversos setores da cadeia produtiva de caprinos e ovinos. Programas sanitários oficiais De acordo com o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (Artigo 93 cap. XXIV da Instrução Normativa n.2 de 10/01/2001, MAPA), a brucelose dos caprinos e ovinos, causada pela Brucella melitensis, é considerada exótica no Território Nacional, devendo ser mantidas medidas de vigilância sanitária para evitar sua introdução no País. Pesquisa de anticorpos anti B. melitensis deve ser solicitada nos casos de importações de caprinos e ovinos, mas não para o trânsito interno no Brasil. Não se justifica a vacinação de caprinos e ovinos no Brasil contra a B. abortus. O Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) proíbe a vacinação de ovinos e caprinos contra aftosa no Brasil, não porque essas espécies sejam sentinelas, como erroneamente muitos técnicos alegam; ao contrário, esses animais são menos susceptíveis aos sorotipos presentes no Brasil e as amostras e componentes da vacina são específicos para bovinos e bubalinos, gerando reações locais pós-vacinais indesejáveis. Vale destacar que as restrições de trânsito, impostas pelo PNEFA têm contribuído indiretamente para minimizar a disseminação de outras doenças de importância na caprino e ovinocultura. Em 2002 foram propostos os pontos fundamentais para a instituição de um Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos exitoso (Gouveia et al, 2002). Em 2004 o PNSCO foi instituído, entretanto, sem atentar para a sequência de ações propostas que devem anteceder aos planos sanitários específicos (disponibilização de pontos de diagnostico e de reagentes para diagnostico e prevenção). Sem isso, o PNSCO está fadado a ser letra morta, não conseguindo ir além do cadastro de criatórios, como tem ocorrido. Sem disponibilizar as ferramentas, não há como propor medidas em planos sanitários que possam ser cumpridas. Não há pontos de diagnóstico disponível como rotina, com raras exceções, para a grande maioria das patologias com relevância na criação de caprinos e ovinos, sejam de doenças de importância para a defesa sanitária, sejam para as doenças rotineiras decorrentes de manejo inadequado. No interior, é difícil conseguir fazer até um simples exame de fezes como apoio ao controle das endoparasitoses, que tem impacto negativo na produção. E para poucas doenças dispomos de imunógenos (vacinas e soros imunes) no mercado. O segmento pesquisa vem empreendendo esforços em projetos para a disponibilização de técnicas de diagnóstico, prevenção e controle de doenças em caprinos e ovinos, entretanto, tais tecnologias e produtos não tem sido disponibilizados comercialmente. Ao contrário de outros setores como a indústria de rações, suplementos protéicos e minerais, insumos para biotécnicas de reprodução, observa-se desconhecimento e/ou desinteresse do ponto de vista mercadológico, por parte da indústria. do potencial mercado dessas criações, e de suas demandas no que se refere à sanidade. Torna-se importante o fortalecimento da extensão rural, com enfoque preventivo em Sanidade. Além disso, determinar um consenso técnico de boas práticas de manejo sanitário de caprinos e ovinos, adequadas à condição de criação Tradicional ou criação Tecnificada. Boas práticas de manejo nos criatórios, de caráter preventivo geral e frente às principais doenças de caprinos e ovinos, muitas das quais não são de interesse direto do ponto de vista de defesa sanitária, porém constituem sérios problemas nas criações. A literatura citada e sugerida nesse artigo demonstra o já amplo conhecimento sobre a raiz dos problemas, sugerindo-se para sua estruturação e para que as necessidades do setor sejam atendidas: ése necessário: - Viabilizar o PNSCO operacionalmente vinculado ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o PNSCO atende as doenças importantes para a Defesa Sanitária, importante peça para caminharmos para a exportação de material genético de cabras leiteiras e de raças ovinas brasileiras. Sem disponibilização de pontos de diagnóstico e ferramentas para diagnostico e prevenção rotineiros, o PNSCO não tem como ser operacionalizado. - Implantar um Programa Nacional de Manejo Sanitário de Caprinos e Ovinos já que o MAPA não atende a esse tipo de demanda, e a mesma corresponde a maior parte do efetivo e dos rebanhos de ovinos e caprinos brasileiros, é necessário identificar a qual Ministério estará vinculado esse Programa. Nº 79 Maio Volume 41
7 7 LITERATURA CONSULTADA E SUGERIDA ANDRADE, G.; BRUHN, F.R.P.; ROCHA, C.M.B.M; GUIMARÃES, A.S.; GOUVEIA, A.M.G.; GUIMARÃES, A.M. Seroprevalence and risk factors for Neospora caninum in sheep in the state of Minas Gerais, Brazil Veterinary Parasitology, v.188, , 2012 ANDRIOLI, A., GOUVEIA, A. M. G., ANDRADE, J. S., PINHEIRO, R. R., YORINORI, E. H., SILVA, M. X. Diagnostic of the caprine arthritis encephalitis virus in uterine fluid and embryos of goats by virus isolation in cell culture and Nested PCR. Theriogenology.: v.57, n.1, p , ANDRIOLI, A.; GOUVEIA, AMG; MARTINS, AS; PINHEIRO, RR; SANTOS, DO. Fatores de risco na transmissão do lentivirus caprino pelo sêmen. Pesquisa Agropecuária Brasileira, vol.1, n. 48, p , CRUZ, J.C.M.; GOUVEIA, A.M.G.; SOUZA, K.C.; BRAZ, G.F., TEIXEIRA, M.B.; HEINEMANN, M.B.; REIS, J.K.; PINHEIRO, R.R.; ANDRIOLI, A. Caprine arthritis-encephalitis virus (CAEV) detection in semen of endangered goat breeds by nested polymerase chain reaction. 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