ARBITRAGEM ALIADO EFICAZ DO PODER JUDICIÁRIO
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- Paulo Branco Farinha
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1 ARBITRAGEM ALIADO EFICAZ DO PODER JUDICIÁRIO Adm. Adriano Domingues Santolin 1 CRA/RS RESUMO O presente artigo traz uma abordagem sobre o instituto da arbitragem, com o objetivo de enfocar a sua aplicabilidade como um método alternativo eficaz para a solução de litígios, bem como colocá-lo como poderoso aliado do Poder Judiciário. A metodologia utilizada é a revisão webgráfica e bibliográfica ou literária e exploratória, e o método utilizado é o dedutivo. Buscando enfocar a aplicabilidade da arbitragem em seus vários níveis de compreensão e o estudo abordará conceitos, princípios, características, e as formas de instituição da arbitragem, e por fim, apresentam-se as considerações finais e as referências bibliográficas utilizadas durante o estudo. Palavras-chave: Arbitragem. Convenção de Arbitragem. Solução de Litígios. 1 Bacharel em Administração de Empresas e Pós-Graduado em Gestão de Pessoas, ambos pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Especialista em Docência para a Educação Profissional pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Rio Grande do Sul. MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela Anhanguera-Uniderp. Pós-graduando em Controladoria e Finanças pela Uniseb. Empreendedor, Consultor, Executivo, Docente e Palestrante. Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. adriano@santolin.adm.br.
2 1 INTRODUÇÃO O Brasil, depois que ratificou e internalizou a convenção de Nova York, em 2002, se alinhou com as principais jurisdições mundiais no reconhecimento mútuo de decisões arbitrais. Nesses doze anos de arbitragem o país tem se destacado pela eficiência e transparência desse sistema, e é regulamentada pela Lei 9.307/96, também denominada de Lei Marco Maciel ou Lei de Arbitragem. A arbitragem é um instrumento alternativo de solução de conflitos entre as pessoas em virtude de um contrato ou de um negócio que realizaram (SOUZA, 2007, p.8), com a ruptura do formalismo processual, excluindo-se o Poder Judiciário. É um dos mecanismos utilizados para desafogar o judiciário e restabelecer a paz social. Atualmente, verifica-se que o Estado não está cumprindo a sua função de forma ideal, considerando a [...] falta de juízes, que se agrava pela ausência de verba para abertura de concursos, formalismo em demasia, leis de difícil compreensão, custas elevadas, deficiências estruturais, são alguns dos problemas que atravancam a prestação jurisdicional. (JESUS, 2006, p.1). Constata-se, ainda, que a morosidade aliada a soluções equivocadas ou injustas faz com que as pessoas fiquem descrentes com relação ao Judiciário (SOUZA, 2007, p.8). Nesta perspectiva, o presente estudo pretende mostrar a aplicabilidade da arbitragem como um método alternativo eficaz para a solução de litígios, bem como colocá-lo como poderoso aliado do Poder Judiciário. Neste sentido é necessário aprofundar os conceitos sobre arbitragem, que serão apresentados no próximo capítulo. 2 O CONCEITO DE APRENDIZAGEM Arbitragem conforme Charles Jarrosson 2, citado por Bosco Lee (2001, p.19) é a instituição pela qual um terceiro resolve o litígio que opõem duas ou mais partes, exercendo a missão jurisdicional que lhe é conferida pelas partes. 2 Charles Jarrosson, La notion d arbitrage, Paris, LGDJ, 1987, Nº 785.
3 Bosco Lee (2001, p.19), cita o conceito clássico trazido pelo Professor Phillipe Fouchard 3, segundo o qual, na arbitragem, as partes convêm submeter o litígio ao julgamento de particulares que elas escolheram. O autor traz um conceito da doutrina nacional elaborado pelo Professor Irineu Strenger 4, onde: Arbitragem é instância jurisdicional praticada em função de regime contratualmente estabelecido, para dirimir controvérsias entre pessoas de direito privado e/ou público, com procedimentos próprios e força executória perante tribunais estatais (BOSCO LEE, 2001, p.19). Carmona (1993, p. 19) define arbitragem como uma técnica para solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nesta convenção, sem intervenção do Estado, sendo a decisão destinada a assumir eficácia de sentença judicial. Bosco Lee (2001, p.19) realizou uma análise de diversos conceitos de arbitragem, e conforme o autor: é possível a identificação, num primeiro momento, de alguns elementos fundamentais para uma definição do instituto da arbitragem: um litígio ou controvérsia; um terceiro, árbitro, que, escolhido pelas partes contratantes, ou por quem elas indicarem, irá solucionar a questão; o exercício pelo terceiro dos poderes jurisdicionais oriundos da manifesta vontade das partes. A arbitragem tem como fundamento maior a autonomia da vontade das partes, e este é um dos princípios que serão apresentados no próximo capítulo, bem como as características da arbitragem. 3 PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DA ARBRITAGEM De acordo com Bosco Lee (2001, p.21) a autonomia da vontade das partes, princípio basilar do direito das obrigações, é um dos fundamentos da arbitragem, encontrando-se onipresente neste instituto. 3 Ph. Fouchard, L arbitrage commercial international, Paris, Dalloz, 1965, n Irineu Strenger, Comentários à lei brasileira de arbitragem, São Paulo, LTR, 1998, p.16.
4 Os princípios aplicáveis ao instituto arbitral são os preceituados no art. 21, 2º da Lei 9.307/96, que reza: serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. O princípio do contraditório, conforme Souza (2007, p.46) está diretamente ligado ao da igualdade das partes, vez que a partir do primeiro assegura-se a necessidade de se ouvir a outra parte a fim de que produza sua defesa, dando condições iguais às partes durante todo o curso do processo. O autor salienta que: O princípio da imparcialidade do árbitro diz respeito à independência e a neutralidade quanto ao caso, assegurando que decidirá o conflito afastando-se da possibilidade de influência sobre a sentença a ser prolatada, objetivando solucionar o caso com justiça. Já o princípio do livre convencimento, consiste também na independência do árbitro de formar a sua opinião com a finalidade de decidir a lide (SOUZA, 2007, p.46). Bosco Lee (2001, p.25) comenta que outra característica essencial da missão do árbitro é a irrecorribilidade da sentença arbitral. O autor apresenta outra característica da arbitragem, a natureza mista: privada e pública, como instância jurisdicional de origem contratual. Ela é privada pela sua origem convencional, fundamentada no princípio da autonomia da vontade das partes e pública pela sua função jurisdicional de resolver o litígio (BOSCO LEE, 2001, p.25). O Centro de Arbitragem Amcham 5, do Brasil, afirma que arbitragem é um meio de resolução de controvérsias que privilegia o sigilo, a flexibilidade, a proximidade e a maior participação das partes. O sigilo é uma característica decisiva na arbitragem, por dar mais segurança e proteção às Partes. Outro diferencial é a possibilidade de escolher, para julgar o caso, um especialista (o árbitro) na matéria em controvérsia. Esta é uma vantagem que imprime ao julgamento conhecimento específico e maior confiabilidade. No procedimento arbitral, as partes são participativas e sua vontade é respeitada em todas as etapas, como veremos no próximo capítulo. 5 Amcham do Brasil (American Chamber of Commerce for Brazil) Disponível em: Acesso em: 12 Set
5 4 FORMAS DE INSTITUIÇÃO DA ARBITRAGEM A arbitragem é meio de resolução de conflito de grande relevância por ser um meio eficaz, rápido, sigiloso e sem formalidades, que tem por objetivo solucionar contendas com mais agilidade, vez que a sentença é proferida no máximo em 180 (cento e oitenta) dias, salvo estipulação das partes, conforme disposto no art. 23 da Lei 9.307/96, in verbis: A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro. Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo estipulado. No ordenamento jurídico brasileiro a instituição da arbitragem se dá de comum acordo entre as partes a fim de submeterem suas controvérsias ao juízo arbitral, sendo denominado de convenção de arbitragem, que consagra duas modalidades, a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (SOUZA, 2007, p.50). Tal afirmação se compreende com o disposto no art. 3º da Lei 9.307/96, in verbis: As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. De acordo com Bosco Lee (2001, p.50) a convenção de arbitragem é a pedra angular da arbitragem. É o acordo através do qual as partes conferem aos árbitros o poder de resolver o litígio. A convenção de arbitragem pode se manifestar de duas formas: a cláusula compromissória ou o compromisso arbitral. A cláusula arbitral é celebrada antes do surgimento da controvérsia. O compromisso arbitral, por sua vez, é instituído após o nascimento do litígio. O artigo 4 da Lei 9.307/96 define a cláusula compromissória como sendo a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. O
6 compromisso arbitral é definido, no artigo 9º da Lei 9307/96, como a convenção pela qual as partes submetem um litígio já existente à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. De acordo com Bosco Lee (2001, p.79) é no compromisso arbitral, portanto, que as partes vão escolher e nomear os árbitros, para que estes resolvam as pendências existentes entre elas. Uma das condições prévias à formação do compromisso é a existência de um litígio nascido e atual. O compromisso arbitral extrajudicial encontra sua base legal no art. 9º, 2º da Lei 9307/96 que será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público. Os demais atos que circundam o processo arbitral com relação ao compromisso arbitral são deflagrados pelos artigos 10 e 11 da Lei 9307/96: Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: I. o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; II. o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros; III. a matéria que será proferida a sentença arbitral; IV. o lugar em que será proferida a sentença arbitral. Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: I. local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem; II. a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por equidade, se assim for convencionado pelas partes; III. o prazo para apresentação da sentença arbitral; IV. a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim convencionarem as partes; V. a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; e VI. a fixação de honorários do árbitro, ou dos árbitros. A constituição do tribunal arbitral se realiza no momento da designação dos árbitros. Essa regra foi estabelecida pela Lei de Arbitragem em seu artigo 19: Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.
7 A disputa é resolvida por um número ímpar de árbitros. O mais frequente é que sejam três (cada parte escolhe um e os dois nomeados indicam o terceiro). Em alguns casos, é conveniente a escolha de árbitro único, comum às partes, para tornar o procedimento menos oneroso. A designação dos árbitros é regida pela autonomia da vontade das partes, podendo também determinar as regras de constituição do tribunal arbitral ou se referir as regras de uma instituição de arbitragem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na arbitragem as partes, podem, de comum acordo, eleger o árbitro ou tribunal arbitral para julgar um litígio, culminando, assim, na escolha de uma outra via para solucionar suas controvérsias em substituição das formas tradicionais, que prevalecem o formalismo em demasia, morosidade e soluções equivocadas. Ressaltou-se o princípio da autonomia da vontade das partes, liberdade de escolha, sigilo, segurança, rapidez e neutralidade, do uso deste método alternativo e eficaz de solução de litígios. Notou-se que é um meio privado e público de acesso à Justiça, que auxilia principalmente as empresas por sua agilidade em resolver os litígios, pois permite que as partes participem integralmente do procedimento, fora do Poder Judiciário, desafogando o judiciário. REFERÊNCIAS BOSCO LEE, João e VALENÇA FILHO, Clávio de Melo. A Arbitragem no Brasil. Brasília: CACB SCN, BRASIL. Lei nº de 23 de setembro de Dispõe sobre a arbitragem. O Código: Vade Mecum. 1.ed. Rio de Janeiro: América Jurídica, 2007, p CARMONA, Carlos Alberto. A Arbitragem no Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Malheiros, JESUS, Edgar A. de. Arbitragem: Questionamentos e Perspectivas. São Paulo: Juarez de Oliveira, SOUZA, Camila Ortiz de. Procedimento da Arbitragem na Lei nº 9.307/96. Dourados: Disponível em: _ pdf. Acesso em: 12 set
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