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2 2 Edição Imprensa da Universidade de Coimbra Ediciones Universidad Salamanca Coordenação editorial Imprensa da Universidade de Coimbra URL: Vendas online: Concepção gr á fica António Barros R ev isão texto Sara Augusto Pr é-impr essão, Impr essão e Acaba mento isbn (Portugal) (Espanha) Depósito lega l /10 Obr a publicada com o apoio de: A presente publicação insere-se no Grupo Poéticas (coordenação de Marta Teixeira Anacleto) do Centro de Literatura Portuguesa, Unidade de I&D financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, ao abrigo do Programa Operacional Ciência e Inovação Agosto 2010 Impr ensa da Universida de de Coimbr a Ediciones Universida d de Sa l a m a nca

3 Marta Teixeira Anacleto Sara Augusto Zulmira Santos Coordenação 3 D. Francisco Manuel de Melo e o Barroco Peninsular C O I M B R A

4 PARTE II POÉTICAS DO BARROCO

5 Pedro Serra Universidade do Salamanca 119 FÍSICA VIRTUDE DAS PALAVRAS VOZ, FIGURA E POESIA EM D. FRANCISCO MANUEL DE MELO 1 E o pai acabou e se foi ao inferno. 2 Baltazar Afonso Como era a voz de D. Francisco Manuel de Melo? Como era o timbre, como era o tom, como era a intensidade vocal do poeta Melodino? Que particularidades anátomo-fisiológicas da laringe de D. Francisco Manuel de Melo lhe determinaram o timbre: como vibravam as cordas vocais, como eram as suas caixas de ressonância os seios paranasais, as cavidades supralaríngeas, a cavidade orofaríngea? Quais os seus matizes eufónicos? Nunca poderemos responder a estas perguntas e, todavia, é a ilusão da audibilidade da «voz» de D. Francisco Manuel de Melo que o mantém na fábula histórica da literatura portuguesa, é a ilusão de poder «ser tocados» pela «voz» do autor das Obras Métricas que nos reúne aqui hoje. Num recente estudo, Fernando Bouza observa como os atributos vocais, nos «séculos áureos» verdadeira «idade oral», supõem uma marcação das vozes. Por exemplo, distinguiam-se vozes «finas» de vozes «grossas» ou vozes «claras»: «Así como la [voz] delgada denotaría torpeza y desvergüenza y una demasiado gruesa descubría malas maneras por sí sola, la voz clara sería propia de los de gran corazón. De esta adscripción voz-naturaleza surge con relativa facilidad la posibilidad de identificar a los nobles con un registro de voz particular, suponiendo, como se hacía, que la condición hidalga era en sí misma un estado de naturaleza que, en principio, se heredaba por sangre y se adquiría por nacimiento» 3. Perguntar pela «voz» de D. Francisco implica, justamente, tentar descrever e objectivar de 1 Este estudo foi elaborado com o apoio do projecto de investigação Arcadia Babélica: usos del castellano, competencias plurilingües, cambio de los paradigmas identitarios en las academias portuguesas del Antiguo Régimen (refª. FFI ). 2 In António Brásio, ed. Monumenta Missionaria Africana. Vol. III. Lisboa: Age ncia Geral do Ultramar, 1952, p Fernando Bouza, Palabra e imagen en la corte. Cultura oral y visual de la nobleza en el Siglo de Oro. Madrid: Abada, 2003, p. 39.