RELATÓRIO DA 13ª SESSÃO DA COMISSÃO PERMANENTE PARA A COOPERAÇÃO AFRO-ÁRABE (CPCAA)

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1 PA2051 AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, Ethiopia P. O. Box 3243 Telephone: Fax: website: www. africa union.org CONSELHO EXECUTIVO Décima Sexta Sessão Ordinária de Janeiro de 2010 Adis Abeba, Etiópia EX.CL/570 (XVI) RELATÓRIO DA 13ª SESSÃO DA COMISSÃO PERMANENTE PARA A COOPERAÇÃO AFRO-ÁRABE (CPCAA)

2 Pág. 1 CONTEXTO 1. A Comissão Permanente para a Cooperação Afro-Árabe (CPCAA) foi estabelecida de acordo com as resoluções da Primeira Cimeira Afro-Árabe realizada no Cairo, Egipto, em Março de A CPCAA é composta de vinte e quatro Ministros, doze nomeados pela parte Africana e doze pela parte Árabe. Os membros da Comissão Permanente pela parte Africana são Angola, Burquina Faso, Congo (República), Egipto, Gana, Guiné, Maurícias, Moçambique, Sierra Leone, Suazilândia, Tanzânia e Tunísia, enquanto a Argélia, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Mauritânia, Palestina, Arábia Saudita, Marrocos, Síria e Emirados Árabes Unidos representam a parte Árabe. 2. A CPCAA tem a missão de implementar os Programas da Cooperação Afro-Árabe e deve acompanhar o seu desenvolvimento nos vários campos. Ela examina e orienta a cooperação em direcção aos objectivos políticos, culturais, sociais, técnicos e económicos, conforme estabelece a Declaração e o Programa de Acção sobre a Cooperação Afro-Árabe 3. Os Presidentes do Grupo dos Doze da União Africana e do Grupo dos Doze da parte Árabe devem ser os Co-presidentes da Comissão Permanente. Os dois Presidentes devem rotativamente co-presidir e administrar a Comissão Permanente. Em cada reunião, a CPCAA deve nomear dois Relatores; um de cada parte, e estabelecer um Comité de Redacção composta de igual número de ambas as partes. 4. Em conformidade com o Artigo 4 do seu Regulamento Interno, a CPCAA tinha de reunir-se em Sessões Ordinárias duas vezes por ano, alternativamente na Sede da Comissão da União Africana e da Liga dos Estados Árabes, salvo em caso de convite feito por um Estado Membro para acolher a reunião. Apesar disso, nos seus mais de 30 anos de existência, a CPCAA reuniu-se apenas doze vezes.

3 Pág. 2 INTRODUÇÃO 5. Na sequência do gentil convite da Jamahiriya Árabe Líbia, e com base na Decisão EX.CL/Dec.503 (XV) Rev. 2 da 15ª Sessão do Conselho Executivo da União Africana e subsequente decisão do Conselho de Ministros da Liga dos Estados Árabes, a 13ª Sessão da CPCAA foi realizada em Tripoli, Líbia, de 10 a 11 de Outubro de Burkina Faso, Congo (República), Egipto, Gana, Maurícias, Sierra Leone, Suazilândia, Tanzânia e Tunísia estavam presentes pela parte Africana, enquanto a Argélia, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Mauritânia, Palestina, Arábia Saudita, Marrocos, Síria e Emirados Árabes Unidos representaram a parte Árabe. A maioria dos países estava representada pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros/Relações Exteriores. O Sudão participou na Sessão como observador. 7. A 13ª Sessão foi co-presidida pela Líbia e Tanzânia, enquanto que Koweit e o Burkina Faso serviram de Relatores. Na Sessão de Abertura, foram feitas intervenções pela Argélia, Presidente cessante da Comissão Permanente, seguida de declarações do Secretario Geral da Liga dos Estados Árabes e do Presidente da Comissão da União Africana. A sessão foi oficialmente aberta pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Jamahiriya Árabe Líbia. 8. Intervieram ainda na 13ª Sessão vários Ministros Membros, que nas suas declarações sublinharam a importância estratégica da Cooperação Afro-Árabe e apelaram para a sua revitalização e consolidação. As declarações referiram-se às situações políticas e económicas a nível regional e global e realçaram a necessidade de esforços consolidados para ultrapassá-los.

4 Pág A 13ª Sessão considerou e aprovou o Relatório de Conjunto de Actividade da Comissão da União Africana e do Secretariado Geral da Liga dos Estados Árabes, que cobriu o período entre 2001 e 2009, e adoptou várias Resoluções. O relatório, apresentado pela Comissão da União Africana, cobriu todas as áreas da Cooperação Afro-Árabe e resumiu as suas realizações. 10. As principais questões levantadas e conclusões feitas estão resumidas abaixo. COOPERAÇÃO POLÍTICA E DIPLOMÁTICA 11. Tendo discutido as situações políticas em África e no mundo Árabe, a Sessão saudou os desenvolvimentos positivos no Burundi, Comores, Congo, Cote d d Ivoire, Guiné-Bissau, Mauritânia e Zimbabwe. 12. Ela acolheu ainda com agrado os esforços envidados pelos Enviados da União Africana e da Liga dos Estados Árabes para conter a escalada de tensão entre o Djibouti e a Eritreia e apelou ambas as partes a respeitar as fronteiras internacionalmente reconhecidas e os princípios de boa vizinhança e a abster-se de acções que podem complicar ainda mais a situação. A Comissão realçou ainda a necessidade fazer-se mais diligências para promover boas relações e aumentar a confiança entre o Sudão e o Chade. 13. A Comissão exprimiu preocupação pelos últimos desenvolvimentos na Guiné e exortou o Conselho Militar a honrar os seus compromissos. A Comissão exprimiu ainda preocupação pela falta de progresso no re-estabelecimento da ordem constitucional no Madagáscar, e tomou nota, com satisfação, dos resultados da reunião do Grupo Internacional de Contacto, realizada sob a Presidência da UA em Antananarivo, em 6 de Outubro de 2009.

5 Pág A Comissão aplaudiu os esforços da Grande Jamahiriya Árabe para a unificação das posições dos movimentos de Darfur. Ela apreciou ainda as diligências feitas visando a retomada das conversações para a paz em Darfur, por parte do Comité Ministerial Afro-Árabe para Darfur lideradas pelo Primeiroministro do Estado do Qatar, o Secretário-geral da Liga dos Estados Árabes e o Presidente da Comissão da União Africana, em estreita cooperação com o Mediador Chefe da União Africana/Nações Unidas. Ela saudou a assinatura do Acordo de Boa Vontade e Confiança em Fevereiro de 2009, em Doha, pelo Governo do Sudão e o Movimento para Justiça e Igualdade. A Comissão reiterou a convicção da necessidade de permitir todos movimentos relacionados com Darfur de participar no processo de paz que visa encontrar uma solução abrangente para o conflito. Ela apelou as Partes do Processo de Paz do Sudão a acelerar a implementação do Acordo Geral de Paz, em aditamento à resolução de assuntos disputáveis, e trabalhar para fazer da unidade uma opção atractiva. 15. A Comissão Permanente saudou as posições tomadas pela União Africana e a Liga dos Estados Árabes em relação a decisão da Câmara de Pré- Julgamento do Tribunal Penal Internacional contra o Presidente do Sudão S.E Omar Hassan Ahmad al-bashir, e exprimiu o seu apoio aos esforços exercidos pelo Painel de Alto Nível da União Africana sobre Darfur, encabeçado por S.E Thabo Mbeki, visando fazer as adequadas recomendações para a solução da crise de Darfur em todas as suas dimensões. 16. A Comissão também analisou a situação na Somália e exprimiu a sua satisfação pelos esforços conjuntos da União Africana e da Liga dos Estados Árabes desde o início da crise em Ela saudou o novo enfoque internacional sobre a situação na Somália, na esperança de dar uma nova dinâmica aos processos de paz e reconciliação. A Comissão exprimiu a sua convicção de que a resolução, com sucesso, da ameaça da pirataria fora da costa da Somália deve basear-se nas causas profundas do problema que

6 Pág. 5 emanam do colapso das instituições estatais Somalis, a pesca ilegal e despejo de resíduos tóxicos ao largo da costa Somali. 17. A Comissão permanente reiterou o seu apoio firme pela luta do povo Palestino pela sua autodeterminação. Nesta conformidade, condena-se fortemente as práticas racistas de Israel e os contínuos ataques brutais contra o povo Palestino. Condena-se ainda as políticas expansionistas perseguidas pelas forças de ocupação de Israel em todos os territórios ocupados e apela à comunidade internacional e o Conselho de Segurança a tomar as medidas necessárias para a cessação imediata de tais políticas e práticas. A Comissão apelou para a promoção de justiça internacional de modo a permitir a transferência do Relatório Goldstone para o Tribunal Penal Internacional, com vista a permitir o julgamento dos responsáveis e acabar com a política de impunidade de Israel que tem levado ao insucesso de várias iniciativas de paz. 18. A Comissão Permanente realçou o seu compromisso de unidade, integridade e estabilidade do Iraque, e apoiou os esforços do Governo do Iraque para o sucesso do processo político e alcance de uma reconciliação nacional abrangente. COOPERAÇÃO ECONÓMICA E CULTURAL 19. A Comissão Permanente avaliou ainda os desenvolvimentos nas áreas da cooperação económica e cultural e apreciou os esforços feitos pela Comissão e a Liga dos Estados Árabes nos últimos oito anos. 20. A Comissão aprovou o estabelecimento do Fórum de Desenvolvimento Afro-Árabe e saudou a convocação da Reunião Ministerial Afro-Árabe sobre Desenvolvimento Agrícola e Segurança Alimentar. Acolheu ainda com agrado o estabelecimento da Câmara Afro-Árabe de Comércio, Indústria, Agricultura e Profissões e exortou a Comissão e a Liga dos Estados Árabes a fazer ligação

7 Pág. 6 com as instituições concernentes para facilitar a sua operacionalidade. A Comissão evocou as decisões anteriores sobre o estabelecimento das estruturas e mecanismos institucionais para melhorar a promoção do Comércio e Investimento e instou as duas partes a tomar as medidas necessárias para o estabelecimento eficaz de uma área de comércio preferencial Afro-Árabe e o incremento da cooperação financeira e de investimento. 21. A Comissão saudou a iniciativa de transformar o Instituto Cultural Afro- Árabe em Instituto Afro-Árabe para Cultura e Estudos Estratégicos (AAICSS), e confirmou a necessidade de aumentar o orçamento anual do Instituto para Um Milhão de Dólares Americanos (US$ ). Apelou ainda a todos os Países Africanos e Árabes, bem como as organizações parceiras, a providenciar apoio financeiro e técnico para operacionalizar o novo Instituto. 22. A Comissão exortou ainda a União Africana e Liga dos Estados Árabes a dar os passos necessários para estabelecer uma modalidade de cooperação entre as duas organizações no campo dos direitos de propriedade intelectual. Apelou ainda as duas partes a examinar as possibilidades de expandir a cooperação nas áreas do ambiente, desenvolvimento do sector energético, transportação e comunicação, festivais de cinema, e desenvolvimento das mulheres e crianças. SEGUNDA CIMEIRA AFRO-ÁRABE 23. Na sequência da solicitação do Conselho Executivo da União Africana, a 13 a Sessão deliberou sobre a data e local da 2ª Cimeira Afro-Árabe. Nesta conformidade, ela acolheu com agrado a oferta da Grande Jamahiriya Árabe Líbia de acolher a 2ª Cimeira Afro-Árabe durante o 4º trimestre de 2010 e criou um Comité Organizador para fazer o acompanhamento e orientar o processo de preparação. O Comité Organizador é composto de quatro países da parte Africana, nomeadamente Burkina Faso, Egipto, Gana e Tanzânia, e quatro

8 Pág. 7 países da parte Árabe; nomeadamente Argélia, Líbia, Koweit e Marrocos, bem como a União Africana e a Liga dos Estados Árabes. O Comité Organizador deve reunir-se bimensalmente. 14ª SESSÃO DA CPCAA 24. A Comissão Permanente acolheu com agrado a oferta do Egipto e concordou convocar a sua Décima Quarta Sessão Ordinária nos próximos seis meses. CONCLUSÕES 25. A 13ª Sessão foi convocada depois de um longo intervalo de mais de oito anos embora devesse reunir-se semestralmente, em conformidade com o Artigo 4º do seu Regulamento Interno. Não obstante, a Sessão demonstrou o seu compromisso renovado e prontidão dos países Africanos e Árabes de intensificar ainda mais e consolidar a cooperação para cumprimento dos interesses dos seus povos. O nível representativo das delegações bem como a sua determinação de revitalizar a cooperação e realizar a tão esperada Cimeira são manifestações claras deste facto.