Aulas Multimídias Santa Cecília Profª André Araújo Disciplina: Língua Portuguesa, Redação e Literatura Série: 2º ano EM
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- Pietra Soares
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1 Aulas Multimídias Santa Cecília Profª André Araújo Disciplina: Língua Portuguesa, Redação e Literatura Série: 2º ano EM
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3 O livro principia por uma epígrafe, extraída de uma quadra de desafio, que sintetiza os elementos centrais da obra : Minas Gerais, sertão, bois vaqueiros e jagunços, o bem e o mal.
4 O título do livro, Sagarana, remete-nos a um dos processos de invenção de palavras mais característicos de Rosa- o hibridismo. Saga é radical de origem germânica e significa "canto heróico", "lenda" ; rana vem da língua indígena e quer dizer "à maneira de " ou "espécie de.
5 O Burrinho Pedrês; A volta do marido pródigo, Sarapalha; Duelo; Minha Gente; São Marcos; Corpo Fechado; Conversa de Bois; A hora e vez de Augusto Matraga;
6 Guimarães Rosa cria neologismos em Sagarana, utilizando-se de palavras formadas por derivações sufixal, prefixal, parassintética e também por abreviação, composição aglutinada e composição justaposta. A obra é repleta de neologismos que se sobressaem em composições e derivações novas, além de novos tipos de construção frasal.
7 Suas narrativas, repletas de incidentes, casos fantásticos e imaginários, contém às vezes mais de uma história dentro da história. De um modo geral, esses casos secundários são postos em função do principal: têm a finalidade de comprovar ou preparar terreno para a história principal.
8 Em carta a João Conde, Guimarães Rosa revela que Sagarana se passaria no interior de Minas Gerais, na paisagem das fazendas e vaqueiros (mundo da infância e juventude do autor). As histórias são ligadas entre si pelo espaço em que acontecem, e captam os aspectos sociais, físicos e psicológicos do homem interiorano.
9 É outra característica do estilo rosiano que evidencia um gosto bem popular: o gosto por ditados e provérbios, além das quadrinhas que harmonizam as noites sertanejas, sob um céu palpitante de luar e de estrelas que pululam encantadas dos sons gotejantes das melodias populares.
10 Os contos O Burrinho Pedrês, A Volta do Marido Pródigo, Sarapalha, Duelo, Conversa de bois e A hora e vez de Augusto Matraga são narrados em terceira pessoa. Já nos contos São Marcos, Minha Gente e Corpo Fechado o narrador aparece em primeira pessoa, foco narrativo ilumina os passos do protagonista, mas também revela certas sutilezas que servem para esclarecer o sentido mais profundo da história.
11 O BURRINHO PEDRÊS
12 Resumo: Sete de Ouro, um burrinho já idoso é escolhido para servir de montaria num transporte de gado. Um dos vaqueiros, Silvino, está com ódio de Badu, que anda namorando a moça que ama. Corre o boato entre os vaqueiros, de que Silvino pretende vingar-se do rival. De fato Silvino atiça um touro e o faz investir contra Badu que, porém, consegue dominá-lo. Continua a murmúrio de que Silvino vai matar Badu. No caminho de volta, este, bêbado, é o último a sair do bar e tem que montar no burro. Anoitece e Silvino revela a seu irmão o plano de morte. Contudo, na travessia do Córrego da Fome, que pela cheia transformarase em rio perigoso, vaqueiros e cavalos se afogam. Salvam-se apenas Badu e Francolim, um montado e outro pendurado no rabo do burrinho.
13 E dessa forma simples o autor tenta expressar a realidade, a qual muitas vezes desvalorizamos aqueles que julgamos não serem espertos. Somos preconceituosos, pois a figura de um burro é usada em nossa sociedade, desde muito tempo, para caracterizar as pessoas, que não possuem tanto conhecimento. Guimarães acaba por desmentir essa realidade, através do conto. Estudo do conto: O autor procura mostrar, tendo como pano de fundo o mundo dos vaqueiros, que todos têm a sua hora e sua vez de ser útil. É um conto que metaforiza a experiência da velhice e transforma um animal em herói. "Sete de Ouros", burro velho e desacreditado, personifica a cautela, a prudência e a muito mineira noção de que nada vale lutar contra a correnteza.
14 Duelo
15 Resumo Turíbio é traído pela mulher com o ex-praça Cassiano Gomes. Turíbio quer vingar-se mas mata por engano o inocente irmão de Cassiano. Cassiano persegue Turíbio durante meses -Turíbio vai para São Paulo. Cassiano morre do coração, por ter exigido demais de si mesmo durante a perseguição. Antes de morrer contrata os serviços de um caboclo que lhe devia favores, um tal Timpim Vinte-e-um. Ao voltar de São Paulo, acompanhado por um sujeito franzino, ansioso para rever a mulher é assassinado pelo acompanhante que era o próprio Timpim que o acompanhava para ter certeza da identidade da vítima.
16 Estudo do conto Neste conto o autor caracteriza bem as personagens, dando mostras de que é um profundo conhecedor da alma humana. É interessante a forma com que ele as nomeia e apelida, nos remetendo a maneira simples de muitas pessoas tratarem umas às outras e também o uso do exagero, para exaltar as características da personalidade de cada uma. A narrativa é feita em terceira pessoa e com narrador onisciente, que além de saber o que se passa na mente de cada um dos integrantes do conto, manifesta sua opinião em dadas situações e conversa com o leitor em outras. Não é determinado o tempo gasto para o desenvolvimento de toda trama, mas acredita-se ser um tempo de média à longa duração. O humor está presente no conto, como um recurso para atrair o interesse do leitor e agradá-lo. O título é uma particularidade, pois devemos entender que duelo nesse caso se revela como a luta entre o fraco e o forte, sendo sempre vencida pelo fraco de modo covarde, e não no sentido literal da palavra.
17 João Guimarães Rosa possuía uma grande visão cosmopolita, por ser diplomata, e sua grande cultura em geral, inclusive falava vários idiomas fluentemente, e por ter nascido no interior de Minas Gerais e posteriormente ter conhecido diversas regiões do Brasil, pode construir uma obra bastante fiel à realidade e envolvente e, além disso, poética. Guimarães nunca foi um autor estritamente regionalista, seu vocabulário é universal. A leitura de Sagarana mostra a coexistência das expressões sertanejas, dos termos eruditos, de expressões técnicas e científicas. E, principalmente de palavras e modalidades de locução que ele mesmo inventava. Por esse motivo sua obra, com um todo, é muito especial.
18 O livro Sagarana nos leva à importantes reflexões, a partir de textos simples que o autor construiu com base em uma linguagem inovadora, com todos os seus neologismos, no entanto rica. É também, uma mistura de realidade, ficção, fantasia e muita imaginação, por meio de mitos, do imaginário popular, folclore e toda a beleza da cultura popular. O livros apesar de ter sido escrito há muito tempo, se revela atual diante das questões abordadas. O autor conseguiu comprovar sua genialidade ao tratar de questões simples com tamanha magia que nos envolve durante a leitura e leva nossa imaginação a criar e recriar novos mundos.
19 "Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens." João Guimarães Rosa
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