15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental
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- Walter Canejo
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1 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental Mapeamento das áreas risco geológico-geotécnico associados a movimentos de massas no bairro Nova Viçosa, Viçosa MG Leandro Antônio Roque¹; Eduardo Antonio Gomes Marques² Resumo - A cidade de Viçosa MG apresenta um relevo acidentado, marcado pelos topos de morros e encostas íngremes, o que, aliado a um processo de ocupação desordenada resultou no surgimento de áreas de risco de movimentos de massa. No presente trabalho apresentam-se os resultados de um mapeamento do uso do solo e das áreas de risco geológico-geotécnico associadas a movimento de massa no bairro Nova Viçosa, utilizando-se da metodologia proposta pelo Ministério das Cidades. A área em estudo abrange o bairro Nova Viçosa, localizado em Viçosa - MG, tendo sido mapeados 14 pontos de risco e delimitadas 6 áreas de risco. Todos os pontos e áreas de risco foram hierarquizados de acordo com os critérios propostos na metodologia utilizada, que mostrou-se eficiente, de baixo custo e de fácil aplicação à área de estudo, tendo sido produzidas uma série de informações e um mapa georreferenciado, em ambiente SIG (Sistemas de Informação Geográfica) de fácil atualização, que permitiram identificar as principais áreas de risco a movimentos de massa no bairro. Abstract - The city of Viçosa - MG features a hilly terrain marked by the hill tops and steep slopes, which, in combination with a disordered occupation process, has resulted in the surgence of geological-geotechnical risk areas. This paper presents the results of a land use and geological and geotechnical risk areas mapping associated to mass movement in Nova Viçosa neighborhood, Viçosa (MG), by using the methodology proposed by the Ministry of Cities. The study area covers the intire neiggborhood and 14 risk points and 6 defined risk areas were mapped. All points and risk areas were ranked according to the criteria proposed in the used methodology, which has proved to be an efficient, inexpensive and easy to apply to the study area. As a result, a series of digital information and georeferenced map in GIS environment (Geographic Information Systems) were produced, with the main areas risk to mass movements in the neighborhood identified, which can be easily updated. Palavras-chave: Risco geológico-geotécnico, Áreas de risco de escorregamentos, ocupação de encostas. 1. INTRODUÇÃO O mapeamento de áreas de risco geológico-geotécnico é uma importante ferramenta de planejamento territorial e ambiental (Roque et al., 2014), na medida em que permite a prevenção de acidentes geológicos, através da identificação de áreas com potencial para ocorrência de deslizamentos, erosão, inundações e subsidência, assim como aquelas mais apropriadas à ocupação. Segundo Tominaga (2007) o termo área de risco vem aos poucos sendo incorporado ao vocabulário da população brasileira, por meio de notícias sobre acidentes associados a escorregamento e inundações, muito frequentes nas ocupações das encostas serranas e nos grandes centros urbanos durante os períodos chuvosos, principalmente nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. 1 Geógrafo, MSc, Universidade Federal de Viçosa, (31) leandroroque1@hotmail.com 2 Geólogo, DSc, Universidade Federal de Viçosa, (31) emarques@ufv.br
2 Os escorregamentos de solos e/ou rochas e as inundações são os principais fenômenos relacionados a desastres naturais que ocorrem no Brasil, os quais estão associados a eventos pluviométricos intensos e prolongados, frequentes nos períodos chuvosos. Embora as inundações causem maiores prejuízos econômicos, são os escorregamentos responsáveis pelas maiores perdas de vidas (Carvalho & Galvão, 2006). De acordo com Carneiro & Faria (2005) o processo de ocupação em Viçosa, de modo geral, vem se caracterizando por não obedecer a qualquer critério de planejamento, ocorrendo de forma desordenada, levando em conta somente os interesses financeiros e imediatistas. O bairro Nova Viçosa se caracteriza por concentrar uma população de menor renda e desprovida de infraestrutura básica, cujo crescimento foi impulsionado pela abertura de loteamentos populares e, em muitos casos, irregulares, nos quais a ocupação de encostas com declividade acentuada resultou no surgimento de áreas de risco de escorregamento. O presente artigo tem como objetivo avaliar as atuais condições de uso do solo e definir e hierarquizar as áreas de risco geológico-geotécnico de movimentos de massa no bairro Nova Viçosa (Viçosa-MG), com enfoque na identificação de áreas de risco de movimentos de massa, aplicando uma metodologia nacional proposta pelo Ministério das Cidades, que permite um mapeamento que apresenta um menor grau de complexidade para a determinação e hierarquização das áreas de risco com um baixo custo de execução. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O SIG utilizado neste trabalho foi o ArcGis versão 10.0, que contém um grupo de programas informáticos produzido pela ESRI (Environmental Systems Research Institute) que possibilitou integrar as informações do meio físico previamente existentes e as informações produzidas durante o trabalho de campo. Para a elaboração da base cartográfica do projeto utilizou-se a base cartográfica digital do Município de Viçosa de 2009, que já dispõe do mapeamento urbano básico, incluindo limites dos bairros e logradouros. Na descrição da altimetria, foram utilizadas curvas de nível com equidistância de 5 metros, cordialmente cedidas pelo Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Solos (DPS) da UFV. Para auxiliar na verificação da precisão dos pontos de riscos referenciados e na divisão dos polígonos com as áreas de risco do mapa utilizou-se uma imagem digital orbital Ikonos, de 2007, georreferenciada e ortorretificada, cedida pelo Departamento de Engenharia Civil (DEC) - UFV. Para a coleta dos pontos de risco geológico-geotécnico foi utilizado um GPS de navegação Garmin OREGON 550, com precisão de posicionamento de 3 a 8 metros. Os pontos de risco apurados nos trabalhos de campo foram caracterizados com base em uma ficha cadastral, na qual foram lançadas todas as informações necessárias para avaliação do grau de risco geológicogeotécnico, tais como: número do ponto, coordenadas geográficas, localização, números das fotos tiradas no local, descrição do ponto, descrição do talude, tipo e eficiência da drenagem, tipo de vegetação, grau de ocupação, os tipos de ocorrência de acidente, causa provável ou agente potencial indutor, o grau de risco geológico-geotécnico, danos prováveis e finaliza com um croqui da área, no qual se procura retratar uma vista superior e de perfil do local. Foi realizado o levantamento de campo, no qual foram percorridas todas as ruas do bairro a fim de observar sinais de escorregamento e moradias em situação de risco. Naqueles locais em que foram observadas situações de risco realizava-se a marcação de um ponto e era feito o seu cadastro e tiradas fotografias representativas da situação e, por fim, a determinação do grau de risco do ponto e a delimitação das áreas de risco utilizando de cores semafóricas para sua caracterização, sendo (Verde - Baixo Risco), (Amarelo Médio Risco) e (Vermelho Alto Risco).
3 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No bairro Nova Viçosa foi mapeado 14 pontos de risco, sendo 2 pontos de baixo risco, 4 pontos de médio risco e 8 pontos de alto risco e delimitadas 6 áreas de risco, sendo 2 de baixo risco, 2 de médio risco e 2 de alto risco. Este bairro insere-se em uma sub-bacia e o seu entorno apresenta encostas com declividades superiores a 30%. Os pontos 05, 06, 07, 08, 09, 11, 12 e14 de alto risco, encontram-se marcados pela presença de moradias de baixo padrão construtivo, localizadas em terrenos com taludes de cortes com altura e declividade elevada, com drenagem natural danificada e drenagem artificial danificada ou inexistente, solo exposto, sinais de escorregamento e feições erosivas. As fotos da Figura 1, tiradas nos pontos 06 e 14 mostram, como exemplo, vias de acesso sem pavimentação e drenagem sobre o topo do talude, moradias com baixo padrão construtivo, declividade elevada do terreno, solo exposto e presença de bananeiras que acaba acumulando água em suas raízes. Este conjunto de fatores gera instabilidade no terreno e alto risco de escorregamento nos períodos de chuva. As áreas de alto risco exigem ações estruturais com maior urgência. Sugere-se que ocupação urbana não se estabeleça nestas áreas de alto risco. Ponto 06. Ponto 14 Figura 1. Aspectos gerais dos pontos 06 e 14 (vias no topo do talude sem pavimentação e drenagem e talude sem cobertura vegetal e sem drenagem adequada). Nas áreas de médio risco e nos locais dos pontos 03, 04, 10 e 13 os fatores de risco identificados nestes locais são principalmente a modificação das condições de drenagem natural (cortes e aterros) e a danificação da drenagem artificial, mas fatores como declividade, presença de lixo e entulho no talude, contribuem para que estas áreas e pontos sejam classificados como médio risco de escorregamento. Ressalta-se que, se ações preventivas e corretivas não forem implantadas estas áreas podem ter sua classificação de risco elevada à alto risco. Os pontos 01 e 02 e as áreas de baixo risco mapeadas neste setor são locais em que os agentes desencadeadores de escorregamento exercem baixa influência, mas a ocupação dessas áreas deve se dar de forma planejada, de maneira a que o risco de escorregamento destas áreas não seja aumentado pela ocupação desordenada. O mapa da Figura 2 representa a localização dos pontos e áreas de risco.
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6 Figura 2. Mapa de risco de escorregamento do Bairro Nova Viçosa. Viçosa-MG.
7 4. CONCLUSÕES A grande quantidade de pontos de alto risco registrado no bairro é o resultado expansão urbana acelerada que a cidade de Viçosa vem passando nesses últimos anos, que visa apenas os interesses dos agentes imobiliários, somada à falta de uma política pública incapaz de cumprir as leis de zoneamento e parcelamento do solo urbano, com um número cada vez maior de habitantes ocupando áreas de risco, em especial nas porções superiores das encostas e nos topos de morros, pois as baixadas e vales próximos à área central já se encontram saturadas. Os principais processos geológicos-geotécnicos observados no bairro são os escorregamentos superficiais e processos erosivos relacionados à ocupação de terrenos com declividade superior a 40%, em que a drenagem natural se encontra danificada e a drenagem construída é inexistente ou insuficiente, e um pequeno número de ocorrências relacionadas à erosão de margens ribeirinhas Os objetivos propostos no trabalho foram alcançados mesmo com a utilização de uma imagem com defasagem de seis anos. A aplicação das fichas cadastrais permitiu ajustar a delimitação das áreas de risco à realidade atual do bairro. A metodologia proposta pelo Ministério das Cidades e adaptada neste estudo garantiu um trabalho ágil, de fácil execução e a um baixo custo. A base de dados criada poderá ser utilizada na execução de obras e intervenções mitigadoras do risco identificado nas áreas de médio e alto risco, ou preventivas para as áreas de baixo risco. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à CAPES e à FAPEMIG pelas bolsas de mestrado e pelo fomento à pesquisa e participação em eventos científicos. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério das Cidades / Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT. Mapeamento de Risco em Encostas e Margens de Rios. Brasília, Disponível em:< >. Acesso em: 12 março CARNEIRO, P. A. S.; FARIA, A. L. L. Ocupação de encostas e legislação urbanística em Viçosa (MG). Caminhos de Geografia revista on line, Instituto de Geografia UFU, v. 12, n.14, p , fev Disponível em < Acesso em: 22 jun CARVALHO, C. S. GALVÃO T. (orgs.) Prevenção de Riscos de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaboração de Políticas Municipais. Ed. Gráfica Brasil. Brasília, Ministério das Cidades; Cities Alliance; 2006, 111p. ROQUE, L. A.; MARQUES, E. A. G.; GRIPP JR. J. Risk Mapping Associated With Mass Movements in Viçosa (MG) Urban Area. Brazilian Geographical Journal, v.5, n.2, p , nov./2014. TOMINAGA, L. K. Avaliação de metodologia de análise de risco de escorregamento: Aplicação de um ensaio em Ubatuba SP. São Paulo: USP, 2007, 220p, Tese (Doutorado em Geografia Física) Universidade de São Paulo, 2007.
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