DIREITO AMBIENTAL. Proteção do meio ambiente em normas infraconstitucionais Agrotóxicos. Lei nº de 1989 Parte 1. Prof.
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1 DIREITO AMBIENTAL Proteção do meio ambiente em normas infraconstitucionais Agrotóxicos Lei nº de 1989 Parte 1 Prof. Rodrigo Mesquita
2 HISTÓRICO O primeiro relato de vulto sobre as consequências desastrosas da utilização inadequada de agrotóxicos e afins, em especial da utilização do DDT, é encontrado na obra-prima, de Rachel Carson, que em belíssima passagem emociona ao escrever que:
3 Em áreas cada vez maiores nos Estados Unidos, a primavera chega agora sem ser anunciada pelo regresso dos pássaros, e as manhãs, outrora preenchidas pelo canto das aves, estão estranhamente silenciosas. Esse súbito silenciar do canto dos pássaros, essa obliteração da cor, da beleza e do encanto que as aves emprestam ao nosso mundo se deu de forma rápida e insidiosa, sem ser notada por aqueles cujas as comunidades ainda não foram afetadas.
4 Os Agrotóxicos foram denominados inicialmente como fertilizantes ou defensivos agrícolas, denominações estas que caíram em desuso, tendo em vista a alta nocividade desses produtos químicos e a impressionante capacidade por eles demonstrada de criar uma verdadeira dependência química nas diversas espécies vegetais, fazendo com que, cada vez mais, fosse necessário o aumento da quantidade destes produtos para se obter um mesmo rendimento agrícola.
5 Portanto, fica evidente que tais produtos químicos atuam como uma droga estimulante da produção, de consequências desastrosas para os seres humanos, a fauna e a flora, bem como para todo o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
6 BASE NORMATIVA O legislador constituinte originário, ao se preocupar com a incolumidade física dos homens, conferiu ao uso de substâncias agrotóxicas um tratamento especial. Isto posto, a base normativa sobre o assunto encontra o seu amparo maior no art. 24, inciso VI e, conjugado com art. 30, inciso I e II e art. 32, 1º, bem como no art. 225, 1, inciso V, ambos da Constituição Federal de 1988.
7 O tema está regulamentado em nível infraconstitucional pelas Leis nº 7.802/1989 e nº 9.974/2000, pelo Decreto nº 4.074/2002 e pela Resolução CONAMA nº 465/2014. A Resolução CONAMA nº 465/2014, dispõe sobre os requisitos e critérios técnicos mínimos necessários para o licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens de agrotóxicos e afins, vazias ou contendo resíduos
8 POR QUE CONTROLAR O USO DOS AGROTÓXICOS E AFINS? A resposta para tal indagação se fundamenta nos riscos que a utilização de tais produtos pode apresentar. Em outras palavras, a utilização desenfreada de substâncias agrotóxicas contamina os alimentos e, por via de consequência, os seres humanos que os consomem, comprometendo a incolumidade físico-psíquica.
9 A utilização dessas substâncias constitui um dos mais graves problemas de poluição causada por produtos químicos, caso não manuseados corretamente, devido ao alcance de os agrotóxicos e afins começar na cadeia de produção de alimentos e chegar aos seres humanos, seja pela utilização direta (manipulação pelos produtores sem o devido cuidado, sem a utilização de equipamento de proteção individual), ou mesmo de forma indireta (consumo de alimentos com doses acima do tolerado para saúde humana).
10 CONCEITO DE AGROTÓXICOS E AFINS A Lei nº 7.802/1989, em seu art. 2º, inciso I, alíneas a e b, descreve que agrotóxicos e afins são:
11 a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas,e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos;
12 b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
13 COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E CONTROLE DA POLUIÇÃO POR AGROTÓXICOS A Constituição Cidadã estipula, em seu art. 24, inciso VI, e, conjugado com o art. 32, 1º, a competência formal da União, dos Estados e do Distrito Federal para elaborar, concorrentemente, a legislação sobre proteção do meio ambiente e controle da poluição.
14 No âmbito da legislação concorrente, cabe à União a edição de normas gerais que não excluem dos Estados e do Distrito Federal a possibilidade de editar suas Leis de forma suplementar para suprir as necessidades advindas das peculiaridades regionais. Os Municípios também podem suplementar a legislação federal e estadual no que couber, para suprir as necessidades advindas das peculiaridades locais, conforme o legislador constituinte originário dispôs no art. 30, inciso II, da Constituição Federal de 1988
15 Para concluir, inexistindo Lei federal sobre normas gerais que disponha sobre agrotóxicos, os Estados e o Distrito Federal poderão exercer a competência legislativa plena, para atender às suas peculiaridades, conforme o estabelecido pelo 1º, do art. 24, que, entretanto, não se aplica aos Municípios.
16 Os artigos 10 e 11, da Lei nº 7.802/1989, dispõem sobre norma geral de controle da poluição causada por agrotóxicos, estatuindo que compete aos Estados e ao Distrito Federal, nos termos dos arts. 23 e 24 da Constituição Federal, legislar sobre o uso, a produção, o consumo, o comércio e o armazenamento dos agrotóxicos, seus componentes e afins, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o comércio, o armazenamento e o transporte interno.
17 E que cabe ao Município legislar supletivamente sobre o uso e o armazenamento dos agrotóxicos, seus componentes e afins.
18 CICLO DE VIDA DOS AGROTÓXICOS, SEUS COMPONENTES E AFINS
19 O art. 1º, da Lei nº 7.802/1989, estabelece que a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, serão regidos por esta Lei.
20 Em palavras semelhantes, referido artigo estabelece todo o ciclo de vida dos agrotóxicos, seus componentes e produtos afins, que deverá estar de acordo com a referida legislação infraconstitucional.
DIREITO AMBIENTAL. Proteção do meio ambiente em normas infraconstitucionais Agrotóxicos. Lei nº de 1989 Parte 2. Prof.
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