INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA IMEA 2º LEVANTAMENTO DAS INTENÇÕES DE CONFINAMENTO EM 2018

Transcrição

1 jan/15 jul/15 jan/16 jul/16 jan/17 jul/17 jan/18 jul/18 INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA IMEA 13/08/2018 2º LEVANTAMENTO DAS INTENÇÕES DE CONFINAMENTO EM 2018 Ao longo do mês de julho de 2018, o Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea) realizou o segundo levantamento anual das intenções de confinamento em Mato Grosso. Em busca da máxima abrangência dos informantes, foram contatados 163 técnicos, gerentes e donos de fazendas que trabalham com confinamento, de um universo de 210, atingindo representatividade de 77,62%. Com o preço do boi gordo em Mato Grosso estagnado nos últimos meses em conjunto com a cotação do milho (principal composto energético das rações) estabelecendo-se em um patamar elevado, 16,04% dos informantes afirmaram ainda estar sem previsão quanto a seus confinamentos em 2018, sendo esta a maior quantidade desde Além disto, 54,60% dos entrevistados informaram que irão confinar bovinos em 2018 e 34,97% disseram que não pretendem fechar seus bovinos em confinamentos neste ano. Em função da necessidade de sempre manter atualizada a base de informantes, alguns contatos foram excluídos do nosso levantamento. Com isso, foi registrada uma redução de 4,45% na capacidade estática dos confinamentos do estado no comparativo anual ( ), com este estabelecendose em 939,82 mil cabeças. Tabela 1. Capacidade estática dos confinamentos de Mato Grosso. Var. jul/18- Macrorregiões 2017 jul/ Centro-sul ,47% Médio-norte ,69% Nordeste ,69% Noroeste ,00% Norte ,54% Oeste ,64% Sudeste ,00% Mato Grosso ,45% Com o fraco desempenho das cotações do boi gordo no mercado físico nos últimos meses, e sem nutrir expectativas de uma melhora significativa para os próximos, os confinadores mato-grossenses reduziram a perspectiva de quantidade de bovinos que serão confinados em Segundo o atual levantamento, a previsão do número de cabeças em confinamentos neste ano é de 681,49 mil animais, volume 3,70% menor que o registrado em abr/18 e 1,82% a menos que o total confinado em Tabela 2. Quantidade de bovinos confinados em 2017 e estimativas para o confinamento em Macrorregiões out/17 abr/18 jul/18 Δ Centro-sul ,78% Médio-norte ,86% Nordeste ,10% Noroeste ,55% Norte ,79% Oeste ,90% Sudeste ,22% Mato Grosso ,70% As regiões que puxaram esta diminuição na expectativa do total de bovinos confinados foram a oeste (-24,90%) e a médio-norte (-7,86%). Somente nessas duas regiões, o montante de animais que deixaram de ser confinados chegou a quase 40 mil cabeças. Segundo os informantes dessas regiões, a dificuldade na aquisição dos animais da reposição foi um dos principais motivadores para esta queda. Por outro lado, as regiões norte e centro-sul se destacaram, registrando avanços de 19,79% e 12,78% na quantidade de bovinos confinados no comparativo com abr/18, respectivamente. Diferentemente de 2017, quando uma série de problemas alheios a produção dentro da porteira afetou o preço do boi gordo, neste ano, a falta de ânimo das cotações do animal tem desmotivado maiores investimentos no confinamento mato-grossense. Para se ter uma ideia, o valor nominal máximo que o boi gordo atingiu nos últimos 44 meses foi em mai/15, desde então, a bovinocultura de corte enfrentou diversos problemas, e a remuneração pelo animal não passou de R$ 134,48/@. Gráfico 1. Preço físico do boi gordo desde jan/15 sem desconto do Funrural. 140,00 135,00 130,00 125,00 120,00 115,00 110,00 105,00 mai/15-134,48 jul/17-115,45 ago/18-129,07 jun/18-127,72

2 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 R$/t 01/01/ /01/ /02/ /03/ /03/ /04/ /05/ /05/ /06/ /07/ /07/2018 Brasil/Mato Grosso, 13/08/ Levantamento das Intenções de Confinamento em 2018 Este marasmo no mercado físico, também atingiu o mercado futuro, visto que o contrato do boi gordo na B3, com vencimento para out/18, um dos mais utilizados por confinadores, registrou poucas variações durante o ano de 2018, rondando a casa dos R$ 150,00/@. A amplitude (diferença entre o máximo e mínimo) deste contrato durante este ano é de R$ 7,05/@ (até o atual momento), enquanto que no ano passado, o contrato futuro para out/17 registrou uma amplitude de R$ 30,66/@ durante o ano de Gráfico 2. Preço de fechamento do contrato futuro do boi gordo para out/ /01/ ,8 07/08/ ,00 22/03/ ,75 Com este caminho inverso de preços seguido pela torta de algodão e pelo farelo de soja, indagou-se aos confinadores quais os principais concentrados proteicos eles estariam usando para a formulação de suas rações. E como pode ser visto no gráfico 4, os subprodutos do algodão (caroço, farelo e torta) registraram maior parcela de participação (41,11%), seguido pelo DDG (30,00%), farelo de soja (26,67%) e subprodutos do girassol (2,22%). Destaca-se o desempenho do DDG, coproduto da produção de etanol de milho, que se difundiu pelo estado há pouco mais de três anos, e que tem ganhado popularidade entre os confinadores. Gráfico 4. Participação dos concentrados proteicos na ração dos confinadores mato-grossenses. Subprodutos do girassol - 2,22% Farelo de soja - 26,67% Subprodutos do algodão - 41,11% Fonte: B3; Além do pesar sobre o faturamento, com a receita pelo animal vendido não registrando grandes melhoras frente aos últimos anos, destaca-se a evolução nos gastos com aquisição de animais e suplementação. O gráfico abaixo demonstra o comportamento dos preços do milho, da torta de algodão, do farelo de soja e do boi magro nos últimos dois anos, ressaltando o aumento nos gastos do confinamento este ano. Gráfico 3. Preços do boi magro, do farelo de soja, do milho e da torta de algodão nos últimos 13 meses. 1500, , , , , ,00 900,00 800,00 700,00 600,00 500,00 400,00 300,00 200, ,74 872,08 211,25 477, ,30 433, , , , , ,50 328,42 802,00 527,50 253,00 R$/cab Além disso, os confinadores responderam sobre os principais concentrados energéticos utilizados na ração dos seus animais. Como era de se esperar, o milho é o insumo preponderante, estando presente em 88,89% das formulações dos confinadores. Gráfico 5. Participação dos concentrados energéticos na ração dos confinadores mato-grossenses. Casca de soja - 3,70% Sorgo - 6,17% DDG - 30,00% Milho - 88,89% Casca de algodão - 1,23% Milho (t) Torta de algodão Farelo de soja Boi Magro Dentre todos os insumos listados acima, apenas a torta de algodão registrou desvalorização no comparativo anual (jul/18-jul/17), partindo de R$ 477,51/t em jul/17 para R$ 433,00/t em jul/18. Enquanto isso, outros componentes de ração animal, como o farelo de soja e o milho anotaram alta de 43,05% e 55,47% no mesmo período, respectivamente. Diante desta valorização dos principais insumos utilizados na alimentação dos bovinos, o confinador observou uma valorização no custo da diária em 2018, com esta saindo de um patamar de R$ 5,94/cab/dia no ano passado, e atingindo R$ 6,37/cab/dia neste ano, variação positiva de 7,41%.

3 M A I J U N J U L A G O S E T * O U T * N O V * D E Z * R$/CAB Brasil/Mato Grosso, 13/08/ Levantamento das Intenções de Confinamento em 2018 Gráfico 5. Custo da diária do confinamento. 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 3,47 ; 4,65 4,51 4,96 5,45 5,59 6,83 5,94 6, Com o desenho deste cenário (alta nos custos e preço do boi gordo estagnado), a rentabilidade dos confinadores que negociaram seus bovinos apenas no mercado físico em Mato Grosso, não se resguardando através de mecanismos de proteção de preço, fica comprometida. O gráfico 6 compara a rentabilidade dos confinamentos em Mato Grosso nos anos de 2017 e 2018, considerando a venda dos animais à preço médio no mercado físico mato-grossense, sem bonificação de qualquer tipo. Gráfico 6. Comparativo da rentabilidade do confinamento por mês em 2017 e R$ 68,8 R$ 7,7-47,5-82,6 -R$ 143,9 R$ 142,1 R$ 130,1 R$ 104,4 R$ 85,0 -R$ 54,8 2,0 2,8-73,9-58,6-35,8-4,3 *Para os meses de set/18, out/18, nov/18 e dez/18, considerou-se a cotação do contrato futuro do boi gordo na B3, descontado o diferencial de base histórico (- 11,66%). ; B3; Cepea; Tal gráfico demonstra o motivo pelo qual os confinadores ficaram mais desanimados entre abr/18 e jul/18, visto que as cotações do boi gordo não reagiram, pressionando assim as margens dos confinadores do estado. Mesmo que o cenário possa alterar no último quadrimestre do ano, esta é a fotografia atual das cotações que o mercado futuro oferece. Além destas questões, foram indagadas aos confinadores questões como a porcentagem de bovinos rastreados e a participação da raça nelore no rebanho confinado. animais confinados em Mato Grosso são rastreados, demonstrando assim que o confinador está buscando uma forma de controlar melhor seu rebanho e também garantir uma rentabilidade maior, visto que bovinos rastreados normalmente recebem bonificação sobre seu preço de venda. Gráfico 5. Evolução da participação dos bovinos rastreados no rebanho confinado de Mato Grosso. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Já quanto a presença da raça nelore nos confinamentos do estado, nota-se que, pelo segundo ano consecutivo houve uma diminuição da participação deste no comparativo anual. Ainda que a ampla maioria dos animais confinados sejam da raça Nelore, nota-se que outras raças já ganham destaque nos confinamentos em Mato Grosso, principalmente animais cruzados com Angus e Brahman, devido ao melhor desempenho no ganho de peso diário e o maior encaixe em programas de bonificação dos frigoríficos. Gráfico 6. Evolução da participação da raça nelore no rebanho confinado de Mato Grosso. 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 16,6% 52,0% 32,1% 26,3% 27,4% 83,4% 48,0% 67,9% 73,7% 72,6% Rastreados Não rastreados 17,6% 82,4% 24,0% 27,3% 76,0% 72,74% Nelore Outras Nota-se no gráfico 7, que a rastreabilidade parece estar evoluindo nos confinamentos do estado, apesar da leve queda de 1,03 p.p. no comparativo entre 2018 e 2017, quase ¾ dos

4 Brasil/Mato Grosso, 13/08/ Levantamento das Intenções de Confinamento em 2018 CONSIDERAÇÕES FINAIS O segundo levantamento das intenções de confinamento para 2018 revelou uma queda de 3,70% na quantidade de bovinos confinados, em comparação com o primeiro levantamento feito em abril/18, e estima-se que sejam confinadas 681,49 mil cabeças em Mato Grosso. O aumento nos gastos com alimentação e aquisição de animais, e o preço do boi gordo estagnado, foram as principais motivações para esta queda na expectativa de animais confinados em Somente o milho (principal ingrediente energético), registrou alta de 55,47% entre jul/17 e jul/18. A queda no preço da torta de algodão, unido à forte valorização do farelo de soja, podem ter sido os estímulos para que os subprodutos do algodão fossem lembrados com mais assiduidade dentre os ingredientes proteicos utilizados (41,11%). Destaca-se também a aparição do DDG, como o segundo mais utilizado nas rações dos confinadores. Houve elevação de 7,41% no custo da diária do confinamento no comparativo anual, e tal variação foi causada, sobretudo, pela valorização do farelo de soja e do milho. Por fim, destaca-se a caracterização do rebanho confinado mato-grossense. Com 72,63% dos animais sendo rastreados e 72,74% sendo da raça nelore. O aumento do número de animais rastreados em conjunto com a elevação de bovinos de outras raças, podem demonstrar a busca do confinador por bonificações e prêmio na hora da venda. Presidente: Normando Corral Superintendente: Daniel Latorraca Ferreira Elaboração: Yago Travagini, Bárbara Macedo, Jaqueline Pires, Maria Eduarda Moraes. Analistas: Aline Kaziuk, Cleiton Gauer, Francielle Figueiredo, Hellen Gomes, Jéssica Brandão, Marcel Durigon, Miqueias Michetti. Monique Kempa, Paulo Ozaki, Ricardo Silva, Rondiny Carneiro, Sâmyla Sousa, Tainá Heinzmann, Talita Takahashi, Tiago Assis, Vanessa Gasch e Yago Travagini. Estagiários: Claúdio Lima, Francieli Almeida, Gabriel Thompson, Iohana Dourado, Jaqueline Pires, Leonardo Silva, Maria Eduarda Moraes, Pamella Oliveira, Rayssa Canavarros.

5