Painel 2 - Um desafio histórico no Nordeste: escassez de água ou de soluções? Água de Chuva: alternativa para conviver com a seca
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- Rebeca Caldas Aragão
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1 Painel 2 - Um desafio histórico no Nordeste: escassez de água ou de soluções? Água de Chuva: alternativa para conviver com a seca Cícero Onofre de Andrade Neto
2 O acesso a água potável é apenas um dos problemas do Semi-árido Brasileiro, que não pode ser dissociado dos problemas da educação, da saúde, da posse da terra, do crédito e da assistência técnica. Nos aspectos mais diretos, as principais dificuldades para o abastecimento d água doméstico difuso no semi-árido brasileiro são: - a disponibilidade da água (quantidade, distribuição e propriedade ); - a qualidade da água. Em muitos casos não há água suficiente armazenada, ou há, mas é salobra ou contaminada.
3 Cisterna: armazena água e regulariza a disponibilidade e serve para diluir águas salobras (quantidade); proteção sanitária muito fácil (qualidade); solução difusa e independente (justiça social).
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5 Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, Ano XVII Nº 51, abr/jun 2009
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8 Água de Chuva A água de chuva é excelente para vários usos, inclusive para beber. Em regiões com problemas de escassez ou de qualidade de água é, muitas vezes, a melhor água disponível. CÁRITAS BRASILEIRA CPT FIAN/Brasil. Água de Chuva: o segredo da convivência com o Semi-Árido brasileiro. São Paulo: Paulinas, p. (fotos Dieter Buehne)
9 QUANTIDADE: Só para dar uma idéia... Considerando 20% de perdas na captação e o consumo de uma família de 4 pessoas durante 10 meses... Para: 750 mm e 80m L/pessoa dia 400 mm e 75m L/pessoa dia 270 mm e 50m L/pessoa dia Segunda a ASA Articulação no Semi-Árido Brasileiro ( a área média dos telhados das casas de agricultores do semi-árido é de 84m 2, mais da metade das residências têm mais de 75m 2 de telhado e apenas 4% têm telhados muito pequenos.
10 Da qualidade da água de chuva
11 MELO, Luciano R C; ANDRADE NETO, Cícero O de. Um Amostrador Automático Simples para Avaliação da Qualidade da Água de Chuva e para Avaliação Preliminar da Qualidade do Ar. In XXXI Congreso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambiental - AIDIS. Santiago, Chile, 12 a 15 de outubro de Anais... Santiago: AIDIS, 2008 UFRN
12 Pontos de Coleta em Natal Melo e Andrade Neto, 2007.
13 MELO, L R C; ANDRADE NETO, C O de. Variação da Qualidade da Água de Chuva em Três Pontos Distintos da Cidade de Natal-RN. In. 24º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Belo Horizonte, 02 a 07/09/2007. Anais... Rio de Janeiro: ABES CD Rom. UFRN
14 SEGURANÇA SANITÁRIA Contaminação da água de chuva: na superfície de captação; no armazenamento inadequado; na retirada (manejo). Proteção sanitária: Depende do risco O risco depende, principalmente: das condições de uso (público ou familiar); das condições da superfície de captação (material, situação, facilidade de limpeza, etc); da exposição a contaminantes (localização: rural ou urbana, isolada ou exposta); das condições epidemiológicas da região (doenças endêmicas, higidez ambiental, risco de surto, etc); e da operação e manutenção do sistema. educação sanitária; barreiras sanitárias: desvio das primeiras águas; tomada d água por tubulação; outras medidas de proteção.
15 ANDRADE NETO, Cícero O de. Proteção Sanitária das Cisternas Rurais. In: XI Simpósio Luso-Barsileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. 2004, Natal, Brasil. Anais... Natal: ABES/APESB/APRH º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva (2009) Autores: Marina Boldo Lisboa; Marcio Andrade; Henrique de Melo Lisboa Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da UFRN
16 O uso de cisternas para captação e armazenamento de água de chuva para consumo doméstico é uma prática milenar em várias regiões do mundo e atualmente esta tecnologia tem merecido maior interesse e ampla aplicação, que cresce em nível internacional É necessária uma mudança (evolução) cultural. Cisterna não é uma tecnologia atrasada, de país pobre, pra coisa pequena. Ao contrário, apesar de milenar continua moderna, quando incorpora novos conceitos, materiais, técnicas construtivas, segurança sanitária e melhor aproveitamento. Ademais, é uma tecnologia ecologicamente sustentável e de aplicação difusa socialmente justa. Há um amplo conhecimento tecnológico internacional e nacional que deve ser utilizado de forma mais competente, sobretudo para maximizar a relação benefício/custo e aumentar a segurança sanitária das cisternas.
17 Três aspectos importantes necessitam ser revistos para que o aproveitamento imediato de água de chuva e o uso de cisternas seja mais bem entendido, popularizado e massificado : Nem sempre a melhor opção é o armazenamento para consumo na época de menor pluviosidade; O descarte do primeiro milímetro da chuva tem enorme influência sobre a qualidade da água, e a proteção sanitária da água da cisterna é muito simples Água de chuva tem baixa salinidade e pela sua qualidade geralmente pode ser utilizada para diluir outras águas
18 A proposta de construção de um milhão de cisternas no semi-árido brasileiro é até modesta se comparada com o êxito de experiências mais ousadas em outros países, como a china, por exemplo.
19 Alguns avanços elogiáveis do P1MC e do P1+2: as diretrizes políticas, voltadas para o retorno social dos investimentos, o fortalecimento da economia local, a valorização da cidadania e a participação efetiva da sociedade civil organizada e do povo; os esforços de formação e mobilização social da população rural para o uso racional da água de chuva (embora carecendo de melhor fundamentação técnico-científica); entre outros aspectos sociais e políticos. Elogiável também os avanços na gestão dos programas, e a implantação do SIG Cisternas.
20 Desafios Além de consolidar as ações atuais em arranjo institucional mais bem definido para suportar políticas permanentes de aproveitamento e uso racional da água de chuva, mantendo as diretrizes políticas voltadas para a rentabilidade social, acelerar o andamento de implantação para ampliar a cobertura e fixar metas mais ambiciosas, é necessário adequar e desenvolver a tecnologia, aperfeiçoar a transmissão de conhecimento (educação sanitária e ambiental) com base em informações mais bem fundamentadas, e assegurar a qualidade da água, mantendo o marco cultural pelo qual cisterna no meio rural é para água de boa qualidade.
21 Problemas tecnológicos: 1) usa a mesma tecnologia de construção de cisternas sem questionar suficientemente; 2) adota o mesmo volume para as cisternas em todas as situações, sem considerar o regime pluviométrico local, o numero de pessoas nem a área de captação; 3) não está fazendo, nem divulgando, a correta proteção sanitária (barreiras sanitárias físicas e culturais) da água e não tem dado a devida importância ao uso do tanque de descarte do primeiro milímetro de cada chuva, nem da bomba, na ingênua pretensão de garantir a qualidade da água apenas mediante desinfecção com cloro.
22 Aspectos construtivos
23 Dimensionamento do reservatório Função de: Área de captação Regime pluviométrico Perdas na captação Número de pessoas Consumo por pessoa Podem ser estabelecidas tipologias
24 Proteção sanitária Depende do risco O risco depende, principalmente: das condições de uso (público ou familiar); das condições da superfície de captação (material, situação, facilidade de limpeza, etc); da exposição a contaminantes (localização: rural ou urbana, isolada ou exposta); das condições epidemiológicas da região (doenças endêmicas, higidez ambiental, risco de surto, etc); e da operação e manutenção do sistema. educação sanitária; barreiras sanitárias: descarte das primeiras águas; tomada d água por tubulação; outras medidas de proteção.
25 Aspectos culturais Além do necessário avanço na transmissão de conhecimentos mais bem fundamentados, há que se ter mais atenção com a séria questão do uso das cisternas como reservatório de água de carros-pipa de procedência duvidosa. O Projeto Cisterna (UFCG, UFPE, UEPB e UFRPE como executoras, e mais o consultor da UFRN) e a EMBRAPA (CPATSA semi-árido), constatou o desvirtuamento cultural ao qual as cisternas estão expostas, porque há séculos percebidas na cultura popular como reservatório próprio para captar e armazenar água de chuva, de boa qualidade, ao serem utilizadas indiscriminadamente para armazenar água de carro pipa proveniente de fontes de água não potável, a cisterna passa a ser entendida e percebida como um reservatório de água de qualidade duvidosa. O Projeto também comprovou a efetividade das barreiras sanitárias e a inclusão cultural da importância das mesmas, mostrando que é possível criar essas barreiras tecnológicas e de manejo, acessíveis às populações rurais. Estes resultados precisam ser expostos e divulgados em todos os níveis e instancias das ações voltadas para a construção de cisternas e aproveitamento da água de chuva, e transmitidos de forma competente para o saber popular.
26 O Semi-Árido Brasileiro, por suas características ambientais (clima, regime pluviométrico, extensão territorial, solo, etc), econômicas e sociais, é talvez a região do mundo onde o uso de cisternas para captação e armazenamento de água de chuva para consumo doméstico é mais adequado e conveniente. A captação direta de água de chuva através de cisternas para o abastecimento familiar rural difuso no semi-árido brasileiro é uma alternativa viável, tanto do ponto de vista tecnológico como econômico, e é socialmente desejável.
27 Cícero Onofre de Andrade Neto Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós Graduação em Engenharia Sanitária Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental cicero@ct.ufrn.br 55 (84) Ramal 203
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