O PAPEL DO MÉDICO DO TRABALHO NA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO RISCO QUÍMICO RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLO PARA USO EM EMPRESAS.

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1 O PAPEL DO MÉDICO DO TRABALHO NA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO RISCO QUÍMICO RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLO PARA USO EM EMPRESAS.

2 O PAPEL DO MÉDICO DO TRABALHO NA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO RISCO QUÍMICO Autores: Claudia Fernanda Fernandes Candido Médica do Trabalho Deisi Ribinski da Costa Mattos Silva Médica do Trabalho Isabela Moraes Moreira Lanaro Médica do Trabalho Lívia Schwab Médica do Trabalho Lucas Nunes da Silveira Médico do Trabalho Paulo Roberto Zétola - Trabalho desenvolvido por grupo de estudos em parceria com APAMT

3 INTRODUÇÃO Muitas vezes, como médicos do trabalho nos vemos frente a dúvidas de como nos conduzir nas avaliações de expostos a agentes químicos. Quadro 1 da NR 07 que trata dos parâmetros para controle biológico da exposição a alguns agentes químicos. Realidade: substâncias químicas diversas, e muitas dessas as quais não temos o conhecimento ou o manuseio habitual de todos os seus compostos Projeto - apoio ao Médico do Trabalho que ao chegar em uma empresa a qual se depare com setores e atividades onde exista exposição a agentes químicos diversos, se pergunta: Cheguei na empresa e agora?

4 ETAPAS DETERMINAÇÃO DE PROCEDIMENTO DE GESTÃO DO RISCO QUÍMICO OCUPACIONAL A SER SEGUIDO PELA EMPRESA EQUIPE MINIMA RECOMENDADA PARA MONITORAMENTO ADEQUADO PCMSO E O RISCO QUÍMICO MONITORAMENTO BIOLÓGICO DA EXPOSIÇÃO MONITORAMENTO DAS QUEIXAS CLÍNICAS ASSOCIADAS A PRODUTOS QUÍMICOS ACIDENTE DE TRABALHO COM PRODUTOS QUIMICOS

5 DETERMINAÇÃO DE PROCEDIMENTO DE GESTÃO DO RISCO QUÍMICO OCUPACIONAL A SER SEGUIDO PELA EMPRESA Sistematização deste pensamento - primeiro passo O primeiro passo seria entrar em contato com os responsáveis da empresa (equipes de medicina do trabalho, segurança do trabalho, higiene do trabalho e meio ambiente) para verificar se já existe um protocolo a ser seguido previamente estabelecido pela empresa. Se a resposta for negativa, propor o controle e monitoramento do risco químico interdisciplinar. Conceitos básicos GHS: Significa Sistema Globalmente Harmonizado para a Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos, que é a tradução para The Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals. FISPQ (Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos): As FISPQ devem ser disponibilizadas pelas empresas fornecedoras dos produtos químicos. Um ponto importante é a criação de controles internos para a substituição de produtos agressivos sempre que possível, com a ampliação de novas tecnologias e atualização de limites legais de exposição.

6 DETERMINAÇÃO DE PROCEDIMENTO DE GESTÃO DO RISCO QUÍMICO OCUPACIONAL A SER SEGUIDO PELA EMPRESA A seguir o modelo sugerido de avaliação do Risco Químico:

7 EQUIPE MINIMA RECOMENDADA PARA MONITORAMENTO ADEQUADO A equipe responsável pelo monitoramento do risco químico deverá trabalhar em conjunto visando a proteção ampla do trabalho exposto. A sinergia de conhecimento é essencial para o sucesso da gestão do risco químicos nas empresas. Engenheiro de Segurança do Trabalho Higienista Médico do Trabalho Responsável Meio Ambiente

8 PCMSO E O RISCO QUÍMICO Programa de Controle de Saúde Ocupacional (PCMSO) É elemento fundamental para os serviços de medicina ocupacional Este programa deverá ser bem planejado, estruturado, e administrado de forma contínua e dinâmica, visando a antecipação na tomada de decisões. Preliminarmente à elaboração e atualização do programa, o médico coordenador deverá realizar visitas em campo em todos os setores da empresa, avaliando o processo produtivo e coletando as informações que tangem aos riscos ambientais. Sem o conhecimento do trabalho in loco, não se pode avaliar com precisão a extensão dos possíveis danos à saúde do trabalhador.

9 Riscos Químicos Recomenda-se a elaboração de um inventário prévio de avaliação, com considerações embasadas nas visitas em campo e no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). A caracterização do ambiente de trabalho deverá incluir: Elementos químicos presentes; Fontes geradoras, trajetórias e meios de propagação; Medidas de controle; Efeitos adversos à saúde dos trabalhadores, desencadeados pela exposição a cada agente químico; Limites de Tolerância permitidos aos agentes químicos listados, conforme a NR 15, Anexo 11 ou, na ausência destes valores, considerar os padrões da American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH); Grau de exposição dos trabalhadores, individualmente ou por Grupos Homogêneos de Exposição ao Risco (GHER), para cada agente; Atividades laborativas que apresentam maior risco de exposição; Classificação dos riscos conforme a frequência com que ocorrem: habitual, permanente, eventual ou intermitente.

10 Riscos Químicos Delimitação dos Trabalhadores Expostos Quando se trabalha com GHER, esta atividade torna-se mais simplificada. Há duas linhas para a constituição dos GHER: conforme o tipo de atividade executada, ou conforme o risco envolvido, devendo se optar por aquela que melhor se adequar ao perfil da empresa. Quando não há avaliação quantitativa, a análise se dá de forma subjetiva, podendo fazer uso da tabela: CATEGORIA Não exposto Pouco exposto Moderadamente exposto DESCRIÇÃO Sem contato com o agente Contato raro com o agente a baixas concentrações Contato frequente com o agente a baixas concentrações, ou contato raro, a altas concentrações Muito exposto Altamente exposto Contato frequente com o agente a altas concentrações Contato frequente com o agente a concentrações muito altas

11 Riscos Químicos Classificação dos danos à saúde Pode-se utilizar a seguinte classificação qualitativa: CATEGORIA DANOS À SAÚDE 0 Efeitos reversíveis pouco preocupantes, ou sem efeitos adversos conhecidos 1 Efeitos reversíveis preocupantes Efeitos reversíveis severos Efeitos irreversíveis Risco de vida ou doença incapacitante

12 Programa de Monitoramento Biológico de Exposição Para que se possa fazer o monitoramento biológico adequado deve-se considerar a forma de exposição se: por via inalatória absorção através da pele ingesta O Indicador Biológico de Exposição (IBE) avalia a intensidade da exposição e o risco à saúde, através das substâncias presentes nos fluidos corporais, tecidos e ar exalado pelos trabalhadores expostos a agentes químicos em ambiente de trabalho. Os riscos, após identificados, deverão ser ordenados conforme o potencial de agressão ao organismo, e devem ser estabelecidas metas para controle dos possíveis danos no ambiente de trabalho. A maior gravidade de exposição ao risco químico deverá ser prioritária na implantação do controle, minimização e eliminação destes riscos. Os exames complementares a serem solicitados para o monitoramento biológico da exposição deverão obedecer aos Quadros I e II da NR 07, além de outros exames a critério do médico coordenador, com frequência pré-determinada no PCMSO, conforme avaliação da exposição ao risco em ambiente de trabalho. ( CUIDADO : FALSOS INDICADORES!!!!)

13 Fatores que Afetam o Monitoramento Biológico Fatores intrínsecos ao trabalhador: gênero, idade, compleição física, doenças pré existentes, uso de medicamentos; Fatores relacionados à atividade profissional: tempo de exposição, condições ambientais, carga de trabalho; Condições e hábitos de vida: exposições diversas fora do ambiente de trabalho, tabagismo, uso de drogas ilícitas, hábitos alimentares; Fatores ambientais: poluição; contaminação de água e alimentos.

14 Agentes Carcinogênicos Em outubro de 2014, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou no Diário Oficial da União a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (Linach), classificada em: Grupo 1: carcinogênicos para humanos; Grupo 2A: provavelmente carcinogênicos para humanos; Grupo 2B: possivelmente carcinogênicos para humanos; Grupo 3: não é classificado como cancerígeno para humanos; Grupo 4: provavelmente não é cancerígeno para humanos É muito importante levarmos em consideração este tipo de exposição, e realizarmos o monitoramento biológico adequado, pois muitos dos agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho podem manifestar a doença mesmo após a cessação da exposição.

15 Monitoramento Biológico de Exposição Interpretação dos Resultados: Na interpretação dos resultados, deverão ser valorizados o exame clínico e as análises toxicológicas. A correta aplicação dos indicadores biológicos deve contar com uma preliminar definição dos valores de referência, e levar em conta as variáveis da população em geral.

16 MONITORAMENTO DAS QUEIXAS CLÍNICAS ASSOCIADAS A PRODUTOS QUÍMICOS Tem como objetivo principal a detecção precoce de um possível efeito da(s) substância(s) presente(s) no ambiente de trabalho, seja por uma hipersuscetibilidade individual, seja pela falta de controle da exposição por parte da empresa. O exame médico pode consistir somente em exame clínico (anamnese e exame físico) ou ser complementado por exames laboratoriais da esfera de análises clínicas, de imagem etc. Não são exames da área de toxicologia, mas da área da clínica médica.

17 Doenças mais Frequentes DERMATITES DE CONTATO PELO CIMENTO Dermatite Irritativa de Contato (DIC) Dermatite Irritativa Forte de Contato (DICF) queda de massa de cimento ou concreto dentro da bota ou calçado Dermatite Alérgica de Contato (DAC) SOLVENTES Via Inalatória Cefaléia, tontura, torpor, alteração da memória, fadiga, fraqueza, asma, visão turva. Via percutânea DIC, DAC, urticária de contato, irritação ocular, irritação de vias aéreas superiores Ingestão Náusea, vômito Exposição crônica cutânea ou inalatória Concentração e memória diminuída, depressão do sistema nervoso central, alterações neuropsicológicas, irritação de vias aéreas superiores.

18 Doenças mais Frequentes FLUIDOS DE CORTE OU ÓLEO DE CORTE Dermatite Irritativa de Contato (DIC) Sarna do Óleo de Corte: São dermatoses irritativas, principalmente nos antebraços, com aspecto clinico semelhante ao da escabiose. Fluidos de corte e controle de bactérias na emulsão Os fluidos para corte são meios apropriados para o crescimento de bactérias e fungos. Os principais agentes isolados foram: pseudomonas, enterobacter, moraxella, aeromonas, acinetobacter, flavobacterium, alcaligenes, cephalosporium, fusarium, penicillium, aspergillus, cladosporium, trichoderma, candida, botrytis, saccharomyces, trichosporon e criptococcus.

19 Doenças mais Frequentes ASMA RELACIONADA AO TRABALHO (ART) Diagnóstico: A caracterização da ART deve incluir o diagnóstico de asma e o estabelecimento da relação com o trabalho. Pode-se suspeitar de ART em todo caso de asma com tempo de início na fase adulta ou de piora da asma na fase adulta. A relação entre a exposição e os sintomas deve ser caracterizada. O questionamento sobre sintomas durante os fins de semana, férias e períodos de tempo fora da jornada de trabalho é de grande auxílio.

20 ACIDENTE DE TRABALHO COM PRODUTOS QUIMICOS Inalações de gases e vapores, aerossóis e fumaça são as mais frequentes causas, seguidas das queimaduras químicas. Das intoxicações agudas respiratórias, entre os produtos mais comuns e graves estão o monóxido de carbono, amônia, óxido nítrico, fosgênio. Entre as queimaduras químicas, vale destacar as causadas por hidróxido de sódio e ácido fluorídrico. Ao tratar casos suspeitos de intoxicações, deve-se revisar rapidamente a lista de verificação do produto, identificando as substâncias envolvidas, para determinar a abrangência das intervenções apropriadas e começar o tratamento necessário de salvamento de vida. Para obter informações sobre toxicidade, determinar os efeitos agudos sobre a saúde e aconselhamento sobre os riscos gerais, procedimentos de descontaminação e controle médico das vítimas, pode-se consultar o CEATOX, Centro de Assistência Toxológica, (41) / Nacional.

21 ACIDENTE DE TRABALHO COM PRODUTOS QUIMICOS Os princípios gerais mais importantes de um tratamento médico bem-sucedido quando ocorrer um incidente com materiais perigosos são: ter cuidado ao lidar com condições desconhecidas ou instáveis; avaliar rapidamente a potencial gravidade do perigo que as substâncias envolvidas oferecem; determinar o potencial de contaminação secundária da equipe e das instalações; avaliar a necessidade de uma descontaminação no local antes do transporte da vítima, se possível.

22 Conclusão Infelizmente existem muitas lacunas nos dados de toxicologia disponíveis, em especial ocupacional. Importância do conhecimento do tema pelo médico do trabalho e equipe. Necessidade de compartilhamento de conhecimento.