AZORES CHALLENGE TRAIL. 12 de Novembro de Filipa Alexandra Vilar

Transcrição

1 AZORES CHALLENGE TRAIL 12 de Novembro de 2016 Filipa Alexandra Vilar

2 A 12 de Novembro de 2016 decorreu, na Ilha de S. Miguel, a segunda edição do Azores Challenge Trail. Esta edição era composta por uma etapa que se dividiu em três distâncias. O p a l c o d e s t a e t a p a f o i a emblemática Lagoa do Fogo. E a entidade organizadora, a Associação de Atletismo de S. Miguel. O Clube Millennium BCP fez-se representar por 13 atletas. Seis desafiaram a ultra distância, outros seis o trail longo e uma atleta efetuou a caminhada. Nome do Atleta Distância Tempo Total Geral Masculina Geral Feminina Class. Escalão Filipa Vilar 23 2:20:29 2/72 1/44 Fernando Rosa 23 2:55:36 15/23 41/66 Óscar Marques 23 3:07:05 86/115 8/11 Maria Céu Silva 23 3:07:08 25/72 10/28 Vanda Rosa 23 3:07:09 13/36 11/28 Manuel Pereira 23 3:10:03 88/115 49/66 Sandro Jordão 45 6:04:11 53/103 34/55 António Santos 45 6:10:29 61/103 25/48 Eduardo Ferreira 45 6:10:30 62/103 13/24 Pedro Silva 45 7:36:51 95/103 41/48 Jorge Calmeiro 45 7:36:56 96/103 7/8 Francisco Reis 45 7:36:58 97/103 43/48

3 Atletas Eduardo Ferreira e António Santos na prova Ultra

4 Alguns dos atletas que foram finishers na prova Trail Longo

5 QUEM VENCE ALGUÉM É VENCEDOR, QUEM VENCE A SI MESMO É INVENCÍVEL Novembro encerrava um objetivo: completar os 45K do Ultra Trail em Ponta Delgada e ganhar na geral feminina. Quis o destino que uma semana antes sofresse um queda aparatosa de Bike causada por um condutor inconsciente. Fui transportada para o Hospital de Cascais onde efetuei exames médicos para analisar a gravidade das lesões e ferimentos. Sem "nada partido" tive alta. Durante uma semana sofri de fervorentes dores e efetuei tratamentos nas valências de fisioterapia e de osteopatia. O dia da prova aproximava-se e as melhorias eram nulas. Quem é que dizia que eu corria? Não conseguia. E nadar? Nem cinco minutos aguentei a pressão no peito. O quadro era desesperante. Tentei cancelar a viagem mas a TAP não me atendia as chamadas. Então fui forçada a alterar a minha inscrição do Ultra Trail para o Trail Longo. Somente por "descarga de consciência" pois era praticamente impossível correr naquele dia.

6 Tinha de encarar os Açores como umas férias... Eu dizia isso à cabeça...mas não entrava. Se não ia competir, não fazia sentido ir à prova... Mas embarquei. E a madrugada de sábado chegou. A partida foi dada às 10h no topo da Lagoa do Fogo. E lá estava eu...muito receosa. Começamos a subir e seguia no grupo da frente. Parecia-me que era a primeira mulher mas não tinha reparado com atenção ao início da prova. Ia com um ritmo alto. Sentia o corpo dizer "Filipa, não estiques...não tens treinado". Mas aguentei a pressão, a velocidade, a intensidade e mantive a posição até aos 10K. Ocupava uma das três posições da geral feminina e devia ir no top20 da geral absoluta. Numa subida sou ultrapassada por outra mulher. Eu sabia que ela vinha ali há uns escassos quilómetros. Tinha ouvido a voz enquanto serpenteávamos a floresta. Disse ao cérebro para não ousar ir atrás dela. O importante era chegar e um terceiro lugar também era válido. Aliás, nas minhas condições, era quase ser vencedora na geral absoluta. Horas antes era impensável fazer 5K quanto mais fazer algum tipo de pódio. Em condições normais, o objetivo de tempo seriam 2h30, no máximo. Nas minhas condições, era o que desse! Não obstante, até ao K13 fui sempre atrás da atleta e evoluí na geral absoluta. Se podia ter ultrapassado? Podia. Se poderia ter minorado a distância? Podia. Mas a sensatez disse-me para não esticar demasiado.

7 No abastecimento (K13) bebi uma garrafa de água e segui. Não sentia necessidade de comer. Encarei a prova como "um treino por Monsanto", a fim de, convencer o cérebro a manter-se focado. "Só faltam dez quilómetros, miúda. Metade de Monsanto está feita, agora é a outra metade e o carro esperava-te no fim." Irónico como o final da prova parecia mesmo o fim dos treinos longos por Monsanto. Um término em plano. Só que este foi uma desilusão! O trajeto dos últimos 6K era correr ao lado da auto-estrada, bem junto ao rail, ou em estradões de acesso a propriedades privadas. Muitas destas zonas nem trilho tinham. Foi "criado" um carreiro para o efeito. Basicamente, um "enche-chouriços" atroz. A cabeça vinha a stressar, as pernas a gritar, o joelho a atrasar e o peito a sinalizar...foram 3K finais muito mas mesmo muito sofridos. Sentia falta de alguém...de ânimo...de uma voz... Para me motivar começei a dizer "Vais ver o Mota a passar-te num abrir e piscar de olhos e tu aqui numa lentidão pegada..." (ia a 6 min/km). Poucos minutos depois fui agraciada pelo Cosmos. Os atletas da caminhada ainda estavam no percurso. E todos, com particular consideração por um grupo fantástico de senhoras energizaram-me com palavras, gestos, saudações e sorrisos. Atravessei o pórtico com 2h20 minutos (abaixo do tempo que tinha hipotetizado) no limite das minhas forças. Foi um orgulho imenso a completude daquela prova. O pódio na geral e no escalão, um presente com muito significado.

8 A chegada dos últimos atletas do Millennium BCP à meta foi uma festa. Quiça, uma das melhores retratações do verdadeiro espírito de Trail. Uns fazem pela competição, Outros pela superação, E há quem simplesmente aproveite para desfrutar do momento de "montanha", da envolvente natureza, em estreitar laços e trazer histórias para contar aos demais FIM