CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA RESOLUÇÃO CSDPE Nº 016/2013
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- Andreia Clementino Bergmann
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1 CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA RESOLUÇÃO CSDPE Nº 016/2013 Dispõe sobre as atribuições da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório da Defensoria Pública da Capital e dá outras providências. O CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PIAUÍ, no uso de suas atribuições legais, CONSIDERANDO que a Defensoria Pública é incumbida, com fundamento na dignidade da pessoa humana, de prestar a assistência jurídica integral e gratuita e a representação judicial e extrajudicial, em todas as esferas administrativas e instâncias judiciais, aos necessitados (art. 134/CF e 153/CE); CONSIDERANDO que é função institucional da Defensoria Pública acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação imediata da prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não constituir advogado, nos termos do art. 4º, inciso XIV, da Lei Complementar Federal nº 80/94; CONSIDERANDO que o princípio do defensor natural tem por objetivo assegurar que o assistido tenha os seus direitos e interesses patrocinados por um Defensor Público cuja designação para atuar esteja previamente definida com base em normas objetivas (Lei Complementar 80/94, com redação dada pela Lei Complementar nº 132/09, no Art. 4º-A, inciso IV); CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação das atribuições da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório, com finalidade de assegurar a garantia dos direitos fundamentais do preso provisório e o princípio do Defensor natural; CONSIDERANDO a grande quantidade de presos provisórios na Capital, com a conseqüente superlotação de Delegacias de Polícia e Estabelecimentos Prisionais. CONSIDERANDO que a Lei Complementar nº 80/94 reconheceu a Defensoria Pública como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, a quem incumbe a promoção dos direitos humanos e a atuação nos estabelecimentos policiais e penitenciários, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstâncias, o exercício pleno de seus direitos e garantias fundamentais; CONSIDERANDO que a Lei de Execução Penal incumbiu a Defensoria Pública de visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso, a apuração de responsabilidade (artigo 81- B, inciso V); 1
2 CONSIDERANDO que cabe ao Conselho Superior da Defensoria Pública a criação e normatização dos núcleos especializados, definindo suas atribuições ( 1º, Art. 102, LCF 80/94, com redação da LCE 132/2009 e Art. 34 da Lei Complementar Estadual 059/2005); RESOLVE: Art. 1º A política institucional de que trata a presente Resolução compreende a assistência jurídica aos presos provisórios recolhidos nas Delegacias de Polícia da Capital e nos estabelecimentos prisionais da Capital e região metropolitana, com a verificação das condições de privação de liberdade, tendo em vista a garantia dos direitos humanos, de acesso à Justiça, à ampla defesa e à integridade física e moral. Art. 2º Compete à Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório CAPP: I - receber e analisar todas as comunicações à Defensoria Pública de prisões em flagrantes ocorridas na cidade de Teresina; II propor as medidas extrajudiciais e judiciais necessárias para a garantia dos direitos dos presos, preventiva ou temporariamente, durante a tramitação do inquérito policial; III monitorar, até o recebimento de eventual ação penal, as medidas judiciais propostas em benefício dos presos provisórios desde a lavratura do flagrante; IV - realizar atendimento aos presos provisórios nas Delegacias de Polícia da Capital e nos estabelecimentos prisionais da Capital e região metropolitana; V entrar em contato com os familiares do preso provisório, objetivando reunir informações e a documentação necessária para instruir os seus pedidos; VI garantir a observância dos direitos fundamentais dos presos provisórios; VII prestar assistência jurídica extrajudicial aos assistidos e investigados, presos ou não, em situações nas quais haja a necessidade de audiência ou acompanhamento nas Delegacias de Polícia da Capital e nos estabelecimentos prisionais da Capital e região metropolitana; VIII a defesa dos presos provisórios nos procedimentos administrativos instaurados pelos diretores dos estabelecimentos prisionais da Capital e região metropolitana para apuração de falta disciplinar; IX - atuar na preservação dos direitos dos presos provisórios vítimas de tortura, podendo requisitar exame de corpo de delito e outras perícias que se fizerem necessárias, em conjunto com o Núcleo de Direitos Humanos e Tutelas Coletivas; X requerer às autoridades competentes a apuração de responsabilidade dos agentes públicos encarregados pela prisão e custódia dos presos provisórios em caso de violação dos seus direitos; XI requerer permissão de saída do preso provisório ao Diretor do Estabelecimento Penal situado na Capital e região metropolitana, nos termos do artigo 120 da LEP. 2
3 1º Nos finais de semana e feriados, as comunicações de prisão em flagrante serão realizadas ao Defensor Público plantonista, nos termos da resolução nº 018/ º A realização de visitas devem ser regulares e freqüentes, conforme escala definida pelo Coordenador, com ou sem aviso prévio aos responsáveis pelo estabelecimento prisional, devendo o Defensor Público registrar a sua presença em livro próprio, cujas páginas serão numeradas e rubricadas pela Corregedoria Geral da Defensoria Pública do Estado. 3º Realizado atendimento de preso provisório de outra Comarca nos estabelecimentos policiais da Capital e estabelecimentos prisionais da Capital e região metropolitana, deverá ser encaminhado relatório circunstanciado ao Defensor Público natural, caso este não exista, à Defensoria Itinerante ou ao Defensor Público Geral, em se tratando de outro Estado da Federação. Art. 3º Caberá, ainda, a Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório: I comunicar ao Núcleo de Direitos Humanos e Tutelas Coletivas os casos para propositura de ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas presas provisoriamente; II verificar as condições materiais de privação de liberdade em todos os estabelecimentos policiais da Capital e estabelecimentos prisionais da Capital e região metropolitana, e a regular avaliação de todos os aspectos da detenção, em face dos padrões nacionais e internacionais previstos em tratados e convenções de direitos humanos ratificados pela República Federativa do Brasil, para o fim da adoção das medidas administrativas e judiciais eventualmente cabíveis, ressalvada as atribuições do Núcleo de Direitos Humanos e Tutelas Coletivas; III - participar, quando tiver assento, dos conselhos federais, estaduais e municipais afetos às funções institucionais da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório da Defensoria Pública, respeitadas as atribuições de outros órgãos de execução; IV - convocar audiências públicas para discutir matérias relacionadas às funções institucionais da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório; V - promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da cidadania e do ordenamento jurídico, relacionados às funções institucionais da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório; VI - fazer-se presente em caso de conflagração pública, a fim de mediar o conflito conjuntamente com a Coordenação de Execução Penal e Núcleo de Direitos Humanos e Tutelas Coletivas, buscando uma solução pacífica; VII - informar, orientar e conscientizar os presos provisórios e investigados, presos ou não, e seus familiares, através dos diferentes meios de comunicação, a respeito de seus direitos e garantias fundamentais. 1º A análise de todos os aspectos da detenção, compreende, dentre outros direitos dos presos provisórios, limpeza, higiene, alimentação, trabalho, educação, saúde, documentação, capacidade do estabelecimento, existência de local apropriado para atendimentos jurídico, médico, odontológico, psicológico, social e religioso, para o exercício de atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas, para a visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados e, nos casos de 3
4 estabelecimentos destinados a mulheres, dos concernentes à gestação, amamentação e à saúde da mulher. 2º Caso as medidas previstas neste artigo impliquem matérias de outra natureza, a Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório comunicará outros Núcleos Especializados ou órgãos da Defensoria Pública do Estado para adoção das medidas extrajudiciais e judiciais cabíveis. Art. 4º Constatando-se a existência de desrespeito à dignidade da pessoa humana dos presos provisórios, sob quaisquer de suas formas, que não sejam resolvidos de imediato, compete ao Defensor Público comunicar a ocorrência ao Núcleo de Direitos Humanos e Tutelas Coletivas para que sejam tomadas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis, com o respectivo monitoramento. Art. 5º As atribuições da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório, no processo judicial, terminam a partir do recebimento da ação penal pela autoridade judiciária competente, devendo todos os pedidos já elaborados ou, justificadamente pendentes de elaboração, serem comunicados aos Defensores Públicos com atuação nas varas criminais correspondentes. Art. 6º O atendimento jurídico ao preso provisório, após o início da ação penal, será feito pelos Defensores Públicos atuantes nas varas criminais, singulares ou do júri, objetivando o conhecimento dos fatos, de eventuais testemunhas e o esclarecimento sobre a atuação da Defensoria Pública do Estado, sobre o curso do processo criminal e sobre os direitos do réu. Parágrafo único. Os Defensores Públicos com atuação nas varas criminais poderão requerer o auxílio da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório, para fazer as entrevistas dos assistidos encarcerados nos estabelecimentos policiais e prisionais da capital e região metropolitana. Art. 7º São atribuições do Coordenador de Atendimento ao Preso Provisório: I solicitar junto à Diretoria Criminal e à Defensoria Pública Geral do Estado estrutura necessária ao funcionamento da Coordenação; II proceder à coordenação administrativa dos trabalhos desenvolvidos, distribuindo-os equitativamente entre todos os Defensores Públicos da Coordenação, inclusive, estabelecendo escala para se fazer presente no estabelecimento penal nos casos de conflagração pública; III representar a Coordenação em atos e solenidades para as quais for convidado e digam respeito às suas atribuições; IV elaborar escala mensal de atendimento dos Defensores Públicos da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório nos estabelecimentos policiais da Capital e prisionais da Capital e região metropolitana, encaminhando cópias à Diretoria Criminal, Corregedoria Geral e Defensoria Pública Geral do Estado do Piauí, até o dia vinte do mês anterior; V elaborar formulário padrão de atendimento ao preso provisório; Art. 8º. A Coordenação, deverá, ainda, promover, em parceria com a Escola Superior da Defensoria Pública, cursos, próprios ou em parceria com outras instituições, visando à capacitação dos Defensores Públicos, servidores e estagiários, abordando temas 4
5 relativos às atribuições da Coordenação de Atendimento ao Preso Provisório, bem como palestras e cursos de capacitação aos presos provisórios, visando à conscientização acerca de seus direitos e deveres. Art. 9º. Os casos omissos serão decididos pela Defensoria Pública Geral de forma motivada. Art. 10. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em sentido contrário. Sala de Reuniões do Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado do Piauí, em 30 de setembro de Norma Brandão de Lavenére Machado Dantas Defensora Pública-Geral Presidente do Conselho Superior da Defensoria Pública Publicada no Diário Oficial nº 183 página 10 do dia 25/09/2013 quarta-feira. 5
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