SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS Neste primeiro dia do ano, a Igreja nos dá a possibilidade de celebrar a Eucaristia em honra de Nossa

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Ana Lívia de Sequeira Brás
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SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS 01-01-2017. Neste primeiro dia do ano, a Igreja nos dá a possibilidade de celebrar a Eucaristia em honra de Nossa Senhora.

1 SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS Neste primeiro dia do ano, a Igreja nos dá a possibilidade de celebrar a Eucaristia em honra de Nossa Senhora. Maria, a Virgem escolhida para ser a Mãe de Deus. Ela é a Mãe de Jesus e Jesus é o Filho Amado de Deus feito homem para salvar a humanidade inteira. Ela recebeu o título de Mãe de Deus no Concilio de Éfeso no ano 431. Foi reconhecida e proclamada a sua excelsa dignidade, declarando assim, o vínculo indissolúvel que a une ao Filho de Deus feito homem. O atual calendário Romano fixou a Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus para esta data e o Papa Paulo VI instituiu esse dia como o Dia mundial da Paz. Esse grande mistério de amor é reconhecido, também, nesse dia, como o Divino Comércio que aconteceu entre o céu e a terra, entre Deus e os homens. Assumindo a nossa condição de homem, Ele nos deu a sua condição divina, ou seja, assumindo a nossa humanidade, ele nos deu a sua divindade. Fomos divinizados pela sua vinda a esse mundo. Passamos a fazer parte do ser sagrado de Deus. Quando celebramos as festas e solenidades de Nossa Senhora, cantamos o Salmo 121. Esse Salmo é o canto de um peregrino pobre que recebeu um convite para ir ao Templo em Jerusalém. Ele mora longe e não tem condições de assumir as despesas de uma longa e custosa viagem. Um amigo o convida para ir ao Templo, assumindo as suas despesas. Quando eles chegam às portas da Cidade Santa de Jerusalém, o nosso amigo peregrino entoa um canto pleno de vida e de emoção, louvando a Deus e manifestando a alegria do convite recebido: Que alegria quando ouvi que me disseram: vamos à Casa do Senhor!.

2 Diante da grandeza e da beleza de tudo o que ele via perante os seus olhos, ainda às portas da Cidade, tocando as muralhas que a cercavam, ali ele começa a desejar a paz para Jerusalém. Ele vai além, porque deseja a paz para todos aqueles que viriam depois dele à Cidade Santa. Ele deseja o Shalom a Jerusalém, aos seus habitantes e aos seus visitantes. Ele sente em seu coração que se morresse alí, antes mesmo de entrar no Templo, ele morreria feliz, porque reconhece a unidade existente entre os muros, as casas e as paredes do próprio Templo, no tocante à sua edificação sólida e consistente; é um conjunto harmonioso. Shalom para o judeu piedoso é muito mais que o conceito de paz que conhecemos ou almejamos neste primeiro dia do Ano. Shalom é um pedido de bênção; é um pedido de saúde; é um pedido de prosperidade; é um pedido de vida longa; é um pedido de felicidade. Todos esses pedidos ele faz, não somente para si, mas também para todos os que passarão por aquelas portas sagradas para chegarem ao Templo, a morada de Deus entre os Homens. Shalom é o que nós, brasileiros, desejamos muitas vezes às pessoas que amamos, sobretudo, quando não encontramos palavras para expressar adequadamente os nossos mais sinceros desejos em determinadas ocasiões, quando dizemos: Tudo de bom pra você! Desta forma, celebrar a Santa Mãe de Deus, é cantar as alegrias mais sinceras que trazemos no coração e que desejamos para aqueles que nós amamos. Desejamos mais do que podemos expressar. Maria é a expressão do amor de Deus pela humanidade inteira, porque Ela foi o caminho para que Ele pudesse vir ao nosso encontro; Ela se tornou

3 Sacrário Vivo, porque no seu ventre Ela susteve o Deus Vivo; Ela disse Sim ao Anjo e foi consequente até o último momento, aquele da Cruz, porque permaneceu firme vendo o seu único Filho pregado e desfalecido por um amor inigualável de Deus. Maria guardava tudo no coração. Sim, Ela soube viver o silêncio mais profundo e mais fecundo jamais vivido por alguém, porque mesmo sem compreender a resposta de Jesus nas Bodas de Caná, Ela disse somente: Fazei tudo o que Ele vos disser. Muito me impressiona a grandeza e a nobreza desta, que dentre todas as mulheres, não existe nem existirá alguma igual a Ela. Ela se perturbou diante das palavras do Anjo; Ela subiu apressadamente as montanhas da Judeia para servir sua prima Isabel, já anciã e esperando um filho; Ela compreendeu que para Deus tudo é possível; Ela seguiu José para o recenseamento e não hesitou em dar à luz numa estrebaria, deitando seu filho numa manjedoura; Ela, sendo filha, tornou-se Mãe de Deus e, com seu leite materno nutriu Aquele que nutre as aves do céu; Ela acompanhou José para cumprir a Lei e apresentou seu Filho primogênito no Templo; Ela acreditou em José, que havia recebido a ordem de um Anjo, para que fugissem de Herodes, indo para o Egito; Ela voltou para Nazaré, onde educou o Filho Amado do Pai, que também era seu Filho; Ela chamou a atenção do Menino, que se encontrava no Templo entre os doutores da Lei; Ela acompanhou seus passos na adolescência e na juventude; Ela foi a primeira a acolher a Boa Nova do Evangelho Vivo que vivia em sua casa; Ela antecipou a hora do seu Amado Filho, quando na Bodas de Caná, provocou pela sua sensibilidade a ação milagrosa da água transformada em vinho; Ela assumiu com atitude

4 materna aqueles que Jesus havia escolhido para serem seus seguidores; Ela acompanhou de perto as perseguições, os maustratos que seu filho recebeu, as flagelações, as quedas com a pesada Cruz, consequência dos nossos pecados; Ela estava firme aos pés da Cruz, onde seu Filho fora cruelmente crucificado; Ela recebeu e acolheu Jesus uma segunda vez, não mais como recém nascido, mas como um amontoado de carne, já sem vida, em seus braços maternos no Calvário; Ela estava unida em oração juntamente com os Apóstolos na expectativa da vinda do Espírito Santo. Ela estava alí, silenciosa e em oração, suplicando a vinda do espírito Santo de seu Filho amado. Somente Ela poderia reconhecer a presença desse Espírito Santo, porque Ela era a Esposa do Espírito da Trindade... É igualmente interessante notar, que Maria não vem mencionada falando em alguma língua específica em Pentecostes, mas certamente, estava, no seu silêncio, inebriada de um amor arrebatador que a levava a interceder ainda mais por aqueles a quem deveria servir aqui na terra; Ela estava presente naquele momento de despedida, quando viu seu Filho gloriosamente subindo aos céus. Quanta alegria Ela deve ter experimentado naquele momento em que tudo se cumpria também na sua historia... Finalmente, foi Ela, também, elevada às alturas celestes, de onde, continua intercedendo por cada um de nós, que devotamente a Ela nos aproximamos como verdadeiros filhos... Gloriosa no Céu, intercessora junto à Trindade, missionária e Mãe dos pecadores, Ela nos acolhe todas as vezes que a Ela nos dirigimos como filhos. Sim, a Mãe de Deus, cuja Solenidade celebramos hoje, é também nossa Mãe e é a Rainha da Paz. A Paz, o Shalom é o tudo de bom que oferecemos às pessoas que tanto amamos e que deve ser oferecido a toda a humanidade, salva do pecado e da morte eterna,

5 porque Ela aceitou a sua missão aqui na terra e continua, como nossa Mãe e Rainha da Paz no Céu, nos apresentando ao Pai, que nos ama com amor eterno. A Santa Mãe de Deus assumiu maternidade de toda a humanidade aos pés da Cruz e, recebeu, certamente, de Jesus, a mais bela visita de toda a historia, quando após a Ressurreição, Ele foi ao seu encontro para manifestar a sua grande vitória sobre a morte. Podemos imaginar quão grande foi a alegria dessa Mãe, a festa em seu coração, o júbilo da sua alma e o desejo de, com Ele, manifestar ao mundo inteiro a grandeza de Deus que cumpre sempre as suas promessas de amor para aqueles que Nele confiam. Ela gerou em seu ventre a fonte da bênção que ouvimos em Nm 6,22-27: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz! Que a Santa Mãe de Deus, portadora a paz, do Shalom de Deus, seja para cada um de nós, para os nossos amigos e familiares e benfeitores a segurança, a vida e a certeza de que Deus nos acolhe sempre como filhos e que devemos ser embaixadores da vida nova em Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e nos garante a paz.

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