PROGRESSÃO DE ESTUDANTES EM CURSO DE ENGENHARIA: UM ESTUDO DE CASO

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1 PROGRESSÃO DE ESTUDANTES EM CURSO DE ENGENHARIA: UM ESTUDO DE CASO Maria Helena Campos Soares de Mello Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia, Departamento de Eng.de Produção Rua Passo da Pátria, 156 Bl D sala Niterói RJ Helder Gomes Costa helder.uff@gmail.com IUniversidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia, Departamento de Eng.de Produção Rua Passo da Pátria, 156 Bl E sala Niterói RJ Resumo: Este trabalho apresenta uma análise sobre o andamento dos alunos que ingressaram por meio do SISU no curso de Engenharia de Produção da UFF- Niterói. Utiliza-se como metodologia a contagem de alunos ingressantes e os que permanecem no curso no segundo período de As principais conclusões são que não é relevante a forma como o aluno ingressou. Mais relevante é a evasão de alunos ingressantes no primeiro semestre do ano em relação aos ingressantes no segundo semestre, levando à reflexão sobre a opção prematura pela carreira acadêmica. Palavras-chave: Formas de Acesso, SISU, Retenção 1. INTRODUÇÃO O SISU, Sistema de Seleção Unificada ao Ensino Superior, foi instituído pela Portaria Normativa 2 do MEC de 26/01/2010, atualizada algumas vezes e regido atualmente pela Portaria Normativa 21 do MEC, de 5 de novembro de 2012 (MEC, 2010 e MEC, 2012). Esse Sistema, gerenciado pelo MEC, tem por objetivo selecionar estudantes para as vagas disponibilizadas pelas Instituições de Ensino Superior públicas e gratuitas que aderirem ao Sistema. Para a maioria dos cursos de Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) esse sistema veio para substituir o concurso vestibular que era realizado individualmente por cada uma das IFES. O SISU utiliza as notas obtidas pelo candidato no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) (MEC, 2012) e aloca os candidatos às vagas nas diferentes instituições. Além desse sistema, a maior parte das IFES se utiliza de reserva de vagas por ações afirmativas (BRASIL, 2012), denominadas de cotas, e que por força da lei são obrigadas a preencherem pelo menos 50% das suas vagas nas diferentes categorias definidas na referida lei (BRASIL, 2012).

2 2. O INGRESSO UFF A UFF até 2012 realizou seu vestibular independente, tendo já em 2012 recebido alguns alunos ingressantes por meio do SISU (COSEAC, 2012). Ainda em 2012 a UFF iniciou a política de ações afirmativas no ingresso por meio de um bônus de 20% na nota do vestibular para alunos que cursaram integralmente o ensino médio em instituições estaduais ou municipais (COSEAC, 2012). A partir de 2013 a UFF não fez mais vestibular isolado ficando suas vagas para o ingresso sendo oferecidas exclusivamente pelo SISU. 3. O INGRESSO NO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NITERÓI O ingresso se deu, como nos demais cursos da UFF, por meio do SISU a partir de As vagas oferecidas ao longo dos anos 2013, 2014 e 2015 estão apresentadas na Tabela 1. As vagas foram divididas nas diferentes categorias, AC Ampla Concorrência, para candidatos que não se enquadrem nas diferentes formas de cotas, como L1, L2, L3, L4 e A1. Essas diferentes categorias estão descritas na Tabela 2. Pode-se observar que, atendendo as exigências da Lei das Cotas (BRASIL, 2012), a quantidade de vagas oferecidas para Ampla Concorrência (AC) tem sido reduzida ao longo dos anos, e a previsão é que chegue a no máximo 50% do total de vagas até Mais um detalhe em relação à Engenharia de Produção na UFF é que esta Universidade oferece vagas para curso com mesmo nome, embora com diferentes projetos pedagógicos, também em outras localidades do Estado do Rio de Janeiro como Volta Redonda, Rio das Ostras, Petrópolis, na modalidade presencial, como em Niterói, e também na modalidade EAD, via consorcio CEDERJ. Tabela 1 Quadro de vagas do curso de Engenharia de Produção Total AC L1 L2 L3 L4 A Fonte:

3 Tabela 2 Políticas de Ações Afirmativas Utilizadas na UFF Política Cota Descrição L1 L2 Candidatos com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. L3 Candidatos que, independentemente da renda (art. 14, II, Portaria Normativa nº 18/2012), tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. L4 A1 Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que, independentemente da renda (art. 14, II, Portaria Normativa nº 18/2012), tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Candidatos que cursaram todo o ensino médio em estabelecimento da rede pública estadual ou municipal de qualquer unidade da federação, excluidos os colégios federais, universitários, militares e de aplicação. Fonte: 4 METODOLOGIA E RESULTADOS O trabalho foi desenvolvido pela compilação de dados de ingresso dos alunos, do site da COSEAC, Coordenadoria de Seleção (COSEAC,2016), e dados do Sistema de Informações Acadêmicas da UFF, para acompanhamento dos históricos escolares dos alunos. Tabela 3 Resultados da Compilação e Acompanhamento da situação em Ativos A) % 68, ,76 B) % 85, ,78

4 C) % D) % 96, ,91 E) % 92, ,63 F) % 96, , ,91 Da Tabela 3 (A, B, C, D, E e F) pode-se observar percentualmente a manutenção dos alunos ao longo do tempo. Naturalmente, há um movimento maior à medida que os alunos avançam no curso. No entanto, o movimento de evasão é independente da forma de ingresso, no caso de o aluno ter ingressado ou não por cotas. Nesse trabalho, não se entra no mérito da retenção e comparação entre o fenômeno antes e depois da adoção do SISU como método de seleção. Esta abordagem é objeto de outro trabalho. Da mesma forma que não se utilizou métodos estatísticos para análise de correlação entre notas obtidas no ENEM e seu rendimento no primeiro período do curso, como feito por Da Silva et al (2016) uma vez que a nota do ENEM, por utilizar mecanismos de padronização, não é necessariamente uma medida confiável para se fazer comparações, como pode-se observar em Travitzki et al (2014). Também encontram-se trabalhos que criticam a utilização da Teoria da Resposta ao Item (TRI) em que há a possibilidade de um candidato deixar uma prova em branco e não ter nota zero. Sobre esse tema, Cordeiro (2014) e Anderson (1999) discorrem com bastante propriedade. Outros autores, como da Silveira et al (2015) também fazem crítica à metodologia do ENEM.

5 Mais uma coisa que se pode observar é que o movimento de desistência dos alunos é maior para os que ingressam no primeiro semestre letivo do ano. Isso é uma possível consequência da validade da nota do ENEM para concorrer ao SISU. Eventualmente o candidato não ingressou no curso ou Instituição de sua preferência e teve a oportunidade de concorrer novamente a vagas oferecidas para o segundo semestre, desistindo da vaga inicialmente ocupada. Essa discussão já tem sido feita ao longo do tempo em diversos trabalhos, particularmente por Soares de Mello et al (2003), que conduzem a uma reflexão sobre o momento da opção pela modalidade de Engenharia. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A intenção da realização desse levantamento foi a de observar a possível influência do ingresso por meio do SISU e utilização de cotas na ocupação de vagas do curso de Engenharia de Produção da UFF Niterói. No entanto, à medida que a observação dos dados foi sendo feita, ficou claro que existem outras formas de avaliar essa questão, não somente pela via simplista de ingresso por cota ou não. Há que se refletir bastante nas consequências da utilização da dupla ENEM/SISU sobre o andamento dos alunos no curso e a ociosidade de vagas em uma Instituição Pública. Evidentemente, existem outros fatores que diminuem a procura e causam evasão no curso. Nomeadamente, a situação econômica do pais, falta de empregos para Engenheiros de Produção na região, dificuldades econômicas do aluno em se manter na Universidade, entre outras. Outras abordagens já estão em andamento, inclusive comparando os resultados anteriores ao ingresso pelo SISU. Agradecimentos Agradecimentos à Coordenação do Curso de Engenharia de Produção da UFF Niterói pelo acesso às informações no sistema acadêmico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, J.O. Does complex analysis (IRT) pay any dividends in achievement testing? Alberta Journal of Educational Research, 45 (4), pp , BRASIL, Lei Nº , de 29 de agosto de 2012, Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. (disponível em CORDEIRO, L. Sobre a inadequação da metodologia de cálculo das notas do SISU, Educação e Sociedade, 35 (126), pp , COSEAC, Coordenadoria de Seleção Acadêmica UFF. Disponível em Acesso em 02 de junho de 2016

6 DA SILVA, R.; LAMB, L.C.; BARBOSA, M.C. Universality, correlations and rankings in the Brazilian Universities National Admission Examinations. Physica A: Statistical Mechanics and its Applications, 457, p , DA SILVEIRA, F.L., BARBOSA, M.C.B., DA SILVA, R. Exame nacional do ensino Médio (ENEM): Uma análise crítica. Revista Brasileira de Ensino de Fisica, 37 (1), art. no. 1101, MEC, Portaria Normativa Nº 2, de 26 de janeiro de 2010, Institui e regulamenta o Sistema de Seleção Unificada, sistema informatizado gerenciado pelo Ministério da Educação, para seleção de candidatos a vagas em cursos de graduação disponibilizadas pelas instituições públicas de educação superior dele participantes. (disponível em MEC, Portaria Normativa 21, de 5 de novembro de 2012, Dispõe sobre o Sistema de Seleção Unificada Sisu (disponível em SOARES DE MELLO, M.H.C. ; SOARES DE MELLO, J.C.C.B. ; LETA, F.R. ; FERNANDES, A.J.S. ; VAZ, M.R.. Análise sobre o momento de opção do aluno por uma modalidade de engenharia. Revista de Ensino de Engenharia, Brasília, v. 22, n.1, p. 1-5, TRAVITZKI, R., CALERO, J., BOTO, C. What information does the national secondary education examination (ENEM) Brazilian society? Cepal Review, (113), p , FOLLOWING UNDERGRADUATING ENGINEERING STUDENTS: A CASE STUDY Abstract: This paper introduces an analysis about how do the students go along the course, considering the stratus in which they were allocated in the beginning. It counts the entrance and the status in The main conclusions are that it is not important how did the students got in. More important than this is if they entered the first or the second semester of the year, guiding to the reflection about the early decision about the carrer. Key-words: Entering Engineering School, SISU, retention