VARIAÇÃO MENSAL DO CESTO DE PRODUTOS BÁSICOS DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA - RS, DE
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- Thomas Marreiro Canedo
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1 VARIAÇÃO MENSAL DO CESTO DE PRODUTOS BÁSICOS DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA - RS, DE ISRAEL, Ana Lucia Pinheiro 2, CORRÊA, José Carlos Severo 3 Palavras-Chave: nível de preços, custo de vida, cesta básica. Introdução Contemporaneamente, o Brasil tem enfrentado problemas de ordem estrutural e conjuntural. Basicamente em decorrência dos modelos adotados pelos governos que se sucederam, tenham sido eles baseados nas doutrinas desenvolvimentistas, ou mais recentemente centrados no equilíbrio fiscal. E uma das principais características desses problemas é a alta sistemática dos níveis de preço, a inflação, que no caso brasileiro, segundo Pinho e Vasconcelos (2003) e (CARNEIRO, 1990), é acentuado a partir da década de 50. Embora este fenômeno tenha sido arrefecido a partir de 1994, com a implementação do Plano Real (REGO & MARQUES, 2000), ainda hoje angustia a população devido às particularidades da economia brasileira, tipicamente não desenvolvida. O fenômeno da inflação é extremamente nocivo a sociedade, pois gera problemas de distribuição de renda, déficit no balanço de pagamentos e retração nos níveis de investimentos no mercado de capitais. No que diz respeito à distribuição de renda gera uma redução no poder aquisitivo da população que possui rendimentos fixos, os assalariados. Como forma de minimizar esse efeito, alguns mecanismos de indexação são utilizados, que dariam mobilidade nos rendimentos, recuperando assim o poder de compra dos salários. Historicamente, no Brasil, os indexadores de salariais são baseados na medição dos índices de variação dos níveis de preços. Neste contexto, é que foram desenvolvidos vários métodos de cálculo destas variações, cada um com o objetivo específico de atender a necessidade do organismo pesquisador e satisfazem plenamente seus objetivos. Estes índices em geral são representativos de situações específicas que expressam médias, não demonstrando 1 Projeto vinculado ao Banco de Dados Regional - Grupo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Regional UNICRUZ 2 Bolsista PIBEX UNICRUZ. Banco de Dados Regional 3 Orientador; professor do Curso de Ciências Econômicas UNICRUZ; jcorrea@unicruz.edu.br
2 particularidades locais. Justamente com o intuito de suprir esta lacuna é que se passou a calcular o custo do cesto de produtos básicos no município de Cruz Alta, como forma de subsidiar as decisões de consumo dos trabalhadores e suas respectivas famílias, bem como estabelecer uma referência na aferição do custo de vida em Cruz Alta. Outra questão que merece ser ressaltada é o fato de que com a ausência de uma política de controle sobre os preços dos produtos, como a que vem sendo praticada atualmente, esses apresentam variações significativas, principalmente entre as diferentes regiões. Isto quer dizer os índices apresentados por uma determinada região podem não refletir a variação dos preços em outras. Metodologia Segundo Vasconcelos; Gremaud & Toneto Junior (2002), número índice é uma estatística da variação de um conjunto composto por bens fisicamente diferentes. Em outras palavras, se trata de observar a variação relativa do nível de preços de uma cesta de bens e serviços em um determinado período de tempo. Vários são os números índices que sevem de base para indexação no Brasil, sendo os mais conhecidos: Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica - Universidade de São Paulo (IPC-FIPE/USP), Índice Nacional de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-FIBGE) Índice Geral de Preços Disponibilidade Interba da Fundação Getúlio Vargas (IGP-DI-FGV), entre outros. Cada um dos índices atende um propósito e seguem uma metodologia específica, mas de um modo geral a diferença básica é na metodologia de coleta e ponderação dos dados, pois todos eles caracterizam-se por ser médias ponderadas. Souza (2000, p.227) exemplifica que o IPC-FIPE é calculado especificamente para a cidade de São Paulo, já o IGP-DI-FGV refere-se a cidade do Rio de Janeiro; enquanto o INPC-FIBGE é calculado para uma classe social de trabalhadores de 1 a 8 salários mínimos nas regiões metropolitanas de, Belém Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia. O cesto de produtos básicos é composto por 54 produtos que integram o padrão médio de consumo para uma família com renda entre 1 e 5 salários mínimos, divididos em grupos de acordo com sua origem e/ou forma de consumo, grãos, farináceos, mercearia, carnes e derivados, óleos e temperos, hortifrutigranjeiros, higiene e limpeza, bebidas e artigos de uso geral. O cálculo do custo desta cesta de consumo serve entre outros para estimar o poder aquisitivo das famílias que se enquadram neste perfil em termos de salários mínimos. Com o objetivo principal de verificar a variação mensal do nível de preços dos produtos que compõem a referida cesta, este trabalho possibilitou que se apurasse a variação do poder aquisitivo do salário mínimo oficial
3 nacional, bem como apresentar a tendência de longo prazo para tal comportamento. Os dados, de origem primária, foram obtidos através da coleta quinzenal de preços dos produtos nos seis supermercados de maior fluxo do município de Cruz Alta. O processamento das informações foi efetuado utilizando-se um índice ponderado do tipo Laspeyres. Resultados e Discussões Dos resultados verificados, dividiu-se em quatro análises distintas, acumulado no período, acumulado no ano, da variação dos preços dos produtos integrantes da cesta básica da família em Cruz Alta e ainda o número de salários mínimos necessários para adquiri-la. No período verificou-se uma variação acumulada de 82,78% que é a maior na comparação com o grupo de indicadores utilizados, que variaram de 41,75%, no caso da Cesta Básica do Trabalhador, a 78,13%, o IGP-M/FGV. Ainda no período de 108 meses, verificou-se uma taxa de 0,43% ao mês. Na análise do ano de 2009, se observa uma reversão o comportamento do nível de preços, todos os indicadores apresentaram uma variação menor em 2009 do que a doa ano anterior, com alguns apresentando variação negativa. No acumulado do período, a cesta da família apresentou a maior variação, mas quando observado só o ano de 2009, este quadro muda, tendo inclusive variado negativamente. Durante o ano de 2009, a cesta da família variou negativamente em 0,11%, já a cesta do trabalhador apresentou uma redução no seu custo na ordem de 8%. No caso dos indicadores nacionais, as variações mais significativas foram a do IGP-M-FGV, com uma variação negativa de 1,25% e o INPC-IBGE, com aumento de 5,24%. Na análise da variação específica do cesto, fez-se uma divisão em produtos alimentares e não alimentares. O grupo dos alimentos é dividido em industrializados, semiindustrializados e in natura, já o outro grupo dos não alimentares é dividido em material de limpeza, higiene pessoal e de uso diverso. No ano o grupo de alimentos teve uma redução de 5,58%, sendo que a variação do grupo in natura foi de 9,83% negativo acompanhado pelo grupo dos semi-industrializados, redução de 9,64%, sendo que no caso dos alimentos industrializados a redução foi bem menor, com apenas 1,57%, o que reduziu o efeito de queda dos preços. O ano de 2009 foi de boas safras agrícolas e ainda em decorrência da crise econômica mundial, que resultou na queda dos preços dos produtos alimentares no mercado internacional. Já no caso dos alimentos industrializados este efeito foi menor, mas mantiveram-se relativamente constantes. Um produto importante no cômputo da cesta teve uma alta bastante significativa no período o que provocou esta situação, foi o caso do açúcar que teve uma alta no ano de 36,6%, anulando todas as reduções dos demais, que foram bem
4 mais modestas. De outro lado o produto que apresentou a maior redução em seu preço foi o feijão que diminuiu em 42,97% no ano. O grupo dos produtos não alimentares, ao contrário, apresentou uma variação positiva de 10,67%, em especial pelo aumento dos produtos de de uso diverso, em especial, cigarros, cerveja e o gás de cozinha, aumentos de 28,5%, 15,98% e 5,13% respectivamente. Essas altas foram amenizadas por uma queda uniforme no nível de preços dos produtos de limpeza e higiene pessoal, que reduziram 1,2% e 2,8% respectivamente. Nesse caso, as maiores reduções foram o papel higiênico, - 10,98% e a esponja de aço, - 13,7%. Na avaliação para o período todo, ou seja, desde janeiro de 2001 até dezembro de 2009, observou-se que embora no mesmo sentido, a variação não é semelhante entre os grupos, os itens alimentares variaram 82,08% e os não alimentares 110,05%. Nos alimentos a maior variação se deu nos itens industrializados, com 113,37% e a menor ficou com os itens in natura que variaram 59,37%. Nos itens não alimentares a principal variação foi nos itens de uso diverso, com 130,29% de aumento, ao passo que nos itens de higiene pessoal e limpeza o aumento foi semelhante, acumulando respectivamente, 76,81% e 79,76%. Uma outra comparação que se fez, foi com relação ao número de salários mínimos necessários para adquirir um cesto de produtos básicos da família. Neste caso, constatou-se que em janeiro de 2001 eram necessários 2,55 salários mínimos nacionais para adquirir o cesto e em dezembro de 2009 foram preciso apenas 1,59 salários, o que demonstra um avanço no poder aquisitivo do salário mínimo, decorrente da política governamental de corrigi-lo em índice maior do que o da inflação no período, mesmo que a variação do custo de aquisição do cesto em Cruz Alta tenha sido maior do que a inflação. Conclusão Como principal conclusão da pesquisa, observou-se certo descolamento no custo de aquisição do cesto em Cruz Alta e a variação dos índices de preços nacionais, especialmente na análise de curto prazo, o que não se constata com a mesma intensidade no longo prazo. Referências CARNEIRO, D. D. Crise e esperança: In: ABREU, M. P. A ordem do progresso: cem anos de política republicana, Rio de Janeiro: Campus, PINHO, D. B. & VASCONCELOS, M. A. S. (org.) Manual de economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, REGO, J. M. & MARQUES, R.M. Economia brasileira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, SOUZA, N. J. Curso de economia. São Paulo: Atlas, 2000.
5 VASCONCELOS, M. A. S.; GREMAUD, A. P. & TONETO JUNIOR, R. Economia brasileira contemporânea. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
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